Leon olhou para Violetta assustado, rezando para que aquilo não passasse de uma brincadeira. Ela olhou para ele ainda mais assustada, procurando por uma resposta.

– Quem são eles? - Violetta tomou a frente, vendo que Leon não responderia nada, enquanto apontava para Ludmila e Tomás - Eles são nossos amigos?

– Amigos? - Ludmila disse gargalhando, mas Tomás fez sinal para que ela parasse

– Quem é você? - ela insistiu mais uma vez para Leon - Onde estamos? O que eu estou fazendo aqui? Você pode responder?

Leon não tinha reações. Estava boquiaberto, sem saber o que dizer.

– Vilu, você não se lembra de mim? - ele disse pegando em suas mãos - Não sabe quem eu sou?

– Não faço ideia - ela disse soltando suas mãos das dele

Tomás deu risada e em seguida Ludmila também. Só com isso Leon conseguiu lembrar que os dois estavam presentes ali.

Sem pensar em nada melhor pra fazer, Leon segurou os dois pelos pulsos e os arrastou para o outro canto da sala. Eles tentaram se soltar enquanto se debatiam, mas a raiva de Leon era tanta que ele não estava ligando para o que os dois estavam fazendo.

– Me solta! - Ludmila tentava argumentar enquanto gritava, mas ele não a escutava

Leon jogou os dois no chão e os prendeu com um pedaço de corda que estava jogado no assoalho velho. Eles berravam e se debatiam, mas ele somente revirava os olhos e tentava continuar o que estava fazendo.

– O que você está fazendo?! - Violetta disse tentando puxar Leon para longe - O que eles fizeram para você fazer isso com eles?

Ele virou-se para Violetta, depois que terminou de amarra-los, e suspirou.

– Vilu, por favor, não brinque comigo - ele disse com uma voz rouca - Isso é sério de mais. Por favor, seja bem sincera: você não lembra quem eu sou?

– Eu já disse que não - ela respondeu, ainda um pouco confusa - Você é meu primo, meu amigo, meu irmão, o que? Quem é você?

Ele conseguiu sentir seus olhos ficarem marejados. Fez mais uma tentativa de pegar nas mãos de Violetta, mas ela recuou e escondeu-as atrás das costas.

– Me chamo Leon - ele finalmente se convenceu em dar alguma explicação à ela - Leon Vargas. Estudamos juntos no Studio 21 e, bem, podemos dizer que acabamos nos apaixonando. Namoramos e depois...

Ele não conseguiu continuar. Recuou alguns passos e conseguiu sentir as primeiras lágrimas começarem a rolar por ser rosto.

– E depois o que? - Violetta tentou fazê-lo continuar o que dizia

– Vo-você não lembra - ele disse olhando em seus olhos - Vamos deixar isso quieto. Você não precisa saber.

Violetta tentou argumentar, mas Leon não deixou. Dirigiu-se até algum outro cômodo, que aparentava ser uma cozinha, mas como a casa estava em péssimo estado não dava para se dizer o que realmente era. Pegou Letícia, qune aida tomava seu suco, no colo e, tirando o celular do bolso, ligou para a polícia.

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“Já faz mais de três horas. Eu não estou aquentando mais! Já faz mais de três horas que eu estou aqui sentada, esse homem de jaleco que fica tirando fotos da minha cabeça com uma máquina gigante, alguma coisa que ele me explicou ser um Raio-X, e indo até uma mesa, olhando as minhas fotos e falando alguma coisa com esse outro homem, que diz que me conhece e diz se chamar Leon. Acho que se eu realmente o conhecesse eu me lembraria... Não sei, só sei que eu não aguento mais ficar aqui”.

Violetta tentava se entreter mexendo nas pontas do cabelo. Estava completamente entediada e, o pior de tudo, não conseguia entender o que estava acontecendo.

A cada minuto ela espiava Leon pelo canto do olho, tentando realmente se lembrar quem ele era. Ele também tentava espia-la, o mais disfarçadamente possível. Quando os olhares dos dois se cruzavam, logo os desviavam, rezando para que o outro não houvesse percebido.

– Bom, parece que ela está com amnésia permanente - o médico finalmente disse, depois de cinquenta milhões de chapas e Raios-X

– Permanente? - Leon disse assustado

– Isso é o mais provável - o médico respondeu anotando alguma coisa em uma ficha - De acordo com os exames, ela tem tudo para ser permanente, mas também pode ser por tempo indeterminado. Mas não se anime tanto com isso, é uma superstição muito pouca provável.

Leon afundou-se novamente na cadeira, e afundou o rosto nas mãos. Violetta, percebendo tudo, levantou-se de sua cama e parou em sua frente, fazendo sinal para o médico sair da sala.

– O que foi? - Leon disse tirando as mãos do rosto

– Não sei, queria te conhecer, conhecer aquela menininha que você estava segurando agora pouco - Violetta disse apontando para Letícia, que estava brincando do outro lado da sala

Ele suspirou, tinha esquecido completamente de Letícia. Também havia Chris, mas como ele ainda era bem pequenininho não ia conseguir entender o que estava acontecendo. O grande problema era Letícia: a menininha era esperta o suficiente para entender que Violetta havia perdido a memória, o que preocupava muito a Leon. Ela ficaria arrasada.

– O que você acha de irmos passear naquela praça ali em frente? - ela continuou sorrindo

Ele assentiu com a cabeça, dirigiu-se até Letícia e pegou-a no colo. A menininha olhou para Violetta e mexeu as mãozinhas sorrindo, o que a confundiu ainda mais.

Leon tentou evitar ao máximo qualquer contato da menina com Violetta. Correu para fora da sala e entregou-a a uma mulher loira, também desconhecida para Violetta. A mulher segurava um outro bebê, ouviu algumas explicações de Leon, espiou Violetta por uma fresta da porta e foi embora.

– Prontinho, agora podemos ir - Leon disse entrando na sala, mas ainda sem assumir nenhuma feição feliz ou pelo menos interessada

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– E então, como nós nos conhecemos? - ela perguntava, super interessada

– Você estava andando distraída e quase foi atropelada por skates, mas então eu te salvei - ele respondeu, não tão animado quanto ela

– Obrigada - ela disse parando de andar

– Pelo que? - ele perguntou confuso

– Por ter me salvado - ela respondeu sorridente - Engraçado, eu não consigo me lembrar disso. Quando foi isso?

– Faz muito, muito tempo - Leon disse fazendo-a voltar a andar

– Você não completou - Violetta disse

– Não completei o que? - ele indagou confuso

– Não completou o que estava dizendo na casa - ela disse parando em sua frente, impedindo-o de voltar a andar - Me conte, por favor.

– Bem, é que nós somos casados - ele respondeu em um fio de voz

Violetta ficou surpresa. Ela abriu a boca para falar, mais não tinha palavras.

– Aquela menina, pela qual você perguntou, era nossa filha - Leon continuou - O menino que você viu no colo de uma moça loira, também era nosso filho. A mulher que saiu com os dois era Angie, sua tia.

Os dois andaram por pelo menos cinco minutos sem dizerem uma única palavra. Violetta estava inquieta, alguma coisa a perturbava de mais.

– Leon - ela disse baixinho, não queria que aquilo fosse verdade - Por mais que eu não queira dizer isso, eu preciso

– Pode dizer - ele disse encostando sua cabeça em seu ombro

– E-eu... - Violetta não conseguia dizer nada - Eu sinto que eu preciso ficar com você...

– Isso é bom, muito bom - ele disse finalmente abrindo um sorriso

– ... mas eu ainda não sinto nada - ela completou tirando o sorriso de seu rosto

Ele suspirou e sentou-se em um banco ali por perto. Violetta foi atrás e afagou seu braço. Um silêncio mortal se estendeu entre os dois.

– Não se preocupe, eu te entendo - Leon finalmente quebrou o gelo - Você perdeu a memória, e eu preciso entender isso. Quando você quiser podemos nos divorciar, ou então dar um tempo...

– Não! - Violetta disse segurando nas mãos de Leon - Eu quero reviver todos os meus momentos com você. Se mesmo assim eu não conseguir sentir nada, aí sim nos divorciamos, pode ser? Eu sinto que eu preciso... Diego?!

Leon se assustou ao ouvir esse nome. Olhou em volta e lá estava ele: seus jeans rasgados, jaqueta de couro, olhando para todos como se você a pessoa mais importante do mundo. Ele nunca havia mudado, estava sempre se achando.

– Diego? - Violetta disse indo em direção ao rapaz, atrapalhando todo o momento romântico entre os dois - O que você faz aqui?

– Espera, você se lembra dele? - Leon espantou-se levantando-se também do banco - Como você se lembra dele?

Violetta balançou a cabeça, sem uma resposta para a pergunta de Leon.

– Vilu! - Diego disse empurrando Leon e segurando nos ombros de Violetta - Fiquei sabendo o que aconteceu com você, eu lamento muito.

– Então hoje é o dia de todos os criminosos fugirem da prisão? - Leon disse já irritado. A presença de Diego o irritava - Primeiro a Ludmila e o Tomás, agora você... Só está faltando a Lara!

– Você é que devia ser preso! - Diego retrucou - Um mentiroso como você é quem devia ser preso! Eu é quem sou o verdadeiro marido da Violetta.

Leon gelou. Como se a situação já não fosse ruim o suficiente.

– Pare Diego! - Leon gritou - Mentiroso é você! Eu é quem sou o marido da Violetta, você não é e nunca será!

– Fique quieto Leon! - Violetta gritou de repente

– O que foi Vilu? - ele disse segurando em suas mãos - Você não acabou de dizer que...

– Isso foi antes de eu descobrir que você é um mentiroso - ela disse puxando as mãos

Diego riu e Leon o empurrou de leve.

– O que você quer dizer com isso? - ele perguntou confuso - Eu juro que tudo o que eu falei era verdade! Eu posso provar!

– Pare de fingir! - ela disse juntando-se a Diego - Por mais que eu tenha perdido a memória, eu me lembrei de uma pessoa, só de uma pessoa. Eu só me lembrei do Diego. E agora eu sei que você estava mentindo. Diego me disse que ele é meu verdadeiro marido.

– Mas ele está mentindo! - Leon insistiu

– Não, você está mentindo - Violetta retrucou - Se eu fosse realmente casada com você, eu me lembraria. Eu tenho certeza que me lembraria de quem eu vivi por anos. Mas não. Eu me lembro do Diego, e se ele diz que é meu marido eu vou acreditar, porque foi dele quem eu me lembrei.

Os dois deram as mãos e saíram. Leon sentou-se em um banco pensativo, tentando pensar em alguma coisa para ter Violetta de novo.