Imagine Leonetta Casados escrita por mariana


Capítulo 45
Quadragésimo quinto capítulo




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– Calma, devagar, cuidado, o voo é só daqui a duas horas então não precisa se apressar. Calma, cuidado, devagar, sem fazer barulhos.

Era isso que Violetta dizia para si mesma enquanto levantava-se da cama e ia em direção a porta. Seu plano tinha que dar certo, essa era a única esperança que ela tinha. Era algo do tipo obrigatório, ela mais do que precisava ir ver o filho.

A porta cada vez se aproximava mais. Mais alguns poucos passos e ela chegaria. “Calma, calma, não vai ter ninguém no corredor, ninguém vai me ouvir, calma Violetta, calma” ela tentava se encorajar. Estava mais do que ciente que se a pegassem ali entraria em sérios, seríssimos, problemas.

Dois passos. Só mais dois passos. Ela esticou a mão para pegar na maçaneta. Estava pronta para gira-la, quando o telefone que havia no seu quarto começou a tocar.

– AAAAAAHHHHH!! – ela soltou um grito escandaloso e agudo, que ecoou pelos corredores.

Ela colocou a mão sobre a cabeça. “Meu.Deus.Que.Susto! Desde.Quando.Esse.Telefone.Está.Aí?” ela pensou tentando recuperar o fôlego.

Só então percebeu que, gritando daquela maneira, atrairia a atenção do hospital inteiro. Ela tentou voltar para a cama, mas já era tarde de mais: um médico abriu a porta desesperado, acompanhado de outros cinco. Todos querendo saber o que tinha acontecido com Violetta. Atrás deles, mas uma multidão de pacientes, todos que haviam acordado com o grito e estavam preocupados. Ainda atrás dos pacientes, mais oito médicos, que tentavam levar a multidão de volta para seus devidos quartos.

O primeiro médico, que estava mais próximo de Violetta, ajeitou os óculos, como quem vai dar uma bela bronca:

– O que a senhorita pensa que está fazendo? Porque está fora da cama? Porque gritou daquela maneira?

Violetta pesquisou o lugar com os olhos, em busca de uma boa desculpa.

– Água – ela finalmente disse, apontando para o enorme jarro ao seu lado – Eu fui beber água.

– Meu Deus! – o médico disse fazendo sinal para os outros que estavam lá fora irem embora – Será que eu vou ter que continuar repetindo isso? Quantas vezes eu vou ter que continuar a falar a mesma coisa? Será que você não entende que você ainda não está apta para se levantar da cama? Foram cinco avisos desse só hoje! Por favor senhorita Violetta! Estamos fazendo isso para a sua saúde!

Violetta revirou os olhos e deu de ombros, exatamente como ela fazia quando era pequenina e seu pai a dava broncas. Depois fez sinal para que o médico prosseguisse, com “cara de vamos logo porque você está estragando todo o meu plano”.

– E o grito? – o médico disse depois de um tempinho, pois não havia entendido o sinal de Violetta – Por que gritou daquela maneira? Está tudo bem?

– Me assustei com o telefone – ela disse, dessa vez apontando para o aparelho – Ele começou a tocar e eu me assustei. Me desculpe. Não queria acordar a todos.

“Bom, nem tudo é mentira” ela pensou “Eu realmente me assustei com o telefone”.

– Bom, ok – o médico havia se convencido com a história de Violetta – Vou falar agora do verdadeiro propósito de eu ter vindo aqui ao seu quarto, até que você gritou e atraiu essa multidão. Sim, eu tinha mais coisas para te falar. – ele explicou sem dar chances a perguntas vindas da parte de Violetta

“Ainda bem que o telefone tocou!” ela pensou, se controlando para não começar a pular “Porque se ele não tocasse, eu seria pega!”

– Você tem uma visita, não me lembro direito o nome do rapaz, mas se não me engano é Diego. Ele disse que já estudou com você – o médico continuou, acabando com toda a empolgação de Violetta

O sorriso que estava presente no rosto da menina desapareceu. Ela ficou encarando o médico, pensando em um jeito de mandar Diego embora.

– Não, não, na-na-ni-na-não! – ela disse negando com a cabeça – Não tem nenhuma regra que a essa hora da noite os pacientes precisam descansar? Se não tem, vai lá e crie uma agora, porque afinal faz sentido, não? – ela disse forçando um sorriso e levando o médico para a porta.

Quando ela girou a maçaneta, lá estava ele: Diego, com deu jeito de sempre, seus jeans rasgados preferidos e seu sorriso. Violetta teve que admitir para si mesma que ele estava muito mais bonito desde a última vez que ela havia visto-o.

– Será que você pode dar licença? – ele perguntou ao médico, enquanto piscava para Violetta – Eu queria conversar a sós com a Vilu.

– Não! – Violetta gritou, mas logo tapou a própria boca – Bem, o que eu quero dizer Diego, é que eu adoraria conversar com você, mas estou muito cansada.

– Deixa a canseira pra lá, vamos – Diego disse implorando – E outra coisa, você pode deitar enquanto nós conversamos.

– Ah... – ela disse tentando arrumar outra desculpa – Boa solução a sua... Mas é que não é só canseira, eu fiz uma cirurgia e agora está doendo... Aiii... – ela disse fingindo e colocando a mão na barriga, e logo em seguida mandou os dois embora.

Como se aquilo bastasse! Bastou ela deitar na cama que lá estava Diego de novo, entrando na sala enquanto dava rodopios e mandava beijos na direção de Violetta. Ela fez cara de nojo e tentou manda-lo para fora novamente.

– Para com isso Violetta! – ele disse segurando suas mãos – Eu sei muito bem que você quer muito falar comigo, mas não quer admitir isso só por causa daquele metido do Leon.

Violetta perdeu a cabeça com essa última frase.

–DO QUE FOI QUE VOCÊ CHAMOU O MEU MARIDO?! – Violetta berrou ameaçando a dar tapas em Diego – METIDO É VOCÊ! SE VOCÊ VEIO ATÉ AQUI PRA FALAR MAL DO LEON VÁ EMBORA AGORA! OU MELHOR, VAI EMBORA DE QUALQUER JEITO! FO-RA!!

– Pera aí, pera aí! Marido?! – Diego cuspiu as palavras

Ela parou de berrar e tentou recordar a pergunta que Diego havia feito. Esse era um de seus defeitos: quando estava com raiva, não ouvia mais ninguém. Quando conseguiu lembrar a pergunta, acalmou-se, e mostrou toda orgulhosa a aliança que tinha em seu dedo.

– Isso responde a pergunta? – ela disse recolhendo a mão e tornando a ficar nervosa

– Sim, responde – ele disse ainda perplexo – Mas a propósito onde está o Leon?

– Do outro lado de Buenos Aires – ela disse revirando os olhos

– Detalhado Vilu! – Diego insistiu – Em que hotel?

– Te interessa? – ela disse nervosa

– Por favor! – ele disse fazendo biquinho – Fala pra mim...

– Se eu falar você vai embora?! – ela cuspiu as palavras e ele assentiu – Ok, o hotel é Clarion In Lake Buena Vista. Prontinho, já falei o hotel, então agora: SAI JÁ DAQUI DIEGO!

– Calma, calma... já to indo... – ele disse enquanto ela o empurrava até a porta

Violetta girou a maçaneta e estendeu a mão, fazendo um gesto para que ele saísse. Diego estava quase passando a porta quando fez uma coisa completamente inesperada: virou-se novamente e, rapidamente, segurou no rosto de Violetta e beijou-a, de um modo em que não houve tempo nem para ela conseguir ter alguma reação.

Os dois ficaram naquilo por alguns instantes, até que Violetta conseguiu perceber o que realmente estava acontecendo. Ela afastou-se dando tapas em Diego.

– FICOU LOUCO?! – ela berrava levando-o novamente em direção a porta – SERÁ QUE EU NÃO FUI CLARA O SUFICIENTE QUANDO EU FALEI QUE O LEON ERA MEU MARIDO?! SAIA JÁ DAQUI SEU INÚTIL!

Ao dizer isso, Violetta bateu a porta e saiu bufando. Olhou para o relógio e se surpreendeu: suas preciosas duas horas se passado, e seu avião já havia partido fazia cerca de dez minutos. Ela amaldiçoou Diego mentalmente, e pegou o notebook, tentando comprar passagens para a manhã do dia seguinte.

Do lado de fora da sala, podia-se ouvir duas pessoas conversando:

– Você conseguiu gravar? – Diego perguntava

– Claro que eu gravei! E você conseguiu o nome do hotel? – Lara respondia

– Claro que sim! É Clarion In Lake Buena Vista. Rápido Lara! Seu voo vai sair em vinte minutos! Você tem que mostrar o beijo para o Leon!

A menina assentiu com a cabeça e saiu correndo em direção a rua.

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Amanheceu um dia calmo, o sol estava no céu, porém a manhã estava gélida. Violetta se preparava para entrar no avião. Por mais incrível que pareça, os médicos a liberaram e não houve necessidade alguma de ela sair escondida.

“Última chamada para o voo 437 com destino a Fronteira”.

“Fronteira”. A cidade para qual Violetta ia viajar, um pouco mais adiante da divisa de Buenos Aires. Ela entrou no avião aflita, ainda pensando no que havia acontecido na noite anterior.

Bastou o avião decolar que ela acabou adormecendo. Também, não era pra menos: havia passado a noite em claro, com muita raiva de Diego, amaldiçoando-o mentalmente na maioria do tempo. Ela não conseguia acreditar que Diego tinha mesmo feito aquilo. Já tinha conversado com Leon e ele já estava ciente de que ela só poderia ir hoje de manhã. Mas ela não contou para ele de Diego. Disse que ela não pode ir porque os médicos a viram, e falaram que a liberariam hoje.

Violetta acordou com um barulho de passos apressados, e uma mulher que a chamava. No começo ela ficou confusa, mas depois percebeu que o avião já havia pousado e ela precisava desembarcar. Super envergonhada, pegou sua bagagem e correu para um Taxi.

– Por favor, hotel Clarion In Lake Buena Vista – ela disse para o motorista

Em menos de quinze minutos, lá estava o hotel. Ela pagou e agradeceu ao senhor que a trouxera. Entrou pela enorme porta e subiu para o quinto andar, quarto 4672. Abriu a porta com cuidado, estava esperando encontrar Leon e Letícia dormindo, mas se enganou completamente. Letícia estava sentada no chão brincando com uma boneca, e Leon estava sentado na cama, mexendo em seu Ipad.

– Bom dia!! – ela disse toda feliz, e em seguida foi abraçar a filha, que também ficou super feliz

– Mamãe! – a menininha disse agarrando-se em sua perna

– Bom dia pra você, né! – ela disse dirigindo-se a Leon e rindo, mas ele não retribuiu seu riso

Violetta estranhou, Leon não havia dito nada, normalmente ele já estaria conversando. Mas não. Ele continuava a mexer concentrado em seu Ipad.

– O que foi Leon? Tá tudo bem? – ela disse espiando por cima de seu ombro, tentando ver o que ele fazia

Quando Violetta viu o vídeo que Leon assistia, quase desmaiou. Abriu a boca para falar, mas não saiam palavras.

– Lara me mandou esse vídeo ontem, achei ele bem interessante. O que você acha Vilu? - ele disse virando a tela para ela

– Le-le-leon – ela gaguejou procurando explicações – Na-não é o que você está pensando...

– Ah, não, claro que não é! – ele disse levantando da cama e jogando o Ipad no colo de Violetta – Você estava com uma coceira no lábio e ele foi lá, coçar pra você! Só que com a boca dele!

Ele andava de um lado para o outro furioso. Não acreditava que Violetta havia feito aquilo.

– Não é o que parece! – ela disse segurando em seus ombros – Eu juro pra você! Foi ele que me beijou!

– É mesmo?! Se foi culpa dele, porque você inventou a desculpa de que os médicos haviam te visto? Se era culpa dele você poderia me contar, não?!

Violetta não pensou em nenhuma resposta, Leon tinha toda razão. Ela não devia ter mentido, por causa de sua mentira só se complicaram mais as coisas.

– Chega – Leon disse tirando as mãos de Violetta de seus ombros – Nos divorciamos aqui, e dessa vez é de verdade.

Ela sentiu suas lágrimas começarem a rolar por seu rosto.


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