Ad Limina Portis escrita por Karla Vieira


Capítulo 26
Epílogo.


Notas iniciais do capítulo

E, como tudo nesta vida, a história tem fim.



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Ethan Williams POV – Entardecer de 10 de Janeiro de 2013.

Ela andava pelo tapete de pétalas do corredor entre os bancos rústicos de madeira sorrindo apenas para ele. Estava linda. O vestido branco, longo e simples realçava o moreno de seus cabelos, e ela segurava um buquê de flores vermelhas. Kensi estava magnífica.

Ela andou até Andrew, que a esperava abaixo de um portal de flores e visco, usando uma roupa leve branca, que segurou a sua mão, sorrindo. Pude ver em seus olhos que aquele era o dia mais feliz da vida dele, e ele lutava para conter lágrimas de emoção. Abracei Marie lateralmente, e ela beijou minha bochecha, também feliz e encantada com a cerimônia de nossos amigos. Eles estavam se casando. Não pelas leis humanas, mas sim pelas leis mágicas. Fred estudou por semanas para poder realizar a cerimônia que não, não precisava ser realizada por alguém com poderes mágicos como eu e Marie.

Fred entregou um colar de flores para cada um, e um colocou o colar no pescoço do outro. Em seguida, Fred fez um nó entre os colares, falando palavras sobre o amor dos dois e o juramento que estavam prestes a fazer. Pegou um frasco e começou a jogar água com pétalas de jasmim sobre os dois. Então, ele pediu que Andrew estendesse a mão direita, e com uma adaga prateada fez um corte pequeno na mão dele, de onde começou a surgir sangue. Fez o mesmo com Kensi, e indicou que eles deviam dar-se as mãos. Então, chegou a hora do juramento dos dois.

– Eu, Andrew Cooper, juro amar Kensi Green por toda a minha vida. Juro tentar ao máximo fazê-la feliz, e manter esse sorriso sempre eu seu rosto. Juro respeitá-la, ser fiel, ficar ao seu lado por todo o sempre. Juro dar a minha vida pela dela, se necessário. Pela minha vida, pela lua e pelas estrelas, eu juro.

Andrew deixou uma lágrima escapar, e Kensi sorriu, aguentando as dela mesma.

– Eu, Kensi Green, juro amar Andrew Cooper por toda a minha vida. Juro tentar fazê-lo se sentir amado, especial, fazê-lo se sentir único e feliz. Juro respeitá-lo, ser fiel a ele, e nunca abandoná-lo. Juro ir ao inferno por ele, dar minha vida pela dele, se necessário. Pela minha vida, pelo céu e pelo mar, eu juro.

Uma brisa mais forte chegou à clareira, balançando as árvores enfeitadas com flores e visco ao nosso redor. A água da cachoeira ao lado começou a cair mais forte, e uns raios de sol brilharam apenas sobre os dois. Um brilho azulado envolveu as mãos unidas, e tão de repente quanto veio, tudo voltou ao normal. A natureza havia aceitado o juramento.

– E eu vos declaro: marido e mulher. – Fred disse, risonho. – Pode beijar a noiva!

Andrew se inclinou e beijou Kensi, e nós aplaudíamos. Na pequena cerimônia apenas estava eu, Marie, Harry, Fred, os pais de Kensi e Amelia, mãe de Marie. Não havia necessidade de mais alguém. Enfeiticei grãos de arroz e pétalas de rosas vermelhas para caírem sobre eles em uma chuva mágica, e assim aconteceu. Marie, com um aceno das mãos, fez com que mini fogos de artifício coloridos estourassem acima da cabeça dos dois. Eles sorriram olhando para cima, e Marie tirou uma foto. Ela se virou para mim, rindo.

– Um dia seremos nós. – Eu falei, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

– Não tenho pressa. Sei que você não irá a lugar algum.

– Não sem você.

Sorri, beijando-a levemente nos lábios. Em seguida, fomos parabenizá-los, e começamos uma pequena confraternização ali mesmo na Clareira da Cachoeira, como a chamávamos. Aquela em que eu levara Marie no dia anterior ao seu aniversário de dezessete anos. Amelia e a mãe de Kensi haviam preparado um jantar especial, enquanto eu, Marie e os rapazes ficamos encarregados de decorar o lugar. À medida que ia escurecendo, nós acendemos luzes mágicas pela clareira, e o céu ia se enevoando, enquanto surgiam nuvens que tampavam as estrelas e a lua.

– Então, hora da primeira dança como esposo e esposa... – Marie disse, colocando um rádio para tocar. Era a música que Andrew e Kensi haviam escolhido, chamava-se Home, do Phillip Phillips. Fazia sentido com a nossa vida. Mesmo cheios de dificuldades, monstros e outros horrores, superamos e aprendemos a ser felizes tendo somente uns ao outros. Onde um estivesse, seria a casa do outro. O abraço de um era o lar do outro. O sorriso de um alegrava o outro. E assim seria. Éramos uma família agora. E nada mudaria isso.

Quando a noite finalmente se impôs, nós levamos Andrew e Kensi até a estação de trem na outra cidade, onde os dois pegariam um trem para viajar pela Inglaterra, e depois iriam para Itália. Ficariam fora por um mês, mais ou menos. Acenando para eles enquanto o trem partia, tive uma ideia repentina.

– Que tal uma viagem, apenas eu e você? – Perguntei no ouvido de Marie.

– Para onde? – Ela perguntou, virando-se e abraçando minha cintura. Dei de ombros.

– Eu não sei. Qualquer lugar que você quiser. Grécia, talvez.

– Alemanha também. – Sugeriu. – Portugal deve ser linda.

– Que seja um mochilão pela Europa, então. – Disse, risonho. E murchei o sorriso até restar um leve sorriso torto. – Menos Irlanda.

– É, nada de Irlanda por um tempo. Mas ainda iremos a Mullingar.

Assenti, concordando e sorrindo abertamente.

– É, e então os mocinhos voltem para matar a saudade da velha Amelia e irem para a faculdade. Vocês podem ser bruxos, mas ainda tem que estudar. – Disse a mãe de Marie, colocando a mão no meu ombro. – E tem que trazer a minha filha inteira, ok?

– Sim senhora. Ai de mim desobedecê-la! – Fiz uma cara de apavorado, encolhendo-me um pouco.

– Você sabe que eu posso me vingar, não é mesmo, Sr. Williams? – Perguntou Amelia, fazendo cara de psicopata. Assenti freneticamente, parecendo apavorado demais. Então, começamos a rir, indo para o carro, para voltar para casa.

Estávamos chegando em casa quando vi uma silhueta feminina sentada nos degraus da escada da varanda de Marie, junto com uma mala. Entramos na parte da calçada destinada ao carro e a garota levantou o olhar. Tinha cabelos ondulados e castanho escuro, longos. Seus olhos eram verdes e o formato destes era semelhante ao de Harry. Na verdade, tudo nela era semelhante ao Harry. Ela se levantou e começou a estralar os dedos em sinal de nervosismo.

Desembarcamos do carro e a garota, que aparentava ter uns 20 e pouquíssimos anos, olhava fixamente para Harry. Este olhava para ela com curiosidade, e tinha suas sobrancelhas franzidas, como se estivesse fazendo esforço para pensar. Fiquei confuso.

– Harry? – A garota chamou, tímida.

– Sim...

– Sou eu, Gemma. Sua irmã. Lembra-se de mim?

Harry levou a mão a boca, surpreso. Ele a olhava, consternado, e definitivamente mil pensamentos passavam pela sua cabeça. Ele assentiu depois de alguns segundos, respondendo a pergunta dela.

– Eu tenho procurado por você faz meses. Voltei a nossa cidade natal, busquei registros da sua adoção, fui atrás de parentes do homem que te adotou... Busquei quaisquer indícios do seu paradeiro. Até que finalmente encontrei você... – Ela explicou, aguentando as lágrimas. – Eu sinto muito por ter te deixado sozinho, eu não tive escolha! E olhe para você... Tornou-se um homem lindo! Tão parecido com o papai! Mas tem os olhos da mamãe...

Harry sorriu, dando um passo para frente.

– E o sorriso dela! – Completou a garota, Gemma. Harry abriu os braços e ela se jogou neles, num abraço forte. Ouvi Harry soluçar, e a garota também começou a chorar. Olhei ao redor, e todos estavam sorrindo com a emoção dos dois. Depois de alguns minutos, eles se soltaram do abraço.

– Acho que vocês tem muito que conversar... Que tal ir lá para dentro? Posso preparar um chocolate quente para vocês. Está frio aqui fora. – Disse Amelia. Os dois irmãos assentiram, mal se distanciando. Gemma fez menção de pegar a mala, mas Harry murmurou um “deixe comigo” e pegou para ela. Ele a abraçou lateralmente e entraram na casa, conversando baixinho entre eles. Marie veio até mim e me abraçou pela cintura. Percebi que ela tinha lágrimas nos olhos.

– Quem diria que teríamos essa surpresa, não é? – Perguntou ela, baixinho.

– Pois é... Mas quem diria que passaríamos por tudo o que passamos? Acho que merecemos paz e felicidade depois de tudo isso.

– Definitivamente, merecemos.

Inclinei-me e a beijei. Senti algo gelado tocar minha face, fazendo-me distanciar de Marie e olhar para cima. Flocos de neve começavam a cair lentamente. Sorri, olhando Marie sorrir e abrir a boca, colocando a língua para fora, tentando capturar um floco de neve. Ri baixinho, observando-a. Deixei-a se divertir com a neve que caía, e me diverti com ela, até ouvirmos Amelia nos chamando para o chocolate quente. De mãos dadas, entramos na casa. No nosso lar.

Finalmente, tudo estava bem.

Hold on, to me as we go. As we roll down this unfamiliar road and although this wave is stringing us along. Just know you’re not alone cause I’m going to make this place your home…


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Notas finais do capítulo

Obrigada a aqueles que comentaram e deram apoio, e também aos leitores fantasmas. Obrigada, até a próxima!



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