Ad Limina Portis escrita por Karla Vieira


Capítulo 1
Prólogo.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, galera! Como sabem, essa é a minha quarta história, e é a continuação da Flamma Amoris (quem não leu, favor lê-la, tá por aí no meu perfil) e eu espero que ela seja tão boa quanto a FA. E, obviamente, espero que vocês gostem tanto quanto eu.



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Marie Jean POV – Noite de 15 de Setembro.

Estava escuro demais e eu nada conseguia enxergar além dos contornos das árvores que circundavam a clareira onde eu estava. Ouvia a esquerda uma coruja piar, e a direita, ao longe, o que parecia o grasnar de um corvo. Além disso, mais nada, apenas silêncio. Ajeitei os dedos ao redor do cabo da adaga prateada, olhando para todas as direções em busca de algum movimento que denunciasse a posição do meu atacante. Eu sabia que havia alguém escondido por ali.

De repente, ouço um barulho de galhos se mexendo e partindo, me viro para a direita e olho para cima, apenas para ver um corpo caindo acima de mim. Fomos ao chão, e eu me debati por alguns segundos tentando me libertar do aperto do adversário, até recuperar a calma e a consciência sobre mim mesma. Reparei que era um moreno de barba rala, com um corte de cabelo bagunçado e com um antebraço inteiro coberto por tatuagens. Em uma das suas mãos havia uma adaga semelhante a minha, e ele tentava me acertar com ela. Chutei seu abdômen, fazendo-o sair de cima de mim, e avancei para cima dele, acertando um soco em seu rosto. Ele se recuperou rápido, acertando um soco na lateral da minha cabeça, fazendo-me cair, e rolando para cima de mim novamente, tentando me acertar com a adaga.

Estiquei meu braço até alcançar a minha, e ao senti-la firme em minha mão, acertei suas costas, e ele saiu de cima de mim, caindo no chão desacordado. Levantei-me rapidamente, pegando a adaga do rapaz que estava desacordado, e esperando. Nunca havia um só, sempre atacavam em bando. Mas novamente, só havia silêncio.

Um estalido semelhante a folhas secas se despedaçando chamou minha atenção para trás de mim, e virei-me no exato instante que outro rapaz, de cabelos loiros escuros e curtos, acertou um gancho de direita no meu rosto, fazendo-me ir ao chão. Ele avançou para cima de mim e acertou outro, fazendo-me ficar zonza por alguns instantes. Ele brandiu sua espada curta e estava próximo de me acertar quando detive seu punho com as duas mãos, e fiquei forçando para cima, enquanto ele forçava para baixo. O problema estava no fato de que ele muito mais forte do que eu.

Em uma tentativa desesperada, usei meus joelhos, acertando seu estômago, fazendo-o sair de cima e soltar a espada curta. Apanhei-a e bati com o cabo na lateral de sua cabeça, fazendo-o ficar zonzo. Chutei sua região íntima e finquei a espada em seu peito. Ele parou de lutar.

Peguei a adaga que antes estava em minha mão, e quase por um instinto, virei-me rapidamente a ponto de encontrar o terceiro atacante. O loiro era silencioso ao extremo, e seus olhos azuis eram tudo o que eu conseguia ver direito naquela penumbra. Ele tinha um rosto que parecia ter sido esculpido por artistas da antiguidade grega. Ele se chamava Ethan Williams.

E, no momento, ele queria me matar.

Ele tinha uma adaga em cada mão, e fez um movimento que deceparia minha cabeça se eu não tivesse desviado para baixo, girado e chutado suas costas, fazendo-o cambalear e se virar com raiva para mim. Roubei a adaga fincada no corpo no primeiro atacante, o moreno, para que eu pudesse ficar em igual situação a de Ethan.

Ele avançou para mim, e por um momento eu tive medo dele. Logo, coloquei o medo de lado e tratei de enfrentá-lo, já que eu não tinha outra escolha. Ele tentou me acertar com a adaga na mão direita, e eu desviei, em seguida arranhando sua coxa esquerda com uma de minhas adagas e logo desviando de outro ataque dele, em seguida, arranhando seu braço. Tentei chutar seu ponto mais fraco, e acabei acertando o seu abdômen, que teve quase o efeito desejado. Ethan cambaleou para trás e eu aproveitei para acertar um golpe com o cabo de uma das adagas em sua cabeça, deixando-o zonzo. Tirei as adagas de suas mãos e joguei-as longe, chutando em seguida seu órgão íntimo e fazendo-o uivar de dor, cambaleando, quase caindo. Bati minha cabeça com força na dele, e ele caiu de costas no chão.

- Ai meu Deus, Ethan, machuquei você? Você está bem? – Perguntei, largando as adagas e me ajoelhando do lado dele, puxando sua cabeça para o meu colo. – Eu não devia ter batido tão forte...

- Não se preocupe, estou bem. Mas você ainda não tem a capacidade de me matar, Marie. – Disse ele, sentando-se, acariciando o lado da cabeça e murmurando “curare” em seguida, fazendo o ferimento sumir e com ele, a dor.

- Será porque ela te ama e não vive sem você e etc e tal? – Perguntou Fred com ironia, sentando-se no chão e tirando a espada curta que estava fincada no colete protetor.

- Mas sei que você nos ama e não vive sem a gente também, Marie, então perdoamos os nossos falsos assassinatos. – Disse Andrew, levantando-se. – Você está melhorando. Já consegue lidar conosco... Temos que ver se consegue lidar com animais sobrenaturais e tal.

- Não entendo mesmo porque preciso conseguir matar vocês e animais sobrenaturais. Caramba, já fiz dezessete anos e meus poderes então bem seguros comigo, o que pode acontecer agora? – Perguntei cansada e exasperada, levantando-me.

- Nunca se sabe o futuro, Marie, temos que estar preparados. Você sabe que existem feitiços para anular o poder de outro, então, nunca se sabe o que pode acontecer. – Disse Ethan.

- Continuo achando particularmente desnecessário. Mas até é divertido ficar batendo em Andrew e Fred.

- Obrigado pela parte que nos toca. – Disse Andrew em tom sarcástico, cruzando os braços e me olhando.

- Vamos? Já está escuro, sua mãe deve estar se perguntando onde estamos. – Disse Ethan. Assenti em concordância, e partimos na direção da civilização.

Eu sou Marie Jean. Tenho dezessete anos e sou uma bruxa. Meu namorado, Ethan, é um bruxo e também ex-caçador de bruxas, e é minha alma destinada – sem brincadeiras. Andrew e Fred são ambos ex-caçadores de bruxas, porém humanos normais. Conhecemo-nos os quatro no começo do ano, quando eles foram enviados para me matarem e roubarem meus poderes para o Mestre deles. Fui sequestrada, torturada, estuprada, e cheguei a quase morrer. Ethan então me salvou com o feitiço Flamma Amoris, o que o fazia sacrificar-se (sim, ele morreu. E o feitiço abre uma exceção e restaura a vida do amante sacrificado). Em seguida, matei seu Mestre e assim, salvamo-nos todos de uma morte lenta e dolorosa. Isso tudo aconteceu há dois meses. Desde então, temos vivido pacificamente nessa cidade pequena, sem muita novidade, fora o fato de que eu comecei a ter aulas de luta e sobrevivência no mundo sobrenatural com eles.

- Ei! Ei! – Chamou a voz de Harry nas sombras, vindo correndo em nossa direção. Ele estava com o cabelo todo desarrumado, as roupas abarrotadas e esbaforido. – Cheguei muito atrasado?

- Muito. – Eu disse. – Já terminamos o treino de hoje.

- Droga!

- Onde, raios, você estava? – Perguntou Ethan. – Estávamos precisando de você.

Harry sorriu malandro. Ele era um ex-caçador de lobisomens, que atendia ao mesmo mestre de Ethan e os outros. Assim como eles, fora mandado para a cidade para ajudar no plano de “vamos matar Marie”, e assim como eles, ajudou na salvação de todo mundo. E também ajudava a me ensinar tudo o que eu precisava saber. Quer dizer, ajudava quando se lembrava de comparecer aos treinos que marcávamos.

- Tive um pequeno incidente e fiquei preso no elevador do prédio da Stacy... Com a Stacy... E demoraram duas horas para arrumar o elevador... Sabe, a gente teve que se entreter. – Ele disse, passando a mão nos cabelos. Revirei os olhos, já esperando uma atitude dessa vinda dele.

- Falando em garotas... – Fred começou a dizer, enquanto retomávamos a caminhada de volta a civilização. – Como anda a Kensi, Andrew?

Andrew enrubesceu. Isso não acontecia com frequência.

- Está bem, ora essa.

- Não foi exatamente isso que eu quis dizer...

- Ah, qual é. Ela é legal, nós estamos saindo juntos de vez em quando... – Disse ele, dando de ombros, envergonhado. Realmente, Kensi estava mexendo com esse garoto.

- Ela não se socializa muito, não é? – Perguntei.

- Ela só não acha que alguém consiga compreendê-la, mas eu consigo. É por isso que está dando certo entre a gente... Um dia, quem sabe, vocês vão saber. – Disse ele, dando de ombros novamente. Logo, estávamos de volta ao bairro, e voltávamos para casa, cansados, suados, e felizes.

Entretanto, não sabíamos que tudo estava prestes a mudar.


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Notas finais do capítulo

E então, algum palpite de como a história será? Estão gostando até aqui?