Coração De Gelo escrita por Naslir


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hoje é aniversário de uma grande pessoa, alguém que eu amo muito. Então essa fic vai como um obrigada por todos os anos convividos, mesmo com todas essas brigas. PARABÉNS MINHA QUERIDA BIA-CHAN!



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Conhecemos muitas histórias de amor, de finais felizes em que sempre o mocinho acaba com a menina mais bela do reino. Porém, quantas vezes já foi vista uma história de amizade? Onde aquele que te considera um verdadeiro amigo, se arrisca para salvar-te de uma desventura. São poucas as histórias de amizade, e as que já existem acabam sempre com o mesmo final. E é assim que deve ser.

Como você reagiria diante de uma história capaz de te emocionar demonstrando apenas a amizade entre duas pessoas? Não necessariamente um casal que acabaria feliz para sempre, mas entre duas amigas com tantas diferenças que você seria incapaz de falar algo como “A amizade entre essas duas será eterna.”. Pois bem, vou lhe apresentar aqui uma história que eu espero tirar-lhe o fôlego.

“Como um coração de gelo é capaz de se importar com algo desnecessário?”

Algumas vezes, as pessoas a perguntam o porquê de ser tão fria, nunca expressa emoção, nem mesmo ri de um tombo alheio algo que faria a maioria das pessoas caírem na gargalhada. A resposta era sempre a mesma: “Não há necessidade de me importar com coisas que não vão fazer diferença para minha vida.” Perfeito exemplo disso era uma garota que conviveu com ela quando pequena. Apesar de ela sempre a zombar por causa de seus óculos, olhos e jeito estranho, era a única pessoa com quem poderia chamar de colega. Mas como um ser desses por ser considerado como uma “colega”? Era maldosa, ia causar a desgraça dos com falta de sorte.

Ela era a sua favorita, apelidada “carinhosamente” de quatro olhos, biblioteca ambulante e coisas do tipo. Não tinha como evitar, a provocação era contínua. Você seria amigo de uma pessoa como essa? Eu sei que eu não seria.  Sim, é verdade que ela não se importa com futilidades ou com coisas irrelevantes. Talvez seja por isso que ela aguenta ficar perto de Rey. Não se importa com apelidos maldosos, afinal, a de cabelos róseos não era a única que os utilizava. E se antigamente ela não fosse assim?

Agora é quando vocês se perguntam: “Onde você quer chegar com toda essa ladainha?” Bem, espero que não estejam enjoados desse vai-e-vem de informações, pois ainda temos muito a descobrir. Mas vou facilitar as coisas para vocês, vamos direto ao ponto que no caso, é uma tarde de chuva onde tudo começou.

- O que você está fazendo ai no canto quatro olhos? – uma voz infantil e cheia de vida se aproximou, revelando uma garotinha de aproximadamente cinco anos. – Mais um daqueles livros? Você não cansa não? – ela se inclinou para frente fazendo com que seus cabelos ficassem em seu caminho para o prazer da leitura.

- Você já tentou ler algo? – falou olhando para os olhos verdes com frieza.

- Eu não iria perder meu tempo com uma coisa tão idiota como essa. – ela deu uma risada travessa e se sentou ao lado da garotinha. – Você não acha que cada dia que passa esse lugar fica mais chato e entediante? – tombou para trás deitando no tapete onde as duas se encontravam.

- Nunca percebi. – seus olhos agora se encontravam nas linhas de seu grosso livro novamente.

- Você é muito estranha. – a rosada a fuzilou com os olhos por não obter uma resposta que satisfizesse sua pergunta. – Eu nem deveria estar aqui! Meu lugar não é aqui, sem dúvidas. Espero encontrar logo uma casa digna para mim.

- Contente-se com o fato de que existem poucas pessoas ricas no mundo procurando uma menina para adotar.

Mas uma vai me encontrar e ver o quão bonita eu sou e me levar pra casa e me dar tudo! Carinho, roupas, brinquedos, amor... Tudo! – ela abriu os braços e sorriu com esperança, chamado a atenção da que estava a seu lado. – E mesmo que você seja muito esquisita, vai achar uma pessoa assim também! – a menininha se sentou e apontou para a de cabelos azuis com determinação. – Se isso não acontecer, eu te arrasto comigo! – seus olhos brilhavam, a outra garotinha a fitava sem emoção.

- Acho um pouco difícil você conseguir esse feito.

- Uhn? Ahahaha! – ela começou a rir. – Quem eu sou? – apontou para si mesma erguendo uma sobrancelha.

- Rey.

- Como? Eu não ouvi. – a rosada fez uma concha com a mão perto de seu ouvido e chegou mais perto.

- Rey. – disse a outra um pouco mais alto.

- Isso mesmo Mari! Eu sou a Rey! E a Rey sempre consegue tudo o que ela quer! – colocando as mãos na cintura, ela ergueu a cabeça e fez uma pose destemida, conseguindo arrancar um sorriso de canto de boca da outra. – Eu disse! – ela arrancou o livro da azulada e a deu língua.

- Me devolve. – Mari tentou pegar, mas a outra era mais alta, mesmo que fosse pouco.

- Ha ha ha! Só se você me prometer uma coisa! – a rosinha deu a língua novamente e saiu correndo esbarrando em um garoto da mesma idade que a sua com cabelos cor de vinho fazendo ambos caírem. – Olhe por onde anda seu imbecil! – esbravejou com a mão onde bateu no garoto.

- Ora sua... – o menino parou. – Ah, desculpa Rey, não sabia que era você. – ele sorriu amarelo e se levantou estendendo a mão para ajuda-la. – Aqui. – ele pegou o livro. – Não é seu é?

- Não, é da Mari. – ela riu.

- Daquela biblioteca? – ele a acompanhou na risada. – Você devia ter chamado a gente, a gente ia te ajudar.

- Não preciso da ajuda de você e sua tropa de retardados. – ela se referia ao grupo de três meninos que acompanhava o garotinho.

- Ela chamou a gente de retardado Dio! – um deles falou com raiva.

- Vocês são! – ele disse enfurecido. – Vamos devolver para ela. – Rey e Dio foram em direção à Mari acompanhados pelos outros garotinhos. – Hey quatro olhos! – ele chamou e ela não olhou para cima. – Olha o que está com a gente. – ele balançou o livro na frente de seus olhos que pouco se importavam.

- Me devolva.

- Nem pensar! Não é Rey? – ele começou a rir, a rosada riu um pouco. Sem pensar, Dio jogou o livro pela janela ao lado deles. – Acho que seu livro não sabe nadar. – ele ria acompanhado por seus amigos.

- Livros não nadam. – Mari disse fria.

- Por que você é tão esquisita?

- Não há necessidade de me importar com coisas que não vão fazer diferença para minha vida.

- Sua... – o menino tremia com raiva, ergue o punho e quando ia abaixa-lo, algo o segurou. – Me larga Rey!

- Tem certeza de que quer fazer isso na minha frente? –Rey disse calma, enquanto seus lábios formavam um sorriso sarcástico. – Lembrando que a garota esquisita é minha amiga, você não podem encostar um dedo nela.

- Tsc. – ele se soltou. – Dessa vez, você se salvou azulzinha. – o garotinho se virou e saiu enfurecido com seus amiguinhos.

- Eu avisei que consigo tudo o que quero. – ela pulou a janela com não muitas dificuldades. Apanhou o livro e voltou por onde tinha vindo. – Aqui, só está um pouquinho molhado, mas acho que ainda dá para você usar. – Rey estendeu o livro e antes que Mari pudesse pega-lo, ela recolheu o braço. – Só te devolvo se me prometer uma coisa, lembra? – sorriu novamente, ouvindo as palavras “Qual coisa.” ditas sem qualquer emoção. – Quando eu for para uma mansão cheia de empregados, não deixe de visitar a sua amiga. – a azulada afirmou com a cabeça. Mantendo seu sorriso, devolveu o livro para ela.

- Anda logo Rey! – gritaram de longe.

- Tenho que ir, vê se não queima seus olhos lendo demais! – e correu para perto de seus outros amigos.

Mari nunca considerou Rey como sua amiga, e não iria se importar com ela. Considerava-a como uma colega e nada mais. Porém, era a única me pessoa com quem conversava.

A personalidade forte de Rey a levou onde desejava. Poucos dias depois, um casal que, coincidentemente, era um dos mais ricos de seu país, apareceu no orfanato à procura de uma criança para adotar. A menina não perdeu a oportunidade, é claro. Se enfiou no meio das crianças se posicionando na frente de todos, olhando firme para o casal. Conseguiu convence-os com sua personalidade forte.

Nossa azulzinha de olhos bicolores observou-a partir. Pouco lhe importou, tudo o que precisava estava nos livros. Ela podia muito bem permanecer ali no orfanato, nunca ligou para provocações, apesar de sempre ter sido perseguida por todos ali que gostavam de rir da desgraça alheia. Ela foi adotada, mas seus pais era tão ausentes, que não fez muita diferença ter encontrado um lar. Afinal, seu coração parecia ser de gelo.

Bem, você percebeu que ambas seguiram caminhos diferentes e já devem saber o que vem a seguir. Dizem que o destino é imprevisível, alguns dizem que ele é uma praga. Eu acredito que certas vezes ele é óbvio. Se isso já aconteceu contigo, deve entender o que eu estou querendo dizer. Afinal, amigos separados se reencontram como em qualquer outra história. Às vezes sim, às vezes não, depende de quem está contando a história, aqui não é muito diferente. O destino de ambas será diferente, é claro, mas se eles não se cruzassem não teria motivo para eu estar lhe contando essa história.

Elas cresceram. Rey vive de compras e de fama por ter um pai rico e conhecido por todos. Mari saiu cedo de casa, mora sozinha e trabalha em uma biblioteca único lugar onde pode ficar sozinha rodeada por informações. Obviamente Rey nunca entraria em uma biblioteca e muito menos Mari visitaria o Shopping, como poderiam se reencontrar? Cruzando a rua talvez? Ou, em algum tipo de evento que tem por ai? Nenhuma dessas opções.

É certo que Rey se tornou muito mais fútil e ignorante do que o normal, mas ela nunca teve amigos com que pudesse contar. Foi simples: ela foi tentar reencontrar Mari para poder conversar e ver sua amiga novamente.

Aí vocês me perguntam: “Como assim ela foi procurar a Mari?”. Rey é um horror de pessoa, isso ela é. Mas toda pessoa desse jeito tem alguma coisa que a traz para uma forma diferente, deixando-a completamente diferente, estou certa? Nesse caso, era uma amiga de infância. A única coisa com que ela se importa de verdade antes de compras.

Do contrário, Mari só se importava com si mesma.

- Não acredito! – o estrondo da porta assustou os residentes do local. A voz cheia de alegria e entusiasmo deu lugar a uma corrida para frente do balcão.

- Posso ajudar? – uma voz entediada contrastou com a outra.

- Você não está me reconhecendo?! – os lábios formaram um sorriso largo, o cabelo que caíra em seu rosto retirado dos olhos revelando um par de esmeraldas que cintilavam com a visão à sua frente. – Ora, por favor! Olhe só para você! Está tão diferente.

- O que faz aqui Rey?

- O que mais?! Eu estava procurando você sua idiota!

- Não grite por favor, aqui é um local de silencio. – a voz gelada cortou o clima de felicidade, fazendo o sorriso se desmanchar do rosto de Rey.

- Ahn? Ah qualé... – o sorriso, agora amarelo, demonstrava o nervosismo. – Eu estava com saudades da minha amiga.

- Estou ocupada agora, podemos conversar mais tarde? – ela tirou os óculos e os limpou em sua blusa, tornando a coloca-los logo depois. Como assim? Como aquela garota que costumava ficar sempre perto de Rey estava dessa maneira? É certo de que nunca foi de muitas palavras, mas ela pelo menos achava que Mari iria ficar contente com sua visita.

- Claro... A gente se encontra... na praça mais tarde então. – Mari afirmou com a cabeça e voltou sua atenção para o computador à sua frente enquanto Rey se encaminhava para a porta. O encontro das duas não foi como o esperado para Rey. E aposto que você deve estar achando esse comportamento meio estranho também.

A tarde chegou rapidamente, dando lugar a um céu alaranjado. A visão de Mari se aproximando fez com que a rosada se levantasse do banco de onde estava sentada.

- O que você queria conversar comigo? – um abraço, foi o que ela recebeu.

- Mari, por que você é sempre assim? – perguntou a rosada com os olhos mareados.

- Não há necessidade de me importar com coisas que não vão fazer diferença para minha vida. – falou dura.

- Minha amizade não te importa? – uma lágrima escorreu de seus olhos. A expressão de dor era evidente, o que era estranho. Rey realmente se importa com aquela menina de cabelos azuis, olhos estranhos e personalidade mais esquisita ainda.

- Na verdade, não iria fazer diferença se eu não a tivesse.

- Como assim? – sua voz era embargada, mais lágrimas ameaçavam cair.

- Eu sempre vivi sem nada, amigos, nem mesmo a minha família que me adotou tinha tempo para mim. Minha vida é composta por mim e livros, nada mais. Ter afeição, amor, ou até mesmo sua amizade não vai fazer diferença, eu vivo sozinha.

- COMO VOCÊ PODE DIZER ISSO! – raiva. Era o que prevalecia em sua voz. – VOCÊ NUNCA VIVEU COMPLETAMENTE SOZINHA! Eu estava lá, não estava?!

- Você esteve. – uma sensação estranha pairava pelo ar. – Mas nunca me tratou com devido respeito, se deixava levar facilmente por outras pessoas. Você só ligava para si mesma.

- Então não somos tão diferentes assim. – Rey disse fazendo com que a atenção da garota a sua frente se voltasse completamente para ela. – Você também só liga para si mesma. Pensava que tivesse um jeito de quebrar seu coração de gelo, mas pelo visto, nem isso eu consegui fazer. – ela estava séria, tão séria que chegava a assustar. – Rey sempre consegue tudo o que ela quer não é? Pois bem, isso é verdade. Não quero sua amizade. – ela se virou. Esperou um pouco com esperanças de ouvir seu nome, o que não aconteceu. Seguiu em frente e desapareceu de uma vez por todas da frente da azulada. Mari seguiu sua vida, assim como Rey a dela.

Acho que não seria uma história de amizade se as próximas palavras fossem essas. Realmente, Mari não poderia considerar a rosada como uma amiga. Eu não consideraria. Porém, há sempre algo que nos faça mudar de ideia.

- Ei você. – não foi exatamente seu nome, mas foi o bastante para que se virasse. – Se somos tão iguais, qual seria o sentido de nunca mais nos reencontrarmos.

- Você é muito confusa. – falou de longe. Mari apontou para o céu, nuvens negras tomavam conta do céu alaranjado dando início a uma chuva. A azulada foi até onde a outra esqueceu sua bolsa, apanhou-a e foi para frente de Rey.

- Aqui, só um pouco molhado, mas dá pra você usar. – e estendeu a bolsa. Antes de Rey pega-la, Maria recolheu a bolsa para perto de si. – Antes de pegar de volta, terá que me prometer uma coisa.

- O que quer? – a rosada ria.

- Deixe-me ir te visitar. – Mari forçou um sorriso. Era difícil já que ela nunca sorria. Mesmo que aquilo fosse mais uma careta do que um sorriso, foi o bastante para a outra entender.

- Minha amizade vale a pena agora? – perguntou já com sua bolsa na mão.

- Se a minha valer.

A amizade é algo para durar a nossa vida inteira, a história delas não é diferente. E a pergunta? Devo responde-la para vocês:

“Como um coração de gelo é capaz de se importar com algo desnecessário?”

“Achando uma brecha, algo que o faça revelar a verdadeira necessidade de um sentimento”


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Notas finais do capítulo

Por favor, não joguem tomates T~T. Sim, a Lady aqui (adoro falar me terceira pessoa *^*) estava realmente ausente, eu to completamente sem tempo pra escrever. Eu consegui escrever essa one-shoot pq eu PRECISAVA dar um presentinho pra Bia-chan, sua linjha *^* A criatura que não tem Nyah, mas o que vale é a intenção. Pra quem leu, comentem ^-^ e por favor, guardem os tomates...



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