Tracings By The Destiny escrita por Clarinha


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa noite (:
Fico feliz que já tenham 4 leitores na fic! Não vou postar muito frequentemente por motivos de escola, mas tentarei sempre que possível!
Queria avisar que essa fic não vai ser muito grande, uns 20 ou 25 capítulos no máximo.
Boa leitura (:



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Na manhã seguinte, Lea levantou cedo, tomou um banho e, após trocar de roupa, tomou seu café. Seus pensamentos estavam bem distantes dali. Ela não parava de pensar em Cory e em como ele poderia estar. O transplante seria no próximo sábado e os exames que ele fazia diariamente (eram, ao mínimo, quatro.) o deixavam exausto. Naquele dia Lea trabalhava até o meio-dia, então poderia passar ao mínimo duas horas a mais com Cory no hospital, até que ele fosse chamado para fazer novos exames, e assim, Lea ser obrigada a ir embora.

Às 7:43 em ponto, Lea estacionou o carro no estacionamento do escritório. Com os saltos estalando no piso corrido da empresa, Lea se direcionou á sua antiga sala, para pegar suas coisas e se mudar para a sala nova. Ela sabia que agora, com um cargo melhor,  o trabalho seria maior, mesmo Dianna e Mark aliviando. Mas ela o faria. Faria tudo para receber um salário melhor e poder cuidar de Cory, sem passar necessidade. E de repente um filme sobre toda a vida de Cory e desde o momento em que Lea conheceu ele, começou a passar pela sua cabeça.

Cory é orfão desde os 16 anos, quando os pais morreram num acidente de carro. Ficaram na UTI durante 2 semanas, mas não resistiram. Desde então, Cory morava com a tia, mas ela nunca gostou de Cory pelo fato de sua irmã ter se casado com um rapaz de classe relativamente menor do que eles. O pai de Cory também veio de família pobre. Tinha vezes que Cory não podia ir á escola porque estava passando mal por não ter o que comer em casa. Não podia sair de casa no inverno, porque as unicas roupas que tinha era algumas regatas e bermudas, e mal mal tinha um chinelo. Cory começou a trabalhar cedo, assim como Lea, para ajudar os pais em casa, mas o dinheiro não era suficiente. Depois da morte dos pais, Cory apanhava da tia por não ser "o tipo de gente certa para aquela família" e, principalmente, porque vivia na rua vendendo toalhas e tapetes na rua, mas nem sempre conseguia dinheiro. E foi assim que ele conheceu Lea. Quer dizer, não bem assim, mas foi quase.

Depois de sair do trabalho, a mãe de Lea pediu para que ela fosse ao mercado e comprasse alguns ovos e umas verduras para que ela fizesse uma sopa naquela noite, e estava bem frio. Lea usava uma cacharrel fina por baixo do moletom, que estava bem grande nela, um shorts (que antes era uma calça, mas ela teve que cortar pois como já estava velhinha, estava muito surrada e rasgada no joelho.) e um chinelo. Perto do mercado, Lea avistou um menino sentado no chão molhado de chuva, todo encolhido de frio com o rosto apoiado no braço. Ela começou a andar mais devagar e reparou no menino de cabelo e olhos castanhos. Seu rosto estava com um ovo bem roxo próximo ao olho e um corte que parecia estar profundo na testa. Lea não conseguiu ignorar aquela cena e foi até o menino, que tremia de frio. 

- Ei, você não está com frio não? - Lea se aproximou do garoto, que usava uma regata rasgada e uma bermuda já bem surrada.

- Eu pareço com frio? - respondeu seco. 

- Nossa, calma. Eu só queria te ajudar. 

- Me desculpe. É que não aguento mais minha vida. Desde que meus pais morreram está tudo uma merda. - Cory disse e parecia tentar se acalmar. Lea tirou seu moletom e entregou para ele. - O que é isso? 

- Um moletom. Veste. Fica grande para mim, e eu estou com outra por baixo, pode ficar para você. - Lea entregou o moletom para Cory. Por um momento ele ficou apreensivo se pegava ou não, mas acabou resistindo, afinal, o frio de 6ºC não podia o fazer orgulhoso agora. 

- Obrigado. - disse. 

- Estou indo no mercado, vamos comigo. Eu vou comprar umas coisas e você pode ir lá pra casa. Minha mãe pode curar seu machucado e você pode ficar lá em casa hoje se quiser. - Lea estendeu a mão para Cory, que se segurou e levantou. - Qual seu nome?

- É Cory. E o seu?

- Meu nome é Lea. 

- Lea, Lea... gostei do seu nome. 

- Obrigada. - sorriu. - Também gostei do seu. 

E assim seguiram para o mercado. Compraram algumas batatas, cenoura, chuchu e os ovos. Comparam também algodão e um remédio para passar no machucado de Cory. Na ida para o supermercado e na volta para casa, Cory contou para Lea toda sua história de vida, o que deixou a menina impressionada. Eles foram para casa, e, assim que entraram, foram direto ao encontro da mãe de Lea.

- Mãe, trouxe um amigo. - Lea segurava nas mãos geladas de Cory, arrastando-o para a cozinha, onde a mãe de Lea já esquentava a água para a sopa. 

A casa de Lea não era das maiores, com muitos quartos ou muito menos acabada em gesso, mas era o suficiente para ela e seus pais. Com dois quartos, um para ela e o outro para sua mãe e seu pai, Lea dormia numa cama já velhinha e barulhenta. Seus pais dormiam em uma cama que eles compraram em uma loja de móveis usados. Era o que dava pra fazer com o dinheiro da família. 

- Que amigo, Lea?

- Esse é o Cory. Cory, essa é minha mãe. - Lea apresentou os dois, e após um abraço apertado, a mãe de Lea esquentou um pouco de água para limpar o machucado no rosto de Cory. 

- Você vai dormir aqui hoje. Já está tarde e eu não quero que você corra perigo de apanhar na rua de novo. E está frio. 

- Eu não apanhei na rua. - disse. - Ai!

- Não?

- Não. Foi minha tia. Desde que eu meus pais morreram eu moro com ela, e então ela me bate sempre que eu não vendo nada na rua. Hoje eu briguei com ela, decidi enfrentar. Não aguentava mais ficar calado. Dai ela quebrou um vidro no meu rosto e me colocou para fora de casa. Se não fosse você, era pra eu estar na rua e eu ficaria lá, até eu morrer de fome ou congelado. 

- Mãe, o Mike tá morando no mesmo lugar?

- Está sim filha, porque?

- Amanhã vou passar lá, precisamos pegar umas roupas pro Cory. Aposto que ele tem muitas que não usa. 

- Não Lea, não precisa, amanhã eu vou procurar meu outro tio, acho que ele ainda mora no mesmo lugar...

- Nem pensa nisso! Você vai morar aqui agora. 

- E eu vou ser sua segunda mãe. - a mãe de Lea já tinha limpado e feito o curativo. Não aguentou ouvir toda a história de Cory. Ela sentia muita pena dele e queria ajudá-lo, já que era um menino tão bom. Ela lhe deu um abraço bem forte, confortando-o. 

- Eu vou ajudar você a limpar a casa e posso ajudar Lea no trabalho, o que for preciso para agradecer o que vocês estão fazendo por mim. - Cory chorava. Nunca tinha se sentido tão amado daquele jeito depois da morte dos pais. 

E foi assim que Lea se apaixonou por Cory. Suas atitudes com ela, seus carinhos... E não foi o contrário com Cory.

Lea não conseguiu conter as lágrimas ao lembrar do dia em que conheceu Cory. Eles passaram tantas coisas juntos, foram criados como irmãos e agora, estavam noivos e ela estava prestes a perdê-lo. Lea voltou á realidade quando Dianna bateu á porta. 

- Entre. 

- Lea, telefone para você. É do hospital. 


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