Uma Vez Mais escrita por AnaMM


Capítulo 31
Espera


Notas iniciais do capítulo

Estou sem o meu CPU, mas como essa parte da história não estava guardada nele, posso atualizar na fase do hospital o/ Estou atualizando as fics fora de ordem por causa do CPU. Não Chore, por exemplo, tinha todo o capítulo nele e só poderá ser atualizada quando eu recuperá-lo. Provavelmente o próximo capítulo não demore.

Um pouco de Brutinha pra vocês ;) (e, claro, de fatdinho, de lidinho, de amizade judi, de julia e até de sevdinho auhsuhahus)



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O alarme perfurante da ambulância cessou com sua partida e os sons da rua cada vez mais vazia voltaram. Um a um, os espectadores se esvaíram do asfalto sangrento onde, alguns minutos antes, estivera o corpo de um jovem quase sem mais forças para lutar. Lia, enfim, pôde ver quem a segurara: Gil, seu melhor amigo, e Bruno, seu quase irmão. Os únicos que resistiram ao choque da cena, por não serem tão ligados a Dinho. Vitor, embora mal conhecesse Adriano, estava horrorizado por seu irmão. Jamais pensou que Salvador fosse capaz de fazer aquilo, mesmo que pela honra do tão amado caçula. Em  fluxo contrário aos outros que se encontravam no local, seguiria em direção à delegacia. Antes, no entanto, precisava falar com alguém.

-Lia? - Vitor chamou, relutante.

A loira tremia nos braços de Bruno e de Gil, ainda em estado de choque. Tentava se desvencilhar de seus nada bem-vindos guarda-costas para correr em direção ao hospital, em vão. 

-Eu não sabia, eu juro! Por favor, me perdoa?! Eu falei do Dinho pro Sal e ele deve ter levado a sério demais, eu nunca pensei-

Vitor parou ao notar que Lia se afastava.

-Lia! LIA! - Gritou.

A roqueira parou onde estava e se voltou para o ex.

-Você tava certo. Ele significa mais pra mim do que eu deixo parecer. - A loira secou uma lágrima. Vitor se aproximou da ex. - Eu preciso de um tempo, ok? Depois a gente se fala... O Sal não é quem você pensa e eu não vou te deixar sozinho nessa, mas antes... Antes eu preciso ver como ele está. - Lia segurou a mão do motoqueiro em sinal de apoio.

-Lia, vem cá. - Era Marcela, abraçando-a como uma filha. - Eu te levo pro hospital.

-Valeu, Marcela. - A roqueira tentou sorrir em agradecimento. Vitor, por sua vez, pegou um táxi e partiu.

-Mas antes... - Lia olhou para sua professora confusa. - Antes, você precisa se acalmar. 

-Me acalmar? Marcela, ele pode morrer a qualquer momento nessa situação, eu preciso estar lá agora! - Lia protestou em desespero.

Marcela considerou a colocação da roqueira. De fato, a situação não estava tão simples, e, ao mesmo tempo, temia a reação da garota caso o pior acontecesse. 

-A Lia tem razão. - Bruno comentou, para a surpresa de ambas. - Chegar tarde demais seria muito pior. 

Ju, que era amparada pela mãe, aproximou-se do grupo e segurou a mão da amiga.

-Vai dar tudo certo. O Dinho é forte. - Tentou acalmar a amiga, mas sequer ela confiava em suas palavras. Na dúvida, abraçou a roqueira com força.

Lia, enfim, chorou nos braços da melhor amiga, apavorada. Juliana também chorava.

-O Olavo foi para a delegacia, mas eu posso acompanhar vocês até o hospital. - Marta se pronunciou. - Eu não acompanhei a história toda, mas já deu pra perceber que vocês duas se importam muito com esse rapaz e eu faço questão.

Juliana abraçou a mãe em agradecimento, enquanto Marcela amparava Lia.

-Eu vou com vocês. - Gil se pronunciou. Ju sorriu para o namorado, que apertou sua mão. Marcela também sorriu para o filho, orgulhosa.

-Será que cabe mais um no carro? - Foi a vez de Bruno. Precisava estar ao lado da irmã e de Lia, ainda que não gostasse de Adriano. Além disso, Fatinha havia acompanhado Dinho na ambulância e precisava ver como ela estava, mas esse motivo jamais admitiria.

-Eu queria muito ir com vocês, mas o dever me chama. - Severino comunicou, triste pelo garoto. - Vocês me avisam qualquer coisa? O meu número é esse aqui. - Entregou para Marta, que estava em melhor estado.

-Eu vou ficar. Pode demorar e a Tatá não pode ficar sozinha depois da aula. - Paulina comentou.

-Então eu lhe farei companhia, Paulina, e vamos rezar por poder ver o meu comodoro uma vez mais. - Rômulo falou. Percebendo o olhar assustado de Lia, passou a mão no ombro da roqueira e emendou: - Aquele marujo é forte, não vai ser abalado pela primeira onda. 

Lia tentou parecer confiante, mas não conseguiu. Forjou um meio sorriso e olhou para a avó.

-Lia... Vocês já se meteram em tantas encrencas e sobreviveram a todas! Fica calma, minha neta, vai dar tudo certo. - Paulina falou, abraçando a loira. Beijou a testa da neta e se despediu, sendo acompanhada pelo namorado até o apartamento de Raquel.

-x-

Chegando ao hospital, os seis logo avistaram Fatinha aos prantos interrogando um médico. Sem sucesso, a loira voltou para o seu canto de espera desolada.

-Você conseguiu alguma coisa? - Marcela perguntou.

Com o rosto inchado, Maria de Fátima observou quem se encontrava na sala. Não havia se olhado no espelho, mas suspeitava estar como Lia, vermelha de tanto chorar, os olhos já irritados. Marcela abraçava a enteada um pouco mais calma, mas com o semblante preocupado. Ao lado das duas, a família Menezes e Gil, que parecia desconfortável. No seu rosto, contudo, era notável que estava abalado não só pelas meninas e pela mãe, mas por Dinho também. Sentia-se um pouco culpado, o que Fatinha não entendeu. Marta estava contida, pouco havia convivido com o garoto, mas amparava a filha com cuidado. Ju estava um pouco menos como Lia, mas também em desespero. Bruno, por sua vez, estava indecifrável. Desconforto? Talvez. Preocupação pelas meninas? Possivelmente. Preocupação pela ex-namorada? Devia estar alucinando, não podia ser verdade a maneira como Bruno a olhava...

-Nada. Desde que a gente chegou, eles levaram o Dinho e não me dão retorno. Não sei nem a gravidade, nem o quarto...

-Mas ele... -Ju tentou medir as palavras. - Ele tava respirando na ambulância?

Bruno observou Fatinha novamente com o olhar de antes. Talvez não tivesse sido alucinação...

-Sim, ele tava respirando. Com dificuldade, acho, mas tava vivo.

Todos se sentiram aliviados, a tensão no hospital diminuindo um pouco. Mais tranquilos, cada um se posicionou em um banco, Marta e Gil indo buscar café para o resto. 

-Você tá bem? - Fatinha se surpreendeu ao ouvir a voz de Bruno, mas manteve a pose.

-Como você acha que eu estou? Não era você que vivia desconfiando da minha proximidade com ele?

-Fatinha, eu... Você tem que admitir que vocês são muito próximos! V-você subiu com ele na ambulância e tudo!

-Ele é como um irmão pra mim, Bruno. Por acaso eu fico com ciúme da sua proximidade com a Lia? É a mesma coisa. - Fatinha tentou controlar a voz.

-Pode ser, mas a Lia é de confiança, eu cresci com ela. O Dinho, não.

Fatinha lançou a Bruno um olhar mortal. Como ele se atrevia a criticar Adriano mesmo naquela situação, vendo como ela estava mal por ele? Levantou-se do banco, ainda o encarando. Nenhuma palavra poderia expressar tão bem quanto...

Bruno levou a mão ao rosto ainda latejante. A mão de Fatinha, embora leve, pesara em sua face. Havia ido longe demais. "Idiota." pensou. Lembrava-se de como Fatinha cuidava de Dinho como uma mãe, de como nenhum sentimento de desejo era percebido em suas ações, de como olhava para ele com ternura apenas. Considerou as palavras de Fatinha. A forma como ela olhava para Adriano e se referia a ele era como Bruno tratava e pensava em Juliana. Como podia ser tão burro? Mas... Eram Dinho e Fatinha, nenhum era confiável. Além disso, lembrava-se da funkeira beijando o "irmão" na festa de Ju.

-Eu nunca beijei a Lia.

Fatinha riu seca.

-Para a sua informação, a gente nunca mais ficou depois daquele dia. Aliás, ele foi o único homem a realmente me respeitar, ao contrário de você. Engraçado... O Dinho sempre me disse que eu merecia mais, que eu não podia me permitir ser tratada assim. Mas não, eu insisti. O amor é engraçado, não é? - Fatinha, no entanto, não parecia se divertir. Falava secamente, com uma voz distante. - Eu vivo me humilhando por você, e ele está quase morrendo em algum quarto daqui.  A gente tinha razão, quando era mais novo, em não querer se apaixonar. Eu bem queria, e aposto que ele também, poder escolher por quem eu me apaixono. Nós estaríamos juntos e felizes, como você tanto insiste. Mas não, infelizmente o Dinho é completamente apaixonado pela Lia, e eu por você.

Com isso, Maria de Fátima se afastou em direção ao balcão do hospital. Bruno estava sem reação, em pé no centro da zona de espera.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado, em breve tem mais!