Uma Vez Mais escrita por AnaMM


Capítulo 23
Não fale nada.


Notas iniciais do capítulo

Gritem, pulem, dancem a conga, que chegou a hora!
Conversa LiDinho? positivo
Lia descobrindo? positivo
Muito amor? Lia? Liaaa?
Sim, me inspirei no meu amadérrimo Orelhudo pra essa introdução, bjs haha

Dedicado à kaele que favoritou e comentou... e foi a "favoritação" número 10! Apresente-se kaele, tens o direito de pedir uma cena ;)

Todo meu amor à Jessica, que mandou o comentário 60 ♥ agora sim está MUITO perto hahaha

Jackão, CHEGOU A HORA!!! É TELHADINHO!!

Tenho três músicas a indicar como trilha. A primeira, foi ao som dela que eu criei a cena(e tbm a fic):
http://www.vagalume.com.br/lana-del-rey/young-beautiful-traducao.html
(cliquem em "tradução")

a segunda, pq a letra tbm tem tudo a ver com a história, em especial com o relato do Dinho nesse capítulo:
http://www.vagalume.com.br/goo-goo-dolls/iris.html

E a terceira, eu descobri posteriormente, e vai tbm de trilha:
http://www.lyricshall.com/lyrics/Andreas+Moe/Stay+So+We+Stay+Us/

não é minha culpa se 3 músicas se revelaram perfeitas pra esse capítulo, leiam cada vez com uma hahaha espero que gostem.



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Dinho estava na casa de Raquel, sendo orientado sobre seu tratamento. Haviam passado pelo hospital e agora o garoto recebia as últimas instruções.

–O tempo está se esgotando. Se você não contar, ela vai perceber igual. O tratamento vai começar a ficar visível.

–A gente combinou de se encontrar daqui a pouco, de hoje não passa.

–Então você está com sorte. A Lia tá na casa da Juliana.

–Valeu, Raquel. Por tudo, na verdade.

–É o meu trabalho, Dinho. E meu dever de mãe. Acho que chegou a hora de me intrometer na vida da minha filha, depois de tantos anos de ausência. – Raquel riu.

–x-

Lia, Marta, Olavo, Bruno e Ju conversavam na sala da casa dos Menezes. Os pais da it-girl estavam preocupados com o estado da amiga da filha nas últimas semanas.

–E só pra piorar, aquele imbecil está morando com a Fatinha!

–Se merecem! – Marta concluiu. - Eu não conheço essa história direito, mas, do jeito que a Lia fica alterada, boa coisa não é.

A campainha tocou antes que Lia pudesse tomar partido.

–Eu atendo! – Juliana foi até a porta. – Dinho?

Ju se assustou com a figura à sua frente. Adriano estava pálido, vestindo o que parecia ser a camiseta com que ele dormia e uma calça de abrigo. Havia feito a barba alguns dias antes e esta já começava a aparecer novamente, ainda que curta e escassa, dando ênfase à aparência descuidada do garoto. Com o rosto quase limpo, Juliana pode perceber como Dinho havia emagrecido. O aventureiro tinha o olhar distante e cansado. Com a voz melancólica, se pronunciou.

–A Lia...

A roqueira se aproximou da porta, enquanto Marta e Olavo observavam o garoto chocados. Lembravam-se de Dinho mais jovem, tão mais saudável... Quase não reconheceram o garoto a sua frente.

Lia também se impressionou pelo estado de Adriano e logo acatou seu pedido não pronunciado.

–Dinho...

–Não fala nada. Vem comigo. – segurou a mão de Lia, que se despediu da família Menezes e foi conduzida por Dinho para fora do prédio.

–O que aconteceu com esse garoto? Ele está completamente abatido! – Olavo exclamou.

Bruno se lembrou de como Fatinha parecia preocupada com o amigo na noite anterior.

–O Dinho não tá bem. Acho que é sobre isso que ele quer falar com a Lia... O jeito é esperar, pra saber a resposta.

–x-

–O que a gente tá fazendo aqui?

Estavam na frente do antigo prédio de Adriano.

–Eu falei com o zelador e ele me liberou o telhado por hoje. Lá eu me sinto mais seguro pra contar o que precisa ser dito e ninguém pode interromper. Vamos?

Subiram até o lugar favorito do garoto e se sentaram onde sempre ficavam. O sol começava a se pôr e lembranças de todos os momentos que passaram juntos naquele local voltaram às mentes de ambos.

–Então... Eu estou aqui, pode falar. Por que você voltou?

–Ok... – Dinho havia aguardado tanto por aquele momento que não sabia nem por onde começar. – Eu errei. Eu errei muito com você. Eu nunca deveria ter ido a Paraty com você sofrendo daquele jeito, eu deveria ter ficado. Eu fui fraco.

–Dinho, eu te falei, eu não te culpo por isso, mas pela mentira.

–Eu não queria mentir, Lia, você sabe que eu odeio mentiras, mas o medo de te perder falou mais alto. Eu temia que, se você soubesse o que eu tinha feito, nunca mais ia querer olhar na minha cara. Eu te perdi por medo de viver sem você. Eu fui um covarde. Se eu tivesse contado... E por isso eu decidi não esconder nada mais de você. Mas antes, eu preciso que você conheça a primeira parte da história. Eu nunca mais fiquei com a Valentina desde Paraty. Ela me beijou à força uma vez e a Ju chegou a tempo de ver, mas eu logo me desvencilhei.

–E você acha que eu vou acreditar?

–É a verdade, Lia. Eu tentava fazer a Valentina entender que eu não queria nada com ela, que eu não a queria a sua volta, ou perto dos meus amigos. O que aconteceu em Paraty foi um erro e eu sempre soube disso. Ficar com a Valentina naquelas férias só serviu pra que eu confirmasse que é só você que eu quero. A Fatinha tá de prova, ela viu as nossas brigas no hostel e até tentou me ajudar a expulsar a Valentina de uma vez por todas de lá, mas ela nunca ia embora de fato. Antes de a gente terminar, ela me fez uma proposta de viagem pra África. Eu recusei a princípio. Aquela gringa me dava nojo e eu tinha esperanças de poder lutar por você. A gente terminou, você deixou claro que jamais me perdoaria, e eu descobri que teria que me mudar pra Miami. Eu tinha perdido tudo. Os meus amigos me fizeram ver que, mesmo tendo perdido a garota da minha vida, eu poderia pelo menos cumprir meu sonho de viajar o mundo. Eu aceitei a proposta. Durante toda viagem de barco, eu ignorei a argentina. Ela tentava me seduzir, mas não adiantava. Assim que a gente chegou em terra firme, eu segui um roteiro sozinho. Eu conheci metade do continente africano, mas nenhum lugar me fazia feliz. No barco, eu pensava que a dor fosse passar quando chegasse à África e preenchesse minha mente cumprindo um sonho de anos, mas o vazio continuava. No segundo dia em terra firme, eu já queria voltar correndo pro Brasil. Uma semana se passou, eu não agüentava mais. Comecei a pegar bicos pra juntar dinheiro pra volta. Trabalhei como intérprete, mão-de-obra de fábrica, ajudante de marujos, faxineiro... Em cada país, conseguia me arranjar com algum emprego menor e fui juntando. Foi em um desses trabalhos que- Dinho parou de repente, com um nó na garganta.

Dinho focou o pôr-do-sol. Lembrou-se de tudo que lhe havia passado, da descoberta... E se...? Não queria se despedir de sua marrentinha, queria passar a eternidade ali, naquele telhado, com a garota que amava. Tentou esconder as lágrimas, mas Lia percebeu. Passou a mão pelas costas do garoto, preocupada.

–Eu... – Dinho tentava focar no que tinha para falar, mas chegara no ponto que mais temia. – Eu quero que você saiba que eu ainda te amo, muito. E-eu sei que você dificilmente vá me perdoar, mas eu não poderia... – mais lágrimas escaparam e Lia se aproximou mais do garoto, para tentar controlar seu choro. – Eu precisava do seu perdão, marrentinha. Eu preciso. Eu sei que eu errei e não me perdôo até hoje por isso, mas eu precisava tentar uma última vez antes que-

–Antes que o que, Dinho? – o céu estava mais escuro, mas Lia ainda podia ver o sofrimento no rosto de Adriano. Passou a mão em seu cabelo para tentar acalmá-lo, como havia feito um ano antes, quando se perderam na mata, mas sua mão escorregou da cabeça do garoto. Lia se assustou ao reconhecer alguns cachos de Dinho em seus dedos.

–Dinho?! – Lia olhou temerosa para o garoto, que não pôde mais conter nenhuma lágrima. Em choque, a roqueira o abraçou forte, deitando a cabeça de Adriano em seu ombro. Finalmente compreendeu o que estava acontecendo e desejou não ter entendido.

Permaneceram abraçados pelo resto da noite. Dinho não conseguiu juntar coragem para explicar, apenas consentiu com seu silêncio o que o olhar de Lia questionava. Acabaram se deitando, ainda envoltos nos braços um do outro. A loira começava a lacrimejar e tentou disfarçar olhando para as estrelas. Dinho mexeu em seus fios tentando acalmá-la e a garota deitou sua cabeça no peito do ex-namorado, abraçando seu tronco. Assim permaneceram enquanto podiam, temendo enfrentar a realidade novamente.


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Notas finais do capítulo

Na continuação: a história completa! Espero que tenham gostado desse capítulo tanto quanto eu ♥