– O que você está fazendo aqui? – Ethan pergunta com estupidez, odiava quando ele fazia isso.

Estou sentada na beira da cama dele.

– Acho que ficou alguma coisa pendente não é? – Digo.

– Pensei que você já tivesse dito tudo. – Fala, demonstrando que estava magoado comigo.

Anda até o canto do quarto e senta-se na poltrona, bem distante de mim.

– Você está bravo. – Digo, tentando fazer uma pergunta que se torna uma afirmação.

– Não estou. – Ele nega.

– Ótimo então senta aqui comigo e vamos conversar. – Falo.

Ele permanece imóvel.

– Quanta infantilidade. – Falo.

– Está falando sobre você? – Diz ele irônico. – Afinal a única que faz birra, beicinho e tudo mais para sempre conseguir o que quer é você. Certamente nunca ouviu um não. – O tom de voz dele subiu.

– É claro que já ouvi, mas a diferença é que não saio tendo piedade de mim mesmo só porque alguém me frustrou.

– Você ta dizendo que eu me faço de coitado? – Ele pergunta enquanto se levanta da poltrona.

– Isso mesmo! – Grito. – Você é como uma criança que tentou andar de bicicleta, mas caiu e se ralou todo. – Começo a falar.

Ethan prende o seu olhar em mim e deduzo que o que eu falo lhe chamou a atenção, portanto, continuo.

– E depois que você cai tem duas alternativas: nunca mais tentar ou se arriscar e tentar de novo. – Concluo. – Talvez você se dê melhor da próxima vez, mas só descobre se tentar.

– Isso quer dizer que? – Pergunta ele.

– Você é um garotinho medroso e mimado. – Respondo. Ele revira os olhos. A essa altura já estou em pé, de frente para ele. – E ainda se acha no direito de ficar bravo comigo por uma idiotice.

Ele levanta as mãos para o ar como se eu estivesse falando o pior dos absurdos.

– Do que você está falando? – Ethan diz se fazendo de desentendido.

– Eu refresco a sua memória. – Digo. – Você, hoje de manhã, na minha casa, eu na piscina com o Sean. Vai negar que é por isso que está irritadinho? – Pergunto.

Os olhos dele estão ardendo de raiva.

– Não vou negar. – É apenas o que ele diz.

– Mas fique sabendo que você não tem direito nenhum de reclamar, de se irritar ou sentir ciúmes porque nós não temos nada. – Esbravejo.

– O que nós temos se chama nada para você? – Pergunta irritado.

– Tanto quanto para você. – Falo.

Ethan passa a mão pelo cabelo e fica me olhando sem dizer nada.

Kate entra no quarto nesse momento.

– Um conselho: parem de brigar porque Elliot chegou. – Ela está quase sussurrando. – E o jantar está pronto. Você janta conosco Mia?

– Não. – Respondo.

– Sim. – Ethan diz ao mesmo tempo.

Olho para ele. Afinal qual era o problema? Há dois segundos estávamos discutindo e agora ele dizia que eu deveria jantar com eles.

Saio batendo os pés firmes no chão. Eu poderia até ficar para jantar, mas ele não podia querer que eu fosse gentil.

Elliot olha para nós três quando entramos na sala, dou um abraço breve nele e me sento.

Mantenho-me distante durante quase todo o jantar, de vez em quando Elliot me cutuca me forçando a dar um sorriso e voltar a conversa.

– Finalmente Ethan está tomando juízo. – Kate fala em determinado momento. – Trabalhando e começando o curso.

Olho imediatamente para ele.

– Você passou? – Pergunto.

– Passei. – Diz orgulhoso de si mesmo.

– Não tinha me dito. – Falo. – Parabéns!

Ele sorri para mim. A raiva que estávamos há minutos atrás desaparecia gradualmente a medida que fomos conversando.

– Fica. – Ethan diz quando me levanto para ir embora.

– Não posso. Carter está me esperando. – Digo.

– Carter? – Pergunta erguendo uma das sobrancelhas.

– Meu segurança. – Falo sem animação.

Ethan também parece desanimado.

– Odeio brigar com você. – Diz depois de me puxar de surpresa pela cintura.

Ajeito-me no abraço dele.

– Também odeio. – Confesso.

Kate e Elliot estão na sala também, mas não estamos nos importando com eles. Em segundos estamos nos beijando, era nosso pedido oficial de desculpas.

É a primeira vez que fazemos isso na frente de alguém. Fico meio sem jeito ao me despedir, Kate me dá um olhar de cumplicidade.

Dou uma ultima olhada para Ethan e me pergunto quantas vezes mais teremos que brigar antes de nos entendermos definitivamente.