Ele ainda não compreendia o que sentiu no momento em que viu a sua esposa passando pela porta da casa, a qual dividiam a cerca de quatro anos. Haviam se casado com o objetivo de juntar o patrimônio de suas famílias. Para ele havia sido apenas por conveniência, mas para ela tinha sido por amor.

Apesar de ambos insistirem, a festa de casamento havia sido luxuosa, para qualquer lado que olhassem era possível observar pessoas da alta sociedade. Sua esposa estava ao seu lado, com seus longos cabelos rosados preso em um elegante coque com alguns fios caindo pela face, uma leve maquiagem ressaltando sua beleza natural e seus lindos olhos verde-esmeralda. Havia trocado o vestido de casamento, por algo mais simples, um lindo vestido verde, que combinava com os seus olhos e que se moldava perfeitamente e seu corpo. Ele também tinha trocado o seu terno por uma camisa social branca, uma calça e um sapatênis, e seus cabelos continuavam arrepiados. Olhava de relance para a sua esposa, um lindo sorriso enfeita a face alva, o que lhe permitiu apenas um leve levantar do canto da boca. Mas o dia que deveria ser o mais feliz de sua vida parecia apenas um dia qualquer.

A cada hora que passava, uma grande agonia sufocava o seu peito. Parecia tão surreal o que acontecera. Quatro anos de casados jogados fora por um erro. Um erro que ele cometera. E que na verdade vinha cometendo há algum tempo.

Chegará a casa com uma ruiva agarrada no seu pescoço enquanto tateava a luz da sala, e trancava a porta. Estava numa boate bebendo no bar e acabara por começar a conversar com a tal ruiva que agora já estava no quarto em que dividia com a sua esposa, cuja mesma estava na casa de uma amiga. A ruiva estava com as pernas trançadas na sua cintura e tirava apressadamente sua camisa. Quando se dera conta já estava por cima dela na cama apenas com as roupas intimas. Tirou com uma rapidez o sutiã e a calcinha dela, ao mesmo tempo em que a mesma tirava a sua cueca. O álcool o afetava um pouco de modo que às vezes perdia o raciocínio do que estava fazendo. Lembrava-se apenas de ter colocado a camisinha, e agora investia rapidamente dentro da ruiva que gemia no seu ouvido. Não era a primeira vez que traíra a sua esposa e talvez nem fosse a ultima se não fosse pelo o que acontecera nos minutos seguintes. Já havia feito a ruiva gozar algumas vez, ele estava próximo de alcançar seu ápice. Até que um grito diferente o espantou. Não tão diferente assim. Ele conhecia aquela voz. Olhou para a ruiva embaixo de si e ela estava com os olhos arregalados e apontava para a porta. Algo nele o impedia de olhar. Mas assim que fez, sentiu uma dor que o impedia de respirar. Lá estava ela, com as mãos sobre a boca, os olhos marejados e um presente caído no chão. Ela afastou-se do batente da porta e correu.

Alguns dias depois daquele acontecimento, ela voltou. Mas apenas para pegar as roupas dela. Ela iria embora. Talvez para sempre. E isso o incomodou. E estava incomodando até agora. Um mês depois que ela tinha saído da sua vida.

Não comia, não dormia. Ficava apenas sentado na cama com as fotos de casado dos dois, enquanto as lágrimas caiam incansavelmente. Ele a tinha procurado, ligado, deixado recado. Mas nada do que fizesse agora iria concertar a burrada que havia feito. E ele culpava-se dia e noite por isso. Sabia onde ela estava. Num antigo apartamento da mesma antes deles casarem. Mas ele estava proibido de chegar perto do prédio em que ela estava. E o que estava o deixando mais angustiado, principalmente naquele dia, era que ela iria embora. Agora para outro pais. A parte dela das empresas de ambos estava no controle de um conhecido da família dela.

E agora ele já estava desesperado. Sabia que o avião dela partia em pouco minutos. E estava correndo pelo aeroporto. Correu ao balcão de check-in. E a pior noticia que recebera na sua vida fora aquela. O avião partira a cinco minutos. Havia dado apenas tempo de aproximar-se do portão de embarque e ver o avião em pleno vôo, levando a sua amada para longe de si.

As lagrimas que segurara, agora caiam livremente pelo seu rosto. Compreendera naquele momento o que tinha sentido no momento em que ela saira pela porta de casa. Ele a amava. Com todo o seu ser. E nada podia fazer. Ela nunca saberia do seu amor. Nunca. E agora se arrempedera por nunca ter contado ou demonstrado o que sentia.

Voltou para casa no meio da chuva, entrou no seu quarto e tirou a roupa. Entrou no banheiro, ligou o chuveiro. E a água que caia misturava-se com as sua lágrimas. E de tanto chorar, adormeceu no chão gelado do banheiro.