Premonição: Diversão Macabra escrita por MV


Capítulo 8
Página Final


Notas iniciais do capítulo

Como nos outros capítulos, vocês somente entenderão o título se lerem. Este capítulo já tinha recebido outros nomes: Domingo Sangrento, Sinal de Alerta, Castelo de Vidro, mas este nome ficou perfeito, logo entenderão o porque.Este capítulo, na minha opinião, está bem emocionante. Já digo que esse capítulo foi muito difícil de ser escrito, então espero que gostem. Vou parar de falar antes que solte spoiler XD



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Derek começou a andar rapidamente até a casa das meninas. Tinha ficado receoso em deixar Tommy sozinho, sabendo que ele poderia ser o próximo da lista, e precisar de ajuda, mas não fora contra a vontade do rapaz. Após Derek escutar a história que Tommy contara para ele, sentiu muita pena do rapaz. O garoto passara por tantas coisas na vida, que Derek até ficou envergonhado em falar que somente enfrentara a morte, apesar de isso ser terrível e deixar muitas cicatrizes, físicas e emocionais.

Enquanto andava, passou por sua cabeça um outro pensamento: já que segundo Luke, a lista agora estava abstrata, qualquer um dos quatro sobreviventes poderia ser o próximo, incluindo ele. Derek nunca tinha visto a morte tão próxima novamente, mas ele tentava se manter calmo, principalmente após as palavras de Kristy.

Se realmente fosse sua vez, Derek estaria preparado. Pelo menos era o que ele achava. Subitamente, passou pela sua cabeça que a ideia de Luke juntar todos os sobreviventes poderia ser muito idiota. Lisa, Carey e Derek estavam reunidos, logo poderia ser que a morte resolvesse pegar os três de uma só vez como fizera com Roy, Carly e Cooper.

Mas não importa o que iria acontecer. Derek tinha certeza de que a morte viria mais forte para ele do que para os outros. A raiva que a ceifadora tinha de Derek era maior que qualquer coisa.

...

Tommy estava no interior da fraternidade totalmente vazia dos garotos, dentro do seu quarto, e tentava se distrair. Comia um pote inteiro de biscoitos por dia, sua ansiedade era muito grande. Tudo por conta da ausência de cocaína. Nunca tinha percebido nos últimos tempos como estava ligado a droga, mas desde a morte de Alejandro, não fora buscar uma dose sequer.

Apesar de tentar manter a calma, parte do seu cérebro dizia que deveria suspeitar de tudo. Sabia que isso era um efeito colateral da cocaína, e que sempre teve, mas nos últimos tempos suas suspeitas tinham se tornado reais, com tudo o que aconteceu com Matt. A agressividade de Tommy contra Matt poderia ser também culpa da cocaína.

E se toda aquela história de vingança de Matt se tornasse realidade, a culpa no fundo seria sua. Sua culpa de procurar cocaína, estragar sua própria vida, e incitar estes atos em Matt.

Ao esvaziar o pote, Tommy decidiu descer. Quando estava no corredor, ouviu a porta do seu quarto bater com força. Então a luz do corredor piscou, e subitamente queimou.

Merda.

Tommy tentou se guiar pela parede, e encontrou as escadas. Desceu, pé ante pé. Então ouviu um barulho vindo do pavimento de baixo. Um arrepio passou por ele. A sala estava totalmente escura, e apenas a lua iluminava a cozinha, que tinha um brilho assustador.

Tommy foi andando vagarosamente, até a cozinha, e ouviu um barulho. Ao chegar na cozinha, deixou o pote na bancada, e então sentiu algo vindo por trás. Um calafrio atravessou seu corpo quando ele sentiu algo frio na sua nuca.

Uma faca.

...

Carey estava na cozinha da casa das meninas. Sally e Luke estavam na sala, assistindo um programa qualquer, enquanto Lisa fora se arrumar. Então a garota decidira fazer alguma comida para eles.

Sally então apareceu repentinamente na porta da cozinha, e falou:

– Eh Carey... O Luke quer falar com você. Ele disse que é importante.

Deus, o que esse menino vai inventar agora?

Carey acendeu um cigarro que carregava, e o colocou na boca, enquanto Sally falou:

– Você não tem medo de morrer não com esse cigarro?

– Sally, querida. Se eu for morrer mesmo, eu aposto que a morte, do que ela está louca,não vai me matar com fumaça de cigarro, né? Agora, deixa eu ver o que o seu namoradinho quer.

Carey chegou até a sala, onde Luke assistia televisão.

– O que foi, seu folgado?

– Você sabe que você pode ser a próxima, né?

– Eu? - Carey perguntou. - Eu mesma?

– Segundo a lista, talvez. - Ele hesitou. - Então, eu queria que você tomasse mais cuidado com tudo o que você faz. Tudo pode te matar, por mais insignificante que seja. Preste atenção nos sinais ao seu redor.

– Sinceramente, Luke. - Carey falou. - Eu não acredito que eu seja a próxima, sei lá, algo me diz que tem gente antes. E sobre os sinais, eu não percebi nada até agora. Isso quer dizer que nós ainda não vamos morrer. E sabe o que você deveria fazer? Tirar a bunda desse sofá e fazer alguma coisa útil. Eu acho que assistir televisão não vai adiantar nada. E depois eu morro, e você não sabe o porquê.

...

Tommy agiu rápido, e desviou da faca do seu oponente. Virou-se para ele, e viu sua face. Era Matt, com um rosto que não pertencia a Matt, com um olhar que não era dele. Ele parecia possuído por algo muito pior. Enquanto ainda estava tentando pensar nisso, Matt atacou de surpresa Tommy. Com um movimento rápido, Tommy conseguiu escapar, mas caiu no chão, enquanto Matt deixava a faca cair.

– Matt, tá tudo bem? - Tommy decidiu perguntar, enquanto tentava pegar a faca. Matt percebeu a ação e pisou na mão de Tommy.

– Estou ótimo, Tommy. - Ele pisava na mão de Tommy, enquanto pegava a faca. - Eu acho que você não deve estar.

– Pra que tudo isso, Matt? - Tommy perguntou.

– Eu não estou a fim de perguntas, Tommy. - Ele falou, enquanto olhava a faca.

Então um punho acertou a perna de Matt com força, que o fez cambalear para trás. Com rapidez, Tommy retirou sua mão e se levantou, correndo.

– Você pode correr, mas não pode se esconder. - Matt falou, ainda na cozinha.

O primeiro instinto de Tommy foi correr contra a porta da frente. Obviamente, não estava aberta. Tommy se lembrou que agora estava como num filme de terro: preso em uma casa com um assassino maluco.Mas ao contrário desses adolescentes idiotas de filmes de terror, eu sei pensar.

Logo, correu contra uma das janelas e para sua surpresa, estava aberta. No momento que pularia a janela, sentiu uma dor terrível tomar conta de seu corpo.

– Surpresa. - Matt falou, atrás dele, cravando a faca em suas costas.

Tommy começou a tombar, e se segurou na parede, enquanto Matt retirava a faca num impulso só.

– Você vai pagar, seu filho da puta. - Tommy urrou, voando sobre Matt.

Nunca Tommy havia ficado tão bravo, e sinceramente, não soubera de onde viera tanta força. O garoto e Matt lutavam no meio da sala, quebrando muitas coisas. Tommy desferiu vários socos contra a face de Matt, que já estava repleta de sangue, enquanto a dor lancinante em suas costas tentava o derrubar.

Finalmente parou, vencido pela dor. Ao seu lado, Matt estava com o rosto repleto de sangue, e Tommy não sabia se Matt tinha desmaiado ou pior, ainda estava vivo. Foi apenas num momento de fraqueza, que o feitiço virou contra o feiticeiro.

...

Lisa acabara de entrar no banho. A jovem se deliciava com a água quente, e queria aproveitar cada momento, pois sabia que supostamente poderia ser a próxima.

Lisa não entendera muito bem tudo o que Luke falou sobre o que vinha acontecendo e tudo caiu de paraquedas para a jovem. Desde o acidente da boate, a jovem sofrera cada vez mais. Apesar de tentar superar o grande problema da anorexia, perdera a prima e confidente, e também descobrira que o homem que parecia tão gentil a primeira vista supostamente era um assassino. E agora estava morto.

Depois a jovem ligou todos os fatos, e percebeu que realmente algo agia por trás deles. Cinco mortes de cinco sobreviventes não poderia ser coincidência, e Lisa tinha medo de se tornar a número 6 dessa conta. Por isso, desfrutava de cada momento com se fosse o último, como seu banho.

Então, a luz do banheiro piscou, e ela sentiu uma estranha sensação no banheiro, como se alguém mais estivesse ali. Então, repentinamente, viu um vulto no espelho do banheiro, o que gelou a jovem. Mas o vulto desapareceu logo depois.

– Tem mais alguém aqui. - Lisa falou.

...

Tommy gritou de dor, ao receber uma facada no pulso. Matt estava mais vivo que nunca, mais sádico que nunca. O rapaz conseguiu se levantar, golpeando o braço de Matt, mas ainda foi esfaqueado outra vez, no outro braço.

A dor se espalhava pelo corpo de Tommy, mas ele ainda teve forças para subir a escada da fraternidade, e correr por sua vida. Vários pingos de sangue eram espalhados pelo chão da fraternidade, enquanto Tommy tentava estancar o sangue.

Pelo menos o Matt terá o que merece. Cadeia na certa.

Mas Matt não ligava para isso, e simplesmente sabia que tudo daria certo, como a morte havia lhe dito. Logo deixaria tudo na mão dela, e ela completaria o serviço.

...

Derek acabara de chegar na casa das meninas, e Luke abriu a porta. Ao ver Derek sozinho, perguntou:

– Cadê o Tommy? Ele não vem?

– Ele disse que preferia ficar sozinho. Eu até tentei convencê-lo, mas ele foi mais forte. Disse que ficaria bem.

– Eu estou é preocupado. A morte ainda não mostrou que vai agir, e não age há alguns dias. Estou começando a achar que ela vai voltar com tudo. - Luke falou. - E quando voltar, não vai sobrar nada.

– Nem fale isso, Luke. - Derek falou. - Tira isso da sua cabeça.

Luke continuou estático, olhando para a parede da sala.

– Luke? - Derek perguntou.

A queda é só o começo do fim.– Luke falou, ainda num transe.

A pista.– Derek pensou.

E a queda para o fim está próximo. Então o castelo de vidro se quebrará.

O castelo de vidro se quebrará? – Derek pensou. - O castelo de vidro... Alguém quebrado. Feito de cacos. Eu não sou, Lisa não aparenta, Carey também não, Tommy...

Tommy.

Tommy. - Derek falou. - Ele é o próximo.

Luke se virou no exato momento em que Derek falou isso:

– Como?

...

Cause I'm only a crack

In this castle of glass

Hardly anything there for you to see.

For you to see.

Tommy finalmente chegou ao seu quarto, e o seu pulso pingava muito sangue. Suas mãos estavam encharcadas de seu sangue, e sem forças, tentava andar e escapar de Matt. Ele conseguiu fechar a porta do seu quarto, e logo depois se encostou nela. Tirando a mão de cima do seu pulso pode ver o estrago que Matt causara. Seu braço estava envolto em um líquido vermelho, que escorria incessantemente. Suas costas doíam, e Tommy sabia que se não procurasse ajuda, teria uma hemorragia séria. A visão de Tommy começou a embaçar, mas repentinamente, a porta abriu, fazendo Tommy correr para a janela.

– Tommy, Tommy... - Matt falou, andando na direção do garoto.

– Se afasta! - Tommy falou, mas ele sabia que não conseguiria investir contra Matt daquela maneira. Tentou pegar algumas enciclopédias colocadas em uma escrivaninha e jogar, sem sucesso. Passaram muito longe de Matt, chocando-se contra o chão.

Então, um pensamento passou pela mente de Tommy. Tantas vezes ele escapara da morte por pouco, e agora ele sentia que seu momento de ser pego chegava. Ele conseguia sentir a presença da morte naquele local, e tudo respondia por um nome: Matt.Matt estava tomado pela presença da morte, isso era um fato. Como se estivesse possuído por ela.

Tommy saiu para fora da janela, já que era o único local onde poderia tentar escapar. Alguém talvez visse o que o rapaz estava fazendo, e talvez perguntasse o porquê. E então, tudo poderia culminar com a prisão de Matt. Era um plano engenhoso, porém arriscadíssimo.

Saiu, e se segurou do lado de fora em um caibro, que ficava á frente do seu quarto. Testou o caibro e viu que estava supostamente firme. O lugar onde estava, dava para uma pessoa sentar, e foi isso que Tommy fez. Abaixo dele existia apenas o telhado. A cabeça de Matt apareceu na janela, e Tommy se preparou para dar o bote, fechando a janela em sua cabeça. Mas ele apenas falou:

– Tommy, eu achava que você era mais inteligente que as pessoas de filmes de terror.abe... Você caiu direitinho, idiota. Boa sorte.

Tommy olhou para baixo de onde estava sentado. Uma rachadura no caibro, abaixo de Tommy. Então tudo rachou e ele caiu

...

– Atende, atende! - Derek falava, enquanto tentava ligar para Tommy. Sem sucesso.

– Eu acho que é melhor você irem até lá. - Sally disse. - O celular pode estar descarregado ou algo do tipo.

– Não é um celular, Sally, é o telefone! - Luke falou. - Derek, é melhor irmos.

– Pela demora de vocês, eu acho que ele já morreu. - Carey falou. - Luke, concentre-se no próximo.

– Não, o Tommy ainda não morreu. - Derek falou. - Não se saírmos agora. - Derek então saiu correndo, abrindo com força a porta da casa das garotas, saindo numa correria até a casa dos meninos. Luke o seguiu.

...

Tommy desceu rolando o telhado, e seu corpo doía cada vez mais. A cada telha que batia, fazia novos ferimentos em seu corpo totalmente ensaguentado.

Bateu na calha, o que rasgou parte da sua barriga, deixando ela em carne viva. Sua coluna bateu mais algumas vezes, até ele encontrar o nada.

Tommy caiu do telhado em direção fulminante ao chão. Seus olhos estavam embaçados, mas ele poderia ver onde caía.

Uma cerca de arame farpado que ficava do lado esquerdo da casa, separando a casa de um pequeno bosque do lado.

Olhando da casa, Matt finalmente fechou a janela.

...

Alguns minutos depois.

Lisa ainda estava assustada por aquela presença gélida que vira no banheiro, minutos atrás. Ela tinha certeza de que algo terrível estava ali, apenas esperando o momento certo. Então, sua vida passou como um filme diante de sua mente.

O chuveiro ainda estava aberto, mas elacomeçou a andar na direção do espelho, com muito medo. O chão do banheiro estava molhado, e a água começou a segui-la. Mas ela não escorregou, pois estava com chinelos nos seus pés.

...

Derek e Luke finalmente chegaram a casa dos garotos. Derek chamava por Tommy, mas ninguém respondia.

– Luke, eu vou por dentro da casa, você procura ele do lado de fora.

– Tá bom. Corre. - Luke falou.

Derek subiu as escadas, e abriu a porta. Destrancada. Logo, Derek entrou no interior da casa. Acendeu as luzes e não via nada, então percebeu que parecia ter havido uma movimentação na sala. O tapete estava fora do lugar, alguns porta-retratos quebrados sobre o chão. Mas o que mais chamava atenção era uma mancha de sangue sobre o chão.

Antes que Derek pudesse tentar processar qualquer informação, Luke gritou do lado de fora. Ele saiu correndo, saindo da casa, e indo na direção de Luke, que estava do lado esquerdo da casa.

– O que foi, Luke?

Luke apontou na direção do arame farpado, assustado. O que viu fez Derek gritar.

Tommy estava dependurado no arame, seu corpo pingava sangue. Ele estava preso pela cabeça pela grade feita de arame. Uma parte pontuda da grade atravessara a cabeça de Tommy, bem onde ficava seu olho. Outra parte pontuda arrancava parte da pele, e perfurara a orelha direita de Tommy. Sua cabeça estava totalmente ensanguentada. Derek então se lembrou do último momento em que viu Tommy vivo.

Se ele tivesse convencido o rapaz, ele não estaria morto agora. Alguns minutos atrás, dera um abraço caloroso nele, e ele agora estava morto. Ele também lembrou de tudo o que ele contou a Derek, sobre sua triste vida. Ele dissera que além dele, apenas Alejandro sabia sua história.

Agora ele estava num lugar muito melhor, ele acreditava. Ele procurou paz, e agora sempre terá paz.

Derek prometeu deixar a história de Tommy em segredo, como ele dissera naquele mesmo dia.

Subitamente, ao seu lado, Luke caiu no chão, supostamente desmaiado.

...

Luke abriu os olhos. Viu que estava num lugar cheio de fumaça. A fumaça impedia o garoto de ver qualquer coisa, e quando viu, ele percebeu que estava no banheiro da boate incendiada, próxima da parede.

Tentou andar, quando percebeu que uma cabeça estava sobre seus pés. Olhou para baixo, e viu um rosto queimado, mas que percebeu ser de Lisa.

A fumaça aumentou cada vez mais, e Luke se viu engolido por ela. Antes que voltar a realidade, percebeu que existiam mais dois corpos no banheiro, e todos estavam se apagando por causa da fumaça.

Fumaça.

...

Muita fumaça saía da água quente do chuveiro, e Lisa logo o fechou.O vapor se condensava, deixando o espelho embaçado. Sentou-se no vaso com a tampa fechada, e começou a pentear seu cabelo longo, ainda assustada com a aparição. Sentia cada vez mais medo daquele banheiro como se tudo pudesse a matar. O banheiro estava totalmente cheio de vapor.

Do lado de fora, Carey falava pra Sally:

– A Lisa tá demorando muito, né? - Carey falou.

– Melhor ver se alguma coisa está acontecendo lá em cima. - Sally falou. - Vai que... Bem, você já sabe. Precisamos ficar alertas. - Ela disse, subindo as escadas.Carey a seguiu.

...

– Fumaça! - Luke falou, voltando do seu sonho. - Essa é a pista!

Derek ainda olhava para o corpo de Tommy, aterrorizante. Ao ouvir o que Luke falou, ele se virou:

– Fumaça? Pista de quem?

– Da Lisa. Ela na visão morria primeiro. Ela vai morrer com algo relacionado a fumaça...

– Tem certeza? Certeza que essa não é a pista da minha morte?

Luke confirmou com a cabeça. Quando menos esperou, Derek estava correndo, ofegante, até a casa das garotas. Então ele se lembrou da sua visão. Lisa estava envolta em fumaça, mas Carey e Derek também. Ele poderia não saber o que mataria Carey, mas ele sabia o que mataria Derek, a própria fumaça.

Asma.

...

Sally chegou até a porta do banheiro e bateu na porta. Lisa se levantou, e não calçou seus chinelos. A água do banheiro molhado começou a escorrer na direção de Lisa, como garras prontas para pegar sua presa.

Ela se segurou na parede, bem ao lado de um gancho de plástico, onde estivera pendurada sua toalha. E então, abriu uma fresta na porta.

– Lisa, você está bem? - Sally perguntou. - Estávamos receosas, você está aí faz tanto tempo...

– Não, por aqui está tudo bem. - Lisa mentiu. Não estava tudo bem, depois da visão do vulto no banheiro. - Já estou saindo. - Ela disse, fechando a porta.

Lisa se virou no banheiro, repleto de fumaça. Começou a andar na direção do vaso novamente, mas a água estava no caminho, e ela não viu.

Um grito ensurdecedor foi ouvido pelas duas.

...

Derek corria, e já era a terceira vez que fazia aquilo naquele dia. O rapaz estava muito ofegante, e sua camiseta já estava ensopada de suor.Já tinha certeza que eles não iriam ao memorial, depois da morte de Tommy, e supostamente, da morte de Lisa. Corria contra o tempo para evitar a morte da garota, mas o pensamento da própria morte vindo o assustava.

O garoto parou de repente, tossindo. Estava totalmente sem ar, mas conseguia ver a casa das meninas no horizonte.

Ele precisava chegar lá.

...

Lisa escorregou na poça de água, e sua cabeça foi de encontro a parede, justamente no gancho de plástico. O gancho bateu em sua cabeça, e entrou um pouco na sua carne, despejando sangue.

A garota começou a se debater, e cada vez que se debatia, ou tentava escapar, o gancho entrava mais em sua pele, se aproximando do crânio. Bastava um movimento brusco, e o gancho acabaria com a vida da garota.

No meio da fumaça, sentia suas forças sumirem lentamente. Então, rapidamente, a porta do banheiro bateu. Lisa não conseguiu virar o rosto, sem soltar um grito de dor. Era Sally.

– Ai, meu Deus! - Sally falou. Carey entrou logo depois.

– Tira isso, tira! - Lisa gritava.

– No três você puxa! - Carey falou. - Um, dois...

– Aaaaiiiiii! - Lisa gritava.

– Três!

Sally e Carey tentaram puxar Lisa do gancho, o que fez o gancho sair um pouco da pele de Lisa. Isso causara uma dor imensa, mostrado para as garotas pelo grito de Lisa.

– Mais uma vez, está quase saindo! - Carey falou, desesperada.

Lisa choramigava pela dor sentida, nunca havia sentido coisa pior. Pensou na sua prima, Hannah, e na dor que ela sentiu quando a caixa d'água explodiu sobre seu corpo. Ela estava sentido uma terrível dor apenas por um gancho preso em sua cabeça, imagine ter o corpo literalmente explodido.

– Um, dois, três! - Sally gritou.

Lisa conseguiu se desgrudar do gancho, enquanto muito sangue era expelido, e caía sobre o chão. Ela desmaiou por conta da dor, enquanto Sally tentava a segurar.

Carey sorriu.

– Ela está salva. - Carey falou, e se olhou no espelho. Mas não se enxergou, o que ela viu no lugar de seu rosto foi um caveira.

Ela estremeceu, enquanto ouvia um apito forte vindo da cozinha.

– A... - Carey saiu do banheiro, correndo.

...

A polícia já havia sido chamada pelo campus, por conta de Luke. Após isso o garoto deixou o local da morte de Tommy, e rumou em direção a casa das meninas, preocupado.

Correu o mais rápido que pode, enquanto a cena dele encontrando o corpo de Tommy ia e voltava. Nunca teve intimidade com o garoto, e daquela casa, Tommy era a pessoa com quem menos falou. Mas mesmo assim, o garoto ficou triste com sua morte. Ele dissera, no dia da morte de Alejandro, que o latino não merecia morrer. E agora Luke pensava exatamente isso. Tommy também não merecia morrer, ele sabia. Nenhum deles merecia morrer. Ryan, Hannah, Alejandro, Tommy, ou até mesmo Jack ou Clair.

A morte é mesmo muito injusta.– Ele pensou.

Mas uma coisa ele não havia pensado: apessoa que realmente merecia morrer estava viva.

Então, ele novamente teve a visão. Lisa havia sumido, e agora ele estava olhando para o corpo de Carey. Não sabia se Lisa tinha morrido ou não, mas sabia que sua vez tinha passado. De uma forma ou de outra, e agora era a vez de Carey. Logo depois, seria Derek, e então ele e Sally. Não tinha como avisar Derek que Carey seria apróxima, sabia que o tempo estava esgotado. Derek teria de salvar Carey, e depois se salvar.

Ainda na visão, o corpo de Carey ainda queimava, ao contrário dos outros, trazendo um mal pressentimento para Luke.

...

Carey desceu as escadas correndo, e entrou na cozinha, onde viu de onde vinha o apito. A panela de pressão.

Derek abria a porta da casa das meninas, quando ouviu o barulho. Um som estrondoso veio do interior da casa, e Derek temeu o pior. Algumas coisas voaram contra o corredor, ao lado da cozinha e fumaça começou a sair. Muita fumaça.

Derek começou a avançar lentamente, ainda ofegante. Quando chegou na porta da cozinha, a fumaça invadiu os poros do seu nariz, e sua garganta, que queimou. Ele se segurou na borda, e entrou na cozinha, e viu o foco da fumaça. Uma grande tocha flamejante saía dos restos de alguma coisa sobre o fogão.

Então ele sentiu algo batendo contra suas pernas. Olhou para baixo, e desejou nunca ter feito isso. O que estava abaixo de seus pés enchendo eles de sangue, era a cabeça desmembrada de Carey.

Muito sangue estava espalhada sobre a cozinha, e então viu a tampa da panela de pressão próxima a cabeça dela. Percebeu então que todo o fogo era resultado da explosão daquela panela de pressão. Já ouvir falar que explosões de panelas de pressão poderiam ser fatais e eram terríveis, mas nunca pensou que ele veria um e quea morte usaria isso ao seu favor, e usou, acabando com Carey.

Derek então viu que o fogo poderia começava a consumir a parte superior do fogão. Correu na direão da pia em meio da fumaça, passando por cima do corpo de Carey. Rapidamente, conseguiu encher um grande pote de água e despejou em cima do fogão, liberando mais fumaça.

Fez isso mais duas vezes, até o fogo se extinguir por completo. Mas agora a cozinha estava tomada pela fumaça. Derek se apoiou na pia, e se lembrou de como quase morrera anos antes, na casa de Cooper. Tudo fora culpa da fumaça. Então, Derek percebeu a armadilha que a morte armara para pegar o rapaz e Carey. Carey havia caído, e ele também.

A fumaça estava sendo inalada. A asma estava voltando. A corrida a piorara. O broncodilatador estava longe.E para ele, só restava a sentença de morte.

As pernas de Derek se dobraram, enquanto ele tossia. Caiu agachado no chão, segurando-se na pia. Seus olhos viraram, enquanto Derek ouvia uma terrível voz que ele identificara como sendo da morte.

Te peguei.

Derek se lembrou do que Kristy falou para ele, naquele mesmo dia, mas que parecera ter acontecido meses atrás. Ela havia mandado a morte se foder, e Derek estava acreditando que tudo iria ocorrer bem, mas se esquecera que como a morte era traiçoeira.

Diga adeus, Derek.

Ele caiu no chão. Seu corpo já estava repleto da fumaça e ele lentamente perdia os sentidos. Seus olhos focalizaram pela última vez o chão da cozinha, vendo o corpo de Carey na sua frente, e viu alguns pés na porta da cozinha. Vozes e gritos também eram ouvidos, mas Derek já não sabia mais reconhecer de onde vinham.

Pediu para Molly ficar bem, como todos os outros, Irwin, Peter e Kristy, e pediu perdão a eles por ser tão fraco, e deixar a morte finalmente ganhar o jogo.

Seus olhos viraram, e ele finalmente expirou.

Para sempre.

...

23 de abril de 2013.

Um vento gelado atingia a todos ali no cemitério. Um padre falava sobre as qualidades dos mortos, mas Luke não estava prestando a mínima atenção nele. Apenas olhava para as famílias dos mortos ali.

Era um enterro de três pessoas. Tommy, Carey e Derek. Três jovens mortos no mesmo dia, e muitos poderiam pensar que poderia ser coincidência os três jovens morrerem no mesmo dia, e sendo os três, sobreviventes da boate.

Mas Luke sabia que isso não era coincidência. Não somente ele, mas Sally, Lisa e Matt também não. Os três estavam sentados ao seu lado. Sally chorava, por conta da perda de Carey, sua grande amiga, que lutara para Sally e Luke ficarem juntos. Para ela, não parecia ainda que aquela garota engraçada, irônica, e por muitas vezes, estressada estava morta, e nunca mais voltaria.

Lisa estava cabisbaixa, sentida por todos os eventos que aconteciam. Matt tentava acalmá-la, abraçando-a no seu ombro, mas era impossível. Ela poderia estar no meio daqueles mortos também, se não fosse por conta de Carey e Sally. Carey, que agora estava morta.

Mas Luke estranhou que Matt não esboçava qualquer reação, estava impassível. Tudo bem ele não querer ligar para a morte de Tommy, já que ele era seu inimigo número um. Mas e os outros? Eles não mereciam qualquer consideração?

Ele também notara que Matt estava diferente. Parecia que ele emanava uma aura maldita. O garoto não parecia mais o mesmo, parecia possuído por algo pior.

Estava tão distraído que nem percebeu o momento em que eles se levantaram, e começaram a levar flores até os caixões dos três. Ele também se levantou, e foi na direção dos caixões, e olhou para sua direita. Uma garota chorava sem parar, sendo ajudada por outra moça ao seu lado. Ela murmurava coisas sem sentido, mas conseguiu reconhecer o nome de Derek. E ela dizendo que amava o garoto.

Lembrou-se do seu rosto, Derek mostrara para ele. Era a namorada do garoto. Imaginou o que ela sentia naquele momento, perdendo o seu grande amor. Então, a moça virou seu olhar para Luke, e olhou profundamente em seus olhos.

Luke ficou apenas observando a moça, até que ela virou sua face para o outro lado.

Outro vento gelado chocou-se contra eles, esparramando várias folhas sobre o chão. Então ele finalmente percebeu que agora ele estava na mira da morte.

Poderia morrer a qualquer momento.


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Notas finais do capítulo

Sim, antes que me perguntem qualquer coisa, Derek está morto. MORREU END ACABOU FIM, entenderam?XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXAgora deixe me dar algumas explicações sobre a morte de três personagens ultraimportantes. Não me matem pela morte de Tommy e Carey. Sei que eram personagens carismáticos, e que carregavam uma forte trama, no caso de Tommy. Mas foi preciso. Tommy sempre morreria, por conta de Matt. Falando nele, vocês entenderão que a morte de Tommy será apenas o catalisador de algo pior.Já com Carey, ela sempre esteve destinada a morrer neste capítulo, foi mais como uma forma de chocar os leitores e fazê-los me odiarem =P Brincadeira, amo vocês ♥E pra terminar, no começo, eu salvaria Derek. Essa ideia de matá-lo ocorreu durante o capítulo. Seria uma forma a mais de chocar, e mostrar que ninguém está a salvo da morte, nem mesmo Derek, que já tinha enfrentado ela várias vezes. Com isso, tive que fazer algumas pequenas alterações na fic, mas tudo está caminhando normalmente, para o final que planejo.XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXBom, é tudo. Espero pelos reviews! ^^



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