No capítulo anterior …

Com tudo pronto pôs a mochila às costas, não queria continuar a ser um peso a mais na vida do irmão e do pai, eles seriam muito mais felizes se ela não tivesse nascido mas como isso era algo que ela não podia reverter, achou que a melhor solução era sair de casa e, consequentemente, das suas vidas.

Com esse pensamento em mente, abriu a porta de casa com muito cuidado para não fazer barulho, e saiu de casa, sozinha, rumo ao desconhecido …

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            Um novo dia nasceu, o sol apareceu, os pássaros começaram a cantar, a primavera trazia o desabrochar das flores para uma nova vida, o medo da guerra já era tão habitual que a maioria da população seguia para os seus afazeres sem nem sequer pensar se seria naquele dia que a cidade sofreria as repercussões da guerra ou se teriam mais um dia de paz e normalidade, na verdade parecia ser uma manhã perfeita para todos, excepto numa casa …

- Bella! – ouviu-se o grito aterrorizado de um jovem loiro por uma das janelas.

O jovem, como todas as manhãs tinha-se levantado, preparado o pequeno-almoço da sua pequena irmã e só depois seguiu para o seu quarto a fim de a acordar, só que naquela manhã a sua rotina sofreu uma quebra, quando entrou no quarto de Bella ela já não se encontrava nele, procurou dentro do armário, debaixo da cama, em tudo o quanto era sitio em sua casa, menos no quarto do pai, sabia que a irmã não tinha coragem de lá entrar, sempre a pensar que Bella tinha acordado mais cedo e resolvera brincar com ele, escondendo-se, não era a primeira vez que ela o faria, mas quando acabou de percorrer todos os esconderijos existentes é que lhe ocorreu que talvez não fosse uma brincadeira, foi até à rua olhando para ambos os lados e nada dela. Voltou a correr para casa e abriu o armário dela, como tinha pouca roupa era fácil de notar quando algo faltava, e lá confirmou o que, apesar de já saber, não queria admitir … o seu pequeno anjo tinha fugido de casa.

- Isabella. – voltou a gritar para o quarto vazio, para poder libertar a dor que sentia crescer no seu peito.

- Meu Deus rapaz, lá por acordares com as galinhas não quer dizer que os outros também tenham de o fazer. – ouviu a voz do pai na porta do quarto. – Afinal o que é que a pirralha fez?

Jasper levantou-se o mais rápido que pôde e, agarrando-o pela blusa, encostou-o à parede.

- Quantas vezes é que tenho de te dizer para fechares a porra da boca antes de falares mal da Bella? – perguntou retoricamente, furioso.

- Calma rapaz, isso são maneiras de tratares o teu velho pai? – perguntou a gozar enquanto punha as mãos nos pulsos de Jasper para se libertar antes que ficasse sem ar.

O rapaz, notando a força que o pai exercia a fim de se libertar e recuperar o ar perdido visto que já estava a ficar roxo, soltou-o bruscamente, fazendo com que caísse estatelado no chão.

O homem mais velho começou a tossir fortemente, quando conseguiu se controlar respirou fundo algumas vezes para regularizar a respiração, assim que o conseguiu levantou-se, encarando o filho que andava de um lado para o outro enquanto passava as mãos nervosamente nos caracóis loiros, tão parecido com a mãe dele … pensou.

- Hum … deixou cá ver, para a miúda ainda não ter aparecido, só quer dizer que ela não deve estar em casa. Vá conta lá o que é que fizeste para a afugentares de casa?

Nesse momento Jasper sentou-se na cama de Bella com as mãos na cabeça e os braços apoiados nos joelhos. As palavras do pai apenas tinham aumentando a sua agonia. E se Bella realmente tivesse fugido por causa dele? O que é que tinha feito de mal para a levar a tomar essa atitude? Mas mais importante, onde é que ela estava?

As horas foram passando e nada de sinal da sua irmã, o que deixava Jasper cada vez mais desesperado. Desde que acordara já tinha revistado a casa umas quantas vezes e percorrido a pequena cidade à procura dela, não a encontrando em lado nenhum.

N/B: Apartir de aqui o capitulo foi escrito pela Ju/Amaya

Com o passar das horas a noite chegou. E Bella não apareceu, alguns dos vizinhos mais próximos estavam lá, as senhoras orando, os poucos maridos que continuaram na cidade, por velhice e invalidez estavam à procura dela.

Jasper se juntou ao grupo dos que estavam à procura dela, ele era o mais ágil, corria pelas florestas ao norte, tinha duas convicções, uma boa e uma ruim. A primeira era que o inverno já tinha chegado e Bella não teria uma desidratação em curto prazo. E o ruim era que era inverno e as chuvas se aproximavam, o céu estava escuro e nublado.

-Bella! – Ele gritou sua voz já falha.

-Meu jovem, vamos voltar, ela já deve estar em casa, se não estiver devemos descansar. – Um dos velhos que o acompanhava disse, ele usava um casaco preto puído, tremia de frio, seu bigode branco o deixava com um ar serio.

-Não Thomas... Bella... Eu... – Ele começou a contestar, mas só depois de ofegar muito, percebeu sua exaustão, sua boca salivava, mas seus lábios estavam secos, e seu peito descia e subia a procura de ar, suas pernas moles pelo esforço.

-Jasper, Bella precisa de você inteiro, amanhã você parte, eu prometo continuar a procura, mas, por favor, voltemos. – Um homem que era o mais novo de todos, mas manco de uma perna. Jasper não o conhecia direito, achava que era filho da senhora Flower.

Ele retornou junto com o grupo de homens, o pai estava na varanda do casebre, com uma garrafa de vinho barato na mão, Jasper se deixou invadir pelas memorias de sua infância.

Flashback On

Jasper corria para a casa, um sorriso largo em seus lábios, viu a mãe sentada na varanda, o rosto pálido e magro, das suas ultimas semanas de gravidez, ela estava na cadeira de balanço o sol batia em seu rosto, as mãos fracas tricotavam mais um sapatinho, o pai olhava para a mulher com admiração.

-Olá filho, gostou de ir à escola? - a mãe se curvou assim que ele chegou perto lhe dando um beijo, mas o esforço fez com que sua face se contorcesse.

-Ah mamãe foi incrível! Você tinha que ver, a senhora Crababel fez com que aprendêssemos coisas maravilhosas sobre anatomia, e sobre os países que estão em conflito. – Jasper falou animado.

-Ora meu querido você quer dizer... – Mas a frase da jovem parou, e sangue começou a escorrer pelo seu nariz.

- Oh meu amor já e a terceira vez nessa manhã, talvez devêssemos... – O homem disse levantando a mulher da cadeira e a segurando em seus braços.

- Não diga mais isso, não vou a um medico, eu estou bem, só um pouco fraca. – Ela disse enquanto era carregada para dentro.

Jasper começou a entender o que a mãe quis dizer com cuidar de seu irmão.

Flashback Off:

- DESGRAÇADO A MINHA IRMÃ SUMIU POR SUA CULPA, SUA CULPA. –Jasper gritou agarrando mais uma vez o pescoço do velho.

Mas o mesmo jovem manco o segurou, o velho secou os lábios com a mão, em seus olhos a fúria.

-Ora moleque, não sei o porquê se importa tanto com a pirralha, ela matou a sua mãe, eu a amei, com todas as minhas forças, desejei aquela mulher, amei-a e ela me deu meus dois supostos orgulhos, meus filhos, mas ela morreu graças aquele demônio, e graças aos céus ela desapareceu, aquele inferno. Nós éramos felizes Jasper, até em seu leito de morte, eu amei você, amei a criança e amei-a. Mas então no final ela me contou todas as dores e sofrimentos como se pedisse perdão pela omissão delas. Sua mãe sofreu Jasper, dores horríveis, febres encobertas por banhos frios, vômitos por foliazinhas de hortelã. – Era a primeira vez que o homem falava sobre as ultimas palavras da mãe de Jasper.

Então Jasper caiu de joelhos, algumas lágrimas se misturando as gotas de agua. Sua antiga namorada de escola correu de dentro da sua casa e o abraçou.

-Oh Jasper, soube de sua irmã, está tudo bem, vamos acha-la. – Loira disse ajoelhando-se e envolvendo Jasper em seus braços, Jasper se apertou contra a jovem procurando algum conforto e pedindo a mãe onde quer que ela estivesse, para cuidar da menina.

Longe dali.

A pequena Isabella corria em direção a uma caverna, a chuva fria a deixou inteiramente molhada. Ela tremia de frio, colocou a pequena mãozinha em sua testa e viu que ela estava alguns graus mais quentes. Talvez fosse aquilo que Jasper dizia que vinha junto com a chuva e a “glipe”, a febre.

Mas então ela olhou para o céu e podia jurar ter visto o rosto na desconhecida e amada mãe.