Vee fechou o último botão de cetim do meu vestido longo e me deu o melhor dos abraços. Eu não queria me virar e encarar meu reflexo no espelho, mas Vee me virou assim que me soltou. A moça no espelho estava linda. Seus cabelos rebeldes e ruivos estavam presos em um coque baixo e duas mechinhas estavam soltas no seu rosto. O cinza dos seus olhos ganhara uma intensidade maior com o delineador preto e os cílios levantados por rímel. Suas bochechas coravam levemente e seus lábios esboçavam um leve sorriso. Passei a mão no vestido branco e ela também passou. O vestido parecia um copo de leite invertido e caia muito bem com o seu tom de pele cremoso. As mangas eram de cetim comprido e a saia caia até um pouco abaixo de seus pés. Nas costas havia um decote fundo que se abria até a cintura, deixando a mostra suas costas.

Cada detalhe parecia perfeito. O buquê de lírios estava as mãos, os sapatos calçados e os cabelos penteados, mas suas pernas estavam tremendo como se ela fosse desmaiar.

- Eu acho que eu vou cair – disse com a voz trêmula.

- Você não vai. – Vee terminou de colocar o vestido roxo e me deu um olhar sério. – Patch está lá fora de esperando, como todos os outros convidados. Vai ficar tudo bem.

- Ah, obrigada por me tranquilizar – ironizei.

Vee deu um sorrisinho amarelo e segurou minhas mãos trêmulas. Estava tudo bem, repeti na minha cabeça. Tudo bem. Eu estava pronta para isso. Depois de tudo que enfrentei, não poderia me acovardar no meu próprio casamento. Avisei a Vee que estava pronta e saímos do quarto.

Londres era linda a essa época do inverno. Pequenos flocos de neve caiam no gramado da casa dos pais de Patch, fazendo com que o cenário parecesse coisa da sétima arte. Respirei fundo e encarei minha pequena multidão. Patch estava lindo em seu smoking preto, e parecia tão nervoso quanto eu. Quando eu o vi, tudo pareceu fazer sentido. Toda aquela espera, angústia e nervosismo pareceu cessar por um breve segundo, como se o mundo deixasse de existir. Seus olhos me acalmaram enquanto eu terminava de atravessar a passarela que nos separava, com braço dado ao do meu pai.

O que aconteceu seguinte passou como um sopro. Quando me dei conta, estávamos dizendo sim e eu estava olhando em seus olhos escuros. Naquele momento, eu soube que se minha vida fosse como aquele momento, eu não precisaria de mais nada. Eu teria tudo ao lado dele.