Until Kingdom Come escrita por Lelon Lancaster


Capítulo 47
Capítulo 47


Notas iniciais do capítulo

tan tan tan



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Olhei no espelho mais uma vez e repeti que estava tudo bem. Nina estava segura e Patch estava são, e isso importava muito. Meu vestido preto estava pendurado na porta do armário de madeira me esperando, enquanto eu tentava amenizar a culpa que sentia. Se Patch não me quisesse, Dabria não ficaria maluca, Kate não morreria e Marcie não fugiria. Katerina lutou bravamente durante dois dias, mas na manhã do terceiro dia recebi uma ligação dizendo que ela não estava mais entre nós. Patch ficou arrasado e não queria acreditar, mas infelizmente era verdade. Ele ligou para o pai e marcou um encontro. Os dois conversaram e estão conseguindo deixar todo o rancor para traz e cuidar do enterro de Kate. Patch está na casa dos pais há dois dias e eu fiquei no hotel cuidando de Nina e tentando diminuir a minha culpa.

Dabria ficou no hospital por três dias e depois foi encaminhada para um hospital psiquiátrico e Marcie fugiu. Está tudo como deveria, mas sempre está faltando algo sempre.

Coloquei o vestido, os óculos escuros e peguei Nina. Ela estava dormindo, mas eu tinha que ir ao enterro da sua tia. No carro, pude ouvir meu celular tocando diversas vezes, mas apenas ignorei, com vergonha do que aconteceu. Eu não iria deixar Patch e Nina passar por isso de novo, não se eu pudesse impedir.

Estacionei o mais longe do volvo do pai do Patch possível e caminhei até o velório. Quase desmoronei quando a atmosfera me atingiu. Eles estavam tocando uma música triste e todas as pessoas que estavam de preto estavam chorando ou cochichando da pessoa que estava ao lado do caixão aberto. Patch estava lindo em seu terno preto, mas tinha uma expressão melancólica, como um anjo que perdera as asas. Fiquei parada perto da porta o observando, até que ele levantou a cabeça e me avistou. Ele deu um sorrisinho, e quando eu não retribui ele caminhou lentamente até mim.

- Eu liguei para você enquanto vinha para cá, mas você não atendeu – ele disse enquanto pegava Nina no colo.

- Meu celular estava dentro da bolsa, que estava no banco de traz.

- Está tudo bem? – seu olhar era um misto de tristeza e preocupação. Eu não queria deixa lo mais preocupado.

- Está. Eu estou triste por causa da sua irmã, é só isso.

- Tudo bem. Nós vamos superar isso – ele beijou o topo da minha cabeça.

- Como estão as coisas com o seu pai?

- Estão indo. Ele foi difícil no começo, mas acho que vai ficar tudo bem. Pelo menos ele não me culpou – ele brincou.

- Nada disso é culpa sua – falei séria.

- Eu sei. Não é culpa de ninguém, só da Dabria.  Vamos.

O enterro foi o mesmo de sempre. A mãe de Patch falou palavras lindas para a filha e depois começou a chorar. O pai de Patch teve que leva la para dar uma volta e se acalmar. Algumas amigas dela disseram algumas palavras e jogaram um punhado de terra no caixão. Quando chegou a vez de Patch, ele apenas olhou o caixão por um bom tempo e jogou um punhadinho pequeno de terra. Quando ele foi abraçar sua mãe, pude ve – lo chorando e dizendo algo no ouvido dela. Essa foi a gota dágua para mim. Ele veio se sentar ao meu lado e eu lhe passei Nina. Quando todos já estavam indo embora, ele se levantou e foi conversar com o pai e eu aproveitei a deixa para ir fazer algo que eu deveria ter feito há muito tempo.

Corri até meu carro e verifiquei se a arma que sempre deixava no porta luvas ainda estava lá. Coloquei o cinto de segurança e acelerei para o meu destino.

O Sanatório Radley ficava na parte mais afastada e sombria da cidade e era uma construção antiga e de um branco encardido de quatro andares. A neblina densa cercava o prédio e fazia com que ele parecesse mais sombrio do que realmente era. Estacionei em uma das vagas para visitantes e segui até a recepção.

Quando abri a porta, um cheiro forte de analgésicos me tomou e uma mulher ruiva que estava atrás do balcão e parecia pouco interessada na minha presença olhou para mim.

- Olá. Minha irmã está internada aqui.

- Não me importo – ela cantarolou e estourou uma bolha de um chiclete rosa.

- Eu queria saber se poderia visita la.

- Dependendo do quadro da paciente e de onde ela está. Qual é o nome dela?

- Dabria – rosnei.

- Você está com sorte. Ela foi transferida hoje para a área branca , mas você só poderá ficar alguns minutos, pois ela acabou de ser medicada.

- Será o suficiente – dei um sorriso falso.

- Um enfermeiro já virá para te acompanhar até lá, enquanto isso assine aqui.

Coloquei o mesmo nome que usei para Marcie e um enfermeiro parecendo cansado chegou. Ele me olhou de cima a baixo e eu lembrei que ainda estava usando o vestido preto e a minha cara de choro. Ele me levou um por corredor estreito, sujo e cheio de salas pequenas que conclui que eram jaulas para os doentes. Todas elas estavam vazias.

- Onde estão os pacientes que ficam aqui? – perguntei.

- Estão do lado de fora. É a hora do almoço. Sua irmã não tem hora do almoço, ela se recusa a sair.

Engoli seco e continuei a andar. Quando meus pés estavam começando a doer, o enfermeiro abriu uma porta branca no fim de um corredor e disse:

- Você tem quinze minutos. Estarei na recepção – ele avisou e eu forcei um tropeço em cima dele, para que eu pudesse pegar as duas seringas de soníferos que estavam em seu bolso. Apliquei uma em seu pescoço e guardei a outra para que se eu tivesse que usar em Dabria.

Quando a olhei, vi a pessoa mais assustadora que já tinha visto. Seus cabelos estavam secos e sem vida embaraçados em seu rosto. Sua pele tiha adquirido um tom doentio de branco que fazia com que ela parecesse um fantasma. Ela vestia uma camisola branca e quando me viu sorriu e disse:

- Estava te esperando Nora.


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Notas finais do capítulo

Loucura



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