Until Kingdom Come escrita por Lelon Lancaster


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

E ai gente?



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Desembarquei em uma cidadezinha no meio do nada, na qual nem o melhor livro de geografia sabia o nome. Era uma cidade como aquelas outras nas quais eu cresci: pequena, pacata e rodeada por uma vegetação incomum.  Eu peguei um taxi no aeroporto e fiz o resto do caminho a pé. Eu queria pensar. Quando eu liguei o meu celular, o visor me mostrara vinte chamadas do Patch e recados na caixa postal. Eu apaguei todos sem ouvir nenhum. Se eu ouvisse, pegaria um avião correndo de volta para ele.

O endereço que Dabria me deu, era de um condomínio fechado de sobrados enormes e luxuosos. Ela provavelmente me colocou aqui para poder ficar de olho em mim. Os comércios ficavam na rodovia e o condomínio era cinco minutos dali. Eu me sentia vigiada. Algumas pessoas de dentro das lojas paravam para me ver e outras nem ligavam para a minha aparência. Querendo ou não, eu estava detonada. Meus cabelos estavam presos em um coque mal feito, minha pele estava de um tom acinzentado por causa da falta de proteínas e meus olhos estavam com olheiras profundas por causa da noite mal dormida.

Eu não ligava. Eu só queria encontrar os meus pais e esquecer o que aconteceu na minha vida nos últimos dois anos. Quando cheguei ao condomínio, não precisei me apresentar, porque duas figuras estranhamente conhecidas me esperavam no portão. Deixei a minha mala no chão e sai correndo.

Meus pais me abraçaram como se nunca tivessem me abraçado antes e eu deixei as lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto. Eu não ligava se metade da cidade estava vendo aquela cena e que provavelmente alguns capangas da Dabria também, tudo o que eu queria era abraça – los e recuperar todo tempo perdido.

Olhei primeiro para a minha mãe. Seus cabelos continuavam lisos e de um tom brilhante de caramelo. Seus olhos castanhos me olhavam preocupada e eu podia ver rugas de preocupação em torno deles. Sua pele estava no mesmo tom da minha e ela estava mais magra. Ela também estava chorando.

Meu pai continuava como sempre. Seus cabelos negros estavam mais compridos do que ele costumava deixar e seus olhos castanhos não conseguiam esconder a alegria. Ele também estava mais magro, só que não parecia fraco. Eu os abracei mais forte e não consegui conter o sorriso. Eu só queria que aquele momento durasse para sempre e que eu não os perdesse de novo. Eu queria deitar no colo da minha mãe e reclamar do fato que ela não viu a minha formatura do ensino médio, e que eu tive que deixar Patch. Eu queria que o meu pai preparasse o seu famoso omelete e que me dissesse que está tudo bem.

De repente, eu me senti com quatorze anos de novo e eu não me sento nem um pouco envergonhada de precisar dos meus pais para viver. Nós ficamos alguns minutos sem dizer nada e meu pai foi buscar a minha mala na rua. Minha mãe colocou o braço na minha cintura e me levou até a última casa da rua.

A casa era enorme e branca. Parecia com aquelas casa de patricinhas de filme. Eu achei estranho uma cidade como essa ter casas tão luxuosas como essas. Eu imediatamente me lembrei da casa de Patch. Aquela mansão na beira do mar e a última vez que nós realmente ficamos sozinhos. Eu afastei a lembrança e sorri para meus pais.

- Eu senti muita falta de vocês. – falei com a voz chorosa.

- Nós também. Você se virou muito bem sozinha sem nós. – minha mãe falou com a voz cheia de orgulho.

- Eu fiz o que pude para sobreviver, mas parece que não foi o bastante.

- Conte – nos o que aconteceu. Tudo o que soubemos é que você viria para cá e nós estaríamos livres.

Eu pensei no que contaria. Eu não queria contar sobre Patch e faze – los se sentir culpados.

- Eu fiz um acordo e aqui estou eu. Não precisam saber de mais nada. Agora eu quero ficar com você o máximo possível.

- Você parece péssima. – minha mãe falou com um olhar preocupado. – Vá tomar um banho e depois eu e você vamos sair.

Eu a obedeci. Subi as escadas e me deparei com um longo e vazio corredor. O banheiro no fim do corredor era imenso, mas não se comparava com o de Patch. Liguei o chuveiro e deixei que a água quente relaxasse o meu corpo. Quando me dei por mim, eu estava chorando. Chorando muito. Encontrar os meus pais era tudo o que eu queria, mas essa sensação não estava completa sem Patch aqui. Não estava certo.

Sequei o meu cabelo em uma das enormes toalhas brancas e coloquei um vestido azul que quase nunca usava. Desci as escadas e um cheiro maravilhoso de comida me tomou. Minha mãe estava sentada em uma mesa de jantar enorme de madeira. Meu pai estava ao seu lado lendo o jornal. Na massa haviam vários pratos cheios de comida e eu suspeitei que eles já tinham preparado tudo antes de eu chegar.

Meu sentei ao lado da minha mãe e peguei um prato. Ela fez o mesmo e meu pai sorriu para mim.

- Você parecia faminta, então fizemos o nosso melhor. – ela disse sorrindo.

- Obrigada. Eu não como comida de verdade desde que vocês se foram.

Eu enchi o meu prato de comida e comi como se não houvesse amanhã.

Depois do almoço, a minha mãe me levou para o centro da cidade. Ela falou o caminho todo que percorremos a pé e eu percebi o quanto senti falta da sua voz.

- Me conte o que aconteceu. O que realmente aconteceu. Eu sei que você está escondendo algo. – ela me perguntou de repente enquanto olhávamos uma vitrine.

- Não se preocupe mãe. – eu queria que ela achasse que estava tudo bem, mas meus olhos diziam o contrario.

- Nora, eu te conheço. – ela falou e me levou para um banco na praça perto do mercado. Eu contei tudo para ela, desde a parte na qual eu conhecia Patch até a que eu ficava grávida. Ela olhou pra mim e passou a mão nas minhas costas, enquanto eu comecei a chorar.

- Eu prometo a você que nós vamos encontra – lo. – ela me prometeu e me abraçou e eu agarrei essa última centelha de esperança.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? O que vocês acham que vai acontecer com a Nora e o Patch?