- O que você estava fazendo lá? – eu perguntei para Lucas assim que entramos em uma lanchonete.

- Eu vou lá ás vezes, me lembra os velhos tempos. – ele disse enquanto bebia café.

- Eu tinha ido desde o acidente. – eu disse com um nó na garganta. – Como estão os seus pais?

- Estão bem. – ele disse com um tom estranho. – eu comprei um apartamento e estou na faculdade.

- Que ótimo. Eu não tenho nem tempo para pensar na faculdade.

- São tempos loucos. – ele concordou. – Onde você está morando?

- Bom, eu estava com um amigo, mas pelo visto vou ter que me mudar.

- O que aconteceu? – Lucas perguntou curioso demais.

- Nós brigamos. Eu não quero falar sobre isso.

- Tudo bem. Se você quiser, você pode ficar comigo. Eu moro há poucos minutos, então você não ficaria tão longe da cidade. – ele estava sendo gentil como sempre.

- Eu não sei. – eu disse meio confusa.

- Vamos Nora, pelos velhos tempos. Nós não nos vemos há quase dois anos e eu estava morrendo de saudades. – ele disse enquanto estendia a mão e tocava na minha. Eu recuei.

- Está bem. Mas só vou ficar até arranjar uma moradia. Eu não quero atrapalhar você.

- Pelo contrário. Então, como está a busca?

- Está indo bem. Esse meu amigo estava me ajudando, mas eu não quero nem falar com ele agora. Você poderia me levar até o apartamento dele para pegar as minhas coisas? – eu queria acabar logo com isso.

- Mas é claro. – ele disse e se levantou.

Lucas me levou até o apartamento de Patch e me deixou na porta. Eu dei graças que eu tinha uma chave reserva e não teria que ligar para Patch e pedir que ele viesse aqui. Subi de elevador e abri a porta. Quanto abri, levei um susto. Patch estava sentado no banco do piano, de frente para mim. Seu olhar parecia cansado e preocupado e ele parecia bêbado.

- Eu só vim retirar as minhas coisas. – eu disse fria.

- Nora, onde você estava? Eu te liguei umas vinte vezes, eu estava preocupado. Nós precisamos conversar. – ele disse enquanto eu entrava no closet enorme.

- Sim, nós precisamos. – eu disse enquanto jogava as minhas roupas em uma mala. Ele estava bem atrás de mim. – Por que você não me disse que conhecia a Katerina? Por que você me deixou? E que era a loira que estava enfiando a língua na sua garganta? – eu estava parecendo uma namorada ciumenta.

- Eu posso explicar tudo.

- Então explique. – eu berrei. Ele se assustou.

- Katerina é a minha irmã. Eu e ela trabalhamos juntos para trazer os seus pais de volta, mas ela os perdeu. Eu fui até lá hoje de manhã para trazê –los até você, mas eles sumiram. Aquela loira era a Dabria, ela estava tentando me convencer a desistir de você.

- Conta outra, Patch. – eu não acreditava em nem uma vírgula do que ele disse.

- Você tem que acreditar em mim. – ele disse e pegou o meu braço.

- Me solta. Eu vou embora, e vou achar os meus pais sozinha.

- Aonde você vai? – ele me seguiu até a porta.

- Para casa de um amigo, mas eu acho que você não sabe o que é isso, não é? Confiança.

- Fique Nora.

- Não. – eu praticamente rosnei. Eu estava atravessando a porta, quando Patch me pegou nos seus braços e me beijou. Por um segundo, eu não queria soltá –lo, mas depois lembrei do que ele fez e o empurrei.

- Não me toque de novo. – eu disse e fechei a porta atrás de mim. Eu já estava chorando antes mesmo de chegar até o elevador.