No hospital, João Vitor agora respirava com a ajuda de uma máquina de oxigênio e esperava noticias de Felipa como todos. A polícia tinha constatado que o incêndio foi provocado o que nós já desconfiávamos e a investigação já estavam a todo vapor para descobrir o causador de tudo.

_Só eu que to impaciente de ficar aqui esperando?! - João Vitor reclamou acabando com o silencio do quarto que estávamos.

_Coloque a máscara respiratória de novo, você ainda pode ter outra crise. - Bernardo disse autoritário.

_ Ei o irmão mais velho aqui sou eu! – João disse rindo e não colocando a mascara.

_ Sei nem porque eu falo você nunca obedece. - Bernardo disse irritado.

_ Eu também não sei. – João Vitor retrucou e Rogério fez uma cara de tédio ao ver a discussão de crianças formada ali.

...                                                      

Chegamos à mansão com a noticia que Felipa passaria a noite no hospital, mas receberia alta de manhã, Bernardo ficou no hospital a acompanhando.

_Finalmente, vou poder dormir e espero que nada me acorde dessa vez.- João disse se jogando no sofá da sala.

Nicolas, que brincava com Valentina no chão da sala logo subiu no sofá ao ver João Vitor e se jogou no colo do pai dele arrancando sorrisos de todos na sala.

_Você é exceção filhão. – João Vitor disse acomodando Nick em seu colo.

A campainha tocou distraindo alguns daquela cena, como Rogério que foi atender a porta.

_Boa tarde, Rogério Roccher e João Vitor Roccher estão? – um homem de terno muito bem vestido se pronunciou na porta.

_ Sou Rogério Roccher. – Rogério deu um aperto de mão e todos na sala os observavam agora.

_ E eu sou João Vitor Roccher.- João disse levantando curioso e me entregando Nick.

_ Eu sou delegado federal, estou por trás da investigação do incêndio e também estou envolvido com o caso de Daniel Damasceno.

_Por favor, entre. – Rogério convidou e assim o homem fez.

_ Pensei que quem estivesse cuidado do caso de Daniel fosse aquele  seu amigo, tio. – João se pronunciou.

_ Estamos trabalhando em dupla, como o caso não envolve somente o Brasil, já que a formação da máfia foi feita fora do país, temos que desenvolver esse trabalho em conjunto. – O homem se justificou antes de Rogério.

_ Então quer dizer que Daniel tem algo haver a com o incêndio de hoje? - Rogério indagou.

_ Era o que pensávamos, mas durante todo esse tempo Daniel Damasceno não recebeu nenhuma visita, esta em regime fechado aguardando o julgamento, não teria como ele comandar a ação desse crime. – o delegado explicou deixando-nos surpresos.

_ Valentina , você não quer levar Nick para brincar lá em cima? – falei tentando tirar as crianças da sala e  João Vitor me olhou agradecido e assim Valentina fez.

_ Então quem poderia esta por trás disso?- Rogerio perguntou pra si mesmo.

_Depois da possibilidade de Daniel ser o responsável pelo incêndio foi quase descartável, abriu uma lista de suspeito e é isso que me faz vim aqui.

_ O que ta querendo dizer com isso? – João Vitor perguntou.

_Que você e seu tio precisam ir prestar depoimento amanha na delegacia.

_Você ta dizendo que eu ou João causamos o incêndio de Felipa ? ah por favor, foi João a quem salvou. – Rogério disse indignado.

_ Isso não faz o maior sentido. – me pronunciei assustada.

_ Eu to dizendo que são suspeitos e é só um esclarecimento eu não to dizendo que serão realmente julgados, mas vocês tem motivo, afinal ela é filha do maior inimigo de vocês.

_Mas ela não é nossa inimiga, ela nos ajudou não faríamos isso. – João Vitor disse irritado.

_Desculpe, mas é o meu trabalho averiguar todos os suspeitos e é só um esclarecimento, se não devem nada por que temer?- o delegado disse compreensivo.

_ Por que simplesmente isso é um absurdo e eu tenho mais que certeza que Daniel esta envolvido nisso. – João disse em tom elevado.

_ Ele não recebeu visitas e nem esta misturados aos outros presos, não tem como ele ter organizado esse crime.

_Ele é um homem poderoso, tem bastante influencia, eu não duvido nada ter arranjado aliados em sua delegacia.

_ Você esta insinuando que nosso sistema é corrupto? – o delegado disse indignado.

_ Não, eu to afirmando. – João o respondeu em tom alto.

_ João, se controle.- Rogério tentou intervir.

_Acho melhor você ouvir o seu tio, antes que eu  lhe prende por desacato.

_Ótimo, isso só provaria mais  que o seu sistema é corrupto, que prende pessoas inocentes, enquanto verdadeiros bandidos estragam vidas e famílias, como Daniel fez conosco. – João disse irritado.

_ Chega , vou adiantar a sua ida para delegacia. – o delegado anunciou.

_Por favor, isso não é necessário. Amanhã iremos dar o nosso depoimento, sem falta. – Rogério tentava convencer o delegado.

_ Tudo bem, eu já cumpri minha missão por aqui. Boa noite. – O delegado disse se despedindo.

_Sério.. Eu só quero saber quando irei ter paz nessa droga de vida. – João Vitor disse subindo irritado.

_ E agora? Como é que vai ficar toda essa confusão? – perguntei nervosa a Rogério

_Vai ficar tudo bem, Duda. Eu prometo.

...

Entrei no quarto de João Vitor e ouvi barulho do chuveiro vindo do interior do banheiro, resolvi ficar aquela noite na mansão para apoiar João, Nick estava dormindo no quarto de Tina , por insistência dela.

João Vitor demorava no banho, então resolvi surpreende-lo, tirei as peças de roupas que vestia e entrei no banheiro, com cuidado abri a porta do Box , e ele estava com os braços encostado na parede e escondia a cabeça neles, e deixava a água escorrer pelo seu perfeito corpo, havia sido um dia muito estressante.

_ Está tudo bem? – o seu rosto se virou  com o som da minha voz.

_ Desculpa, eu estava estressado. – ele disse com a voz serena.

_ Fiquei com medo dele te prender, precisa ter mais auto controle.

_ Eu sei, é que tudo ta desandando ao mesmo tempo, quando resolvo algo surge outro problema.

_Vai da tudo certo. Você já superou coisas piores, você salvou a vida dela não pode ser preso por isso.

_Mas e o tio Rogério, ele vai ser o principal suspeito.

_ Não pensa nisso agora, eu não sei como, mas tenho certeza que vai dar tudo certo.

_ Tudo bem. – ele disse com um sorriso perfeito e juntou nossos corpos.

Seus braços circulavam minha cintura e a aproximidade dos nossos corpos fez uma corrente elétrica passar por todo meu corpo, seus olhos azuis fixos nos meus.

_ Os teus olhos quase ganham do teu sorriso. – eu disse encantada com o olhar e o efeito que João Vitor tinha sobre mim.

Seus lábios encostaram de uma maneira calma e carinhosa e juntou mais os nossos corpos sem deixar nenhum espaço entre nós e seus beijos começaram a ficar mais intensos.

...

João estava jogado na cama vestido apenas naquela  bendita cueca Box enquanto eu caçava uma camisa dele pra vestir, pois dormiria hoje na mansão.

_ Sabe , eu tava pensando da gente voltar a morar no nosso apê. – João disse quebrando silencio , mas com seus olhos concentrados em uma game no seu celular.

_ Mas Valentina ta tão feliz com você aqui.

_ Eu sei, mas merecemos nossa privacidade.

_ Ou seja, você ta com saudade de andar de cueca pela casa. – falei e ele riu.

_ Também.

_ Que tal depois do casamento? A Camila também ta adorando minha companhia lá , ela odeia ficar sozinha.

_Mas eu vou ficar longe do Nick. – João largou um celular fazendo um bico.

_ Eu sempre trago ele aqui , eu prometo.

_ Qual é , estávamos bem juntos, até  a nossa pequena separação.

_ Eu sei, mas depois do casamento voltamos para nosso apartamento, você vai  ver vou ta sempre te visitando que nem vai perceber que to morando em outra casa.

_ tudo bem, então vamos marcar o casamento para daqui duas semanas?

_ O quÊ ? – falei assustada.

_É , por que não? Essa semana vai ter o julgamento do Daniel e na outra eu já espero esta livre desse cara para sempre.

_ Mas é muita coisa pra organizar em 2 semanas , João. – protestei.

_ Não é nada, Mendy ajuda você. – ele disse se referindo a secretária dele. – E Camila, Manu ..

_ Espera... A Manu ? Jura que ela vai querer me ajudar ?

_ Ela ta em outra, ela e o Henri tão quase se casando também, ela não é mais afim do gostosão aqui. – revirei os olhos quando ele disse “gostosão” , mais convencido? Impossível.

_Mesmo assim ela me odeia.

_ Ela não vai fazer isso por você, vai fazer por mim. Finalmente conseguimos alcançar a relação de irmão que sempre tentei colocar na cabeça dela.

_ Mesmo assim...

_ Duda, para de arranjar desculpas, nem que eu organize esse casamento, nós vamos nos casar. Quer dizer, se você ainda quiser?

_ Não seja bobo, claro que eu quero. – disse deitando com ele na cama e enchendo ele de beijos.

_ Então, preparada para ser chamada de Senhorita Roccher.

_ Nossa .. eu acho que sim.

_ O nome Roccher te impactou não é ? – ele riu.

_Um pouco.

_ Combinado, você organiza o casamento e eu a lua de mel.

_ Você sempre fica com o mais fácil. – reclamei.

_ Isso é justo, eu já fiz o mais difícil tenho que ficar com o fácil agora.

_ O mais difícil?

_ Sim, de te conquistar uma , duas ,três vezes... e por ai vai , porque pense em uma menina teimosa é você, Eduarda Miller.

_ Se você não fosse um idiota não teria que fazer isso tantas vezes.

_ Mas eu gosto, isso torna tudo mais divertido, sabe me apaixonar por você todos os dias, tudo como se fosse a primeira vez, naquele colégio.

_Como eu sempre digo, não somos um casal normal, mas isso que nos torna especiais, brigamos feito crianças e nos desejamos feito adultos.

_ Eu gosto da parte de nos desejar. – ele disse com o sorriso safado o meu preferido e me beijou.

_Eu só queria dormir abraçadinha com você hoje.

_ Tudo bem. -João me ajeitou em seu peito de um jeito carinhoso e fechou os olhos e  um silencio predominou por alguns segundos.

_ Tem certeza que quer só dormi? - ele disse abrindo um olho e sorrindo.

_ Tenho, João.

_ Então ta . - ele disse fazendo bico.

_Seu bobo. 

_ Tem Razão. 

_O que? 

_Sou Seu bobo.

_ Meu? 

_ Seu .

Ele finalizou com um beijo e me aninhou mais em seu peito e  dormiu antes de mim, ele estava cansado, o dia hoje não foi fácil e talvez o de amanhã também não fosse.