As lagrimas queimam meus olhos e descem ardendo por minha face, mas nada faço para impedi-las. Minha garganta está fechada e minhas unhas tão cravadas em minhas mãos que deixam marcas. A tristeza que me envolve é tão espessa e forte que todos os resquícios de alegria desaparecem. As lagrimas não param de cair e me pergunto se um dia elas irão parar.

Me forço a terminar a leitura mesmo que os soluços me deixem tremendo de mais para ler. Meu corpo não foi feito para suportar tanta tristeza e está despreparado para aguenta-la.

Porem, não paro, e quando chego ao final da carta já não soluço nem deixo escapar pequenos lamentos. As lagrimas continuam me cegando mas já não está tão dificil respirar. Tudo o que sinto agora é....nada. As emoções estão flutuando em torno de mim, decindo qual delas vai me atormentar, mas enquanto não sou tomada de novo por elas não sinto nada, nem penso nada e depois me dou conta do quanto sou grata por esse pequeno momento de sossego.

Mesmo sem emoções, as lagrimas não param e quando me deito para olhar para o teto, elas encharcam o lençol. O teto é completamente branco e as paredes também. A cama é branca, o piso, as cortinas, o tapete, o abajur e tudo o mais que me cerca.

O branco me cerca, me envolve, me completa. E enquanto estou imersa nessa imensidão um pensamento me vem a cabeça antes que eu possa expulsa-lo:

como vou viver sem ele?