Não Me Deixe Levantar Dessa Cama escrita por Aeikin
Não me deixe levantar dessa cama
Já havia algum tempo que Katarina sentia os suspiros de Talon em seu ouvido. Ela havia acordado com um arrepio em todo seu corpo. O lençol que cobria suas pernas a sufocava. Os fracos raios solares intensificavam o quarto, e iluminava o vestido branco dela. Nunca usava branco, nunca. A cama era pequena demais para Talon. Ele estava com as costas nuas encostadas na fria parede, o braço direito passava pelo travesseiro e sua mão tocava a cabeceira da cama. O outro braço ainda segurava a cintura de Katarina. Ela havia se aproveitado dos abraços que houvera durante a noite. Ele a esquentava. Katarina nunca precisou de segurança ou porto seguro. Era até ridículo pensar nisso. Seu instinto assassino era melhor do que qualquer um. O sangue que escorria por suas lâminas era o que a confortava. Afeto era apenas uma palavra que usava para definir fraqueza. Nunca seria fraca. Mas, o calor que emanava de Talon a fazia pensar em não sair de lá. Olhava seu nariz, os olhos fechados, os cílios não muito longos, a barba já feita, e principalmente, sentia seu cheiro. O cheiro que havia penetrado em suas vestes, em seus cabelos, lençóis, travesseiros, em tudo.
Isso fazia com que houvesse necessidade de Talon, de estar ali junto a ele. Porém, sabia que o assassino no requisito de estar sozinho era pior que ela. Mas, por obra de Swain, ali estavam eles. Juntos. Dividindo a mesma cama, agarrados um ao outro como se dependessem disso. E dependiam? Essa pergunta ecoava na cabeça de Katarina. Anos e anos juntos, tanto nos Campos de Justiça quanto na casa de Du Couteau. Havia certa intimidade entre os dois, sempre houve. O que a fez sair de pensamentos foi Talon aproximando seus corpos, tirando o nariz da nuca de Katarina e fazendo com que ela encostasse seu rosto em seu peito. Ela fechou seus olhos, com um pequeno sorriso no rosto. Não era o sorriso sinistro que ela dava. Era um sorriso fraco. Algo estava errado. Ficaria assim pra sempre se assim possível fosse. Se não houvesse um assassinato a fazer.
Olhou para cima, e o viu em um sono profundo. O calor de Talon era viciante, a respiração calma, os lábios entre abertos, e os cabelos castanhos caídos pelo rosto. Aquilo não estava certo, pelo menos ainda não estava. Katarina juntou todas as suas forças e se afastou do calor de Talon, seu sorriso desapareceu, e sentiu frio. Beijou a testa dele, e assim, se levantou. Despiu-se ali mesmo e colocou suas roupas normais. Pegou suas lâminas e saiu do quarto. Foi até o local onde aconteceria o assassinato, era uma mina que ficava afastada da cidade. Viu sua presa, um homem na faixa de 40 anos, com uma aparência de quem pouco ligava para o que ocorria ao seu redor.
Katarina se aproximou dele, ele imediatamente a olhou. A Lâmina Sinistra se moveu até ele, e no mesmo momento ele andava até ela. Ela pegou suas lâminas e apareceu atrás dele, cortando-lhe a garganta. Lambeu suas lâminas afiadas e observou o corpo, terminou de corta a cabeça e colocou em um saco preto. O sorriso sinistro brotou em seus lábios ao ver o sangue que escorria. Saiu calmamente do local e foi até o cafofo onde Talon dormia. Seu sangue fervia por voltar para aquela cama, para aquele abraço, e assim o fez. Quando entrasse pela aquela porta, teria Talon. Ele querendo ou não.
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