Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 7
Auto-estrada Infernal


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo tem muito mais militarismo, e é um pouco longo pra tão poucos fatos, mas prometo que tá tão bom quanto os outros
boa leitura!



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Procurei me recompor e fechei a garrafa, colocando-a no porta copos do carro. Respirei fundo e tentei colocar algum ar nos pulmões; em vão. Quando mais eu olhava, mais ofegante ficava. Eles ainda estavam longe, porém ainda representavam uma grande ameaça. Sair do carro e correr de volta, naquelas circunstâncias? Não seria bom. O barulho da granada que explodiu a casa, provavelmente foi o que os atraiu para a rodovia. Mas não seria apenas aquela horda. Provavelmente, outros zumbis, porém na direção contrária a que eu estava, seriam atraídos, formando 2 hordas contrárias. De qualquer jeito, era suicídio. O que fazer então? Olhei para eles, e tentei medir a distância de onde eu estava para onde eles estavam. Dava-me mais ou menos 2 minutos, no máximo. Tratei de fechar todas as janelas abertas e trancar todas as portas. Tive sorte que o carro em que estava tinha os vidros pretos. Isso faria diferença? Não sabia se eles o olfato de uma pessoa zumbificada era melhorado. Se sim, era minha morte, pois meu curativo do braço estava encharcado de sangue. Coagulado? Sim, mas de que adiantava? Era sangue do mesmo jeito. Tratei de tentar relaxar e fiquei no banco. Peguei Alice no colo e comecei a cantarolar uma música para criança. Ela, dormindo, nem ouviu, mas seria até melhor porque não queria ela acordada. A horda se aproximava, se aproximava, até que o primeiro deles já estava no capô do carro. Parei de cantar e fiquei na espreita, fitando-o nos olhos. Passou reto, despercebido, na direção da casa que estava longe. Com ele, a horda se aproximava cada vez mais. Em questão de meio minuto, não conseguia avistar nem mais o céu; meu carro estava infestado. Dentre os andantes, pude até ver crianças e idosos, contaminados. Por sorte, meu carro era apenas mais uma barreira para eles, que não representava nada. À medida que eles se aproximavam, formava-se um leque de criaturas, deslocando-se para a esquerda e para a direita. Um deles caiu, esbarrando na porta aberta de um carro ao lado do que eu estava. Os outros, sem perceber, ou sem dar importância, apenas continuavam e iam continuando seu caminho. Pés e mais pés passaram por cima da criatura caída, que em segundos estava com a cabeça estourada no asfalto, morta. Não sabia se eles os zumbis eram algum tipo de parceiros, ou concorrentes. Não tinha a mente deles, na verdade nem sabia se eles tinham mente.

Depois de um longo tempo, já ciente de que eu estava seguro ali dentro apesar de vacilar algumas vezes e olhar para a janela quando o carro era balançado pelos zumbis, liguei meu celular que estava com 9% de carga, para olhar a hora. Eu não sabia que horas eram, mas pude notar que o céu já não estava tão claro como antes. A noite viria e não tardaria para acontecer. Mais de 20 minutos se passaram e a horda não acabava. Pude contar mais de 1000 zumbis, sem erros. Não sabia o número exato, mas era esse aproximadamente. Depois de uns 7 minutos que chequei a hora no celular, o último deles acabou. Olhei para o vidro de trás, e não pude ver o fim da horda, no horizonte. Pensando que estaria livre e poderia continuar meu caminho para Seattle, fui abrindo a porta do carro. Até que, pelo vidro da frente, vi perto de uma curva, sair um carro dali. Um carro? Sobreviventes! Alelu... Não, de novo não! Os assassinos apareciam no horizonte. 2 carros se dirigiam pela estrada, mas sem alertar a horda atrás de mim. Eles estavam bem longes, mas para mim, estava colado ao meu vidro. Eles pararam os carros em uma forma de anel, e os soldados começaram a tagarelar qualquer coisa. O franco-atirador, sempre na caminhonete, mirava incansavelmente para a minha direção, para controlar a horda. Quando todos os zumbis estavam longe o suficiente, todos eles desceram dos carros e procuraram pegar suas armas, no camburão, que era o maior carro. Nunca tinha reparado aos detalhes técnicos daquele grupo, até que resolvi estudá-los melhor. Ao total, havia 5 carros: 2 caminhonetes que pareciam com Defender’s da Land Rover, com metralhadoras estacionárias em cima de um suporte circular; 1 camburão blindado onde parecia estocar-se os mantimentos e as armas; 1 carro esportivo, certamente um Aventador da Lamborghini, sujo de barro, onde quem controlava era o chefe; e por último, uma outra Defender, porém com o suporte fechado e com vários tripés em volta. Era o carro do franco-atirador, com certeza. Óbvio que era! Ele estava lá. Descendo da Aventador, o líder, agora reconhecível, deu ordem para os homens, já todos armados. Depois de alguns minutos, todos eles com as armas em punhos, começaram a vir em direção aos carros. Eles não usavam qualquer tipo de farda, nem veículos próprios do exército. Apenas coletes e mais coletes, com vários cartuchos de bala. Havia 3 deles seguindo em direção ao carro, e no comboio ainda ficaram 2 de prontidão, o franco-atirador e o líder do grupo. Dos que estavam vindo ao meu temível encontro, um deles usava um moicano e uma espécie de pintura verde nas bochechas. Empunhava uma M14 com silenciador, porém eu não sabia se era semiautomática ou automática. O segundo, eu reconheci por sendo o homem que atirou a granada naquela casa, pois vi sua semelhança e ele empunhava a mesma FAD, também com silenciador. O terceiro, um pardo de porte grande, usava uma máscara em todo o rosto deixando apenas os olhos nus e estava com camisa regata. Carregava uma L85A3 sem silenciador, de cartucho estilo tambor 100 tiros, o que caracterizava que ele era o “bruto” da turma.

O “bruto” ficou parado no meio fio da pista da direita, e fez sinal com o dedo para eles se separarem por uma bifurcação de carros. Ali, ele ficou parado fazendo mira para qualquer coisa, enquanto os outros 2 se dirigiam na minha direção. Então, senti que minha hora finalmente havia chegado. Em todos os carros que eles passavam, eles transpassavam uma lanterna potente pelo vidro, enxergando tudo ali dentro. Se vissem qualquer corpo, mesmo morto, ainda atiravam na cabeça. Em breve eu reencontraria meus pais. Tentei pensar no lado positivo disso. Quando me lembrei de Alice. Como poderia deixa-la na mão daqueles bandidos? Outro pensamento me invadiu a cabeça:

– Nik, eu quero que você cuide bem de sua irmã, ok? Vocês têm de viver, tá ouvindo? Você tem a obrigação de viver, e de proteger sua irmã! – E depois disso, ainda pude ver a imagem de minha mãe no banco do carona, estalando um beijo em minha testa. Retomei a consciência, e vi que eles estavam mais pertos de mim. Os outros carros que eles iluminavam, já estavam destruídos. Apenas o meu estava intacto. Será que eles desconfiariam daquilo? Não sabia. Eu sabia que teria de me esconder e esconder minha irmã também. Tratei de cuidar de Alice, primeiro, então tentei arrumar um lugar para ela, e bem depressa. O porta-luvas era muito grande, e os bancos dariam visão. Como o cachorrinho mandado estava vindo à direção da porta do motorista, coloquei Alice no lugar onde se coloca lixo, que fica rente á porta. Era bem espaçoso e ela coube direitinho. Já eu, teria de me virar. Cada vez ele ficava mais perto, e era o mesmo ritual. Iluminar, atirar, sair. Fiquei até pensando que nisso, eles seriam algum grupo de controle de doenças, mas não seria o caso. Um grupo desses estaria fardado, e não tentaria atirar em outros sobreviventes.

Depois dessas seções de pensamentos, tive uma ideia. Embaixo do volante, onde eu fazia ligação direta, era um lugar bem espaçoso. Porém a caixa de fios impedia a minha passagem ali dentro. Se eu conseguisse retirá-la, e com algum esforço conseguisse me encolher ali dentro, certamente não seria visto. Mas e a caixa? Colocaria no mesmo lugar, porém no banco do carona. Comecei a puxar a caixa dos fios para baixo; em vão. Dei socos, até pontapés, mas nada funcionava. E cada vez mais, ele estava perto. Então, como que por um milagre, fitei o gatilho de um extintor. Extintor? Sim, todo carro tinha, era óbvio! Abaixei-me e retirei o lacre de segurança que o sustentava embaixo do banco, e comecei a puxar o outro lacre de segurança plastificado, dessa vez do próprio extintor. Não tentaria apagar nenhum fogo; o que eu faria era dar uma pancada. Até que percebi que para isso eu não precisaria retirar o lacre de segurança. Meus pensamentos voavam com o que poderia acontecer a partir de agora. Rezei um pouco e pedi para Deus ajudar-me. Então, com toda a força do mundo, dei a maior pancada na caixa. A mesma se fez em pedacinhos, mas o estrondo foi tão forte, mas tão forte, que o carro vibrou. A vibração foi percebida não só por som, mas por contato visual. E o devoto do Tio Sam percebeu isso. Veio correndo para o carro, e na mesma hora que ele começou, tive de me abaixar e entrar naquele covil. Pude ouvir os passos cessarem na janela do carro. O vidro fosco não deixava a luminosidade passar muito bem, mas serviria. Vi o feixe de luz atravessar o vidro nos bancos frontais e traseiros. Ele ficou parado por um tempo, e alguns segundos depois, comecei a ouvir o carro sendo metralhado de ponta a ponta. Os furos eram criados com uma rapidez incrível. Certamente, se eu estivesse ali, estaria morto. Alice também estava protegida, graças a deus. O ponto em que se encontrava era muito acima de onde as balas passaram. Por fim, tudo cessou e ele continuou seu caminho. Mas dali não sairia. Esperei por mais 20 minutos, até ouvi-lo passar de volta para seu grupo, com o outro soldado. Ele ainda murmurou:

– Limpo, está limpo. Vamos embora.

Ai sim, voltei ao banco. Suspirei, e falei “amém, obrigado Deus” Deus? Meu deus! Eu esqueci minha bíblia e a santa cruz na casa que explodiu! Agora era tarde demais, mas não tardaria para eu tentar encontrar outro. O para-brisa não tinha sido despedaçado, então eu ainda estaria seguro de visão. Avistei todos os 3 indo de volta ao comboio, e quando chegaram, o “bruto” e o “da granada” montaram as armas estacionárias nas Defender's, mas a do bruto parecia um pouco diferente: era feita de um tambor com 6 lugares, e tinha uma mira telescópica acoplada na arma, que agora não era mais estacionária; ele a manejava nas mãos. O franco-atirador continuava na mesma; o líder adentrou a Aventador e o último, o novo que eu não conhecia, voltou ao camburão trancando a porta. Pensando eu que eles seguiriam viagem na direção que eu queria ir, não. Eles vieram abrindo caminho sobre os carros e passaram na direção da horda.

Era o começo da noite. Não havia mais raios de sol no céu, e atrás de mim pude ver a escuridão emergir. Como um gato, quando eles desapareceram na curva, sai do banco e peguei Alice, e fui indo em direção aonde eles não tinha ido. A primeira coisa que me chamou atenção, que até então não tinha chamado, era um trailer parado. Enorme. Decidi ir em busca de alimentos, para me manter até que eu chegasse em Seattle. Não devia estar muito longe, mas a estrada era longa. O trailer estava trancado, mas dei um belo soco no vidro, fazendo-o estourar, e abri a porta por dentro. O trailer estava sem as chaves; ou aparentemente. Mas meu intuito era alimentos, não transporte. Além do mais, transporte naquelas condições era praticamente inviável. Não havia caminho para passar nem com uma moto, que dirá um trailer. Fui direto á dispensa e encontrei toneladas de comida enlatada. Por azar, não encontrei nenhuma bolsa. Então, comecei a colocar nos bolsos de minha camisa e calça, as que davam mais energia e duravam por mais tempo, além de muita água também. Quando estava saindo para seguir viagem, olhei para o quarto do trailer. Estava com a porta entreaberta. Fui abrindo de leve, e vi uma cena horrenda, mas comovente. Uma mãe abraçada a seu filho, os 2 com tiros na cabeça, e ao lado do corpo da mãe, um revólver caído. A cena me fez chorar, sim. Deixei Alice numa mesa por alguns momentos e decidi que ninguém perturbaria mais aquela família. Peguei um cobertor e estirei sobre os mortos. Por fim, pronunciei “amém”. O revólver, sim! Precisava de uma arma. Precisava muito. Recolhi o tal e percebi que não haviam balas no tambor. Apertei o botão para fazê-lo girar para o lado, e percebi que só estava com 1 cápsula. A da bala, gastada. Para que uma arma sem balas? Joguei-o fora pela janela. Por fim, sai do quarto, mas antes de sair do trailer peguei algumas colheres de ferro longas, daquelas de arroz, e coloquei sobre as maçanetas da porta que eram longas. Ali, ninguém entraria.

Estava saindo do trailer, quando ouvi um ruído a distância. Um helicóptero? Talvez. Checaria. Desci da van e procurei fixar meu olhar á distância. E era sim um helicóptero! Sim! A minha salvação, talvez? Mas toda cautela era necessária. Adentrei e van e fiquei olhando pelo para-brisa. Quando ele estava chegando perto, pude ver que não era um helicóptero de uma equipe de resgate. Na porta do helicóptero, apoiado sobre os pés do helicóptero, 4 franco-atiradores. E o helicóptero seguia na direção do comboio. Pude ver claramente que era uma equipe de suporte, mas não para civis, e sim para aqueles mercenários. Abaixei-me na van e deixei-os passarem despercebidos. Quando eles passaram, tratei rapidamente de sair dali.

Já na interestadual, comecei a minha jornada mesmo na calada da noite, rumo á Seattle. Precisava chegar lá, e logo. Após um tempo caminhando, ainda pude ouvir sequências de explosões frenéticas, incessantes. Associei-as a nova arma do bruto, e percebi que ele carrega um lançador de granadas, um GLM M203. Aquilo sim era poder de fogo! Não sabia de onde eles retiravam aqueles armamentos, nem porque eram mercenários. Eu sabia que deveria chegar em Seattle.

3 horas depois...

9 da noite! Até que enfim, cheguei em Seattle. Mas, eu estou com medo. Não consigo presenciar nenhum aspecto humano na cidade, embora esteja abastecida com eletricidade nos postes que era evidente mesmo de fora da cidade. As torres de guarda não tem nenhum guarda especial, e há uma grande barricada bem na entrada da cidade. Apenas uma porta de ferro me separa da tão sonhada nova humanidade. Então, quando eu estava a mais ou menos 300 metros de distância do portão, ouvi ruídos de motor. E consegui ver um pequeno feixe de luz atravessar a pista. Era o comboio. Com Alice nos braços, corri mais que nunca e cheguei ao portão, pronto para escalá-lo, se precisasse. Dei duas batidas bem rápidas mas vigorosas no portão gigante de ferro, esperando que o socorro chegasse. “Toc, Toc”.


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Notas finais do capítulo

e um obrigado MUITO especial pra Belle Gray Stone por ter me incentivado em quase todos esses capítulos que eu tenho escrito! muito obrigado linda!



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