12 – Se apaixonar é mais rápido que morrer

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Caro leitor, agora sim eu consigo ver os primeiros raios da manhã. Eu acho. Com amor, Rose Weasley.

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Mamãe bateu na porta, uma hora depois de eu ter me trancado lá dentro. 

Eram raros os momentos em que mamãe me interrompia, ou algo to tipo. Ela costumava dizer que minha mente deveria trabalhar sem ser interrompida. 

Mas naquela hora, ela não estava ali para me mandar comer algo, tomar um banho ou coisa do tipo. Ela trazia alguém atrás de si. 

Daniel Zabine. 

Ele estava sorrindo pra mim, com várias sacolas na mão. 

— Temos bastante coisa para embrulhar. - ele disse me fazendo rir. 

— Vou deixar vocês a sós, não quero ver meu presente antes da hora. - mamãe brincou e piscou para mim, de modo sugestivo. Corei. 

É claro que ela estava achando que eu estava tendo algo com Dan. 

Ele levou os presentes até o meio do quarto e os colocou no chão, sobre o carpete, sentando-se logo em seguida. 

Depois de tirar tudo da sacola, conferi para ter certeza de que ele havia comprado tudo certo. Estava.

Enquanto embrulhávamos os presentes, Daniel me fazia rir a todo momento. Ele ficava contando piadas e fazendo palhaçadas, o que fez eu me sentir muito a vontade. 

Eu estava me sentindo bem feliz. Agora, curiosamente, eu não tinha mais Scorpius na cabeça, ou qualquer outra coisa que pudesse me fazer mal. Daniel conseguia afastar todos esses fantasmas e eu seria eternamente grata por isso.

Ele sorria pra mim, como se eu fosse a coisa mais linda que ele já havia visto, e isso me dava vontade de sorrir também. Seus olhos brilhavam de uma maneira que me fazia querer olhar para sempre. Eu estava presa nos olhos castanhos dele. Aquilo era estranho. Era como se apaixonar. 

E era estranho constatar isso porque... Eu estava me apaixonando?

— Rose? - ele me chamou parando de sorrir. - Algum problema? 

Era a segunda vez que ele me perguntava isso naquele mesmo dia. Não havia problema, exceto pelo fato de eu querer ver o sorriso dele de novo. Isso sim era um problema. 

— Não é só que... Eu gosto do seu sorriso. - respondi corando. 

Ele sorriu envergonhado e negou com a cabeça. Me aproximei. 

— Posso pedir uma coisa? - perguntei depois de alguns segundos em silêncio. - E dessa vez eu não estou bêbada. - ele assentiu. - Me beija? 

Ele sorriu, um sorriso safado e meigo ao mesmo tempo. Como isso era possível? Eu também não sei. Mas de alguma forma, Daniel sabia como fazer aquilo. 

Ele se aproximou lentamente, no entanto quebrando o espaço entre nós em poucos segundos. 

O beijo de Daniel não era nada parecido com o de Scorpius. O de Daniel era doce, calmo e até inocente, enquanto o de Scorpius era meio urgente, e também era como se eu sentisse necessidade dos beijos dele. 

Eu sabia que aquilo não era nada demais, mas no fundo eu me sentia errada. Era como se eu estivesse quebrando uma lei, ou pior, era como se eu estivesse traindo alguém. O sentimento de culpa era tão intenso que me impedia de sentir o que quer que eu devesse sentir por Daniel. 

Me afastei dele, respirando fundo. 

— Me desculpe. - pedi corando. 

— Eu poderia me acostumar a isso... - ele começou, deitando-se no chão, os braços servindo de apoio para a cabeça. - Mas eu não sou o que você procura, Rose.

O sentimento de culpa que eu estava sentindo se intensificou. E então, eu chorei. Chorei tudo que deveria ter chorado desde que essa palhaçada de ser apaixonada pelo Scorpius começou. Chorei feito um bebê, molhando a camisa de Daniel, que me abraçou quando comecei a soluçar. 

— Eu poderia fazer você esquecê-lo Rose, poderia te fazer se apaixonar por mim com um tempo. Mas eu sei que assim que ele voltar, você irá correndo para os braços dele novamente. - ele suspirou. - E eu não quero correr o risco de ter a garota que eu quero nos meus braços, só pra vê-la se perder nos braços de outro depois de um tempo. Me desculpe. 

— Eu pensei que eu pudesse estar me apaixonando por você. - respondi, ignorando o "a garota que eu quero" que ficou piscando em neon na minha cabeça. 

— Você não perceberia caso estivesse. Não é assim Rose. Ninguém percebe, simplesmente está. De uma hora para outra, mais rápido que morrer. 

Suspirei.

Eu era uma idiota. Eu havia tentado (mesmo que inconscientemente) usar o Daniel, e ele havia percebido isso. Eu queria me matar. Mesmo. 

— Você já morreu antes? - perguntei dando uma risada curta. 

— Talvez de amores. - ele respondeu, e eu pude jurar que ele estava sorrindo. Sorri também, secando as lágrimas. 

— Isso é péssimo. 

— Às vezes. Geralmente quando se morre pela pessoa errada. 

Ele ainda sorria. De algum modo, eu me sentia bem com o sorriso dele. Por alguma razão, eu queria ver aquele sorriso sempre. Sempre.