Anotação da Giovanna:

Fui pro Brasil tão logo fanatizei em Tokio Hotel. E se não fosse a internet eu teria sofrido, porque lá absolutamente ninguém conhecia a minha banda preferida. Logo que cheguei fiz amizade com a Fernanda, uma brasileira, bem legal. Ela me ajudou muito a aprender a falar português, mas como eu não presto pra professora, não ensinei pra ela nadica de alemão.

Mesmo a um oceano de distância, todo santo dia lá estava eu cantando Tokio Hotel, a toda hora e em todo lugar, era doida mesmo.

Eu até tinha o e-mail do Tom e do Bill, mas nunca tinha enviado nem recebido uma mísera mensagem de um deles, por isso quase caí da cadeira quandi vi na minha caixa de entrada uma mensagem cujo remetente se identificava como Bill Kaulitz. Como nos bilhetes que me mandava na sala, a mensagem era curta e objetiva, e apenas perguntava:

"VOCÊ TEM ME VISTO NA TV?"

E... nem foi uma mensagem. Eu abri pra ver o que era, só tinha uma foto anexada, então baixei, só de curiosa. Era uma foto de um pedaço de papel, meio amassado, e nesse papel estava a pergunta.

Só tinha visto naquele dia, na TV da vitrine da loja, duas semanas depois eu fui pro Brasil. E estava lá quando recebi o e-mail inusitado.

Fiz a mesma coisa: amassei um papel, escrevi a resposta, tirei foto, passei pro micro e enviei:

"Vi, só uma vez. Depois eu vim pro Brasil, e aqui, bom, não pegam as emissoras alemãs. Mas eu ouço Tokio Hotel todo dia!"

Hesitei em enviar essa mensagem; mas de repente o micro começou a tocar Reden bem alto (sinal de que um site sobre TH tinha carregado), eu levei um susto e cliquei no botão 'Enviar". Lá se foi a mensagem...

Uma semana depois, abri a minha caixa de mensagens e vi que tinha uma não lida. Era dele.

"Eu ia te perguntar se você ainda estava na mesma escola, mas você já respondeu. Então, de colega você virou fã? Deve ser a única daquele lugar que lembra da minha existência."

Essa veio no mesmo padrão da outra, e assim eu também respondi na hora:

"Tava lá até o ano passado. Não aguentava mais aquela gente. Sou fanática, isso sim. E sabe o quê? Pelo menos a metade daquele povo fútil escuta Tokio Hotel."

A resposta dele veio normal e em dois dias:

"Que coisa, hein. Aquele povo, que me odiava? Impressionante. Sinceramente, não consigo imaginar. Estou em turnê com a banda! Isso é fantástico!"

E eu confirmei:

"É, é uma coisa difícil de acreditar. Hahaha, você viaja pelo mundo pra cantar, e eu me contento em fazer intercâmbio! Aliás, como está o Tom?"

A essa altura trocávamos e-mails todos os dias. É calro que paramos com a brincadeira do bilhete. Mesmo sendo o melhor jeito de nos entender.

"Ela está bem, uma praga, mas está bem. Te mandou um oizinho."

Conversávamos sobre os mais diversos assuntos, sempre, mas acabamos parando com a comunicação um ano depois.

Eu me descabelava, eles tinham lançado dois CDs novos e não tinha aqui no Brasil... fui obrigada a me contentar ouvindo as músicas novas (e as em inglês) na internet.

Um dia eu tava ouvindo Monsoon, versão em inglês de Durch Den Monsun, abri o e-mail e... tinha uma nova mensagem do Bill.

Sempre como se fosse bilhete; a frase pequena, dizendo muito, dessa vez veio em inglês. Quantos pontos de interrogação em inglês eu sei falar, mesmo? Ah, é: um só, bem grande, e só tenho uma noção porque no Brasil tem aula de inglês no currículo básico escolar. Mas não foi difícil decifrar a mensagem, e foram inevitáveis as lágrimas diante de:

"I LOVE MY LIFE BECAUSE MY LIFE IS YOU."

("Eu amo minha vida porque minha vida é você.")

Não respondi. Só sabia que queria me isolar por um tempo.