Beautiful Soul escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 5
Aculturados.


Notas iniciais do capítulo

Capitulo fresquinho para vocês *-*
Boa leitura ((:



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Depois de muito pensar, eu havia decidido que iria na incursão, já que ela seria um alivio para mim depois de longos dias de frustração. Já era bastante ruim eu não poder participar das colheitas e ser inútil dentro da caverna; eu não podia deixar de fazer algo para qual meu corpo era perfeito.

Jeb tentara me fazer mudar de opinião algumas vezes durante aquele mesmo dia, mas eu tinha o convencido de que conseguiria fazer. Ian ainda mantinha na cabeça a ideia de que se por um acaso fossemos pegos, eu deveria negar o máximo que pudesse, de que estava ali de livre e espontânea vontade. Coisa que eu não faria. Por isso tive que lhe omitir minha resposta, deixando seu pedido no ar para que não houvesse necessidade de mentiras.

Melanie foi a única que concordou completamente comigo. Ela sabia, melhor do que ninguém que eu era capaz de fazer aquilo. Melanie conhecia meus limites e sabia que sem duvida, aquela não seria uma barreira que eu não podia ultrapassar.

No final, a praticidade venceu. Eu era necessária.

Como era de se esperar Ian bufou quando Jared, refez o discurso  sobre como eu entraria sem ser notada no supermercado, para todos os presentes na caverna. Apertei sua mão e sorri para ele, numa tentativa de lhe acalmar. Depois de Jeb lhe explicar que a incursão só era necessária pela falta de suprimentos, ele passara a aceitar melhor a ideia.

Melanie tinha me alertado que a viagem seria longa e que Jared lideraria a incursão. Mas isso não era nenhuma novidade. Portanto no começo na noite descemos para o deslizamento de rocha aonde o furgão e o caminhão de mudança estavam escondidos.

Ian ria de mim porque eu mal conseguia ficar parada enquanto seguíamos pelo caminho. Ele pegou minha mão, disse ele, para me prender á superfície do planeta. 

Logo entramos no furgão e seguimos em direção a rodovia secundária que rodeava os arredores da caverna. Estávamos indo para longe rumo ao norte, e eu estava entusiasmada de ver lugares novos - de sentir frio outra vez.

O entusiasmo ficava um pouco fora de controle neste corpo. Eu estava irrequieta e excessivamente agitada dentro do carro. Melanie ria enquanto eu falava sobre o frio na barriga que sentia por estar saindo novamente, enquanto Jared batucava uma música no volante, seguido pelos batuques no banco, que Ian fazia com as mãos. Estava tudo correndo bem. Bem até demais.

Mas o silêncio e a alegria não durariam por muito tempo; na curva da estrada que nos levaria até a rodovia principal, nosso carro foi cercado por mais três carros que derraparam na pista antes de parar. Ficamos paralisados quando os pequenos feixes de luz eclodiram na escuridão interna do carro sobre os rostos de Melanie e Jared. Meu rosto, meus olhos, que deviam ter nos ajudado, permaneciam obscurecidos, ocultos na sombra projetada pelas costas largas de Jared.

Meus olhos não foram cegados pelo clarão, e a lua brilhava o bastante para eu ver, nitidamente, que os Buscadores estavam em maior número que nós, oito contra nós quatro. Claro o bastante para eu ver o modo como mantinham as mãos, para ver as armas que reluziam nelas, levantadas e apontadas para nós. 

Um dos homens se aproximou da janela de Jared, batendo no vidro com a mão grande coberta com uma luva negra. Jared o abaixou, procurando sua arma escondida no bolso interno do casaco. 

- Parados, vamos, sem nenhum movimento brusco. É só ficar todo mundo calmo.

Jared não tinha sido rápido o bastante para que o homem não notasse seu movimento. O cara alto com parte do rosto queimada, passou uma de suas mãos pela janela e arrancou a arma da mão de Jared. Melanie deixou um suspiro escapar de sua garganta e olhou para mim sobre o ombro, sem tirar seu óculos escuro.

- Está tudo bem. - O Buscador garantiu, falando lentamente com o máximo de calma que podia. - Agora desçam do carro.

Ian apertou minha mão antes de abrir a porta do seu lado. Repeti seu movimento, assim como Melanie e Jared. Mel e Ian deram a volta no carro rapidamente e pararam ao nosso lado. O Buscador a nossa frente nos encarava curioso. Com a mais absoluta certeza ele estava estranhando o uso de óculos de sol durante a noite. Seu ato a seguir foi exatamente o que eu esperava. Ele apontou para Melanie, que estava ao lado de Jared e ordenou que ela tirasse os óculos. E assim ela o fez, sendo seguida por Jared e depois por Ian.

- Humanos. - O Buscador murmurou consigo mesmo, antes de olhar para mim. - Você é prisioneira deles?

Encarei seus olhos antes de responder.

- Não.

- É.

Ian respondeu tão rápido quanto eu, sua voz se misturou com a minha. O Buscador nos encarou curioso, seus olhos presos nos meus, esperando ouvir minha resposta novamente.

- Não sou prisioneira, sou amiga deles.

Um som de surpresa escapou pela boca do Buscador, antes de ele levantar a mão e acenar para as pessoas encostadas nos carros atrás dele. Meu coração se apertou ao notar que sua arma ainda estava apontada para o peito de Ian.

Porque eu o deixara vir comigo? Porque ele tinha que ser pego e viver uma vida da qual ele vinha fugindo por tanto tempo? Por orgulho meu? Talvez eu devesse tê-lo ouvido e permanecido na caverna, onde era seguro para todos nós.

Os outros buscadores se aproximaram de nós e pela primeira vez eu pude notar que eles também usavam óculos escuros. Melanie percebeu no mesmo instante que eu e encarou Jared, esperando que ele lhe desse uma resposta aceitável.

Eles não eram buscadores... Eram.... Humanos.

- Nate! São humanos! - Exclamou quando o amigo mais velho se aproximou. - Como você.

Nossos rostos não demonstravam nada além de surpresa. Surpresa por encontrarmos outra alma que tinha se apegado aos humanos de uma forma que não pode deixá-los e surpresa por encontrarmos outro grupo de resistentes.

Jared foi o único que conseguiu falar alguma coisa, seu rosto ainda mantinha a expressão de surpresa, com a confusão se esvaindo aos poucos, porém ele ainda estava com uma certa incerteza sobre o que dizer.

- Vocês são humanos?

O tal Nate, que havia se aproximado quando a alma o chamou, respondeu sorridente, enquanto assentia e passa os olhos por nós.

- Menos o Cal.

A alma passou um de seus braços sobre o ombro do humano mais velho que falava conosco.

- Somos melhores amigos.

- Desde que Cal me salvou de um grupo de Buscadores. - Nate completou. - Vocês são em quantos?

- Somos em 37.

- É a primeira vez que somos superados por algum grupo. - Cal respondeu.

Dessa vez foi Ian que fez a pergunta.

- Vocês encontraram outros?

Nate assentiu, sua boca se retorcendo enquanto ele fazia uma conta mentalmente.

- Já encontramos três grupos. Quatro com o de vocês.

- Mas o primeiro que tem uma alma, além do nosso. - Cal completou estendendo uma de suas mãos para mim.

Contornei Ian, ignorando a advertência que ele murmurou, encontrando a mão de Cal - que era firme e calejada  em comparação a minha pele delicada - e o cumprimentei. 

- Flores Vivas Calcinadas. - Apresentou-se ele.

Meus olhos se arregalaram com o nome dele. Mundo do Fogo - que inesperado.

- Peregrina. - Disse.

- É... extraordinário conhecê-la, Peregrina. Eu pensava que eu tinha sido o único a mudar de lado.

- Ás vezes nós não sabemos qual é o nosso lado.

Sua sobrancelha se ergueu com a minha resposta.

- Bem, então talvez ainda haja alguma esperança para esse planeta, afinal.

Me posicionei novamente ao lado de Ian, sentindo a pele de seus dedos passarem pela pele de minha mão, entrelaçando nossos dedos. Sorri para ele e depois para Cal.

- É um mundo estranho.

Ele devolveu o sorriso.

- O mais estranho de todos.


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Notas finais do capítulo

Gente, não surtem, esse não é o final da fanfic u___u
Apenas o final do livro, que eu decidi encaixar ali e dar continuidade a fic *-*
Espero que tenham gostado. No próximo vamos ver a continuação da Incursão, que não foi cancelada u_u E outras coisinhas *u*
Bom, é só.
Me digam o que acharam *-*
Beijos ;*