Saíram da loja e voltaram para a mansão.

Gisele passou a sair com Estevão todos os dias durante cerca de um mês e sempre se divertiam muito. Todo dia passava cerca de uns quinze minutos por dia se olhando no espelho que Estevão lhe deu. Nada demais acontecia nesses passeios, infelizmente, pensavam os dois.

Acordou pela manhã disposta a fazer muitas coisas. Trocou de roupa com rapidez, foi até a cozinha e lá estava ele: lindo como sempre, para Gisele. Se a sociedade o visse assim, Estevão aceitaria a si mesmo com muito mais facilidade. Ele segurava uma caneca da qual saia um vapor.

- Bom dia!

- Bom dia. – Estevão a respondeu, com a voz estranha.

- O que houve?

- Acho que peguei um pequeno resfriado.

- Pequeno? – Fernan disse.

- É... Não tão pequeno... – Respondeu fazendo pouco caso para Fernan. – Mas eu vou te acompanhar até...

- Nada disso. Você vai repousar para melhorar logo.

- Repousar, Gisele? Estou bem!

- Então, vá repousar para que não piore.

- Está bem. Fernan, pode acompanhá-la?

- Mas é que... - Gisele interrompeu Fernan.

- E quem vai cuidar de você, Estevão? – Gisele disse.

- Acha mesmo que vou deixar você sozinha fora daqui? – Gisele o olhou, esperando que ele dissesse algo a mais.

- Vou esperar-lhe no carro. – Fernan sorriu para Gisele.

- Está bem. – Sorriu de volta. – Estevão.

- O que foi?

Gisele se aproximou dele como quem queria dizer algo com cautela.

- É que... Eu não sei o que fazer por lá sem você, Estevão.

- Não quer que eu fique de repouso? – Sorriu, maliciosamente.

- Eu vou com Fernan. Seu bobo. – Sorriu e ia em direção a porta.

- Não vai me dar um beijo de bom dia?

- Você está gripado! Quer que eu fique também? – Gisele sorriu, desafiando-o.

- Ah, é?

Ele correu atrás de Gisele, que tentou fugir, mas não conseguiu. Estevão a abraçou com força e lhe beijou o canto da boca. Gisele lhe lançou um olhar que repreendeu Estevão.

- O que eu fiz?

Ela sorriu e saiu.

***

Gisele olhava através da janela e pensava em Bruno. Ela estava tranquila em relação a ele, mas tinha medo de vê-lo e ele tentar algo contra ela. Mas, se não o viu durante esse tempo todo em que esteve aqui, por que ele inventaria de aparecer agora? O melhor era esvaziar a mente e aproveitar o passeio.

- Hoje vou levá-la a um concerto de piano. O que acha? – Sorriu para a menina.

- Amei essa ideia! – Sorriu de volta.

Chegaram ao local e desceram do carro. Fernan entregou a chave para o manobrista e acompanhou Gisele para entrar no local.

Gisele seguiu Fernan e, então, se sentaram perto do palco.

O pianista entrou, se apresentou e todos aplaudiram. Ele se sentou em frente ao piano e começou a tocar músicas que Gisele sentia e parecia imaginar situações a cada música que passava. Até que o show acabou.

Iam saindo do espetáculo. Chegaram lá fora e aguardavam o responsável pelos carros trazer o de Fernan.

O carro havia acabado de ser estacionado à frente de Gisele e Fernan. O mordomo entrou no banco da passageiro e Gisele aguardou que ele destrancasse a porta para ela. Nesse intervalo de tempo, Bruno conseguiu pegar Gisele dali e levá-la para um beco sem saída. Tudo foi tão rápido que não foi possível que Fernan identificasse o rapaz, mas ele não tinha duvidas que era Bruno.

Fernan ligou, imediatamente para Estevão, que chegou em menos de cinco minutos ao local, com seu outro carro.

- Cadê a Gisele? – Saiu do carro, batendo a porta e gritando, com raiva.

- Um rapaz a pegou enquanto entrava no carro. Desconfio que seja Bruno...

- Para onde ele foi?

- Foi por ali. – Um rapaz disse.

Estevão foi naquela direção e tentou achá-la, mas não achava. Olhou a sua volta e viu que não tinha ninguém. Pegou seu celular e tentou rastrear o celular de Gisele. Conseguiu achá-la. Correu até o beco em que estavam.

Estevão viu o suficiente para deixá-lo muito irritado: assistiu a Bruno dando dois tapas no rosto de Gisele e tentando conseguir algo a mais dela.

Bruno repetia que se a menina gritasse, além de não adiantar nada, ele poderia machucá-la muito mais.

Estevão, tentou pensar em algum modo de tirá-la dali sem colocá-los em risco, mas não aguentava. Fez o que qualquer um faria: andou lentamente até agarrar o pescoço de Bruno, fazendo com que ele tivesse uma vertigem e caísse no chão.

Gisele correu para abraçá-lo.

- Como me achou?

- Rastreei seu celular.

- Rastreou?

- Sim. Terá que concordar com isso depois do ocorrido.

- Mas... - Estevão lhe lançou um olhar repreendedor. - Está bem. – Ela sorriu – Vamos logo, antes que ele arranje forças para nos bater.

Estevão segurou Gisele em seu colo e a levou fora dali. Ainda conseguiram ouvir Bruno dizer que não deixaria Gisele em paz.

- Estevão...

- O que foi?

- Ele não me machucou tanto assim. Eu consigo andar. – Ela sorriu.

- Não diga nada. – Estevão continuou sério.

Chegaram ao local em que Fernan aguardava. Não haviam tantas pessoas como antes, apenas curiosos, que foram embora logo quando viram Gisele.

Entraram no carro. Gisele e Estevão no banco de trás enquanto Fernan dirigia. Ela tomou a liberdade de repousar no ombro de Estevão.

- Mas não era eu quem precisava de repouso? – Estevão disse, brincando.

Gisele o olhou e sorriu, e voltou a repousar sobre seu ombro. Estevão começou a mexer nos cabelos de Gisele.

O silêncio chegava a dar vergonha, mas Estevão estava muito feliz por ter salvado seu... Amor? Será que era isso mesmo que Estevão pensava que Gisele era para ele? E será que ela pensava o mesmo?