PV CARLISLE

Eu, Esme e nossos filhos havíamos acabado de chegar ao orfanato para fazermos mais uma visita a Bella. Já fazia algumas semanas que fazíamos isso com frequência.

Eu e Esme falamos com nossos filhos sobre Bella naquele mesmo dia em que a conhecemos e no dia seguinte nossos filhos já queriam vir conhecê-la, eu ensinei a linguagem dos sinais a todos da família, então passávamos todo o horário de visita conversando com Bella e a cada dia nos encantávamos cada vez mais com ela e o desejo de tê-la em nossa família só aumentava, mas para isso teríamos de contar o que somos a Bella e decidimos começar a mostrar nossa verdadeira natureza aos poucos para ver como Bella reage a nós e assim vermos se ela nos aceitaria ou não em sua vida como nós somos e começaremos a fazer isso hoje, estávamos apreensivos com medo de que quando Bella descobrisse o que somos não queira mais nos ver.

— Bella está vindo. - diz Alice.

E nós olhamos para trás, Bella estava se aproximando do pátio dos fundos onde sempre nos encontrávamos para conversar, era um lugar distante da área central do orfanato e assim sempre ficávamos somente a gente com ela, os demais visitantes preferiam ficar no pátio da frente do orfanato o que era até bom, pois assim tínhamos privacidade.

Quando de repente ouvimos um barulho de algo rachando e era uma das pilastras que sustentava o telhado da varanda de onde Bella estava passando.

Eu, Esme e Emmet saímos correndo até Bella sem se importar em manter o disfarce humano, Esme pegou Bella nos braços e saiu com ela rapidamente debaixo da estrutura. Enquanto eu e Emmet sustentávamos a pilastra e a colocamos no lugar, mas a pilastra precisaria de reparos, depois teríamos de informar a Eva sobre a rachadura.

Voltamos o nosso olhar para Bella e ela estava assustada com o que viu. Ela se remexia nos braços de Esme querendo descer e Esme a pôs de pé.

— Bella, por favor, não tenha medo de nós, não vamos machucá-la. -uso um tom calmo, mas mesmo assim Bella começou a dar passos para trás quando me aproximei dela.

O que nos deixou muito triste, não era assim que havíamos planejado contar a ela, agora Bella esta assustada e provavelmente não irá querer nos ver nunca mais.

Mas segundos depois vi Bella relaxar um pouco e olhei discretamente para Jasper, e percebi que ele estava usando sutilmente seu dom em Bella para mantê-la calma. Olhei para Alice ao lado dele e ela estava bem concentrada, mas em seguida sua expressão ficou frustrada o que me leva a crer que Alice não viu nada com relação à decisão de Bella se ela depois de descobrir o que somos ainda iria querer manter contato conosco.

— O que vocês são?

— Acredita em lendas? 

— Sei que toda lenda tem um fundo de verdade Carlisle, mas porque está perguntando isso a mim?

— Nós somos umas dessas lendas.

— Qual? — Bella perguntou de forma direta, mas dava para perceber que estava com medo da resposta.

— Nós somos vampiros. – tento manter meu tom de voz o mais leve possível.

Ela ficou surpresa e chocada ao mesmo tempo. E por fim vi medo em seu olhar.

— Não tenha medo, não machucaremos você, eu prometo.

— Vocês matam pessoas? 

Era visível que temia por sua vida.

— Não. –mas Bella parecia duvidar então eu tinha de provar- Observe nossos olhos eles são dourados.

— E o que isso quer dizer?- perguntou após checar que cada um de nós tínhamos mesmo os olhos dourados.

— Que eu e minha família não matamos pessoas, nós nos alimentamos de sangue de animais. Só sangue animal deixa os nossos olhos dourados se nos alimentássemos de sangue humano nossos olhos seriam vermelhos. –e vi Bella ficar aliviada com isso. Fiquei feliz que ela tenha percebido que falei a verdade, o que me faz crer que ainda há esperanças dela nos aceitar como sua família.

— O que mais, além disso,  do que eu acabei de ver?

— Somos imortais, teremos a aparência de quando fomos transformados para sempre.

— E alguns de nós temos dom. Eu, por exemplo, posso ver o futuro, mas só quando as decisões são tomadas e posso ver as mudanças climáticas também. – diz Alice e Bella ficou bem impressionada com o dom dela.

— E eu sinto e manipulo as emoções dos outros. 

— Usou isso em mim agora, não foi Jasper?

— Só um pouquinho porque eu queria que ao menos nos ouvisse. Pode me desculpar por isso?

— É claro que posso.

— Obrigado. – Jasper soa aliviado.

— E eu sou superforte, vampiros são naturalmente fortes, mas minha força supera a de qualquer outro vampiro. – diz Emmet.

— Bella eu quero que saiba que contaríamos isso a você aos poucos, pois eu e minha família queremos adotar você. - e ela nos olhou surpresa com que falei.

— Por quê vão me adotar?

— Como assim por que Bella?

— Ninguém nunca quis me adotar Carlisle e se estão fazendo isso por pena eu não quero.

— Não é nada disso, você apenas nos encantou a primeira vista. 

— Todos vocês querem mesmo isso?- nos perguntou, mas tinha a expressão incrédula.

Para ela era tão impossível assim o fato de querermos mesmo adotá-la?

E todos assentiram.

— Eu a quero, quero que seja minha filha e os outros a querem na família tanto quanto eu. Então aceita nos dar a honra de fazer parte dessa família? - perguntei torcendo para que a resposta dela fosse sim, assim como eu tenho certeza que os outros da minha família também estavam torcendo nesse momento para que aceitasse.

— Eu aceito. - diz Bella nos dando um lindo sorriso.

— Você não tem ideia do quanto isso nos faz feliz Bella.- dou um abraço nela.

E em seguida Esme e nossos filhos também disseram o quanto estavam felizes por ela ter aceitado ficar conosco mesmo sabendo que somos vampiros e deram abraços apertados nela também.

— Agora estamos empatados três irmãs e três irmãos. – diz Rosalie.

— Três irmãos?-perguntou Bella sem entender, já que ela só conhecia Jasper e Emmet.

— Sim, eu tenho mais um filho, mas ele não vive conosco. – não consigo evitar de soar triste.

— Por quê?

Pensei um pouco antes de responder, e achei melhor dizer a verdade, afinal ela seria parte da família nada mais justo que soubesse o motivo.

— Edward decidiu partir por não se adaptar a dieta animal. Ele sempre nos liga e tentamos convencê-lo de se juntar a nós, mas infelizmente ele se nega.

— E se ele voltar? Eu vou ser um problema. Eu não quero ser um problema, é melhor reconsiderarem o fato de quererem me adotar.

— Nem pensar, isso está decidido, e no dia que Edward voltar é porque ele conseguiu ou menos está disposto a aceitar nossa ajuda para voltar a seguir a dieta animal, e não se preocupe, Edward nunca será um perigo para você, nós cuidaremos para que vocês dois convivam bem.

— Tem certeza de que se isso acontecer dará certo? Porque quando Edward voltar será difícil para ele conviver comigo e eu não acho que isso seja justo com ele, afinal de contas ele não decidiu com relação a mim, não é mesmo?

— Sim é verdade. Edward ainda não sabe que vamos adotar você, mas o conheço muito bem e sei que ele nunca seria contra adotarmos você, acredite em mim,  e posso afirmar também que Edward só voltará para nós quando ele se sentir pronto para voltar a seguir a dieta animal e sendo assim a convivência entre vocês será perfeitamente possível. - digo convicto disso.

— Ah e nunca mais repita que é um problema Bella. – soou em tom de repreensão.

— O senhor ainda nem me adotou de fato e já está me dando bronca? — Bella diz de forma divertida.

— A primeira de muitas. – e todos sorriram. -  Mas acredite eu tenho muito mais amor de pai para te dar do que broncas. – lhe dou um abraço apertado que ela prontamente retribuiu.

Semanas depois...

A guarda definitiva de Bella havia saído e eu havia conseguido um emprego em outro hospital, nós já estávamos preparando à mudança para irmos para Forks, um lugar calmo e bonito para Bella recomeçar a vida longe do orfanato, lugar onde viveu quase a sua vida toda.

— O que deseja filha? – perguntei a Bella quando ela olhou para mim.

— Como sabe que quero algo?— disse Bella surpresa.

— Você é minha filha, os pais sempre conhecem bem seus filhos.

Apesar do pouco tempo de convivência eu realmente já a conhecia bem, Bella é o que podemos chamar de livro aberto. Seu olhar e suas expressões nos dizem tudo.

— Me conhece mesmo, eu realmente quero pedir algo.

— Pode pedir então.

— Eu queria antes de viajar visitar o túmulo do meu outro pai.

O que Bella falou me deixou muito feliz, isso significa que ela já me via como seu pai.

— Claro nós podemos ir agora mesmo.

— Obrigada pai.

— Não há de que filha. - falo emocionado por pela primeira vez ela ter me chamado de pai.

Chegamos rapidamente ao cemitério e ela começou andar em meio aos túmulos, eu apenas a seguia em silêncio.

Bella se sentou na beira de um túmulo e tocou na lapide onde estava escrito Charles Swan, homem honrado, bom pai, marido e amigo.

A vi fechar os olhos, ela devia estar orando ou falando com seu pai em sua mente já que não podia verbalizar.

Depois de um tempo Bella se virou para mim e lágrimas rolavam por seus olhos e a abracei tentando consola-la.

— Não importa onde estejamos eu sempre a trarei aqui para você visitá-lo quando desejar.

— Obrigada pai.

— Por nada filha. – limpo suas lágrimas.

Passei meu braço por seus ombros e a guie até o carro para nos juntarmos aos demais da família para irmos embora dessa cidade e em breve estaríamos em Forks começando uma vida nova.