Pov. Anne

Passamos um bom tempo abraçados, até que a noite caiu e decidimos comer por que estávamos realmente com fome. Ele acendeu umas velas sabe-se lá de onde. Sentamo-nos e começamos a devorar aquelas “gordices”.

– Então.. Como você me encontrou aqui? – Perguntei enfiando um tube da Fini goela a baixo.

– Não te encontrei.. – Respondeu Will tomando um gole de Coca.

Olhei pra ele com confusão estampada em meu rosto.

– E como veio parar aqui? – Perguntei então.

– Bom.. – Começou ele – Passei a noite inteira tentando dormir, mas não conseguia esvaziar a minha cabeça. Quando percebi, já eram sete horas, decidi me levantar e fazer alguma coisa. – Eu olhava pra ele com a maior atenção enquanto abri um pote de Pringles. – Fui para a sua casa – Ele me olhou intensamente agora. – Mas o Dico atendeu a campainha e descobri que você não estava em casa. – Ele tomou outro gole de Coca. - Estava começando a voltar para casa quando me lembrei deste lugar. Que eu sempre vinha aqui quando estava perdido, quando precisava pensar. Passei em uma distribuidora e comprei tudo isso – Ele apontou para as gordices em cima da toalha – E vim para cá. Deitei no gramado que dá inicio ao precipício e acabei relaxando com a natureza e dormi.. Quando eu acordei, subi ao térreo, e te encontrei.. – Agora ele olhou pra mim de novo.

– Mas, como você descobriu esse lugar? – Perguntei comendo mais um tube Fini.

– Esse Hotel era do meu avô.. Um dia teve uma grande tempestade e a energia caiu por completo, muitos fios queimados, etc. Com a grana que eles iam pagar para reformar tudo, dava pra construir um Hotel mil vezes melhor, e foi o que o meu avô fez. Fechou esse Hotel e construiu outro. Mas ele nunca vendeu, então acabou que ele ficou abandonado..

Agora ele me olhou com curiosidade. Pegou um tube Fini e começou a comer.

– Mas e você? – Perguntou ele.

Fiquei tão surpresa com a pergunta que acabei me engasgando. Ele colocou um pouco de Coca em outro copo e me deu para tomar. Após conseguir respirar novamente, consegui perguntar:

– Eu o que?

Ele sorriu.

– Como encontrou esse lugar?

– Bom.. Lembra-se daquele dia que sumi?

– E que depois voltei a sua casa? – Assenti. – Como eu esqueceria?

Corei e um sorriso de satisfação se abriu em seu rosto.

– Enfim, eu sai da escola e comecei a andar para qualquer lugar, e achei esse Hotel abandonado, e foi aqui que passei o dia..

– Ah tá.. Você nunca me contou mesmo o que fez naquele dia..

– Agora contei! – Rimos.

Comemos quase tudo até que deitamos no colchão. Ele deitou com um braço em sua cabeça e o outro esticado, deitei em cima de seu braço esticado e ele me abraçou, me aconcheguei e olhei pra cima.

Olhei para a parte que não havia teto, as estrelas lá em cima brilhavam como sempre.

– Por que o tempo não podia parar para ficarmos aqui o resto da vida? – Perguntou ele depois de certo tempo de silêncio.

– Seria uma ótima ideia! Não vou conseguir olhar pra Mel amanhã..

– Não vá para a escola então..

– Como?

– Finja que está doente e eu te levo todos os deveres de casa, só faltam duas semanas para as férias de Julho..

– Mas uma delas é a semana de provas..

– Bom ai você vai ter que encarar, mas pode ter uma semana pra pensar no que fazer e ajeitar tudo ai – Ele apontou na direção do meu coração.

– Tudo bem, você está certo..

– Posso falar com o Dico pra ele ajudar, a Cah também, e posso te ajudar a estudar para as provas da semana que vem, aproveitando que terei de levar os deveres também..

– Mas e você? – Ele me olhou com curiosidade – Tudo bem encarar o mundo amanhã?

– Alguma hora teremos que fazer isso, não?

Sorri. Ficamos em silêncio dai então. Não sei se foram segundos, minutos, horas. Só sei que foi muito bom estar ali, só com ele, com as estrelas acima de nós e a Lua Cheia também. Ficamos um bom tempo assim, abraçados, passando calor um para o outro, olhando as estrelas. Até que ele disse:

– Anne?

– Hum?

– Temos que ir..

– Nãão! Por quê?

– Por que já são oito e meia! – Respondeu ele me mostrando seu relógio de pulso.

– Aaaaaaaaaaaaaaah! Queria ficar aqui pra sempre.. – Fiz biquinho.

– Eu também minha linda, mas temos que ir.

– Ok então..

Levantei-me logo depois dele, arrumamos tudo, descemos até o 7º andar. Ele deixou as coisas no último quarto do corredor e depois descemos até a frente do Hotel abandonado.

Peguei o skate que eu meio que roubei da festa, e ele o dele. Embalamos em direção a minha casa. Passamos o caminha todo em silêncio. Chegando na minha casa, nos despedimos:

– Bom, então eu venho aqui amanhã te trazer a matéria da escola.. – Disse o Will.

– Uhum..

Estávamos de mãos dadas e ele a soltou nesse momento.

– Bom, então tchau. – Disse ele.

Se aproximou para me dar um beijo na bochecha, mas acabei de virando e recebi um selinho. O momento estava estranho, não estávamos com vergonha e sim, constrangidos. Sabe-se lá o por que.

Me virei para abrir a porta mas senti uma ponta de arrependimento. Me virei de volta pra ele. Ele estava caminhando para o portão, então eu o chamei:

– Will!

Ele se virou pra mim. Sorri. Ele também. Largou o skate e correu em minha direção. Chegando ao pé da escada, puxou meu braço, me desequilibrei em cai em seus braços. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa nossos lábios estavam selados em um beijo quente e carinhoso.

Quando o fôlego rompeu o beijo, ele me deu um Celinho e disse:

– Boa noite princesa!

– Boa noite principe.

Soltei-me, subi as escadas e, antes de girar a maçaneta me virei o olhei para seus olhos azuis que esperavam que eu entrasse em casa.

– Eu te amo! – Disse ele.

– Eu te amo! – Disse eu.

Mandei um beijo pra ele. Ele mandou outro pra mim. Depois de observar ele se virar e ir para a casa andando de skate, sorrindo, virei-me, girei a maçaneta e entrei em casa.