Não Espere escrita por Angie Ellyon


Capítulo 7
Dividida


Notas iniciais do capítulo

Hello, people!!
mais um cap pra vcs!
espero q gostem (;
Boa leitura



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Eu girava, girava, girava a Pedra Escalarte nos dedos  -, tão pequena e de aparência tão frágil  -  mas nada de ideias surgirem na minha cabeça. Às vezes, eu achava que essas visões não eram pra me ajudar  - mas para atrapalhar, e fazer com que eu fugisse do verdadeiro caminho a ser seguido.

Seria o veneno do Pesadelo que estaria me fazendo mais pessimista?

Pela luz da noite, a pequena pedra parecia mais radiante e atrativa.

- Se sente mais confusa ainda? - Marion apareceu de repente, me pegando desprevenida. 

Suspirei.

- Não sei se isso vai me ajudar com o veneno do Pesadelo ou com a minha Morte.

Ela revirou os olhos.

- Não existe cura para o veneno de um Pesadelo. Ele sai por conta própria, à medida que a pessoa se esforça pelo seu controle. - ela se aproximou. - Caso isso não aconteça, e a pessoa deseje e alimente todas as coisas ruins, o veneno vai devorando a sua alma até definhar por completo.

Sorri.

- Eu deveria ficar com medo? Quer dizer que estou condenada por pensar coisas ruins?

- Não brinque com isso - ela continuou. - Escuta...você disse que a pedra mostrou uma visão comigo. Como foi? - ela mudou de assunto.

Guardei a pedra e sentei na minha cama, enquanto ela se encostou no armário de braços cruzados, esperando.

- Vi você e Leon. Juntos. - acrescentei, rápido.

- Hmm. - ela fez. - E o que mais? O que exatamente você viu?

- Vocês dois juntos. - expliquei. - Até que apareceu alguém. - engoli em seco. Marion percebeu.

- Ah. Lissa. Então...você acha que tem algo aí? Alguma resposta?

Dei de ombros.

- Sinceramente, eu não acho nada.

Com um suspiro, ela sentou na cama ao meu lado. Sua proximidade não foi nem um pouco familiar. Não havia esquecido de nossa "briga"  -  mas ela parecia disposta a colaborar. Ou pelo menos estaria fingindo.

- Quer saber como nos conhecemos? - ela disse.

Fiz muxoxo, e ela sorriu um pouco.

- Fui para um orfanato quando minha mãe morreu, aos 6 anos. Fiquei lá até os 17, quando fugi, e passei a viver nas ruas. Foi quando minhas desgraça começaram.

" Como eu era mais esperta  -  você sabe porquê  - eu costumava roubar comida. Numa dessas, eu me envolvi com uma arma e matei uma pessoa. Mas não foi porque eu quis. Eu estava tão desesperada, que isso afetou o meu lado mais mortal e perigoso. - ela continuou. Quando não me deram comida, o meu lado de Ceifadora despertou. Só fui perceber o que fiz quando vi a arma misturada com sangue em minhas mãos. A polícia me levou para um hospício, mas depois descobri que lá só servia de fachada de boate, onde fui obrigada a trabalhar. Aí foi que aconteceu. "

" Como eu causava muitos acidentes, fui mandada pra me oferecer na rua, onde comecei a sentir calafrios anormais. Um sinal da minha Morte. "

- Você quer dizer...Lissa, não é? - falei.

- Ela me seguia - contou. - Quando resolveu aparecer pra mim, eu surtei. Causei uma confusão e me tiraram dali. Lá dentro, eu o vi.

" Leon parecia estar me esperando. A primeira coisa que captei foram os seus olhos, que me prenderam. Naquele momento, pensei que ele fosse me anjo salvador. Roboticamente, sentei ao lado dele. Foi aí que ele me contou tudo e eu não quis acreditar. "

Não gostei do tom apaixonado e meloso na voz dela. Foi exatamente assim que Leon havia me conhecido também: aos poucos e de mansinho.

Marion continuou:

" Ele disse que estava ali para me proteger e que sabia como me ajudar. Não demorou para que nos envolvêssemos. Eu vi nele uma única chance de me manter viva. Não importava se fosse verdade ou não. Tudo o que eu queria era ser normal. "

- A sua história não é muito diferente da minha. - disse.

Ela riu.

- É aí que está a diferença.

- Fui tão cegada pela surpresa e pela felicidade, que nem me dei conta de que eu era diferente dos outros Indomados - explicou ela. - Foi aí que eu descobri o que eu verdadeiramente era.

" Leon e eu estávamos juntos e felizes quando a Morte tentou me pegar de vez. Eu senti então uma sensação estranha; diferente das quais estava acostumada. Leon e eu nos assustamos e aí eu liguei os fatos. Eu não era Indomada  -  havia uma parte de mim que era Ceifadora também. "

Arquejei.

" Leon pareceu mais surpreso do que eu. Quando consegui escapar da Morte por pouco, eu o procurei novamente na Ordem, mas ele me disse da maneira mais calma que eu não pertencia ali. Disse que eu fazia parte de uma raça desprezada, que jamais deveria existir. Eu era uma Mestiça. Foi aí que eu me lembrei da Morte da minha mãe  -  e que tinha sido o meu próprio pai que a havia matado. Aí passei a viver sozinha, com ódio e nojo de mim mesma. "

- Puxa - falei. Me senti, de certa forma, um pouco ressentida por ter brigado com ela mais cedo. Marion havia passado por coisas muito piores do que eu.

Meu peito se apertou.

- Viu só? - ela riu. - Acho que nossa pequena terapia deu certo. Ficou sentida com a minha história?

- Eu não sei bem... - mas que foi estranho, foi.

- Acho que é isso que a Pedra Escalarte quis te dizer. - falou ela.

Então eu saquei.

 - Ir atrás do que eu mais temo.

- Deixa eu adivinhar - Marion meneou a cabeça. - O que você temia na minha história era saber de mim e Leon, certo?

Suspirei.

- E quais são as outras coisas?

- Acho que tem algo na história de Zattara que também será útil - contei. - E tem a minha Morte - engoli em seco. - Essa é a que eu mais tenho medo.

- Com Zattara nós podemos lidar. - Marion disse. - Mas precisa ter cuidado com a Morte. Correr atrás dela é uma questão delicada. Se confundir as coisas, é aí que ela pega você. - ela me olhou melhor. - Você e Lissa...

- Não se preocupe - eu levantei as mãos. - Ela disse que não podemos ser amigas.

- Bem - ela levantou, suspirando. - Pelo menos em uma coisa eu e ela concordamos. - e sorriu, saindo pela porta.

( Música: Linkin Park - Irridescent )

Depois disso, só restaram o silêncio e meus pensamentos.

Nunca havia me sentido tão só.

Andando cabisbaixa pelos corredores, me lembrei de quando eu ainda era uma mera garota esquisita, que era perseguida por coisas estranhas. Naquela época, eu não podia imaginar o quão longe isso chegaria e que afetaria todos os laços que me mantinham segura.

Estaria o Pesadelo tão disposto a me derrotar assim? Será mesmo que ele estava ali, ou tudo aquilo era surreal? Se eu estava condenada a seguir um caminho que me levaria para a destruição, por que não deixar logo que tudo aconteça de uma vez?

Foi ali que eu percebi que estava na hora  -  como Lissa dissera  -  de afrouxar as rédeas. E deixar

- Ei, onde você?

Estava praticamente correndo quando a voz de Brian me fez parar. Eu não queria encará-lo  -  praticamente havia largado-o no meio da minha festa.

- O que foi? - ele examinou o meu rosto, um tanto surpreso. - Por que está triste? Não combina com você.

Sorri um pouco.

- Soube do Pesadelo?

- Sim - ele se aproximou. - E sabe o que eu acho? Você deveria esquecer um pouco isso. Estão colocando coisas demais na sua cabeça.

O gosto de sal se formou na minha boca e liberei todas as lágrimas.

- Me tira daqui. - eu disse, abraçando-o. Brian se surpreendeu. - Por favor.

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- Aqui é um dos meus lugares preferidos. - contou Brian.

Estávamos um pouco da Ordem; em uma colina alta e descampada, onde o vento corria livre e alegre. A névoa lá embaixo se misturava com as árvores e me transmitia uma certa tranquilidade. Foi como se um peso saísse das minhas costas.

- Você sempre vem aqui? É um lugar muito bonito - admiti.

- Sim - ele tomou minha mão e brincou com os meus dedos. - Aceita? - ele me estendeu uma bebida. - É bom pra variar. - explicou quando fiz cara feia. Rindo, eu aceitei.

- Boa menina. Bem melhor assim. - ele sorriu. - Calma aí - avisou ele quando entonei um grande gole. - Você parece fraca para essas coisas.

- Eu não sou fraca pra nada. - falei. - E vou provar isso pra todo mundo.

Ele ergueu uma sobrancelha e gargalhou.

- Estou cansada de todo mundo ter que me dizer o que eu tenho que fazer. - eu disse.

 Através da claridade, não consegui ver a expressão de Brian muito bem.

- Qual é a sua com Leon? - continuei.

- Maddison é esquentadinho comigo - ele deu um gole.

- Vocês se conhecem há um tempo, não é? - adivinhei.

- Ele apostava corrida comigo em Las Vegas - contou, se lembrando. - Ele precisava de grana na época.

- Por que? - franzi o cenho. Leon nunca havia me contado isso.

Ele sorriu, malandro.

- Tem coisas que ele não conta pra você, não é? - ele aproximou seu rosto do meu. - Ele tem um passado.

- E que passado é esse? - quis saber. - O que ele fez?

Ele deu de ombros.

- É só o que posso dizer.

- Sabe que vou questioná-lo a respeito - falei. - Quer acabar com meu namoro? - sorri.

Ele ficou sério e colocou a bebida num canto, sem tirar os olhos de mim. Depois, aproximou o rosto de modo que pude sentir sua respiração.

- Você não imagina a sorte que ele tem em ter alguém como você... - ele tocou minha face.

- Hã...Brian - comecei.

- Você despertou algo em mim, Luna - ele disse. - E acho que sei o que é.

- Eu também.

Virei a cabeça totalmente surpresa e vi Leon encarando Brian, que suspirou.

- Junte-se a nós, Maddison - disse.

- Não estou afim das suas gracinhas - Leon falou muito sério. - Acha mesmo que pode ficar à sós com a minha namorada e se aproveitar da fragilidade dela?!

- Parem! - disse-lhes.

- Eu não estava me aproveitando dela! - Brian se defendeu. - Estava fazendo o que você deveria fazer! Estava colocando um sorriso no rosto dela; ajudando-a nesse momento difícil, em vez de apenas esperar que ela faça tudo sozinha! - o olhar de Leon faiscou. Brian continuou. - Parece, Maddison, que você é um péssimo namorado.

- Está sugerindo que Luna precise de alguém como você, então? - Leon devolveu no mesmo tom.

- Não, Leon! - gritei. Aquilo tinha que parar.

Ele me tomou nos braços.

- Mas que diabos você está fazendo? - eu fiquei de cabeça pra baixo.

- Mostrando a realidade pra você.

Eu estava tonta e mal notei quando ele me jogou na cama e tirou o cabelo do meu rosto.

- Ficou sentido com o que ele disse? - eu falei depois de um tempo em silêncio.

- Tire tudo o que ele falou de mim da sua cabeça.

- Você vai me abandonar como fez com Marion?

Ele suspirou, parecendo cansado.

- Brian quer tirar você de mim, não percebe?

- E o que sugere, hã? - eu me levantei.

Ele me olhou.

- Chega de esperar, Luna. Não vou abandoná-la. Está na hora de por um ponto final nisso.


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Notas finais do capítulo

e aii, gostaram??
deixem reviews!!
até o prox



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