Aquela ideia ainda não queria se fixar na minha cabeça, acho que viajei em meus pensamentos, pois ele chamava minha atenção estalando os dedos.

- Você esta ai? – falou rindo

- Sim, é que voce é tão educado e seu irmão, bom ele não é uma pessoa fácil de lidar – falei estudando seu rosto

- Eu sei, acho que é fase. Qual seu nome?

- Carolina e o seu?

- Pedro, meu irmão ja me falou de voce.

- Já? – confusão estava estampada na minha cara, porque Pablo falaria de mim?

- Sim, falou algumas coisas e te elogiou bastante.

Fiz uma careta e depois ri.

- Prazer em conhece-lo Pedro, mas agora tenho que ir. Amanha passo aqui e falo com você.

Sai da sala com aquele pensamento me perturbando, porque Pablo falaria de mim? E mais porque me elogiaria? Tentei afastar esses pensamentos da minha cabeça e fui pra casa, eu queria esperar minha mãe mas ela me falou que iria sair com meu pai, fiquei feliz com a atitude dele.

Como ainda era cedo decidi passar no shopping, estava admirando alguma vitrines quando, de longe avistei Pablo e seus amigos, ele me olhava então sai andando e entrei no banheiro. Sim, eu estava com medo depois do nosso “encontro” de manha meus braços haviam ficado marcados, eu estava apavorada entao me veio uma ideia, peguei meu celular e disquei o numero.

~ligaçao~

- Alo?

- Gorila é a Carol, preciso da sua ajuda – falei tentando me manter calma

- O que aconteceu? – sua voz parecia preocupada agora

- Estou no shopping e vi Pablo, estou com medo dele me fazer alguma coisa

- Espera um pouco ja estou chegando

Desliguei o telefone e permaneci dentro do banheiro, depois de 20 minutos meu celular tocou.

- Oi?

- Onde voce esta? – ouvi a voz de Gorila

- To no banheiro do 2° andar

Ele ficou em silencio um bom tempo, tudo que eu ouvia era sua respiraçao e o barulho da movimentação das pessoas.

- Pode sair – falou

Desliguei e fiz o que ele pediu, assim que atravassei a porta avistei Gorila e Pablo a sua direita.

- Vem! – falou Gorila

Eu o segui, assim que passei por Pablo, ele me olhou como se fosse me devorar.

Ele parou o carro em frente a minha casa e eu falei:

- Desculpa ter te encomodado, mas eu realmente estou com medo daquele garoto

- Sem problemas, esse é meu trabalho. Posso fazer mais alguma coisa por voce? – e sorriu pra mim

- Sim, se não for muito encomodo voce poderia me buscar na escola todos os dias? Ou ate Pablo parar com essas gracinhas?

- Sem problemas, amanha estarei lá

Sorri pra ele e sai do carro, Marcos era um cara legal, dicidi que não o chamaria de gorila. A casa estava vazia como eu ja esperava, eu estava na sala fazendo o dever de casa quando ouvi a campainha tocar, olhei pelo olho magico e vi Pablo.

- O que faz aqui? – perguntei sem abrir a porta

- Quero me desculpar, por favor abre a porta – falou mechendo na meçaneta

- Pode falar estou ouvindo

Depois disso não ouvi mais nada, olhei novamente pelo olho magico e não havia ninguem ali, dei de ombros e voltei a fazer minha tarefa, estava super concentrada fazendo exercicios de matematica quando meu celular  vibrou anunciando a chegada de uma mensagem.

“Olha pela janela. Pablo Xx”

Como ele conseguiu meu numero, pensei. Quando olhei pra calçada estava escrito “Carol, me desculpa?”, de giz colorido e ele estava ao lado.

- PABLO, ME DEIXA EM PAZ  - gritei da janela e a fechei

Como ele pode ser tão cara de pau? E aquilo parecia pedido de desculpa de ex-namorado, coisa que nunca fomos. E por que ele estava me perseguindo daquela forma? Ele sempre me humilhou na escola e agora diz que me deseja, isso é estranho, muito estranho.

Mais uma vez eu tive sonhos com o Pablo só que dessa vez ele não me perseguia. Nós estavamos em uma festa, uma festa de gala, as pessoas a nossa volta nos admirava enquanto dançavamos, estavamos dançando tango e todos sabem que o tango é uma dança sensual. Era exatamente isso que acontecia dançavamos sensualmente, fazendo provocações um ao outro e tenho que admitir Pablo era bom nisso, no final da dança ficamos com os corpos colodos e com os rostos muito proximos, entao ele me beijou e eu acordei.

Olhei para o relogio que marcava 3:38 da madrugada, me deitei novamente mas não consegui dormir, cenas do sonho vinham na minha cabeça a todo momento. Fiquei rodando na cama até pegar no sono novamente, o que não durou muito tempo.

Outro dia entediante no colegio e as gracinhas do Pablo não pararam, na hora da saida ele tentou me barrar novamente mas quando viu Marcos parado na calçada, apenas me disse tchau e saiu andando.

- Boa tarde Carol, seu pai quer te encontrar. – Marcos falou assim que eu entrei no carro

- Mas porque ele não vai pra casa nos ver? – perguntei

- Ele esta com alguns problemas em relação ao trabalho e para mante-los em segurança ele não volta pra casa.

Eu apenas assenti, Marcos me levou ate um restaurante não muito longe da minha casa. Meu pai estava com cara de cansado, almoçamos e ficamos conversando um pouco até que um cara entrou no restaurante e falou algo no ouvido do meu pai.

- Gorila, pode leva-la e não esqueça, proteja minha familia – meu pai falou com urgencia

- Mas pai porque voce não volta pra casa? Do que voce esta se escondendo? –perguntei

- Não temos tempo querida, leve esse telefone a noite ligarei pra sua mãe. – me entregou o celular e foi embora

No caminho de volta, Marcos não disse uma palavra, eu queria muito saber o que estava acontecendo.

- Marcos o que esta acontecendo? – perguntei quebrando o silencio

Ele suspirou e começou a falar:

- A mafia pra quem seu pai trabalha esta, digamos que em guerra com outra mafia e pra manter voces a salvo ele esta se abrigando em outro lugar.

Fiquei tão intrigada com o que ele me falou que nem tinha percebido que ja tinhamos chego.

- Agora vá, através desse celular seu pai vai manter contato com voces, mas enquanto a poeira não baixar não vão poder ve-lo

Me joguei no sofá e fiquei pensando nos perigos que meu pai estava correndo, mas ontem ele tinha saido com a minha mãe, ela deva saber de algo, estava com medo por ele. Sei que o que ele faz não é certo mas ele ainda é meu pai e não quero perde-lo de tal maneira.

Estava perdida em pensamentos quando o toque do meu celular me obriga a voltar a realidade.

- Alo?

- Oi Carol, sabia que sua voz é linda ao telefone – ouvi a voz de Pablo

- O que voce quer?

- Só quero saber como esta.

- Muito bem, obrigada.

- Esta com medo de mim Richner? Por que aquele cara estava na porta da escola?

- Não é da sua conta, agora me de licença tenho mais o que fazer

Desliguei o celular e afundei minha cara em uma almofada. O que ele queria de mim? Essa curiosidade estava me matando.