Half-blood Games escrita por Debby Valdez


Capítulo 13
Se Você Nunca Morreu, Não Aconselho.


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu não morri! Heyo! Juro que vou escrever mais. Mas do jeito que eu sou acho que a maioria me considera um caso perdido. Vai dar certo, gente, juro que vai. Nesse feriadão eu juro que vou escrever mais.
Enfim, capítulo aí para matar o suspense e dar algumas respostas que eu queria deixar claro. Aproveitem!



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POV. Leo Valdez

Se você nunca morreu, não aconselho.

Pra começar, é uma experiência muito traumática. Eu nem sei se minha terapeuta vai me aceitar depois dessa, sendo que ela já tentou me internar seis vezes. Na última consulta, tratamos de pesadelos e autoestima. Imagino como eu chegaria lá:

Sra. Piget (isso mesmo, Piget): Então, Leo, como ter sido essa semana?

Eu: Eu estava indo bem, mas aí eu morri e isso me deixou meio pra baixo.

Bem, voltando à arena e os Jogos Estúpidos.

Morrer estava sendo horrível. Nem tanto pela sensação de sua alma virando um purê de batata desonerado em seu peito, mas pela dor lancinante e a adorável sensação de uma lança atravessando sua barriga. Não eram meus planos para a tarde, sabe ficar deitado de cara no chão em processo de morte, e não ajudou a Clarisse pisando nas minhas costas para tirar a lança do meio de mim e correndo para o meio da floresta comemorando com os amigos babacas dela. Tudo que eu conseguia pensar era na minha barriga vazia. Literalmente, tinha um buraco vazio nela.

Eu decidi tentar a sorte.

Comecei a pensar e coisas que geralmente evitava pensar. Fogueiras, lareiras, fósforos, isqueiros, Thalia... E comecei a sentir cheiro de fumaça, mesmo na neve. Ou eu me curava, ou apenas estava autocremando. Pensei que pudesse ajudar, mas depois de algum tempo, ainda não sentia nada. Aos poucos, a dor foi se acabando. Quando eu estava mais ou menos bem, me levantei. Não sei como podia estar vivo. A essa altura, devia estar no barco do Caronte. Mas aqui estava eu!

Sou um Hazel!

Sentia-me tão vivo e feliz que poderia escalar todo o pinheiro de Thalia, chutar o Velocino do Ouro e correr o acampamento inteiro para fazer strip-tease no punho de Zeus. Mas ainda sentia como se algo estivesse faltando.

Envergonho-me em contar essa parte, mas é realmente necessário.

Ao olhar para a minha barriga, e ver o buraco da lança ainda estava lá e que podia passar um lápis por dentro daquele buraco de sangue, carne e coisas nojentas que eu nem queria saber o que eram, mas sabia que eu não devia estar vendo-as... Eu dei um grito bem másculo. Másculo como um unicórnio rodeado de arco-íris. Com lacinhos e um Tutu. Meus aliados se levantaram de supetão, sem se importarem com flechas, lanças e facas enfiadas em seus corpos.

– O que Hades foi isso?! – Debby gritou seguindo de palavrões em inglês, português, grego e latim. Ainda peguei dois em espanhol.

– A gente... – Annabeth engasgou ao ver a lança que estava enterrada no meio do seu tórax – Morreu?

– Acho que sim. – Falou Percy tentando pegar na lança, mas Annabeth bateu na mão dele.

Eles continuaram falando, mas eu não prestei atenção. Harley ainda estava no chão, mas quando o ouvi roncar, deixei para lá. Afinal morrer era tão cansativo às vezes. Debby ainda tentava tirar a faca nas suas costas, mas não conseguia alcançar.

– Parada – Eu falei e pus a bota nas suas costas, puxando a faca de uma vez. Ela deu um gritinho. E me bateu. Por isso eu não faço caridade.

– Temos que ir andando. Ouvi uma garota gritando, logo alguns semibutos estarão aqui. – Annabeth falou. Como se semibutos fosse realmente uma palavra. Percy puxou a lança de Annabeth. Ela tirou a flecha dele. Acho que tirar as armas que ficaram nos corpos uns dos outros é o equivalente a casamento no mundo dos semideuses.

Nós votamos pra ver se levávamos Harley conosco ou apenas o deixássemos lá. Como deu empate, decidimos leva-lo, mas eu deixei bem claro sob quais condições. Então eu fui arrastando ele pelo pé. Percy pegou o que achou das nossas coisas e saímos.

Ninguém falou muito durante a caminhada, talvez porque morrer, ou quase morrer, nos deu uma sensação de que havia algo real nesses jogos. Todas aquelas coisas idiotas que aconteceram tiraram a atenção para um pequenino fato: Nós fizemos pegadinhas. E agora apenas um sobrevive.

Ouvimos passos. O som de gente correndo. Escondemo-nos atrás das árvores e deixei Harley jogado por lá. Não acho que iam se importar com ele, sabe, só um pressentimento. Talvez fosse por ter uma lâmina enfiada em sua cabeça e sangue. Mas fiquei alerta.

Clarisse e sua matilha passaram seguidas de Frank e Hazel.

– Eu já estou cansada de andar! – Uma das garotas falou.

– Eu também - Clarisse murmurou – Frank, poderia virar alguma coisa?

– Talvez, se eu tentar – Ele respondeu e virou-se para Hazel – Aquela forma de Elefante me deixa gordo, amor?

– Argh, vocês! Nós temos que chegar logo onde você disse que eles estão, Clarisse! – Ela falou num misto de preocupação, desespero e vontade de socar a cara da Clarisse. – Eu ainda não acredito que você fez isso!

– Eu não me arrependo de nada! – Clarisse respondeu e tivemos que imobilizar Percy e Debby para que eles não avançassem nela – E você disse que sabe que eles não estão mortos.

Nós quatro paramos de nos mover. Será que Hazel sabia como?

– E daí? Você não pensou nisso quando você e essa doida fizeram aquilo – Hazel falou abraçando a si mesma.

– Eu não sou doida! Só estava treinando mira... Clarisse disse que eu não enxergo bem. – A garota que acompanhava Clarisse falou irritada. De certo modo, infantil. Claro que eu a conhecia! Ela era a Charlotte, a filha de Hebe que usava óculos fundo de garrafa que tomavam metade do rosto. Agora ela não estava os usando.

– Quantos dedos têm aqui? – Clarisse falou.

– Três! – A garota respondeu.

– Espera eu levantar a mão, esquisita! – Clarisse falou e levantou um dedo. O do meio. – E agora?

– Uh, três?

– É isso, eu desisto.

Eles continuaram a andar enquanto Hazel continuava murmurando alguma coisa. Algo sobre medalhões e cheiro de morte. Será que ela podia sentir o cheiro da morte? Isso seria... Incrivelmente perturbador, mas também seria bem... Inútil na verdade, mas... Esquece.

Continuamos andando até chegar á outra das cabanas de madeiras que tinham espalhadas naquela área, e o vento frio já estava me dando uma sensação bem estranha, passando pelas minhas entranhas. Não recomendo. Mas fazia um assovio baixinho que era bem interessante. Quando chegamos à porta da cabana, sabíamos que não estávamos sozinhos. Mas também sabíamos uma coisa pelo cheiro de perfume romano falsificado. Octavian.

Percy bufou, Debby cuspiu no chão (fingi não notar que era sangue) e Annabeth veio com suas palavras de sabedorias dignas de Confúcio.

– O dia já tava uma merda mesmo. – E bateu na porta. Ouvimos uma voz esganiçada dar um gritinho deveras esquisito e decidimos abrir assim mesmo.

Octavian continuava a mesma coisa de sempre, um áugure magricela e muito recalcado. Mas agora estava meio como um áugure magricela e muito recalcado que tomou muito vinho de Baco e Tang do Dakota, porque ele pulou por cima de mim e se atracou com o cobertor da Debby, que estava amarrado em cima da mochila. E começou a esfaqueá-lo.

– Octavian, sua bicha loca! – Debby gritou, pulando em cima dele – Meu cobertor não é um ursinho!

Ela, num impulso, puxou a espada e enfiou na barriga de Octavian, que parou de encapetar e ficou totalmente parado, até cair desmaiado numa poça de sangue. Debby, que deveria ficar feliz, por causa de suas inclinações de sociopata, na verdade caiu sentada pareceu que ia ter um treco.

– Ah, eu... Eu não... Ah, deuses.

O mundo está acabando. Debby se sentiu culpada. Pelo Octavian. Mas quando ela estava para se deitar em posição fetal e chorar, Octavian se mexeu. Ele estava vivo. Com todo cuidado, puxei a espada. Ou talvez nem tanto cuidado assim, porque ele teve umas duas ou três convulsões. Debby passou de “Ah, meus deuses, eu matei um cara” pra “Ah, meus deuses, eu vou matar esse cara de novo”.

– O que aconteceu? – Octavian falou notando o sangue na sua blusa e o sangue na espada que eu por acaso estava segurando – Qual o seu problema?!

– Eu muitos – respondi – Mas quem te matou não fui eu.

– Então quem foi? – Octavian falou brandindo um canivete.

– Isso não importa – Annabeth falou – O que importa é: Porque você não continuou morto?

– Alguém está fazendo as perguntas certas. – Debby falou levantando e olhando para Octavian com um desprezo quase renovado. A culpa não é minha se eu não entendo esquizofrenia. – Agora que tem as respostas certas?

– Hazel... – Percy falou com um quase sorriso. Ele estava dizendo algo certo. O fim está mais próximo que pensávamos, meus caros.

– Temos que acha-la. – Debby falou abrindo a porta e espreitando do lado de fora. Ela ergueu a mão pra mim e eu entreguei a espada. Decidi segui-la. – Leo, tem algum binóculo?

– Acho que sim – Mexi nos meus bolsos e veio um binóculo bem simples, nada de longo alcance – Serve?

– Vai ter que servir. - Ela começou a procurar nos arredores. – Achei, eles estão quase chegando à clareira onde a gente morreu... Que coisa mais sem noção. Enfim, eles não estão mais com o grupo da Clarisse, mas não devem estar tão longe. E aquele seria o... Dakota? Okay, o Dakota tão com eles.

– Acho que seria melhor chegar mais perto. – Falei fechando a porta da cabana.

– Então vamos. – Debby falou me entregando o binóculo e embainhando a espada.

O lugar onde estávamos ficava numa espécie de colina, o que era perfeito, pois nos dava uma visão de tudo ao redor, mas a quantidade considerável de coníferas nos dava uma camuflagem razoável. O caminho por aonde viemos era mais longo, porém mais aplanado. Decidimos ir com cuidado, descendo pela encosta mais íngreme, que levaria menos de dois minutos para chegar à base da clareira.

– Cadê meu Tang?! – Podíamos ouvir Dakota, muito maduro, reclamar com Hazel e Frank. – Eu estou com sede!

– Já dissemos que eles não nos deixam trazer comida, Dakota. Se acharmos uvas, você come – Frank falava já massageando as têmporas. Hazel continuava a procurar por pistas.

– Eu tenho que chegar mais perto – Debby falou.

– Eu te dou cobertura – Falei sem me lembrar de uma coisa muito simples. Do apelido da Debby, que deram nas férias passadas. GC - Garota Catástrofe.

Aconteceu que quando os três chegaram à clareira, Debby tropeçou, saiu deslizando pela encosta, até enganchar o pé numa raiz esquisita, cair de cara na neve, deixando o tornozelo numa posição nada natural e dando um grito que atraiu até a atenção do tártaro. Que beleza.

Frank e sua gangue correram com armas em punho até onde Debby estava sentada na neve tentando desesperadamente desenganchar o pé. Pra piorar, Clarisse com certeza havia escutado também, porque pude ouvir seus gritos de “Vou por ali!”.

– Só podia ser você... – Hazel falou tentando ajudar Debby. Clarisse apareceu pelo lado esquerdo e sorriu ao ver aquela pândega. Ela soltou a lança e caminhou até Debby, ela viu o medalhão de Poseidon no pescoço da garota e sorriu. – Clarisse não.

– Por que não? – Clarisse respondeu fazendo menção a pegar o colar. Um urso pardo (Frank) se pôs entre Hazel e Clarisse, fazendo a filha de Ares recuar. – Chega então. Vocês vêm conosco, precisamos de mais gente depois do seu truquezinho, Hazel. Essa energúmena não vai durar muito tempo mesmo.

– Então vamos, mas deixe-me ajudar ela a... – Hazel quis continuar. Debby parecia em estado de choque, não reagiu nenhuma vez.

– Não, deixe que o garoto fósforo ajude. – Clarisse falou e apontou na minha direção, fazendo com que eu usasse muita força de vontade para não precisar de outra calça.

Hazel, Frank Urso e Dakota saíram com Clarisse e deixaram uma filha de Poseidon traumatizada para trás. Com mais cuidado que nossa colega, eu fui montanha abaixo.

– Você está bem? – Falei conseguindo tirar o pé dela da raiz retorcida.

– Eu... Eu... O que o colar tem a ver?


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Notas finais do capítulo

Ninguém morreu! Ainda. Muita coisa aguarda esses semideuses.
Enfim, para quem quer saber quando eu vou postar outras histórias e fics, pode me seguir no meu recém criado (mais ou menos) twitter: @DebbieAbadeer (https://twitter.com/DebbieAbadeer)
Enfim, Bye e até os próximos capítulos.