De Primavera À Inverno escrita por DaniMines


Capítulo 6
Capítulo 6 - Primeira vista


Notas iniciais do capítulo

oi gente desculpe a demora! É que tive que fazer um trabalho da escola, sem falar que eu tive prova essa semana , então minha criatividade resolveu passear um pouco pra varear.



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Um homem com vestes simples e já desgastadas pelo uso, seguia pela trilha rumo às florestas da montanha, perto do vilarejo. Andava depressa e temeroso, sempre atento para ver se não estava sendo seguido. Já fazia tempo que era espião de Memna no vilarejo. Sempre simpático e sorridente, homem de confiança de todos. Inclusive de sua Nanao-chan. Era o disfarce perfeito. Quem desconfiaria de um homem tão simples que se relaciona bem com todo mundo tão facilmente? Nenhuma inimizade ou boato. Absolutamente nada à prova de qualquer suspeita.

Depois de quase 2 horas de subida, finalmente chegou até o seu destino. A floresta era densa naquela altura, mas havia uma trilha lisonjeiramente marcada por entre as árvores. Para vê-la era necessário olhos muito atentos, uma pitada de coragem ou burrice e muito fôlego para caminhada íngreme.

 Uma mansão discreta e escondida, nas entranhas da mata. Ela seguia por dentro da montanha até o centro, onde dali nascia um rio de águas cristalinas, que cortava Rukongai. A fachada era coberta por trepadeiras grandes e sinuosas árvores a rodeavam dando até mesmo um ar assombrado, principalmente à noite.

Bateu na porta 3 vezes ritmadas e mais nove desordenadas. Não demorou muito e um homem alto e forte, de barba por fazer, dentes amarelos e alguns faltando e cheirando a peixe podre e saquê, abriu a porta. O lugar estava infestado com mulheres acorrentadas praticamente nuas. Realmente um lugar desagradável. Se não fosse para manter os reféns vivos...

Caminhava pelo caminho já conhecido com um daqueles homens até Memna. Não o vira muitas vezes, mas infelizmente, podia dizer que o conhecia.. Passaram pelo longo corredor até chegar ao grande salão, com máquinas, pessoas trancafiadas em jaulas enfileiradas e uma mesa de madeira, com alguns papéis em cima. No final dela estava ele, sentado na cadeira com dois de seus homens atrás. Memna dava-lhe seu sorriso sombrio, enquanto esperava informações.

—_ E então, Naoki-san, é realmente ela? - seus olhos brilhavam só com a possibilidade de vingança contra seu querido Onizaki. “Como uma simples shinigami foi capaz de mata - lo?”questionava-se dia após dia, não acreditando que uma mulher conseguira tal coisa.

—_ Ha-hai – sua voz tremia – ela esconde a reiatsu muito bem, até quando está treinando.

—_ Treinando?! - o sangue subia a cabeça do ex-shinigami – você quer me dizer que ela treina por aí e você só descobriu agora? - bateu na mesa, partindo-a. Não podia acreditar em tamanha incompetência. Virou-se para os homens atrás de si e disse:

—_ Matem dois e não tenham piedade seus patífes! - completou

Naoki fechou os olhos,não queria ver. Os gritos das pessoas, seus amigos , sua família que aos poucos foram sendo capturados e pessoas inocentes. Velhos, crianças, homens, mulheres, todos.

Os dois homens desembainharam suas espadas e cortaram com apenas um golpe o pescoço deles. As cabeças rolaram pelo chão e os corpos caíram, frios, sem vida. O sangue jorrava e infestava o lugar fétido assim como seus donos.

—_ Nome?

—_ Hã? - olhou para Memna ainda absorto com a cena, não fora capaz de ficar com os olhos fechados o tempo todo.

—_ O nome dela, infeliz! Da shinigami! - gritou enraivecido pela lerdeza do homem.

—_ Nanao … Ise Nanao.

Preparem os homens, nós vamos atacar o vilarejo - Memna olhou para o ser à sua frente. Já não lhe servia para nada, por quê não matá-lo? - Matem-no rápido, temos uma shinigami pra pegar – disse como se a vida daquele aldeão não fosse importante, não fosse nada.

—_ Não...- depois de tudo o que fizera, das pessoas que enganara para manter os reféns vivos, depois de tudo, ele não cumprira sua palavra – Não! Não! Por favor! Onegai! Não!

Gritava incessantemente, implorando para pouparem-lhe a vida.Em vão, pois não escapou da espada já antes ensanguentada pelo sangue de outro, de um dos guardas de Memna.



Duas horas depois...

 

—_Shi-chan.... Kaoru-kun... Nanao-chan – caminhava o senhor, com a mão no ferimento atrás do ombro. Era profundo e já fazia algum tempo que sangrava. Estava na vila, fazendo o seu trabalho como sempre. Consertando móveis, fazendo alguns, consertando sapatos, enfim tudo um pouco. Quando de repente eles chegaram, saqueando tudo e ferindo todos sem piedade.

—_ Honey – kun! Senhor! Mas o que aconteceu? - a mulher que bordava na varanda tranquilamente, observando o céu azul e apreciando o ar das florestas locais, levantou-se bruscamente e foi de encontro ao companheiro, o amparando em sua queda.

— Oji-chan - de dentro da casa, Nanao e Kaoru puderam ver a agitação dos senhores, então decidiram ir ver o que estava acontecendo.

—_ O que aconteceu, Honey-dono? - perguntou a morena enquanto ajudava a levá-lo para dentro.

—_ Não... há tempo,...descobriram que você... é um shinigami... filha,... pegue Kaoru... e fuja. - respirava com todas as forças, porém o coração já falhava.

— Fujam... - foi a última coisa que disse o tão querido senhor, antes de morrer.

—_ Oji-chan! Kaoru e chorava sobre o corpo gelado do avô adotivo. Baa-chan continha as lágrimas com firmeza e determinação, pois sabia que não era hora para choro.

Com sentidos aguçados, Nanao sabia que estavam vindo. E vinham rápido. Não poderia lutar tranquilamente com seu filho perto. Se perdesse eles o matariam assim como shi-chan, que tanto a ajudou.

—_ Baa-chan, vá com Kaoru até a Seretei buscar ajuda, eles logo estarão aqui. - disse desembainhando sua zanpakutou.

—_ Está bem, vamos Kaoru-kun!

—_ Não! Eu quero ficar com oka-san! - lutava com todas as suas forças para ficar ali. Não queria ir, não podia...

—_ Vamos, rápi- não pode terminar a frase. Uma flecha atravessou o peito da bondosa senhora, fazendo-a cair no chão frio já sem vida. Assustado, o menino não sentiu que foi pego pela mãe. Se não fosse por ela teria ficado lá, petrificado de terror enquanto a senhora que conhecia a vida toda estava caída no chão. Morta. 

A shinigami corria com todas as forças desafiando a densa floresta até achar que tinha uma dianteira. Depois de tantos anos...perguntava-se por que naquele momento. Mesmo com o treinamento clandestino, sua reiatsu não aumentara. Diminuíra um pouco na realidade. Não estava mais rápida nem mais resistente. Infelizmente podia sentir que a luta se aproximava. Devia tomar uma decisão com pressa. A mais difícil de todas.

 Parou atrás de uma pedra e colocou seu filho no chão. Tentava manter a calma e não deixar as emoções fluírem naquela situação tão delicada. Mas era impossível, teria que abandonar seu filho à própria sorte, torcendo para ele ficar vivo e um dia, perdoá-la pelo que ia fazer.Abaixou-se, para ficar na mesma altura que ele, segurando seus dois ombros firmemente, disse:

—_ Kaoru, preciso que vá até a Soul Society e traga ajuda. Tome isso.

—_ Seu emblema de tenente…? -- sua voz era calma e temerosa. Com aquele objeto... conseguiria?

— Procure um tenente e diga que estou viva. Diga a um tenente ou a um capitão.

—_ Capitão? - Kaoru nunca vira um de perto. Sua carinha de confusão era realmente fofa. Aqueles olhos como os dela estavam cheios de inocência e amor. E ela teria que deixá-lo sozinho para Rukongai, tão cheia de lutas, pobreza e fome para aqueles que como ele possuem reiatsu.

—_ Sim, eles usam um haori branco com o número de seu esquadrão nas costas e todo tenente tem um emblema desse.

A parte mais complicada não era explicar a ele o que fazer e sim ter que segurar as lágrimas já que o assustaria ainda mais. Torcia para que, quem sabe, por um milagre ou ironia do destino,o menino encontrasse kyouraku  taichou. Se ainda a amasse ou acreditasse nele, ele poderia cuidar dele. Kaoru teria uma vida boa, mesmo que essa fosse a última vez que o visse, poderia conviver com isso pelo pouco de tempo que possivelmente lhe restava. Era uma esperança, uma pequena faísca que lhe custou uma lagrima.

—_ Mas okaa-san...

Aqueles olhinhos inocentes e sinceros, a imploravam para que não o deixasse, partindo o coração de mãe da tenente. Ela não pode mais manter o semblante sério. Chorando, o puxou para um abraço de despedida caloroso e cheio de carinho, que fora retribuído sem pestanejar.

—_ Eu te amo filho. Me perdoe…

O abraço era firme e apertado. Quase soluçava. Deseja com tanta força que ele ficasse bem e que tivesse uma vida longa que chegava a doer. Queria ainda mais participar dela. Só que a reiatsu que a perseguia aumentava a  cada segundo, se aproximando torturantemente.

—_ Okaa-san, não! - ele chorava pelos ávos e por sua mãe - enterrando ainda mais nos braços de sua progenitora. Já estava perto o suficiente para ele também sentir a reiatsu assustadora que se aproximava.

—_ Vá, eles estão vindo!

Mesmo receoso, obedecera sua mãe sem ao menos olhar para trás enquanto corria, apertando o emblema de tenente em uma das mãos. Nanao só pode vê-lo desaparecer na floresta e lamentar eternamente por Memna. Ele iria pagar muito caro por isso, pela morte de Honey e Shinaki e todos os aldeões que a essa hora já estavam mortos. Ou não era Ise Nanao.

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Kaoru corria desesperadamente em direção a cidade mais próxima. Era 6 horas, o sol se punha no horizonte imponente a tudo. Sua única forma de ajudar era iluminar o caminho do pobre garoto que perdera tudo em menos de 10 minutos. As árvores passavam despercebidas pelos olhos castanhos, logo chegara a “região dos espinhos” como ele mesmo apelidara. Os enfrentou bravamente e com imensa coragem, mas manter o ritmo, o estava deixando exausto. As árvores cresciam quase se entrelaçando com muitos galhos pequenos e pontiagudos mas não duros como espinhos reais. Alguns apenas o arranhavam de leve outros deixaram alguns arranhões vermelhos em seus braços e pernas. Fazia o que podia para proteger os olhos. A melhor forma de passar por aquela região era com calma. Isso era o que ele menos tinha agora.

Então ele caiu segurando o emblema firmemente em sua pequena mão. As lágrimas escorriam naturalmente. Fazia frio. Uma leve garoa característica do clima louco da floresta descia. Deixou-se cair ali mesmo no sono. Já não tinha mais forças.

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Mais uma hora havia se passado e o pequeno, finalmente chegara ao distrito, esgotado. Parou por um breve momento em busca de ar. Respirava ofegante enquanto tinha as mãos nos joelhos ralados pelos galhos espinhentos.

“Shinigami!”

Retomou o fôlego Não sabia ao certo a quanto tempo estava correndo. Os anos na floresta o fizeram um garoto forte e com bastante resistência. Apesar de que estava faminto, tinha fome antes de começar a correr. Tinha sonhado com um belo bolo de frutas que sua avó costumava fazer. Ela o havia prometido que faria um pra ele quando chegasse. Seu avô também o amava. Tinha belas lembranças deles comendo esse bolo em volta da mesa. Rindo de alguma história antiga dos mais velhos. 

Estava correndo a dias. Sempre constante, era como uma criatura errante e sua pelas ruas procurando figuras com reiatsu forte e haori preto com o mesmo símbolo de sua mãe no braço. Ou um haori branco. Descobriu que comida era algo muito difícil de conseguir por ali. Tinha tanta gente e tudo era tão escasso. Entretanto aprendera que alguns lugares emanavam um cheiro agradável de comida perto do horário de almoço. Alguns entravam e comiam. Só que todas as vezes que tentava se aproximar o expulsavam. Às vezes só o mandavam embora, outras vezes o batiam.

Não sabia quanto tempo tinha passado. Duas semanas? Talvez três. Podia contar nos dedos quantas vezes comera.

Todos estranharam o menino, mas ele não se importou, passou um bom tempo correndo. Até que ele avistou a porta de um bar. Era movimentado. Olhou em volta e viu dois shinigamis. Um deles tinha o cabelo branco e vestia um haori também branco. O outro era moreno, com o cabelo cacheado castanho e barba por fazer, com um chapéu de palha e um haori rosa por cima. “Que cara estranho” pensou.

Não fazia a mínima ideia de onde estava. O cheiro era muito forte. Não havia crianças. Só adultos falando alto, bebendo alguma coisa e rindo. Às vezes vomitando, o que o espantou. A comida devia ser bem ruim. Tinha uma música ao fundo tocada por uma mulher com um kimono com muito pano e uma pele muito branca. 

“O haori branco.”

Mais uma vez ele estava correndo, só que agora até aqueles dois.

— Onde pensa que vai moleque?

Um homem grande, muito grande o agarrou pelo colarinho com muita facilidade. Ele fedia muito a algo que não sabia o que era. Não que ele próprio não estivesse fedendo. Uma boa dose de corrida, arranhões, terra e folhas era o que mais o compunha agora além de suor, ora quente ora frio, já que às vezes o pensamento de sua mãe perecendo o atormentava em sua busca.

—Eu falei com você, moleque!

O homem então o jogou com força na direção contrária ao do bar. Ninguém se importava com o que estava acontecendo. Quase como se fosse algo normal e corriqueiro. Era compreensível agora porque não havia crianças ali. Nenhuma iria querer aparecer por ali se iam acabar sendo arremessadas contra a parede mais próxima com força. 

O estômago roncava. Tinha sede, estava exausto e agora com muita dor nas costas. Por sorte não soltara o emblema de sua mãe.

— Não sabe falar, pivete? Dê o fora!

Eles não estavam muito longe. Aqueles dois conversavam alguma coisa e bebiam algo em um copo de porcelana branco. Eles não podiam vê-lo mas ele os via. Será que nem mesmo essa situação chamava a atenção deles?

— O que é isso na sua mão? 

Ele gelou.

A única coisa que possuía era o emblema da sua mãe. Agora sua única lembrança dela. O homem se aproximava pra tentar tomá-lo. Pavor era tanto que só o agarrou junto ao peito e balançava a cabeça em desespero negativamente. Isso não. Qualquer coisa menos isso.

— O que foi que você roubou? Devolva!

Kaoru já estava em posição fetal praticamente de tão encolhido e envolto em si. O homem não teve piedade. Naquele canto pobre que fedia a urina de rato e vômito, o homem começou a chutá-lo. Uma, duas , três … começou a perder a conta. Não parecia que ele usava toda a sua força já que ficava mais forte com o tempo, conforme ele perdia a paciência. O menino nada fazia, nada falava. Apenas segurava as lágrimas, a dor e principalmente o emblema de sua mãe junto ao peito. 

Ele sentia gosto de sangue. Ficou ainda mais zonzo quando o cara atingiu seu rosto. Cada parte do seu corpo doía mas não se permitiria perder a consciência jamais. Mais uma vez o mais velho o levantou, agora emaranhando a mão nos cabelos do menino numa rapidez surpreendente. Havia sido arremessado em beco próximo agora. Tinha um rato morto e com moscas sendo comido por vermes do seu lado. A visão quase o fez vomitar. 

Ele começou a se fechar novamente e aguardou o próximo chute.

Só que ele nunca veio.

—Não acha que está sendo duro demais com uma criança?

O homem do chapéu de palha agora estava entre eles. Ele era muito alto e usava um haori floral rosa. Kaoru encarava suas longas costas. Sua voz que parecia descontraída parecia carregar uma certa raiva contida.

Não ouviu mais o homem depois que ele correu.

A última coisa que viu foi um longo cabelo branco de um homem de mais ou menos a mesma idade do de haori floral. Ele estendeu a mão e tocou sua testa. Ele disse algo, parecia ser algo gentil.

 Kaoru já não ouvia mais nada.

 


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Notas finais do capítulo

E ai? alguém imaginou que isso ia acontecer?Os avós adotivos de Kaoru-kun morrerem e o encontro dos dois? Se bem que não foi um encontro, encontro não?
bom espero que tenho gostado
Até a próxima gente!



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