É isso aí. Estou no meio de uma aula e te amo sua doninha estúpida. Não que eu queira gostar de você. Não. Isso nunca. Na verdade, te odeio. Sim, odeio exatamente por amar-te. Talvez se você não fosse tão... Não sei o que é, é um conjunto de coisas que adoravelmente me irritam. Mas sim. Se você não fosse tão você, eu não seria eu, portanto não gostaria de você. Como assim eu não seria eu? É simples. Uma parte de mim é você. Odiando-te ou amando-te, porque ainda não decidi. Você muda minha cabeça, e estranhamente ainda não decidi se isso é bom ou não. E te odeio por isso. E também por ficar dando sorrisinhos de canto, ridiculamente sexys, para qualquer garota que passe. Ou o fato de que você é tão inteligente quanto eu. Oh! Não me deixe esquecer que te odeio por sonhar com você todas as noites. E te odeio ainda mais por saber que somos diferentes dos nossos “eu” dos meus sonhos. Neles, você não é um Malfoy, e não sou uma Weasley. Somos apenas duas pessoas que se gostam. Ou não, como já disse. Não me decidi.

Sabe Scorpius, não entendo porque me odeia. Além do sobrenome, claro. Já disse o quanto te odeio por ser um Malfoy e eu uma Weasley? Imagine o que aconteceria se ficássemos juntos! Mas não vamos. É triste admitir, mas você nem ao menos gosta de mim. Isso é triste, sabe? Eun ão tenho a chance, a oportunidade, o poder da escolha de me convencer que te amo, e não te odeio. E isso me machuca por dentro. Mais um motivo para te odiar.

Nem sei o porquê de estar escrevendo essa carta ridícula. Você nunca vai ler. Estou apenas perdendo o meu tempo – E minha aula de História da Magia – Escrevendo algo que nunca chegará a suas mãos. Por mais que você esteja apenas do outro lado da sala. Irritantemente feliz, rindo com o Alvo. Outro fato que me irrita. Você é amigo do meu primo. Isso é um absurdo! Enfim... Não sei o que fazer com essa carta. Acho que vou jogar fora, ou guardar no fundo do caderno, ou de algum livro... Talvez sejamos como Romeu e Julieta. Fadados a um romance impossível

Agora, querida loira do Tchan, chego ao fim dessa carta inútil.

Rose Weasley.

Scorpius Malfoy releu mais uma vez a carta que a ruiva deixou cair sem reparar. Ele andava calmamente até o Salão Principal. Não se irritara nem um pouco com seus adoráveis apelidos. Loira do Tchan era o mais improvável de todos. Era tão Rose Weasley fazer tal coisa. Então ele pensou nos diversos apelidos que a chamava. Riu sozinho. O Alvo sempre disse que era amor reprimido. Pela primeira vez, ele estava certo de alguma coisa.

Ao chegar ao Salão Principal vasculhou-o rapidamente com os olhos. A achou. Ela o encarava. Sorriu enquanto encarava de volta. Ela desviou o olhar e ficou vermelha. Outra coisa que o fazia amá-la tanto, o tom de vermelho escarlate que suas bochechas atingiam.

Esperou o Salão esvaziar enquanto ela estava procurando alguma coisa, provavelmente a carta, em sua bolsa. Se dirigiu a ela:

–Procurando isso? – Ergueu a carta. Ela ficou ainda mais vermelha.

– Por favor me diga que não leu! – Quase implorou. O menino continuou como se ela não tivesse falando uma única palavra

– Realmente... Talvez eu seja um doninha estúpida ou até mesmo uma loira do Tchan. Mas eu quero mesmo é ser sua doninha, e até a sua loira do Tchan. Contanto que eu seja seu. Algum problema? – Rose Weasley engoliu em seco.

– Não – Falou baixo.

– Então querida Julieta, não me mataria se eu te beijasse agora, certo?

Ele não esperou uma resposta.