“A mais bonita lágrima é da saudade, pois ela nasce de risos que já se foram e de sonhos que não se acabam.”

O dia já estava amanhecendo quando abrira os olhos. Colocou as mãos no pescoço, sentindo uma pequena dor no local. Viu a paisagem a sua frente: um pequeno bosque sendo iluminado aos poucos pelos primeiros raios de Sol.

O trem parou pouco tempo depois, fazendo todos que estavam ali dentro começarem a se levantar. Lucy pegou sua pequena mala e seguiu caminhando devagar até a saída porque estava com medo de tropeçar em algo por ainda estar sonolenta. Sentiu um incômodo nos olhos por causa da luz. Piscou algumas vezes até se acostumar, reparando na cidade. Parecia ser pequena, mas era muito bonita. Tinha uma certa decoração rústica e havia árvores em todo lugar. Olhou para trás como se estivesse esperando algo. E talvez ela realmente estivesse esperando ver alguém. Ela queria que ele tivesse vindo atrás dela, pelo menos para ver se tudo estava bem. É claro, ela não queria que ele ficasse preocupado com ela, mas queria que ele se importasse o bastante para a seguir e insistir que ela aceitasse ele ao seu lado.

Ela estava se sentindo sozinha, vazia. O engraçado é que das outras vezes que ela fazia uma missão só, ela se sentia tranquila e a solidão a fazia bem. Mas desta vez era diferente. O que ela mais queria agora era estar ao lado do loiro.

– Tem certeza de que está tudo bem invadir a casa dela assim? - perguntou Rogue, arqueando as sombra celhas.

– Não é como se nunca tivéssemos feito isso! - justificou Sting.

– Mais são sete horas da manhã, criatura. - disse o moreno impaciente. - E porque eu tinha que vim mesmo? - perguntou. O loiro revirou os olhos.

– Porque... Porque sim, oras. - comentou corando.

– Acho que alguém está com vergonha.

– Não sei do que você esta falando. E vamos entrar logo. - puxou o dragon slayer das sombras pela capa.

– Cuidado com a minha capa! É uma raridade. - exclamou enquanto o loiro o arrastava até a casa da maga estelar.

Pularam a janela, entrando no quarto da loira. Rogue começou a analisar sua capa, tentando procurar algum rasgão. Sting a chamou pelo seu nome, não obtendo resposta. Começou a se perguntar aonde a maga estava. Seu cheiro estava por todo o local, mas ela não se encontrava em nenhum lugar daquele pequeno espaço.

Então finalmente, seus olhos foram parar na escrivania onde achara um pedaço de papel posto sobre a mesa. Era um bilhete e a letra parecia ser dela.

"Quem estiver lendo isso, com certeza foi uma das pessoas que tem o péssimo costume de invadir a minha casa. Mas deixando isso de lado, fui numa missão e por isso não estarei em casa por uns dias. Não se preocupe seja lá quem for, afinal não é como se eu não estivesse acostumada a fazer uma missão sozinha. Até breve e independente de quem seja, não mexa em nada."

Bufou, dando passos pesados procurando pelo seu amigo, que nesse momento já tinha desaparecido para a cozinha. Revirou os olhos, chamando seu companheiro.

– Rogue! - chamo-o da porta da cozinha. O moreno estava agachado no chão, de costas para ele e parecia estar comendo algo. - ROGUE! - gritou. O dragon slayer se assustou, dando um pequeno salto para trás o fazendo desequilibrar um pouco.

– Sting, pelo amor do padre, me diz, qual é o seu problema? - perguntou, olhando para o loiro furioso.

– Eu é que pergunto! Como você consegue comer tanto? - o moreno deu de ombros. - Parece um saco sem fundo, credo. - riu, fazendo Rogue bufar.

– Me deixe. - deu uma garfada no bolo de chocolate que ele havia conseguido salvado, antes que pudesse cair no chão. O bolo estava delicioso. - "Realmente... Lucy é uma boa cozinheira." - pensou. - Prossiga. - disse olhando para o companheiro. O loiro pareceu não intender o que ele estava querendo dizer, então o moreno o olhou com uma cara irritada até seus olhos irem de encontro ao bilhete que o dragon slayer da luz segurava. Sting soltou um "aah" enquanto bagunçava levemente os cabelos.

– Ela não está aqui. - começou mas foi cortado pelo moreno.

– Sabe, acho que isso já deu para perceber. Acho que até as paredes já perceberam isso. - o loiro bufou, ignorando o moreno.

– Continuando, ela foi numa missão sozinha e disse que deve voltar daqui a alguns dias. - Rogue o olhou surpreso.

– Sozinha? Ela foi numa missão sozinha? - perguntou ficando preocupado. Por mais que não pudesse parecer, o moreno gostava da maga estelar. Ela era gentil e bondosa. E por mais que tentasse parecer indiferente, com ela isso não funcionava. Ele não conseguia ficar sem sorrir perto dela. Ele não conseguia fingir ser o "senhor sem expressões" como todo mundo pensava.

Sting concordou com a cabeça esperando seu companheiro de equipe perguntar, ou dizer algo.

– E o que você vai fazer? - sorriu de lado, já esperando a resposta de seu amigo.

– O que você acha? Vou atrás dela, é claro. - sorriu o loiro, enquanto o moreno também dava um pequeno sorriso mas logo depois sendo desfeito pelo enorme pedaço de bolo que havia socado na boca.– Algum dia ainda, você vai explodir. - riu.

Olhou para o papel e então para o castelo a sua frente. O endereço era o mesmo. Agora só faltava coragem para tocar a campainha. Depois de entrar, ela teria que resolver todos os problemas e ter força suficiente para vencer o inimigo. Não que ela não acreditasse em si mesma, mas toda vez que ela lutava sozinha ela sentia um pouco de medo no inicio. Mas então, ela se lembrava de todos os seus espíritos estelares. Eles faziam tudo por ela, e a ajudava sempre que ela precisava. E por eles, ela nunca desistia.

– Sim? - perguntou uma senhora. Ela usava um uniforme de empregada e estava na frente da loira, do outro lado do portão. Lucy até agora nem havia notado sua presença.

– Sou Lucy Heartfilia, uma maga da fairy tail e estou aqui para... - foi cortada.

– Encontrar a noiva do príncipe, que fora raptada. - sorriu meio triste.

– Isso... - a loira disse sorrindo fraco. Ela podia entender um pouco a dor da senhora. Ela deveria estar preocupada com a moça que estava desaparecida, assim como os outros do castelo.

Os portões foram abertos e a maga estelar adentrou o local, sendo acompanhada pela senhora. O castelo era enorme. Parecia que tinha saído de um dos contos de fadas que ela lia quando era pequena.

A sala de estar era maior que seu apartamento, na verdade Lucy tinha certeza que era maior até que sua guilda.

– Então senhora... - a maga estelar começou, tentando quebrar o silencio que se formou naquele lugar.

– Eliza. - completou.

– Faz muito tempo desde do desaparecimento da noiva do príncipe? - perguntou.

– Algumas semanas. Mas, estamos começando a ficar desesperados. Ninguém pareceu ter visto nada e o raptador não deixou nenhuma pista e não entrou em contato até agora. - disse olhando para a frente. Lucy a encarou e a senhora a seu lado, parecia que iria chorar a qualquer momento.

– Sinto muito.

– Não é culpa sua minha filha. - disse enxugando uma das lágrimas que desciam de seus olhos.

– A senhora parece gostar muito dela.

– Sim. Todos nós aqui gostamos de Lúcia. Ela era uma menina muito querida. Tratava a todos da mesma maneira e não se importava de estar num lugar mais simples. Acho que por isso vossa alteza gostou tanto dela. - olhou para Lucy, sorrindo. - você até parece ela. - a loira corou fazendo a senhora rir. - vamos, estamos quase chegando.

Pararam em frente a um escritório mais afastado da sala. Eliza bateu duas vezes na porta, esperando a autorização de entrar. Uma voz ecou pelo local, a mandando entrar. A senhora abriu a porta, fazendo um sinal para a maga estelar entrar.

– Você é a maga da Fairy Tail que veio me ajudar a procurar minha noiva não é? - perguntou o príncipe de costas. Lucy concordou vendo o rapaz se virar. Ele era bonito, um pouco mais alto que a maga estelar. Possuía olhos castanhos escuros e cabelos ruivos. O garoto pareceu ficar surpreso quando olhou para ela por um momento, mas logo seu rosto se contorceu para um pequeno sorriso. Se aproximou enquanto estendia uma de suas mãos para a loira. - Sou Castiel e é um prazer conhecê-la. - ela então pousou suas mão na do rapaz e o mesmo levou seus lábios até a mão dela, dando um curto beijo. A garota corou. - "Realmente parecida." - ele pensou.

– Me chamo Lucy. - disse constrangida se afastando.

– Belo nome. - sorriu. - O nome da minha noiva é... - foi cortado.

– Lúcia. - a loira abriu um pequeno sorriso. O príncipe a olhou por uns instantes. A garota a sua frente o fazia se lembrar de sua amada, mas do que ele queria. Ele gostava muito de sua noiva, porém se lembrar dela era doloroso. Ela não estava mais ao seu lado. Ela havia sido levada e agora ele nem podia imaginar onde ele a possa encontrar. E principalmente, doí mais por ele saber que ela pode estar em perigo por culpa dele.

A loira o olhou, compreendendo a dor em seus olhos. Era difícil você pensar em alguém e não saber se esta pessoa estar bem.

– Tudo bem. - a maga estelar colocou uma de suas mãos no ombro do rapaz. - Eu estou aqui para ajudar e tenho certeza de que vamos conseguir acha-la! - sorriu, confortando o ruivo. Este retribui o sorriso, ganhando confiança e recuperando as esperanças que ele estava começando a perder.

Sting estava juntamente com Rogue indo direto a ferrovia. Só de pensar que há poucos minutos ele estaria dentro do trem, fazia ele ficar enjoado. Por mais que isso o fizesse querer recuar e voltar atrás, ele não podia. Ele estava indo encontrar aquilo que ele agora tinha de mais precioso.

– Nem pense em desistir agora! - disse Rogue.

– Eu nunca pretendi pensar isso. - o moreno sorriu entrando com o loiro dentro do trem assustador.

– E eu ainda não entendi o que estou fazendo aqui. - murmurou antes de começar a ficar enjoado.

A hora passou mais rápido do que ela tinha imaginado. A pouco tempo era de manhã e agora já era final da tarde. Talvez, a boa parte de seu dia tenha sido gasta vendo o castelo. Ela andou por todo o lugar, entrando em todos os lugares permitidos e ficando admirada com os quadros e as esculturas que faziam parte da decoração. Ela havia amado a biblioteca. Nela, possuía mais livros do que ela poderia contar. Ela teria ficado ali o dia inteiro, se não fosse Eliza a puxando, fazendo questão de que a convidada visse tudo.

Porém, nada a encantou mais do que o jardim. E que belo jardim. Ele era grande, parecia um bosque. Tinha várias árvores de vários tamanhos e altura, flores de diversos tipos e cores e uma grama macia e bem verdinha.

Sentou-se numa cadeira de balanços que ficava de frente a uma estufa. Começou a se movimentar, sentindo o vento sobre seu rosto ficar mais forte. Já estava começando a escurecer. Fazia exatos dois dias que ela estava sem se cortar e um dia que ela estava sem o ver. O que ele estava fazendo agora? Já teria ido a procura dela? Será que estava preocupado? Estaria pensando nela? Ela queria saber a resposta para todas essas perguntas. Mesmo longe, ele ainda estava presente em sua vida. Ele estava vivo em cada parte de sua mente. Suas lembranças e memórias ao lado do loiro estavam lá e ela não conseguia esquecer nem por um momento. Ele ocupava boa parte de seu coração. Ela não sabia quando aquele dragon slayer tinha se tornado tão importante para ela, mas ele era. E mesmo agora, o sorriso bobo apareceu em sua face. E sem ela perceber murmurou o nome dele enquanto corava.

– Abelha estúpida. - abriu um sorriso maior ainda.

– Pensando em alguém? - uma voz apareceu atras de si. Lucy tomou um susto e soltou um grito fino. O rapaz sentou ao seu lado, enquanto se balançava um pouco e ria. - Me desculpe. - pediu ainda rindo. A garota fez uma careta mais sorrindo logo em seguida.

– Sim, eu estava. - olhou para seus braços, cobertos pela sua camisa de manga comprida. - Sabe quando você não consegue tirar alguém de sua cabeça, de jeito nenhum?

– Eu sei exatamente como é. - riu fraco. - Mas sabe, a gente pode até reclamar, e pensar nessa pessoa pode até doer, mas cá entre nós... Adoramos pensar nela.

– Tem razão. Mas as vezes eu acho que não é certo. - disse sincera.

– Porque acha isto? - perguntou olhando para a garota ao seu lado.

– Eu não sei. Ando muito confusa ultimamente. Por mais que eu goste dele, que eu queira ficar com ele eu tenho medo. As vezes até não consigo admitir para mim mesma que tenho esse tipo de sentimento. Eu não quero me machucar, novamente. - desabafou, olhando para o céu.

– Olha, eu não sei o que você já sofreu. E não posso fingir que sei o que você sente. Mas, eu entendo o seu medo. - disse. - Todos nós sentimos medo mas sabe, uma vez uma velha rabugenta...

– EU OUVI ISSO! - uma voz gritou. Lucy conhecia muito bem aquela voz e sabia que só deveria pertencer a Eliza. Os dois riram e ficaram assustados ao mesmo tempo, se perguntando como ela tinha escutado.

– É melhor arriscarmos e nós arrependermos do que passarmos a vida toda se perguntando como tudo seria, ou poderia ser se tivéssemos feito diferente.

– Obrigada. - sorriu olhando para ele. - Era tudo o que eu precisava ouvir! - exclamou feliz dando pulos de alegria.

O rapaz ouviu seu nome ser chamado e se levantou, se despedindo da garota. Ela, ficou ali mais algum tempo pensando nas palavras que Castiel tinha tido. Por mais que ela tivesse medo de se machucar, ela tinha que arriscar. Ela tinha que confiar em si mesma e em Sting. Ele não é como os outros, e ela deveria saber disso. Ele a fez uma promessa. Uma promessa que ela tinha que acreditar que ele não quebraria.