Criminal escrita por Maiara T


Capítulo 5
Detetive Robins




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O detetive engoliu em seco. De repente, tudo pareceu congelar a sua volta, e um calafrio percorreu a sua espinha. Ele pôde ouvir o chefe de polícia dizendo “O que tem aí?” enquanto se aproximava, mas ainda assim o som parecia um eco distante. Sua mente começou a encher-se de pensamentos assombrosos e ele olhou para Allison, que permanecia em pé ao lado dele.

Pensou em mandá-la ir para casa, onde ficaria mais segura, mas descartou a alternativa com a mesma velocidade com que ela havia lhe ocorrido. E se tudo aquilo fosse uma armadilha? E se o assassino estivesse esperando que ela voltasse, enquanto todos estavam na praça, apenas para matá-la como uma forma de divertir-se sadicamente à custa do detetive, ou para mostrar que até mesmo ele deveria temê-lo? Por outro lado, também não poderia mantê-la junto a si o tempo todo. Se o criminoso não soubesse que Allison era sua filha, vê-la perto dele faria com que descobrisse.

Sentiu-se aflito, encurralado por essas duas possibilidades. Então teve o que lhe pareceu ser a escolha mais sensata a tomar e virou-se para Allison, falando:

– Allison, vá para o meio da multidão, mas fique por perto. Fique onde eu possa te ver.

Ela pareceu pensar sobre a decisão espontânea de seu pai.

– Vá, Allison. Temos muito trabalho e você não pode ficar no meio da cena do crime. Mas não vá para casa até eu acabar aqui, está bem?

Ela concordou e dirigiu-se ao aglomerado de pessoas, parando ao lado dos dois jovens que ele vira saírem das casas da frente mais cedo, um pouco depois que Allison fora para a escola.

August respirou fundo e voltou a atenção ao trabalho. Colocou o papel dentro de um saquinho de provas para que mais tarde os peritos pudessem tirar as impressões digitais – desconsiderando as dele e de Allison - e verem se chegavam a um culpado.

Os policiais circularam por toda a área em volta do corpo; não havia nada. O criminoso havia sido muito cauteloso. Por fim, decidiram recolher o corpo e o levar para a perícia para emitir o laudo de óbito.

Chegando lá, o detetive Robins sentou-se, completamente absorto em seus pensamentos, tentando descobrir se havia alguma peça a ser encaixada, algum pequeno deslize que pudesse ter passado despercebido anteriormente, mas nada fazia sentido. A única coisa que eles tinham naquela confusa investigação era um corpo morto e um assassino que parecia inalcançável.

O chefe da equipe de perícia apareceu e interrompeu o transe em que se mantinha. Ele trazia nas mãos uma pasta amarela: os resultados da análise do corpo e a ficha da vítima.

August abriu o arquivo com um olhar cansado. Por primeiro, havia uma folha contendo os resultados da análise das digitais no bilhete. O detetive suspirou, desanimado. As únicas marcas encontradas foram as de Allison e as suas próprias. Depois, pegou as folhas de baixo e seu desânimo ao lê-las foi ainda maior. No fundo ele sabia, por experiências anteriores, que alguém que tomava o cuidado de não deixar uma única pista sequer na cena de um crime, certamente havia sido ainda mais cuidadoso ao cometê-lo. E ele estava certo: os papéis não informavam nada além de como a vítima havia sido atacada e o tipo de morte que tivera.

Morte por esfaqueamento. Golpe no peito. Falência múltipla dos órgãos, começando pelo coração e pulmões, com hemorragia interna e externa.

Aquilo o fez sentir uma tontura. Puxou a ficha da vítima: Dave Benson, dezessete anos, natural de Breaken Valley. Estava no último ano do colégio e era quarterback do time de futebol. O garoto somava agora, com as mortes anteriores, um total de oito vítimas.

– Policial Smith. – chamou August. – Você tem os arquivos dos outros ataques guardados aqui?

– Sim. – respondeu o oficial.

– Traga-os para mim. – ordenou o detetive. – Quero estudá-los um por um. Pode haver alguma semelhança, alguma peça chave desse quebra- cabeça que ligue todos os casos e nos indique alguma pista.

O policial entrou na saleta onde os ficheiros com os laudos e resultados de perícias ficavam guardados. Seguiram-se sons de gavetas de metal sendo abertas, remexidas e finalmente fechadas, e os passos do policial ressoando pelo corredor enquanto voltava ao local onde o detetive esperava.

– Se importa se eu levá-los comigo para a delegacia? – perguntou August, enquanto o policial lhe entregava os documentos.

– Nem um pouco. – respondeu o oficial Smith. – Tudo que pudermos fazer para ajudar a resolver esse caso, nós faremos. É de longe a pior atrocidade já cometida em Breaken Valley.

O detetive deu um meio sorriso de agradecimento ao policial e dirigiu-se a porta de saída da sala onde se encontrava. Abriu-a e se encaminhou para fora acenando brevemente e depois a fechou atrás de si. Saiu em uma sala ainda menor, que era uma mistura de recepção e sala de espera, onde sua filha o aguardava desde que chegara ao laboratório de perícia.

Quando ele apareceu, Allison levantou-se e o olhou com uma expressão que demonstrava o máximo de ansiedade. Ela estava esperando uma resposta.

– Não conseguimos nada. – disse ele, frustrado.

– Nada?! No papel ou... nem mesmo no corpo?

– Nenhuma pista. – ele suspirou. – Só nos resta continuar nas investigações. Vou estudar as análises das outras mortes o mais profundamente que eu conseguir, e torcer para que haja qualquer pista oculta que ajude no andamento do caso.

Houve uma pausa, então Allison exibiu um sorriso confortador e falou, colocando um braço sobre os ombros do pai:

– Você vai conseguir, papai. Eu sei que sim.

Ele sorriu, instantaneamente reanimado pelo abraço e pela confiança da filha e não pôde deixar de perceber, ao olhar para ela, como Allison se parecia com a mãe que se fora.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem pela demora gente. Não tenho tido muito tempo pra escrever. O capítulo está meio pequeno, mas o próximo será maior. Beijos ;D



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