Criminal escrita por Maiara T


Capítulo 11
Detetive Robins




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No meio da longa e exaustiva madrugada, o detetive August levantou uma suspeita.

Ele se lembrava de já ter tido uma conversa com Allison sobre o assassino ser possivelmente alguém da escola local, mas havia deixado a idéia de lado e tentado direcionar as investigações para ver se conseguia limitar o número de suspeitos. Porém, naquela noite, aquilo voltara a ocupar seus pensamentos.

Allison tem razão, pensou. Todas as vítimas são alunos do Ensino Médio. O assassino tem de ser um dos secundaristas.

Lembrou-se também da tentativa frustrada de falar com as famílias das vítimas, de tentar conseguir alguma informação delas. Estava na hora de agir de forma diferente. Não iria mais até onde era possível conseguir alguma coisa. Iria além disso.

Pegou o telefone e discou o número de um de seus amigos da equipe de investigação da cidade em que morava anteriormente.

– Alô, é da residência de Paul Henderson? – A voz sonolenta de uma mulher confirmou a pergunta. - Desculpe pelo horário, mas preciso realmente da ajuda dele. Sou um dos amigos dele, da delegacia de polícia. Poderia chamá-lo, por favor?

A mulher concordou e August esperou alguns instantes no telefone, até que a voz de Paul o chamou:

– August, é você?

– Como soube? Eu nem me identifiquei! – o detetive falou, surpreso.

– Você é o único que ligaria a essa hora da madrugada. Mas não se preocupe, eu não estava dormindo. E então, o que houve?

– Paul, o caso aqui em Breaken Valley anda de mal a pior. Não tivemos nenhum avanço desde que cheguei. Tentamos extrair algo das famílias dos jovens mortos, mas eles não querem dar declarações à polícia.

– Isso é normal. – disse Paul. – A perda é muito forte, e eles sentem como se mais um pedaço deles estivesse sendo retirado quando a polícia tenta interrogá-los. – Ele fez uma pausa. – Andei lendo alguns livros sobre psicologia.

– Pois bem, Paul, se as famílias não querem falar conosco, vamos falar com os amigos mais próximos das vítimas. Sei que eles devem estar abalados também, mas são adolescentes, eles vão falar. O problema é descobrirmos quais são os amigos mais próximos de cada uma das vítimas. E é aí que você entra. Você tem anos de experiência no FBI e é ótimo com computadores. Poderia nos ajudar, hackeando os blogs, perfis de redes sociais e outras tantas coisas que aqueles jovens usavam na Internet? Provavelmente lá eles publicavam sobre seus melhores amigos.

– É claro, August, mas você já pensou na possibilidade de que seria muito mais fácil se você vasculhasse esses perfis por meio do perfil da sua filha?

– Allison não usa esses sites. Ela não gosta.

– Bem, então reserve uma cadeira para mim em sua sala. Estarei indo aí amanhã. – disse Paul, e despediu-se.

August agradeceu e desligou o telefone. Olhando os arquivos em cima da mesa, respirou fundo, confiante de que amanhã, conseguiriam alguma coisa valiosa.

* * *

O policial Paul chegou cedo na manhã seguinte. August o apresentou para os colegas e falou sobre seus planos de como prosseguir com a investigação. Eles não perderam tempo. Antes do meio dia, já haviam descoberto quem eram os amigos íntimos de cada vítima.

Após vasculharem a Internet descobriram alguns pontos em comum. Eram nove vítimas. Quatro delas – os garotos – eram do time de futebol, mas todos reservas. As garotas não tinham relação entre si ou com algum dos jogadores, exceto a última vítima, que era namorada de Dave, o quarterback.

August soltou o ar longa e pesadamente, dizendo a Paul e ao policial Smith:

– Vamos até as casas deles ou os entrevistamos na saída da escola?

– Na escola. – disse Paul. – Sem os pais deles por perto. Não quero que ninguém os influencie a dizer ou não dizer algo.

A equipe concordou e os três dirigiram-se à escola. Enquanto esperavam o sinal que demarcava o horário de saída soar, Paul comentou:

– É bem provável que, se o culpado for realmente alguém daqui, ele ou ela demonstre alguma reação adversa à nossa presença. Tentar desviar, assumir um olhar de “Oh Meu Deus, eles vieram me pegar” ou algo assim. Fiquem atentos em qualquer atitude suspeita.

August e Smith assentiram.

O sinal soou e, após alguns minutos, uma massa de alunos saiu pelas portas da frente. Os três oficiais observavam minuciosamente, prestando atenção em cada detalhe, lançando olhares severos em direção ao bando de jovens, para ver se isso causava intimidação em algum deles.

Não funcionou. Todos agiam normalmente e, se realmente havia um criminoso entre aquela multidão, ou ele sabia muito bem como disfarçar ou não tinha sequer um resquício de medo da polícia. A segunda alternativa causava aflição no detetive.

Paul ordenou:

– Ok, nada de atitudes suspeitas. Vamos para a segunda parte do plano. Encontrem os amigos das vítimas.

Eles se dividiram e foram ao encontro dos jovens. Apesar de serem nove – já que foram nove mortes – eles só poderiam falar com um de cada vez. Isso daria tempo de os outros seis irem para casa, e os policiais precisariam retornar à escola nos dois próximos dias. Mas era melhor fazer aquilo direito, pensou August. Os outros policiais da delegacia não eram bons com investigação como ele e Smith, e nenhum deles tinha conhecimentos em Psicologia como Paul.

Decidiram investigar primeiro os amigos das primeiras vítimas. Talvez devido ao tempo estivessem mais calmos e pudessem falar sem que as emoções conduzissem a conversa.

August alcançou a garota que deveria interrogar. Tinha uma espécie de ficha com os dados dela e com uma foto recente, que foi montada às pressas na delegacia para ajudar os policiais.

O nome dela era Jane Marie Vermont. Loira, alta, olhos castanhos. Melhor amiga de Austin Allencaster, o segundo a ser atacado.

– Com licença, senhorita. – começou August. – Preciso fazer umas perguntas.

A garota virou-se na direção do detetive, parecendo confusa.

– Pois não? – disse ela, o modo como falara parecendo estranhamente formal para uma garota de dezessete anos.

O detetive explicou seus motivos, e ela concordou em responder o que ele perguntasse.

– Há quanto tempo conhecia Austin? – ele começou.

– Desde a terceira série. – disse ela. – Quando ele se mudou para a cidade.

– Ele tinha algum inimigo dentro da escola? Ou não se dava bem com alguém?

– Não, para falar a verdade. Ele quase nunca brigava.

Aquele “quase nunca” deixou August intrigado.

– Você se lembra da última vez em que ele se meteu em uma briga?

A garota pensou por alguns instantes, depois suspirou e respondeu:

– Sim. Teve uma confusão no vestiário, depois de um jogo de futebol. Disseram que vários garotos se meteram na briga, mas não sei dizer exatamente com quem Austin se desentendeu, porque não vi a coisa acontecer, entende?

– Uma última pergunta – disse August. – O que Austin estava fazendo no dia em que morreu? Você sabe onde ele estava indo? Por que cruzou a praça?

– Bem, a praça sempre foi um atalho para todo mundo da escola. – Disse ela. – Pelo menos antes de ficar tão perigosa. Naquela tarde, tinha uma apresentação do grupo de teatro. Ele estava indo me ver.

Ela parou e seus olhos encheram-se de lágrimas. August percebeu que já era o suficiente.

– Obrigado, senhorita Vermont. Desculpe perturbá-la.

Ela respondeu um “não foi nada” um tanto choroso e afastou-se, indo embora da escola.

No fim da tarde, após compararem os resultados dos três interrogatórios, os policiais perceberam que o plano valera à pena. Eles ainda não tinham o nome de um suspeito, mas limitaram o campo de investigação consideravelmente.

O assassino era alguém do time de futebol.


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Notas finais do capítulo

Depois de muito tempo, resolvi postar (eee o/) Espero que tenham gostado desse capítulo. Vou tentar não demorar mais muito para postar o próximo, ok? Beijos...



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