Não Chore Esta Noite escrita por AnaMM


Capítulo 2
Não Chore


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: Don't Cry - Guns n' Roses
A tradução da música, trecho por trecho, está neste link:
http://www.vagalume.com.br/guns-n-roses/dont-cry-traducao.html



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Entre músicas dançantes, a trilha sonora mudou drasticamente. Dinho, por um lado, não gostava de quando tocavam músicas lentas em festas, mas era também a maneira mais fácil de se dar bem com as garotas. Dessa vez, no entanto, era diferente: a única que lhe interessava era Lia. Por mais que quisesse ficar com outras, por mais que soubesse que a roqueira o receberia com patadas, era sua chance. Contudo, quando voltou sua atenção para a roqueira, apenas teve vontade de abraçá-la. A música que tocava parecia ter fragilizado ainda mais a garota. Sabia que Lia amava Guns n’ Roses, provavelmente Don’t Cry a emocionasse um pouco mais que aos outros. Entretanto, os olhos marejados de Lia, desnorteada no centro do salão, em nada lembravam os de uma fã emocionada. Algo estava errado, muito errado. Lia nunca chorava, pelo menos não em público. Suas lágrimas ainda não haviam caído, mas em breve não seriam mais controladas. Dinho se aproximou comovido, com a única intenção de parar seu sofrimento, de fazê-la sorrir. Constatou, confuso, a falta que sentia de seu sorriso.

Lia sofria em silêncio. Aquela música embalara seus momentos mais difíceis. A letra havia servido de consolo por vários anos de choro e ouvi-la naquele momento trouxe à tona o mais recente abandono de Raquel. Tentava segurar suas lágrimas quando percebeu a aproximação de Dinho. Queria protestar, mas estava abalada demais para formular o que dizer. Sentiu a mão do garoto cuidadosamente tocar-lhe a face, secando uma lágrima que teimava em cair.

Talk to me softly
There is something in your eyes
Don't hang your head in sorrow
And please don't cry

Estavam a centímetros de distância. Sentia o olhar de Dinho tentando decifrá-la. O garoto percebeu sua revolta com a tentativa de suposta invasão de privacidade, mas Dinho queria apenas entender o motivo de sua dor. Lia tentou se esquivar, mas ele era mais forte. Antes que conseguisse brigar com o garoto, foi envolvida por seus braços. No ombro de Dinho, a garota tentou esconder seu rosto úmido do resto do mundo. Sua razão lhe exigia que se afastasse, ele só podia ter segundas intenções, era o Dinho, como ela poderia deixá-lo chegar tão perto? Mas o conforto do abraço pelo qual tanto esperara sem perceber a impedia de qualquer outro movimento que não os unisse ainda mais. Seus braços também estavam em volta dele, segurando-o firme, como se fosse sua própria vida. Pareciam existir apenas os dois.

Give me a whisper
And give me a sigh
Give me a kiss before you
tell me goodbye
Don't you take it so hard now
And please don't take it so bad
I'll still be thinking of you
And the times we had...


Dinho a conduziu para fora do salão. Estavam sentados nos degraus de entrada, entre a festa e as árvores do clube. Lia enfim juntou forças para falar.

–O que você quer? Não acha que já se aproveitou o bastante da minha situação, não? Deixa eu adivinhar... O Orelha está atrás de alguma dessas árvores tentando filmar o pegador pegando a marrentinha.

–Eu me preocupo com você. Eu percebi que aquela música te desestabilizou e pensei que pudesse ajudar de algum jeito, me desculpe.

–E você acha que eu vou acreditar nisso? Ah, Dinho, por favor!

Lia se levantava, irritada, quando Dinho segurou sua mão.

–Fica, por favor. – o garoto se levantou e segurou o outro braço de Lia - Eu juro, só quero te ajudar. Eu nem sei onde está o Orelha! Confia em mim, Lia, deixa eu cuidar de você, só essa noite.

Ao dizer a última frase, Dinho afastou uma mecha do rosto da garota. Estavam próximos demais, isso não era bom, Lia pensava. Antes que pudesse se afastar, sentiu os lábios de Dinho nos seus. O garoto a segurava em seus braços com firmeza para que a roqueira não escapasse, mas não a beijava com fúria. Necessitava do corpo dela junto ao seu, como nunca pensou que a desejaria, mas a beijava lentamente, como se assim interrompesse seu choro. Precisava respirar, mas sentia que Lia era seu oxigênio, não poderia largá-la. Sabia que assim que a soltasse, não mais a teria de volta.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês estejam gostando e esse capítulo vai dedicado à Pryscila, a primeira a comentar a fic ♥