- Chegamos. – Ele finalmente disse, depois que já havíamos saído do carro, e eu estava de pé no tal lugar, cansada de ficar com aquela venda nos olhos. 

- Até que enfim. – Assim que ele desamarrou a venda, tirando-a, meu olhos arderam com o sol. O que era de se esperar, após duas horas vendo tudo absolutamente preto. E nessas duas horas, Pedro só havia rido de mim. – Pedro... É... Lindo. – Eu disse, dando um suspiro quando finalmente observei o lugar. Estávamos em um gramado, e a nossa frente estava uma linda cachoeira, a nossa volta, poucas árvores e um pôr-do-sol maravilhoso logo acima. Pedro me abraçou por trás, e então sai do meu transe, virei e olhei para ele, em seguida o beijei. – Obrigada. – Disse entre selinhos. – Por me trazer aqui.

- É um lugar especial pra mim, sabe. – Ele se afastou um pouco, ficando ao meu lado, olhou para minha mão e entrelaçou nossos dedos, que se encaixaram perfeitamente. – Assim como você... – Completou, me fazendo sentir inteiramente completa, feliz, como há muito tempo não me sentia... Bom, na verdade, foi o que ele me fez sentir a semana toda. – Você é muito especial pra mim, Beatriz. Como nenhuma menina nunca foi.

- Nunca? – Estremeci ao lembrar de como ele tratava Clara, e ao imaginar ele com milhares outras garotas. Para de idiotice, Beatriz. Esse seu lado inseguro é ridículo, você não tem que se preocupar tanto assim com ele a ponto de ficar imaginando mil coisas. Minha mente dizia, me repreendendo como sempre... E, meu coração, como de costume contrariava. 

- Nunca. – Ele se aproximou e tomou meu rosto com suas mãos, olhando diretamente em meus olhos. – Eu juro.

- Que bom, porque... Eu também.

- Você também o quê?

- Hum, nenhum menino nunca foi tão especial para mim como você. – Pude ver um sorriso se formando em seus lábios. – Satisfeito?

- Nem o Bruno? – Eu ri ao perceber um certo tom de ciúmes em sua voz. – Não tem graça. 

- Ninguém, nem o Bruno, nunca... Eu só não entendo porque. Justo você. 

- Porque a gente foi feito um pro outro. – Brincou. – Eu sou seu, você é minha. Destino, essas coisas de livros, é. 

- Ah, claro. – Eu ironizei. – Até parece que você já leu algum livro.

- Não mesmo. – Ele riu. – Mas não muda de assunto...

- Desculpa. – Digo arrependida ao perceber que tinha quebrado completamente o clima de romantismo. – Então você é meu? Jura? 

- Juro... Se você jurar ser minha. 

- Eu juro, menino que eu odeio. – Eu ri. – Pedro, tudo tá acontecendo tão rápido... 

- Como assim? 

- Você sabe, a gente...

- Nós. 

- Ok. – Respirei fundo. – Nós... Uma semana e já estamos assim, não que eu não esteja gostando, mas não estou entendendo direito. Eu sou idiota, insegura. Detesto admitir, mas é verdade. Você provou pra mim que mudou, mas mesmo assim, tenho medo sabe, de acabar me apegando demais a você... De repente, amanhã pode acabar. Eu nunca tive algo assim com ninguém, sabe, nunca senti nada de especial por ninguém. – Ele pois o dedo indicador nos meus lábios, e eu fiquei em silêncio.

- Eu não vou fazer você sofrer, não vou te enganar, pode sim acabar tudo amanhã, mas eu juro Beatriz, tudo que estou te falando, por mais estranho que seja, por mais rápido que tudo esteja acontecendo... É tudo verdadeiro. Mas você tem razão, vamos de vagar. Só não fica pensando essas coisas. Eu quero, e se você quiser também, temos tudo pra dar certo. Tudo.

Eu apenas assenti, e em seguida ele me abraçou. 

- Vem. – Ele disse pegando minha mão, e me conduzindo até uma parte mais alta de grama, se sentou, e eu me sentei na frente dele, quase deitada, ele envolvia minha cintura com seus braços, e eu apoiei a cabeça em seu ombro... E ficamos assim, assistindo até o final do pôr-do-sol.