Find Me and Stay [Hiato] escrita por soulsbee


Capítulo 24
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

"Que o tempo nos permita alguns reencontros sem culpas porque é bom sentir sempre mais uma vez." Tati Bernardi

— Notas Finais -



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Oklahoma. Poderia não ser meu lar e nem o lugar onde eu queria ficar, mas era onde tudo que eu conhecia estava.

Sentir novamente o ar úmido de outono e a temperatura agradável era algo indescritível. A melhor sensação de todas misturada com a liberdade e nostalgia de estar de volta ali.

Assim que descemos do aeroporto e arrumamos um sedan discreto para irmos para o apartamento alugado – se é que Claire já havia resolvido isso para mim – pude reconhecer e me lembrar de boas lembranças de vários locais pelos quais passamos. Queria poder descer do carro e conversar com algumas pessoas que encontrava, dar um abraço apertado e finalmente me sentir de volta, mas não podia. Eu precisava permanecer escondido, como um fugitivo.

– Aqui não é frio – Ellie disse retirando seu casaco pesado, colocando-o dobrado sobre seu colo.

– Aqui é frio, só não é daquele jeito exagerado – Disse recordando-me das temperaturas absurdas que Oregon alcançava no inverno. Era muito frio, mas, mesmo assim, existiam dias que dava para sobreviver com uma camisa leve. Era só se adaptar com aquilo.

– Acho que consigo entender o porquê você detestou lá... – Ela observava as casas e estabelecimentos pela janela do carro, maravilhada por ver tanta coisa em um único lugar.

– Eu não detestava... Só achava muito pequeno... – Respondi fitando uma pequena praça no final da rua, próximo à esquina entre dois edifícios de quatro andares.

Isso me lembrou da praça perto de casa, onde passei minha infância ao lado de Peter e alguns outros amigos, andando de bicicleta em círculos ou correndo de um lado ao outro, espantando pombos e brincando na areia. Eram bons tempos onde não existia maldade, onde existia apenas uma amizade sincera. Não sinto falta disso, pois aproveitei ao máximo enquanto novo, mas sinto falta da sinceridade que encontrava nas pessoas e que hoje não existe mais.

– Qual é? Lá era minúsculo, todos te conheciam e você não podia fazer nada de diferente. Se você falar um “A” o vizinho do outro lado da cidade ouve. Porra, lá não é legal – Ellie disse em um tom de ira e desabafo. É, ela estava de saco cheio de lá e tinha todo o direito de falar, já que morou lá por 16 anos, entretanto, eu não queria ofender seus sentimentos, afinal, lá era a cidade onde ela viveu. Mesmo eu detestando aquele lugar, deveria respeitar.

– De fato... – Murmurei fazendo dobrando a esquina a minha frente. – Vamos fazer uma parada antes. – Não podia de jeito nenhum fazer o que estava pretendendo, mas eu precisava ver como ele estava.

Acelerando 10 km/h do que o permitido, corri pelas ruas do meu bairro, fazendo milhares de curvas e parando algumas vezes nos semáforos, impaciente para chegar logo em casa, mas ainda estava longe.

– O que você está aprontando? – Indagou Ellie, fitando-me pelo retrovisor.

– Estou indo atrás do meu filhote. – Dei de ombros. Sabia que ela iria me zoar muito por aquilo, assim como não compreendia porque havia dito daquela maneira, mas não ligava. Quando estava ansioso, dizia coisas sem sentido.

– Você é estranho – Disse rindo baixinho.

– Obrigado. – Respondi rindo baixo também. Para mim, ser chamado de estranho era um elogio então gostava disso. Significava que eu não era normal. Sim, eu sou muito estranho.

Foram necessários mais algumas curvas e uma grande descida até chegar perto da minha casa.

Estacionei o carro um pouco afastado dali e na calçada oposta, coloquei a touca da minha blusa em minha cabeça, cobrindo a maior parte do meu rosto, e, para completar, baguncei meu cabelo, tirando aquele estilo arrepiado na frente de sempre, abaixando-o em uma franja jogada na frente dos olhos. Estava ridículo aquilo.

Sai do carro batendo a porta suavemente para não fazer tanto barulho. Atravessei a rua correndo, sendo seguido por Ellie que estava fazendo mais barulho do que o necessário, com aquela bota cargo, algo que me deixou apreensivo e irritado.

– Para de ser paranoico – Disse ao me ver fuzila-la com o olhar.

– Temos que ter cuidado – Resmunguei pegando a chave que eu tinha das portas do fundo da garagem e a abrindo.

A cena não podia ser diferente. Ali estava eu, parado de frente para meu Buick negro e reluzente, o carro que ficou comigo por pouco tempo, mas que fazia muita falta. Ele era incrível, perfeito e o sonho de alguns garotos da minha idade. Não sabia como conseguia dirigir um sedan vagabundo quando tinha esse clássico. Era a mesma coisa que ter o melhor vinho e só beber dos mais baratos.

– Ta, ele é lindo. – Ellie disse ao comtemplar sua beleza, parada ao meu lado.

Minha vontade era de entrar nele e liga-lo, girar a chave no contato e ouvir o ronco suave que o motor fazia, sentir o cheiro maravilhoso do combustível queimado e me aconchegar no banco de couro enquanto ouvia uma boa musica. Deus, aquele carro era o paraíso em rodas.

– Vamos embora... Antes que alguém nos veja aqui... – Suspirei profundamente, dizendo por fim. Por mim, passaria o dia todo ali, mas não podia, tinha outras coisas a fazer também e o tempo era curto.

Enquanto voltava para aquele sedan preto fosco, peguei meu celular e digitei uma rápida mensagem para Claire avisando que iria parar na esquina de seu condomínio. Precisava avisa-la de antecipadamente para que ela tivesse tempo de arranjar uma desculpa para seus pais.

Assim que comecei a guiar o carro quarteirão à cima, no caminho que sempre fiz para sua casa, senti meu coração palpitar mais rápido e forte dentro de mim, como se fosse rasgar meu peito para sair.

Pressionei minhas mãos contra o volante, tentando amenizar aquilo, mas era uma tentativa inútil. Passei meses e meses planejando isso e imaginando como iriamos nos reencontrar, mas no fundo, não imaginava que isso fosse acontecer e agora, faltava muito pouco e mal podia esperar para tê-la em meus braços novamente.

Dez minutos foram o necessário para parar o carro exatamente no lugar que havia lhe dito, mas esses dez minutos pareceram uma eternidade incansável para mim. Ellie, por sua vez, apenas mordia seu lábio inferior para controlar sua risada que me tiraria do sério.

Seus cabelos loiros estavam reluzindo sob aquele fraco sol de outono enquanto algumas mexas balançavam com a leve brisa do vento. Seus olhos, mesmo perdidos e misteriosos, pareciam brilhar, sendo o complemento ideal de seu rosto fino e pálido, junto de seus lábios rosados e macios.

– Uau – Ellie provocou ficando boquiaberta, fitando a garota caminhar em direção à esquina em passos rápidos.

Ignorei-a não entrando em seu joguinho, afinal, ela estava tentando revidar aquela minha “brincadeira inocente” dentro do avião com aquele cara. Convenhamos, foi a coisa mais divertida que já fiz em tanto tempo e não tinha preço aquilo. Queria ter gravado para sempre me lembrar e rir da possível careta que ela fez e de como o homem reagiu com ela.

Rapidamente a porta do carro se abriu e ela entrou, tomando seu lugar ao banco do passageiro, jogando-se aos meus braços, abraçando-me com toda sua força e sussurrando meu nome em meu pescoço. Agradecia por Ellie, dessa vez, ter ficado no banco de trás.

– Como senti sua falta... – Sussurrei abraçando-a na mesma intensidade, parecendo que ia quebrar seus ossos frágeis, mas não conseguia não fazer aquilo. Parecia que estava vivendo um sonho e, se estivesse, não iria querer acordar, pois era o mais real e vivido que já tinha tido.

– É bom mesmo ter sentido... – Disse com um meio sorriso bobo, depositando um breve selinho em meus lábios. – Assim você sabe como senti sua falta também... – Resmungou com a testa encostada na minha.

– É só isso que recebo? – Indaguei querendo mais dela.

– Você me deixou, considere esse abraço muito. – Respondeu com o mesmo sorriso, afastando-se de mim e olhando para Ellie. – Oi, prazer Claire. – Estendeu sua mão para a garota sentada no banco de trás.

– O prazer é todo meu. Alias, me chamo Ellie – Ela apertou a mão de Claire dando um beijo em suas costas e lançando-me um olhar sacana. Revirei os olhos ignorando-a mais uma vez, porque, se desse motivo para ela brincar, ela não seria piedosa comigo.

– Você não pode fazer isso comigo – Resmunguei acariciando seu rosto com as costas das minhas mãos.

– Você esperava que eu arrancasse a roupa assim que te visse? – Indagou com uma sobrancelha arqueada.

– Não seria uma má ideia – Respondi com um olhar malicioso, girando a chave no contato pela terceira vez em menos de uma hora.

– Se liga – Ela me deu um tapa forte no meu ombro, rindo e completou – Temos plateia.

– Olha, eu não ligo não, alias, posso até fazer parte se você preferir – Ellie disse mordendo seu lábio inferior para não soltar uma gargalhada.

– Você é legal – Claire disse por fim. – Finalmente você conheceu alguém legal – Ela me encarou pelo retrovisor.

– É, ela é legal de verdade, não uma mentirosa igual ao Peter – Resmunguei em meu lugar. Deveria ter apenas pensado, mas falei alto o suficiente para que ela ouvisse.

– Alias, precisamos conversar sobre isso...– Ela suspirou profundamente. Boa coisa, definitivamente, não estava por vir.


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Notas finais do capítulo

Bom, não vou mais dar as mesmas desculpas de sempre porque já estou cansada do mesmo roteiro. Estou de volta trazendo esse capítulo fresquinho e espero que vocês tenham gostado, porque eu não aguentava mais os dois separados, pelo amor. Enfim, estamos na reta final da história, mas não pensem que a adrenalina não vai chegar, agora, teremos grandes surpresas que vão deixar vocês malucos. Acredite.



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