Find Me and Stay [Hiato] escrita por soulsbee


Capítulo 10
Não confie em todos


Notas iniciais do capítulo

E então a vida muda, gira e nos deixa confusos e abandonados...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/351628/chapter/10

                Fiquei parado na frente do meu diretor sem palavras enquanto ele me fuzilava com o olhar e batia os dedos em sua grande mesa de madeira que tinha alguns papeis sobre meu histórico escolar e uma placa escrito “Diretor  Johnson” Seus olhos estavam fixados nos meus e ele murmurava coisas baixas e incompreensíveis enquanto permaneci em silencio esperando ele começar o assunto.

                Observei sua grande sala cheia de estantes de madeira maciça que comportavam milhares de livros sobre temas variados. Ao canto, existia um piano de armário com todas as teclas empoeiradas devido ao tempo que ficara sem ser tocado. No outro lado, existia a cabeça de um cervo empalhada sobre uma pequena chaminé. E, na minha frente, estava o diretor sentado em sua cadeira do século XVIII com uma grande janela atrás dele que mostrava todo o estacionamento.

                - Por que você fez aquilo com Megan e as amigas dela? Sabia que elas poderiam ter se machucado? Bryan vai ficar sem jogar futebol  por sua culpa, pois ele torceu o pé. Tem noção de como ele é importante para o nosso time? – Desabafou por fim o diretor com uma voz um pouco alterada.

                - E-eu... – Tentei falar, mas fui interrompido pelo senhor Johnson que continuou dizendo:

                - Não vamos ganhar o campeonato! E recebi diversas ligações dos pais da garota reclamando o acontecido e chamando meus professores de incompetentes por culpa de um aluno que quis se divertir! – Sua voz, dessa vez, ficou completamente alterada expondo toda a raiva que ele estava sentindo.

                - N-não fiz... – E, novamente fui interrompido por ele.

                - Não interessa! Tive algumas denuncias sobre você!

                - Quem falou isso? – Perguntei rapidamente.  

                - Não interessa! – Percebi que ele havia colocado a mão sobre um papel ao lado do meu histórico e repreendeu-me quando desviei meu olhar para sua mão tentando descobrir o que ele estava escondendo.

                - Olhe para mim! – Ordenou.

                - Porque meu histórico está aqui?  - Fiz uma pergunta qualquer tentando mudar o rumo que o assunto estava tendo.

                - Quem faz as perguntas aqui sou eu! E digo que não estou surpreso com suas atitudes. Suspenso por agressão aos  13 anos de idade. Posso saber o que o senhor Muller fez? – sua voz estava um tanto irônica

                - Porque não fala das medalhas que ganhei aos 13 anos? Ganhei uma olimpíada de matemática e ganhei o campeonato de handball com o time da minha escola! – Disse ao perceber que minhas conquistas não estavam sendo consideradas.

                - Já falei que quem faz as perguntas aqui sou eu! – Repreendeu-me novamente. – O que você fez?

                - Escute, ele veio para cima de mim primeiro. Apenas me defendi! – Respondi o que disse para todos. Afinal, era verdade. Aquele garoto estava me irritando, mas nunca que eu iria partir para a agressão... Até que ele fez algo que me deixou realmente nervoso e acabou gerando aquela briga no meio da escola...

                - Aham. Parece que o Bryan também partiu pra cima de você em todas as vezes que vocês brigaram na sala de aula, não é? – Ele olhou profundamente nos meus olhos e jogou um papel na mesa com os relatos de alguns alunos sobre as vezes que eu e Bryan discutimos dentro da sala de aula.

                Enquanto fingia ler alguns dos relatos, vi que ele havia levantado sua mão e descoberto aquele papel. O nome de Peter estava escrito bem pequeno no centro da folha. Instantaneamente, senti uma forte pontada de raiva surgindo de dentro de mim. Foi impossível me conter e fazer a pergunta seguinte:

                - Porque o nome de Peter está ai? Ele me acusou? – A raiva na minha voz era evidente e o diretor não disse nada, apenas amassou aquele pedaço de papel em uma bolinha bem pequena e jogou-a no cesto de lixo ao lado de sua mesa.

                - Irei ligar para os seus pais e iremos ter uma séria conversa. Por enquanto, fique ali na secretaria esperando.  – Disse em um tom autoritário e continuou segurando meu histórico e ficha escolar.

                Sai da sala dele sem demonstrar ter ficado agitado, tentei controlar minhas emoções rangendo o maxilar fortemente. Sentei-me em um pequeno banco de madeira com um estofamento velho enquanto esperava meus pais chegarem.  Enquanto estava ali, não olhei para ninguém, nem para lugar nenhum. Meu corpo estava ali, mas minha mente não. Minha mente estava pensando nas conseqüências que eu iria sofrer... Meu pai disse que o menor deslize e eu iria direto para a nova escola no Oregon... E aquilo... era mais do que motivo suficiente para nossa viagem ser ainda mais antecipada...

                Demorou mais de duas horas para meu pai chegar na escola e, antes de entrar na sala do diretor, ele lançou um olhar fatal para mim. Permaneci lá fora por longos vinte minutos tentando ouvir sobre o que eles discutiam e, apenas consegui pegar a parte da conversa que dizia sobre eu ser transferido e sobre os papéis que meu pai deveria assinar para concretizar a decisão dele.

                Senti vontade de invadir aquela sala e discutir com ele, mas não fiz nada e decidi apenas ficar ali esperando e tentando controlar minha raiva. Meu pai saiu pouco tempo depois segurando meus documentos e alguns papeis de transferência. Ele disse que iria ser transferido dentro de dois dias, mas que partiríamos para o Oregon ao amanhecer.

                Desisti de tentar discutir com ele, apenas dei-lhe novamente as costas, segui para o estacionamento passando por todos os corredores da escola e, no caminho, encontrei Claire encostada em um armário conversando com Sophie. Cumprimentei-as  com um “oi” e com um sorriso forçado no rosto que desapareceu quando Claire disse ríspida:

                - Vai embora daqui!

                - O que eu fiz? – Perguntei confuso.

                - Não interessa, vai embora! – Gritou comigo e empurrou-me para longe dela.

                - Me diz o que eu fiz, por favor! – Implorei

                - O Oregon não é o suficiente? – Reparei algumas lagrimas se formarem no canto de seus olhos. Fiquei imóvel sem nem saber o que falar. Ela apenas empurrou-me e andou o mais rápido que pode para longe de mim.

                - Por que você não contou para ela? – Sophie perguntou nervosa.

                - Porque eu estava esperando o momento certo! – Defendi-me dizendo a verdade.

                - E quando seria? Quando você já estivesse lá?

                - Sophie... eu iria dizer alguns dias antes... – Murmurei

                - Parabéns, Dean! – Ela cuspiu meu nome com nojo. – Você acabou com ela! – E então Sophie empurrou-me para o lado e andou em passos largos pelo mesmo caminho que sua amiga.

                Bati minhas mãos fortemente contra o armário e depois passei os dedos sobre o meu cabelo puxando-o com todas as minhas forças. Encostei minha testa no armário e senti minha fúria crescer incontrolavelmente.

                - Dean... – Peter disse atrás de mim.

                - Desapareça! – Disse furioso com ele ainda encarando o armário.

                - Dean...  – Tentou novamente.

                - Já te mandei desaparecer! – Bati com força minha cabeça contra o armário tentando controlar a raiva que sentia dele.

                - Desculpe, eu não queria contar para Claire que você iria para o Oregon... Mas saiu... e eu pensei que ela soubesse.... – Explicou-se lentamente.

                - COMO É QUE É? – Rangi meus dentes e virei-me para ele. Minhas mãos estavam fechadas em fortes punhos enquanto eu tentava reprimir minha raiva dele. – ENTÃO FOI VOCÊ?

                - Desculpe-me... – Disse cabisbaixo. – E fui forçado a falar de você ao diretor... – Murmurou sua outra explicação.

                - Você acabou com minha vida! – Disse.

                - Me desculpe!

                - Não foi porque o diretor te pressionou, não é? Foi por Megan! – Afirmei conseguindo encaixar as peças do meu quebra-cabeças rapidamente em minha mente.

Percebi que tudo fazia sentido, ele ficar com ela, o diretor me chamar, eu ser acusado e ver seu nome na mesa e, com suas confissões, pude ter extrema certeza de que ele me denunciara e agora, mais do que nunca, descobri quem soltou a língua para Claire e disse da minha maldita “viagem”.

- Em partes... você não ficou com a amiga dela para me ajudar... então tive que fazer as coisas por conta própria... – Assumiu levantando um pouco a cabeça para me olhar.

- Você me entregou para ficar com ela? VOCÊ TRAIU SEU MELHOR AMIGO POR CULPA DE UMA GAROTA QUE NEM VALE A PENA? – Eu estava praticamente gritando, todos nos observavam esperando algo mais violento acontecer, mas não conseguia pensar, só conseguia falar o que vinha na mente.

- Já te dei meus motivos – Deu de ombros.

                - Eu amo a Claire, sabia? – Não tinha mais nada a ver com o diretor e sim com ela, pois percebi que estava nervoso por medo de perde-la e por ter sido traído pelo meu melhor amigo.

                - Sim, mas...

                - Mas nada! – Interrompi-o.

                - Affe Dean, da um tempo vai. Vocês estão juntos a tão pouco tempo e nem deve... – Antes que ele pudesse terminar sua frase, minha mão já estava em seu nariz fechada naquele mesmo punho de antes. Acertei seu rosto em cheio sentindo sua pele moldar meus dedos. Ele foi ao chão em menos de 5 segundos e todos estavam mais perto de nós para observar os próximos golpes.

                Mas, não fiz o que eles esperavam. Sai de perto de todos correndo em direção ao estacionamento para entrar no meu carro e ir até casa de Claire explicar tudo. Procurei meu veiculo, mas não o vi, então recordei-me que havia vindo de bicicleta.

                - Que merda! – Resmunguei enquanto corria até o outro lado do estacionamento.      

                Cheguei rapidamente até minha bicicleta e joguei minha mochila em seu guidão. Tentei destrancar o cadeado, mas ele parecia estar emperrado e não abria de jeito nenhum. Dei alguns chutes nele de raiva e ouvi um pequeno barulho, entretanto, nada promissor. Ele não abriu e não iria ver Claire tão cedo.             Peguei minha mochila e passei em meu braço direito, decidi que nada que eu fizesse iria abrir aquele cadeado, pelo menos, não hoje.  

                Comecei uma longa caminhada rápida até a casa de Claire sem nem olhar na hora de atravessar a rua. Não era tão longe, apenas alguns minutos e alguns quarteirões gigantes, mas logo chegaria e iria valer a pena. Precisava explicar para ela tudo o que aconteceu, explicar que iria contar-lhe sobre minha viagem... Precisava também deixar claro que a amava, uma vez que eu iria embora no dia seguinte.

                Algum tempo depois, cheguei  na frente de seu prédio ofegante da ‘longa’ caminhada . Entrei no mesmo e subi de elevador até seu andar. Bati em sua porta varias vezes até que ela a abrisse.

                - Claire, me deixe expli... – E então ela bateu a porta no meu rosto sem nem sequer me dar uma chance.

                Novamente voltei a bater na porta sem parar, até dei alguns leves chutes, até que ela saiu e disse:

                - Vai embora De... – Antes que ela pudesse terminar a frase, meus labios já estavam contra os dela sentindo sua pele macia enquanto seu corpo estava sendo pressionado contra a parede.     Ela tentou afastar-me varias vezes empurrando-me pela barriga, mas, depois de algum tempo, rendeu-se a mim e retribui meu beijo na mesma intensidade deixando o amor tomar conta de nós dois. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois é, demorou, mas esta ai ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Find Me and Stay [Hiato]" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.