What Would You Do If I Said I Love You? escrita por Dê Tribbiani


Capítulo 1
A new Girl in The City


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem *-*



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Os pingos de chuva tocavam a superfície lisa das janelas transparentes do carro Ford cor de carvão inúmeras vezes, escorrendo em seguida até a borda preta e então sumindo de meu habitual campo se visão. Estava me entediando, embora eu não tivesse muitas opções enquanto estivesse trancafiada naquele veículo inútil com Andie, minha madrasta. Ela passou a marcha, fazendo com que as gotas que escorriam se apressassem, alastrando-se em diferentes direções por todo o vidro.

Distrai-me mexendo os músculos em uma tentativa frustrada de aquecer-me usando mais movimentos e respirando sobre minhas mãos, liberando um tipo de ar aquecido que era branco em contando com o frio ao meu redor. Depois de várias tentativas, e êxito algum, desisti cruzando os braços sobre meu peito e me rendendo aos caprichos de minha madrasta, tendo de murmurar:

-Pode aumentar a potência do aquecedor? –Questionei ligeiramente indignada com o egocentrismo de Andie, já acostumada com o frio.

Ela apertou um botão no volante, aumentando o calor dentro do automóvel imediatamente. Ela parecia muito nervosa em me agradar e por alguns segundos eu senti dó dela. Então lembrei que ela havia deteriorado minha família e recomecei a pensar em novos meios de assolar a vida dela da mesma fôrma.  Devastando a família que ela havia tentado erguer com meu pai. Meu pai. Era muita arrogância dela tentar me manipular também.

Olhei novamente pela janela, tentando enxergar por entre a neblina. Estávamos no meio das féria de inverno e eu não conhecia ninguém naquele projeto de cidade estranhamente pacata. Eu desenhava na janela com facilidade devido ao agradável calor que se encontrava dentro do carro e o frio insuportável fora do mesmo, os quais formavam algumas gotículas de água dentro do carro, precisamente na janela.  Eu estava desenhando coisas estúpidas como casinhas cercadas por árvores quando ouvi a voz estridente de Andie em meus ouvidos:

-July, chegamos, querida. –Pelo que entendi ela tentava parecer doce e gentil. Embora não tivesse êxito nisso, afinal sua voz era insuportável. Andie abriu sua porta, um pouco insegura, enquanto eu a fuzilava com os olhos. Depois empurrei o banco da frente e passei por um espaço estreito até sair do carro. Senti a mudança de temperatura imediatamente e abracei à mim mesma tentando conter o calor que me restara.

Ajustei meu gorro de lã em cima de meus grandes cachos marrons que terminavam em um azul intenso, produto da californiana que eu havia feito recentemente em meu cabelo.

Encarei descaradamente Andie enquanto ela se desdobrava para tirar minhas malas de couro do porta-malas minúsculo do Ford.

Sorri uma ou duas vezes de forma não respeitosa da cena hilária que se passava diante dos meus olhos quando Andie deixou minha mala cair, até que percebi que esta havia caído em uma poça d’água suja. Corri até ela, levantando-a habilmente com a mão esquerda. Depois lancei para Andie um olhar mortal enquanto puxava a mala em direção à propriedade nada modesta de minha madrasta.

A casa estava localizada na área de South End em Back Bay, o bairro mais nobre de Boston. Fuzilei a casa bege de três andares com os olhos, desconfortável, embora talvez deva mencionar como ela era majestosa. Ela cultivava vários tipos de plantas na frente da moradia, das quais identifiquei apenas um tipo de flores, hortênsias. O portão na frente da casa era de metal cinza, coberto com uma cerca viva de dois metros de comprimento. A casa tinha varandas em cinco quartos. Sim, cinco quartos! E só moravam duas pessoas ali. Soltei uma exclamação e olhei para trás, dando-me conta de que estava deixando transparente o quanto estava impressionada com a bela e gigante propriedade à minha frente. Andie apenas deu de ombros, como que se constrangida por esfregar em minha cara o quanto sua vida era perfeita. Bufei enquanto me virava e forçava suavemente o portão. Enquanto empurrava o pesado portão, percebi que não tinha ideia de como começar uma conversa com meu pai e aquilo me deixou um tanto desconfortável, com uma coceira no pescoço causada pelo nervosismo. Pude sentir os olhos cor de mel de Andie em minhas costas, analisando todas as minha reações. Quando me virei, como que para comprovar isso, vi Andie me estudando com os olhos e desviando os mesmos rapidamente enquanto corava ao perceber que eu havia percebido. Isso me fez soltar uma risada rouca. Como se Andie conseguisse desvendar qualquer coisa para mim que não fosse o quanto eu sentia aversão por ela.

Quando adentrei o jardim bem cuidado de Andie, pela estrada adornada de pedras brilhantes, ouvi imediatamente passos ansiosos vindos em direção à onde eu me encontrava. Quase não reconheci o homem à minha frente. Mas mesmo assim eu sabia que o reconheceria em mais de mil anos sem vê-lo. Aquele era meu pai, independentemente das decisões que ele tomava. Aquilo nem ao menos importava em demasiado para mim. Tudo o que era importante momentaneamente era que ele estava ali, feliz em me ver.

Seus cabelos tinham rareado e agora todos estavam brancos. Suas rugas haviam se aprofundado e sua testa se encontrava permanentemente enrugada. Ele usava uma camiseta branca polo sob seu grosso paletó de algodão e suas calças eram penduradas por um suspensório que pude notar por baixo do paletó.

Ele veio até mim e me abraçou. Eu mal me mexi dentro de seus braços que aparentavam muita fragilidade. Ele tinha um cheiro... bem, cheiro de velho como minha mãe costumava me contar quando eu era menor. Era um cheiro de limpeza, perfume caro e algo mais natural que não posso descrever.

Desprendi-me suavemente e sorri para ele, finalmente dando-o a chance de notar a californiana. Primeiramente ele arregalou os olhos e depois  torceu a boca, em reprovação, dizendo:

-Bem, sua mãe está mesmo insana o bastante para lhe deixar fazer isso consigo mesma? –Ele pegou uma mecha de cabelo entre os dedos, analisando a parte azul. –Talvez eu realmente devesse pegar sua guarda. –Concluiu, sério.

A pequena parte da pedra ao redor de meu coração e de minha alma que havia se fragilizado ao ver meu pai feliz em me ver se recompôs no mesmo segundo em que ele terminou, forçando o meu rosto à formar uma carranca e à parar de sustentar o olhar levemente preocupado de meu pai. Encarei o céu azul sobre nós e refleti um pouco antes de me afastar dos dois, deixando minha mala para trás e me embrenhando no enorme jardim.


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Notas finais do capítulo

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