“Claro que pode, Vic!”. – Charlie sorriu e então os dois se sentaram.

“Kal El, você foi Super hoje. Sua voz vai ser bastante útil no New Directions!”. – Zach sorriu, e se sentou ao meu lado. Vic fez a mesma coisa, sentando-se ao lado de Zach.

“Vocês que foram! É incrível o quanto as vozes de vocês combinam juntas.” – Sorri empolgado. Vic deu uma leve risada.

“Diz isso por que não escutou a Rachel e o Finn cantarem juntos ainda...”. – E então ela olhou para baixo. – “Sempre que o New Directions se apresentava em algum evento do McKinley eles cantavam juntos.”

“A Gaybbit e o FinnyWilly não são tão bons assim, parem de drama.” – Santana revirou os olhos, batendo as unhas na mesa impacientemente enquanto esperava a garçonete trazer os pedidos.

“Santanás tem razão, duvido que as vozes deles sejam tão boas quanto as suas.” – Fiz que sim com a cabeça ouvindo risos de Sophie após o “Santanás”.

E então a garçonete se aproximou com nossos pedidos, e assim que empurrou o prato de bolo para perto de mim percebi os olhos de Zach brilharem.

“Bolo, eu adoro bolo!” – Ele disse, animado.

“Eu também!” – Sorri e comi um pedaço do bolo, e então vi o Zach mudar sua expressão pra algo mais pidão. Não pude deixar de rir. – “Tudo bem, eu divido com você!”

E então o maior sorriu. Peguei outro garfo e entreguei a ele, tentando comer tão rápido quanto ele antes que Zach comesse tudo sozinho.

“Esse bolo é Super!”. – Zach comentou, com a boca suja de chocolate. Ofereci a ele um guardanapo.

“Esse bolo é tão doce... Adoro coisas doces, sou quase como uma formiga.” – Comentei e revirei os olhos logo depois quando notei que Zach não havia pegado o guardanapo. E em um movimento inconsciente limpei o canto de sua boca. Só quando Sophie e Santana começaram a me olhar maliciosamente e quando notei as bochechas de Zach ficarem coradas, percebi o que havia feito.

“E-então, vocês já sabem o que vão cantar nas Seletivas?” – Sorri forçadamente, amassando o guardanapo e comendo outro pedaço do bolo.

“Não, já que ninguém consegue conversar civilizadamente naquela bagaça.” – Santana revirou os olhos. – “Acho que só vão aprender a ouvir quando eu chutar o traseiro de cada um.”

“Isso é o que você chama de ser civilizado?” – Sophie arqueou as sobrancelhas e comeu rapidamente sua torta de limão assim que Santana olhou para ela como se estivesse esquartejando-a.

“Bom, uma coisa é certeza: A Rachel vai ter um solo”. – Charlie revirou os olhos. – “E como se não bastasse, aquela anã com belas pernas ainda quer um dueto também!”.

“Seria Super um dueto Chemily nas Seletivas”. – Zach comentou, com a boca novamente suja de chocolate. Charlie sorriu, notando a minha desistência de tentar manter a boca de Zach limpa pela minha expressão.

“Seria mesmo, mas é óbvio que a Gaybbit não se importa com a opinião dos outros”. – Santana revirou os olhos, cruzando os braços. Então, sem mais nem menos, puxou o prato com o bolo que eu e Zach comíamos. Franzi o cenho tentando pensar em algo que não fosse tão ofensivo a ponto de Santana querer me dar uma prova grátis do gosto de Lima Heights.

“Ei, nós estávamos comendo esse bolo!” – Eu disse, irritado. Santana deu de ombros e comeu um pedaço, logo depois tirando um pedaço da torta da Sophie também. Porém, a loira não reclamou. Provavelmente estava pensando no seu amigo imaginário, ou melhor, namorado.

“Santana, você é má”. – Zach disse, com um rosto triste. Vic sentiu seu celular vibrar e abriu-o, lendo uma mensagem rapidamente. A garota levantou-se com um longo suspiro.

“Preciso ir agora, parece que a Pandora fez mais alguma coisa”. – Vic revirou os olhos, dando um rápido selinho em Zach – o que sujou um pouco sua boca também, – e pegou sua bolsa.

“Quem ela tentou matar agora?” – Santana perguntou, e aparentemente ela não estava sendo irônica. Aquilo fez eu sentir um arrepio percorrer todo o meu corpo. Vic deu uma risada irônica, revirando os olhos.

“Não sei o que ela fez, mas preciso ir lá olhar. Até depois”. – Vic acenou e saiu logo em seguida. Zach seguiu-a com o olhar por todo o percurso e então suspirou um pouco chateado.

“Quem é Pandora? Por favor, não diga que ela é uma garota problemática que tenta matar as pessoas”. – Me virei para Santana, assustado.

“Tudo bem, não vou dizer então. E a Pandora é a irmã da Vic, e é mais rodada do que hélice de helicóptero”. – A latina deu de ombros.

Era notável que Zach estava incomodado com alguma coisa, mas eu tinha certeza de que não era a melhor pessoa para perguntar o que era. Santana terminou de comer meu bolo, Charlie estava levemente bêbada depois de seu Sex On The Beach e parecia estar se controlando o máximo que podia para não roubar um beijo de Sophie. E Sophie estava preocupada com algo, pelo jeito que devorava sua torta de limão sem se preocupar com os quilinhos de amanhã. E, sim, para mim sempre que alguém está preocupado com algo desconta na comida. Deve ser por isso que meu pai tem colesterol alto, culpa das despesas da mecânica Hummel e do bullying que eu continuo sofrendo no McKinley. Então, Sophie, se estiver lendo isso, maneire na comida. Zach despediu-se e voltou para casa.

“Acabei de reparar uma coisa”. – Comentei, olhando tristemente para o prato sujo de farelos de bolo. – “Nós parecemos a Unholy Trinity do meu antigo colégio.”

“Unhas o quê?” – Charlie franziu o cenho.

“Unholy Trinity, era um grupo formado pelas três cheerios mais populares e bitches. Bom, eu e a Sophie não somos populares nem bitches, mas nós quatro somos cheerios e inseparáveis. Elas eram assim, todos até diziam que faziam surubas na casa da Santany todos os dias. A Guinn era a mais popular, mas aí acabou ficando grávida... E tinha uma chamada Bretanha, ela era fofa e estranha. Já me derrubou uma vez por eu falar que unicórnios não existem.”

“Seu antigo colégio é tão estranho... Mas até que você tem razão, parecemos esse grupo mesmo!” – Sophie bateu palmas, animada.

“Mas em vez de Unholy Trinity, nós somos... Unholy Fortinity!” – Dei uma risada. – “É um nome ridículo, mas combina”.

“Então Unholy Fortinity é o nome do nosso clubinho gay, agora?” – Charlie sorriu, mordendo o lábio e olhando para Santana.

“Vire essa cara safada pra lá, Charlinda. E, é, acho que é nosso clubinho gay particular.” – Santana riu levemente.

“Dois gays, uma hétero e uma encubada. A combinação perfeita.” – Charlie virou o rosto para que a indireta não ficasse muito óbvia. Santana gargalhou.

“Sophie só podia ser encubada mesmo, talvez seja por isso que ela criou um namorado imaginário.” – A latina deu de ombros, sendo fuzilada pelo olhar de Sophie.

“Acho que você entendeu errado... E ele não é imaginário!” – Sophie cruzou os braços.

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“Desculpem o atraso”. – Disse assim que entrei na sala do Glee Club. O dia anterior havia passado em um piscar de olhos, depois que voltei do Breadstix tive que preparar o jantar para o meu pai e então passei o resto da noite tentando me concentrar em responder meus deveres de casa em vez de largar tudo e começar a desenhar novas roupas para as Seletivas. Me sentei em uma cadeira ao lado de Sophie e Santana, enquanto Charlie e Emily sentavam nas cadeiras da frente.

“Não entendo pra quê mais discussões quando todos nós sabemos que precisamos de um solo meu pra vencer...” – Rachel revirou os olhos, com os braços cruzados.

“Caso você tenha esquecido, Berry, existem outros números também. E você quer ter destaque em todos eles.” – Charlie argumentou, um pouco impaciente. Será que era cedo demais para pedir um pouco de destaque nas Seletivas também? Quer dizer, eu mal cheguei no Glee Club, então acho que não seria sensato pedir isso quando pessoas que estão lá a mais tempo também querem isso. Charlie e Emily, por exemplo.

“Mas eu preciso ter destaque neles! E minha voz fica perfeita com a do Finn, por mais que eu deteste admitir isso já que ele namora a Chelsey e eu namoro o Jessie. Aliás, meu relacionamento com o Jessie está perfeito.” – Rachel lançou um sorriso esnobe para Finn, que segurava a mão de Chelsey. Santana revirou os olhos, e quase escutei a mesma dizer “Se a senhorita-roupas-de-vovó quer ser uma estrela da Broadway, precisa disfarçar mais quando seu relacionamento está claramente uma merda”.

“Então decida entre o dueto, solo, ou um chute na bunda”. – Santana sorriu antipaticamente para Rachel, que se encolheu em sua cadeira.

“Por que não damos o solo pra Rachel, o dueto para a Emily e Charlie, e fazemos um número em grupo?” – Perguntei timidamente, com medo de que Santana jogasse uma slushie no meu rosto e gritasse como uma descontrolada que minha ideia era uma droga. Ou talvez apenas a slushie, já que aqui não se precisam de motivos pra jogar algo no rosto dos outros.

“O Kurt tem razão, essa é a ideia que eu estava propondo. Mas, claro, todos só devem escutar a Rachel aqui.” – Emily disse, olhando para Rachel com um leve olhar de irritação.

“Tudo bem, tudo bem! Eu sei que vocês se sentem intimidados pelo meu talento e por isso não admitem que eu tenha destaque em dois números, mas fico grata por considerarem meu solo. Até por que acho que um solo meu vale mais do que um dueto com o Finn, assim não corro o risco de ele me largar no meio do dueto pra começar a namorar outra pessoa”. – Rachel falou tão rapidamente que Finn achou que ela estava o elogiando. Provavelmente ele achou que ela estava dizendo coisas lindas em árabe. Pelo menos, eu entendi tudo em árabe.

“O Finn largaria você, no meio das Seletivas, pra namorar alguém?” – Sophie franziu o cenho. – “Isso não faz sentido nenhum.”

“Vai saber, não tenho superpoderes como o Zach pra poder prever o futuro”. – Rachel revirou os olhos. Chelsey escutava tudo irritada e em silêncio, então se virou para Finn e o beijou lentamente. Assim que separou o beijo, com direito a bastante saliva e estalos – Ainda tenho medo do Finn acabar engolindo alguém acidentalmente com esses beijos, – Chelsey cruzou as pernas e fitou Rachel com um olhar intimidador.

“Eu acho que prefiro um dueto Chinn pra acordar os jurados, já que você provavelmente vai fazer todos dormirem com essa voz de criança irritante”. – A garota loira disparou, fazendo Rachel se ofender.

“Um dueto Chinn não pode ser melhor do que um solo meu. Aceite, Chelsey, nós sabemos que essa é a realidade”. – Rachel deu um sorriso confortador para Chelsey, que se não fosse Finn segurando a mão da garota ela teria socado Rachel exatamente neste momento.

“Chelsey, não escute a Rachel. Ela só está com ciúmes e chateada pelo namorado dela fazer parte do coral adversário.” – Finn disse, acariciando as mãos da garota levemente. Santana mordeu o lábio como se estivesse chegando a sua parte favorita de algum programa de auditório.

“Isso não é verdade Finn, o Jessie me ama e eu amo ele. E quanto a ele ser de um coral adversário, isso é verdade, mas não muda o fato de que vamos ganhar por causa do meu solo”. – Rachel pronunciou a palavra “meu” pausadamente. – “E não por causa de um dueto Chinn, que seria completamente insuportável.”

“Será que vou precisar gritar com um megafone que o dueto vai ser Chemily? A Sue poderia me emprestar um sem problema nenhum!”. – Charlie disse com um tom de voz alto, estressada.

“Aqui é sempre assim?” – Me aproximei de Sophie e perguntei com a voz baixa. – “Se for, todos os dias trarei um balde de pipoca. Isso é imperdível.”

E quando Sophie abriu a boca para responder, Arthur apareceu na porta da sala. Completamente encharcado e segurando uma mala. Santana quase pulou da cadeira quando viu o namorado nesse estado, assim como Zach.

“Algum bebê gigante vazou em cima de você?” – Zach perguntou, com um tom preocupado.

“A Pandora. Ela me expulsou de casa e me derrubou na piscina”. – Arthur foi até uma das cadeiras, sentando espaçosamente e jogando sua mala em um canto da sala.

“Aquela vadia... EU VOU MATAR ELA!” – Santana se levantou furiosa. Rachel quase deu um grito, apavorada, mas por sorte engasgou antes disso. – “QUEM ELA PENSA QUE É? ELA PRECISA DE MUITO LIMA HEIGHTS NA CARA HÁ MUITO TEMPO.”

Charlie segurou Santana pelo pulso, mas a latina soltou-se e saiu da sala dando passos pesados. Olhei para Sophie, que estava incrédula.

“Quando devemos encomendar o caixão da Pandora?” – Charlie perguntou para Emily. Zach se levantou e foi atrás de Santana, antes que alguém pudesse impedi-lo.

“Bom... Já que agora a Santana e o Zach já foram resolver o problema, que tal vocês sugerirem músicas para o meu solo?”. – Rachel perguntou, animada. Sophie franziu o cenho e fuzilou Rachel com o olhar, e então levantou-se completamente irritada.

“A SANTANA FOI BRIGAR COM UMA PSICOPATA PERVERTIDA E VOCÊ ESTÁ PREOCUPADA COM O SEU SOLO?” – A loira gritou, se aproximando de Rachel. Me levantei e segurei Sophie pelo braço, com tanta força que senti meus ombros estalarem. Como uma garota daquele tamanho conseguia ser tão forte?

“C-CALMA, SOPHIE... A RACHEL SÓ ESTÁ BRINCANDO.” – Olhei para Rachel como se estivesse mandando-a seguir o script, e a morena entendeu no exato momento. Era isso ou ser morta por uma loira descontrolada de olhos grandes (e lindos).

“É, EU ESTOU BRINCANDO!” – Rachel forçou uma risada e se sentou como se nada tivesse acontecido. Sophie respirou fundo e se sentou, cruzando os braços e fazendo uma cara de emburrada.

Alguns minutos se passaram e então Santana voltou junta de Zach. Ambos também encharcados, e Zach com uma mala. Pude notar de relance que as unhas de Santana estavam sujas de sangue, e aquilo me deu a certeza absoluta de que eu não iria dormir nada bem esta noite.

“Acho que consegui salvar alguns gibis, ainda bem que eu sempre coloquei eles em uma pasta de plástico”. – Zach sorriu, colocando sua mala no canto.

“A Pandora expulsou você também?” – Arthur perguntou, irritado. Zach fez que sim com a cabeça e se sentou, ignorando totalmente o fato de estar com roupas molhadas.

“Eu derrubei a desgraçada na piscina e deixei a marca de Lima Heights no pescoço dela.” – Santana olhou para suas unhas sujas de sangue de um jeito macabro. – “Literalmente.”

“Então onde vocês vão ficar?” – Charlie perguntou à Arthur e à Zach.

“Eu me viro, só preciso encontrar um lugar pro Zach.” – Arthur deu de ombros. E então todos ficaram em silêncio, pensativos.

“Vocês podem vir morar comigo, com certeza meu pai deixaria.” – Eu disse com um leve sorriso, quebrando o silêncio. Todos olharam pra mim como se eu fosse algum animal exótico. Arthur se virou para mim com um olhar extremamente irritado. Tão irritado que precisei segurar a mão de Sophie para me sentir mais seguro.

“Por que está nos ajudando? Não pedimos sua ajuda. Você nem conhece a gente direito, não precisa ficar querendo bancar o bonzinho pra gostarem de você. Eu não preciso de ajuda. Se o Zach quiser ir, a decisão é dele. Sei que todos só querem me ajudar de má vontade, então eu posso me virar.” – Arthur pigarreou, de um jeito completamente rude.

“Ei, seu animal, ele só está tentando ajudar! Deveria ficar feliz por isso, já que você se sente o ignorado e solitário daqui!” – Rachel disse, cruzando os braços.

“Acho que seu nariz está começando a te controlar, porque eu não pedi a sua opinião”. – Arthur revirou os olhos.

“Não é questão de quererem te ajudar de má vontade.” – Comecei, fazendo Arthur voltar sua atenção a mim novamente. – “É questão de você recusar a ajuda pra depois dizer que não querem te ajudar e que você não precisa. São coisas bem diferentes. E eu não conheço vocês direito, é verdade, mas já confio em vocês o suficiente pra oferecer a minha casa. Aliás, você foi a primeira pessoa que eu conheci aqui, e até hoje eu não entendi bem o que é ser comida de maioral...” – Franzi o cenho, ignorando os olhares maliciosos que Sophie e Santana trocaram após eu terminar. Arthur ouvia tudo em silêncio e então deu de ombros.

“Tá. Só vou aceitar porque vou ser pai e quero mostrar que mudei e que também sei ser humilde e aceitar ajuda. Por mais que eu não precise.” – Arthur disse, ainda rude, porém com um tom de voz mais baixo. Finalmente senti que não seria agredido nem atingido por uma slushie, então soltei a mão de Sophie – que, por sinal, já estava ficando roxa.

“Eba, vamos morar com o Kal El!” – Zach comentou, e então virou-se para mim dando uma leve risada. – “Espera, ser pai?”

“Vai ser pai? Como assim, Santana?” – Rachel olhou para Santana incrédula. – “Sue Sylvester teria nojo de você agora”.

“Calada, Gaybbit, também não entendi isso.” – Santana franziu o cenho olhando para Arthur. – “Quer me explicar isso, Agróm?”

“Não precisa explicar nada, eu voltei.” – E então uma garota grávida, morena, de cabelos cacheados e pele clara parou em frente à porta. Chelsey quase desmaiou.

“ELENA?!” – Todos olharam incrédulos para a garota. Como eu não sabia o que estava acontecendo, apenas imitei todos, olhando incrédulo para ela como se a conhecesse.