O Filho Do Olimpo E A Faca Da Noite escrita por Castebulos Snape


Capítulo 9
Descubro Mais Sobre A Água E Meu Destino




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Foi Poseidon que deu, lentamente, vários passos até mim. Até aquele momento eu não me importei muito com o Senhor dos Mares, mas quando o deus chegou perto de mim pude sentir que ele tinha certo talento para manter a expressão neutra, o que era muito assustador. 

Engoli a seco.

  Ele me olhou diretamente em meus olhos por alguns segundos. E examinou meu rosto, que, no caso, devia estar apavorado, serrando os olhos, como se estivesse checando os detalhes de uma obra de arte raríssima, então soltou uma risadinha esquisita. De novo: eu engoli seco; por que a expressão dele tinha que ser tão indecifrável?

– É. Você é mesmo a cara de Hades quando era mais jovem. – disse com se aquilo o decepcionasse profundamente – Sinto muito, de verdade.

Olhei-o boquiaberto tentando encontrar algum indicio que dissesse que era uma brincadeira, mas aparentemente ele realmente acreditava naquilo.

Uau, pensei, que coisa estranha para se dizer sobre o próprio irmão.

Inclinei-me levemente para o lado tentando ver como Hades reagira ao doce comentário de seu irmão e percebi que ele me observa com os olhos serrados como se para ver aonde eu era parecido com ele.

Também não entendi, confessou Vox, Aonde somos parecidos com o velho?

Cale a boca.

Venha me fazer calar!

Não quero sujar minhas mãos. Obrigado pela oferta.

Você sabe que, se abrir sua própria cabeça, não vai me encontrar, não é? Sou apenas pensamentos. Não pode sujar suas mãos comigo.

Foi uma ótima resposta.

Então voltei a olhar para Poseidon com uma das sobrancelhas levantadas.

– O que?!

– É mesmo! – exclamou Deméter se divertindo com a possibilidade – Ah, que peninha! Coitadinho do garoto, que azar. Também; que boas opções ele tem nessa família?

Hades grunhiu e me olhou como se pedisse desculpas. Poseidon ficou emburrado como o resto do pessoal. Zeus caiu na gargalhada, depois parou; ele fazia parte da família. Tapado não, todo!

– Brigado, Deméter.

– De nada.

Hera apertou os lábios provavelmente tentado impedir que seu riso saísse, não sei do que ela ria; do primeiro comentário de Deméter ou a resposta que deu a Zeus. Eu não consegui ver onde estava Hestia, mas ela, com certeza, devia estar rindo também. 

  – O senhor acha mesmo? – perguntei animado depois de olhar por alguns minutos para Hades que fechara a cara para a família. Ele não tinha mesmo motivos para gostar daquele povo.

Ele me encarou como se não me entendesse, pelo menos eu acho que foi assim, porque...; que cara confuso!

– Você acha isso legal? – perguntou lentamente como se para garantir que eu entendesse. Estúpido eu sou, mas não tanto – Sinceramente? Ele não é exatamente lindo, não é?

Perséfone encarou o tio como se fosse atacá-lo por trás e arrancar-lhe a cabeça, eu fiquei com um certo medo... Hades respirou profundamente algumas vezes como se contasse até dez lentamente.

– Adoro Hades – afirmei rindo alegremente lembrando que, em parte, era filho de Hades também – E eu também não sou exatamente um galã.

O Senhor dos Mortos me encarou como se eu fosse maluco ou só estranho. Eu já era os dois mesmo, já tinha me acostumado com essa condição então não tinha muita importância. 

Afrodite negou com a cabeça, tá legal? Ela me acha lindinho! Seja lá o que isso quer dizer para ela.

– Esse garoto não é normal – comentou Poseidon me olhando atentamente. Nossa que descoberta do século. A bala que matou o John Lennon! – Não pode ser. Onde esta a cabeça das crianças de hoje?

Todos os deuses em torno dele tremiam com as risadinhas que aquilo estava provocando. Abaixei os olhos afirmando para mim mesmo que não importava o que dissessem Hades era um dos meus heróis. E meu pai! Em aspas, claro. E lindinho.

– Vamos esquecer as desgraças da vida, não é mesmo? – os deuses atrás dele se seguravam para não rir abertamente e eu fui ficando irritado – Para falar a verdade Deméter e eu não sabíamos o que dar...

Dessa vez Hades e Zeus soltaram suas risadinhas malignas. Pude ver que o dia estava sendo divertido para o Deus-rei.

Ainda bem que sou filho único, pensei. 

Aspas de novo, retrucou Vox, somos como gêmeos siameses, só que ninguém reparou. E sem contar que nós, sendo filhos dos olimpianos, somos irmãos de meio mundo.

Estou tentando te ignorar!

Boa sorte!

– Então resolvemos dar os poderes principais de nossos filhos. – ele olhou para Deméter e os dois estalaram os dedos ao mesmo tempo eu senti uma onda varrer meu corpo e que estava caindo.

Posidon me segurou e me firmou de pé. Depois de me encarar por alguns minutos preocupado, ele suspirou.

– É, você não é feito de ferro. Deveríamos ter ido um de cada vez. Bem, você não se molha ou se afoga e, se concentrar-se, pode tentar controlar a água e por Deméter você controla a vegetação. E a faz crescer.

– O presente – disse Deméter sem nem se dar ao trabalho de se levantar –, dos dois, é uma conta no Banco do Olimpo.

– Cartão – Poseidon me entregou – Senhas inclusas.

Olhei para o papel em cima do cartão de credito dourado:

1713 / V - J - F - M - R   

– Entra em qualquer lugar, sem credito mínimo, fácil de carregar e não paga nada no fim do mês.

– Qual o valor do credito? – perguntei olhando o cartão de ouro puro.

– O quanto precisar, para falar a verdade. Em dinheiro mortal e dracmas de ouro. O banco vai fornecer como um tipo de brinde em consideração ao nosso pedido.

Encarei-o. Eles não podiam me dar tanto dinheiro eu tinha doze anos, por Zeus. Mas tudo que tive como resposta foi uma risadinha rouca parecida com a de Hades. Genética, em termos, eles deviam ter puxado a risada do pai. Sinistro...  

Tirei a carteira do bolso de trás e coloquei o cartão dentro, ainda olhando para o deus como se implorando para ele tirar aquilo da minha mão.

Ah, qual é!, implorou Vox, A quanto tempo temos tanto dinheiro assim? Nos nunca tivemos tanto dinheiro assim.

Poseidon se afastou ainda rindo como se estivesse percebendo minhas semelhanças com Hades. Eu, pessoalmente, adorei isso. E Hades continuava a me encarar de todas as formas como se tentando realmente ver a aonde éramos parecidos.

Hermes abriu um sorriso que chegava a ser maior que o de Apolo.

– Isso vai ser divertido! – disse a Dionísio que não achou nada divertido – Então garoto... – ele parou na minha frente e estalou os dedos em meu ouvido – Corra!

– QUÊ? – exclamei.  

– Corra. Do verbo correr. Vai lá!

Me virei boquiaberto. Perguntando a mim mesmo aonde foram os deuses com mentalidade normal. Será que eles realmente existiram?

Não!, pensei.

Nunca fui um grande atleta, correr não era minha melhor qualidade, mas dei o arranque mesmo assim. Minhas pernas pareceram estranhas e quando olhei para baixo soltei um grito; o arranque que eu dei tinha me tirado do chão.

Desci longe do meu ponto inicial alguns metros, cheguei ao chão correndo e por mais pesado que e fosse não sentia esse peso. Dei novas passadas longas e parei fora do parapeito da sacada. Tentei me virar e segurar, mas já estava longe demais.

Tudo que eu vi foi a grama verde a quinze metros de distancia ficando mais próxima e tudo que pensei foi: Não dói, não dói, não dói, aaai. Enquanto isso Vox gritava: Aaaah!                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  

Fechei meus olhos com toda força que consegui. Quando o vento parou e senti o chão embaixo dos meus pés. Reabri meus olhos e me vi de pé no meio do jardim. Completamente inteiro, tremendo muito, é claro, mas inteiro.

Por que é que eu tô vivo?, pensei

N-não importa! Esta-mos vi-vos, retrucou Vox, há–HÁ! ESTAMOS VIVOS!

Olhei para cima onde os olimpianos me encaravam encostado na sacada. Engoli seco e parei de tremer.

– Como eu fiz isso?!

Hermes passou a perna por cima do parapeito e pulou. Enquanto caia pequenas asas saíram dos seus sapatos e ele aterrissou levemente do meu lado, rindo.

– Minha bênção foi a resistências das pernas e velocidade. A leveza... – ele deu de ombros – Digamos que você tem sorte, na verdade juntando minha bênção, com a de Ares você ficou mais resistente, mas não força a barra que ma hora você morre!

– De nada, moleque! – Ares pareceu bem orgulhoso de si.  

Hermes e eu nos entre olhamos por um tempo depois ele baixou os olhos para meus pés. Então entendi o porquê. Gemi e tirei um dos meus tênis. A base tinha saído, o tecido estava rasgado e os cadarços partidos. Meus dois melhores tênis estavam completamente destruídos.

– Isso nos leva ao presente – ele fez uma caixa de sapatos aparecer em minhas mãos – Tênis normais nunca agüentariam a potencia das suas pernas. Velocidade, tração, tudo é muito para o material usado neles. Então é melhor você usar estes aqui.

Tirei a tampa da caixa e olhei para as botas dentro dela. Eram bastante comuns, coturnos normais. Eram pretas com alguns detalhes em vermelho, pareciam... leves, delicadas, simples.

– Elas são da mesma liga que Hefesto usou para prender Ares e Afrodite naquela armadilha... – seu olhar ficou sonhador – Ah! Bons tempos – Afrodite pirateou no andar de cima e vários deuses soltaram risadinhas cruéis – É praticamente inquebrável.

– Eu que o diga – resmungou Ares, mal-humorado, por entre as risadas dos irmãos.

Tirei uma delas da caixa e vesti no pé que estava faltando. Cheguei até a me surpreender com o conforto e a segurança que senti quando firmei meu pé no chão, então coloquei o outro pé na segunda bota. Faziam me senti seguro, acho que se e quisesse podia correr na água com eles...

– Agora corra de novo, mas pegue leve. Se você cair daqui vai direto pro Hades com corpo e tudo. e isso não vai ser legal.

Eu me virei respirando fundo e corri de novo. A cada uma das minhas passadas pareciam pulos. Quando chequei a beira da montanha me segurei em uma árvore jogando minhas pernas para cima durante a curva brusca e corri de volta para Hermes. Parei de frente para ele sorrindo como se tivesse acabado de vencer as Olimpíadas.

– Parabéns – nossa, valeu! Anda, vamos subir.

Ele tocou no me ombro e numa fração de segundo estávamos na sacada de frente para os deuses. Zeus se acomodou ali abraçado com Hera. Hades passou o braço entorno de Perséfone e ficou o máximo que pode longe de Deméter.                

Eu voltei a olhar para os deuses como um todo e foi Afrodite caminhou até mim sorrindo de modo magnífico. Os deuses atrás dela inclinaram as cabeças para o lado e ficaram com caras de idiotas. Ela parou na minha frente.

– Jack! Eu não disse o que era minha bênção, não é mesmo? – neguei com a cabeça, nervoso – Bem, quando você nasceu eu tentei ao máximo transformar você num homem bom e um bom amante, o que eu consegui, consegui até mais... O homem que toda mulher me pediu.

“Te tornei um homem apaixonado. Não só por uma mulher, mas por tudo que faz, por tudo que confiam a ele e por todos com quem convive. Uma pessoa honesta, uma boa alma. Uma pessoa boa, alguém que realmente ama os outros, não é egoísta, vaidoso, arrogante ou, mesmo que possa ser, não deve ser cruel.”

Eu pude sentir a mensagem subliminar naquela frase e, aparentemente, Ares e Hefesto também porque se entre olharam e se encolheram olhando os ladrilhos.  

– Como isso eu – continuou ela –, sem querer, transformei você em um homem de uma única mulher. Só será capaz de amar verdadeiramente e apaixonadamente uma, se dedicar apenas a ela, ser apenas dela, sem poder nunca esquecê-la. E ela vai te amar do mesmo jeito. Não é lindo? Sua outra metade. Literalmente.

Eu sorri entendendo o que ela tinha falado, mas... Olhei para Afrodite deixando de novo a tristeza me abater novamente. Ela me encarou parecendo desapontada, fazendo um biquinho. Linda, perfeita, maravilhosa... Do estávamos falando?

– O que foi?

– Ela se foi. Amanda. Eu era apaixonado por ela e ela se foi – senti meus olhos arderem – Que dizer que a única garota que eu poderia amar se foi para sempre?

– Não – respondeu ela prontamente eu abri minha boca para protestar, mas me calou com o olhar – Querido, o que você sentia por Amanda não era amor. Era é o que eu chamo de Paixonite por Excesso de Carinho ou PEC. Você se sentia responsável por ela, a queria bem, vocês confiavam um no outro e tinham coisas em comum. Como em todo o namoro infantil. É claro que você a amava, mas como uma irmã. Você não a amava como se ama uma mulher, entende?

Eu tinha entendido, mas não sabia se ficava feliz, desapontado ou aliviado. Afinal quanto tempo essa mulher ou garota iria demorar a chegar? Como eu a reconheceria? Como ela era? Ela poderia ser melhor que Amanda?

Olhei para Afrodite procurando mais respostas, mas ela tinha um olhar completamente indecifrável.           

As deusas atrás dela pareciam absortas naquelas palavras. Os deuses me olhavam com pena. Até que Zeus levantou os olhos e encarou Afrodite:

– Quer dizer que desrespeitou uma das minhas leis? Deu a ele o que tiramos a milhares de anos, Afrodite.

– Ele lhe parece uma pessoa com aquelas? Ah, Zeus! Esse menino é de ouro e merece isso – então ela olhou para mim com mais calma – O presente é bastante delicado. Não porque é frágil, mas porque é complexo.

Assenti e ela colocou uma corrente em mim. Toquei nela e percebi que preso a ela estava um anel.

“Este anel”, continuou a deusa, “é o Anel da Regeneração. Fiz especialmente para você. Pode curar qualquer ferimento seu. É só colocá-lo. Pode funcionar com outras pessoas também, mas só funcionará com quem você realmente se importar.”

Afrodite me olhou nos olhos por alguns segundos, não sei o que ela estava pensando, mas eu lutava comigo mesmo.

E se eu tivesse isso antes?

E se eu tivesse colocado no dedo de Amanda?Ela estaria viva?

E se eu a tivesse salvado? O que ela diria sobre isso tudo?

Eu, com certeza, me importava com ela, não a deixaria morrer se tivesse opção. Daria minha vida se fosse necessário.

Mas eu não tinha quando ela morreu, por quê? Ela poderia estar em casa com os pais, feliz.

Talvez isso cure a morte. Será?

Não!

As leis da morte são claras nem os deuses podem questionar as decisões das Parcas. E eu sou só um mero mortal de carne o osso.

Mas se eu pudesse não descansaria até conseguir.

Vamos ter que aprender a viver sem ela, se intrometeu Vox, Não podemos viver de pensar em que poderíamos ter feito por ela, não poderíamos ter feito nada. Vamos acabar enlouquecendo e, mesmo assim, nunca vamos nos perdoar.

Tem toda razão.

Meus olhos entraram em foco revelando uma Afrodite muito orgulhosa.

– Você é um bom menino, sabia? – disse Afrodite sorrindo – Acaba de encerrar todas as minhas duvidas sobre esse presente. Não pensou em si, e sim no que era certo. Jack Johan St. James você é diferente de todos que já vi.

Eu sorri parecia até estranho pensar que eu, o filho único de Ártemis, estava ouvindo uma coisa boa de Afrodite.

– Guarde sempre perto do coração, meu bebê.


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Notas finais do capítulo

próximo cap tem cão infernal!
comentem!



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