O Filho Do Olimpo E A Faca Da Noite escrita por Castebulos Snape


Capítulo 25
À Velocidade Do Som


Notas iniciais do capítulo

ai tem a nova pista, polinho totoso, e o sexy hefesto
ele só vai passar no desafio no próxima.



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Peguei o papelzinho e desenrolei:    

No oeste vai encontrar o que procura.

Entre os chifres do mais belo que foi prometido, salvo e enganado encontrará o próximo degrau.

Sem derramar uma gota de sangue animal deve capturar e domar o que já foi domado.

Li e reli o que o papel dizia. Não queria acreditar, não podia ser. Mas a resposta era obvia, apenas seria difícil eu gostar dela. Lya avançou e puxou o papel da minha mão, Marcus leu por cima do ombro dela e arregalou os olhos.

Lastima, sussurrou Vox, pela primeira vez percebi que não ouvia aquela voz dentro da minha mente há um tempo, Como vamos fazer isso?

Não sei, Vox, como vencemos de um grifo?

Não temos mais nosso cão...

Não por muito tempo, Loki ficará bem.

Não há tempo, Zeus vai matar todos nós em seis dias!

É tempo o baste.

– Ela esta falando do... – assenti, observando o sangue deixar rapidamente o rosto do meu irmão – Aquele que Poseidon... Que o Rei Minos... Aaai! – ele colocou as mãos na cabeça e começou a andar de um lado para outro, na marcha do desespero. 

– É o Touro de Creta, certo? – perguntou Lya, animada, não entendo bem por que. Marcus e eu assentimos – Ótimo! Sempre quis montar em um touro mitológico imortal – Serio? – Em que parte do oeste e como chegamos lá?

– É realmente uma pena que vocês ainda estão fora da aventura – afirmei – Vocês deviam estar no colégio, treinando. Sabe o que vai acontecer em uma semana? – o tom da minha voz aumentou – Zeus vai matar a todos nós se eu não conseguir. Vocês também. Eu serei o responsável, não posso passar a eternidade nos Campos de Punição com esse peso em minhas costas, não vou! E Quíron vai ficar preocupado...

– Preocupado? – perguntou Lya rindo e de uma cotovelada em Marcus que soltou a risada que estava prendendo – Ele nos deu os pégasos para irmos atrás de você mais rápido. Está preocupado com você também.

– Quando eu voltar – pensei bem –, se eu voltar, vou fazer hambúrguer centauro mal passado.

– E tem mais – continuou, ela olhou para o céu gritou com toda a força de sua voz: – Nós nos comprometemos com a primeira missão podemos ir embora agora?

Um trovão ribombou no horizonte; não. Malditos sejam o Rei dos Deuses e todos os seus filhos (no caso alguns dos meus pais, lixo). Se eu sobrevivesse Zeus também ia ouvir algumas coisinhas curtas e grossas.

Eles sorriram para mim, sem ter idéia no que estavam se metendo, e eu caminhei até a água, o por do sol brilhava no horizonte e me deu uma idéia, tirei um dracma de ouro e joguei na água.

– Deusa Iris aceite minha oferenda, por favor! Colégio Caminho aos Elíseos.

A água tremeu e vi Quíron sentado na cadeira de rodas na sala dos professores, olhos vazios, rosto sério, e um enorme copo de vodca na sua frente. Sim, o centauro bebe, eu sou o único que acha isso muito errado?

Tossi de leve para chamar sua atenção e ele quase saltou da cadeira de rodas, o que seria estranho se eu não soubesse que ele é metade cavalo, que também é estranho. Quando nos viu vivos seus olhos castanhos se iluminaram.

– Sobreviveram. Que bom!

A mensagem começou a tremer.

– Zeus deve estar tentando interromper a ligação – gritei – Quíron, estamos bem, a pista leva ao Touro de Creta. Onde ele esta? Ele é a próxima pista!

O centauro pareceu decepcionado e a imagem tremeu novamente, mas desta vez custou a voltar ao normal.

– Texas! Os três semideuses... – a ligação caiu.

Me coloquei de pé lembrando da historia e tremendo.

Zackary!, disse Vox, Como podemos ter esquecido?

Será que coloquei Quíron em uma enrascada?, pensei ignorando completamente Vox.

Duvido, respondeu Vox, A questão é que nos colocou em uma. Zeus deve estar furioso

– Texas – sussurrou Marcus, olhando o chão – É impressão minha ou nós temos que cruzar o país sem ter como?

– Nós temos como – afirmei pensando no fim da... Afinal o que era aquilo exatamente? Uma pista? Um bilhetinho? Um convite?

Enquanto eles mandavam os cavalos de volta, recuperei minha faca e transformei-a em uma Ferrari (claro!), porque eu é que não ia rodar o país com um carrinho chulo. Não faz nem sentido, se eu fosse morrer iria morrer com estilo.

Marcus observou tudo de boca aberta, a lataria vermelha, os assentos de couro, quase baba em cima do volante. Lya foi mais calma, acho que não achou meu carro tão sensacional. Apenas se sentou no banco do carona e olhou o pára-brisa, com tédio, mas determinada.

Já estávamos saindo da cidade quando percebi que nenhum dos dois estava com armas, como eles esperavam ser úteis se não poderiam lutar?

– Onde estão suas armas? – tentei manter minha voz calma, mas não pude deixar de ser meio frio com eles. Os dois sorriram um para o outro, como se e não soubesse de nada, como se guardassem o segredo do santo graal.

– Papai me deu um presente... – ela abriu sua mochila e puxou um arco longo e maciço de dentro dela – ele disse que essa mochila pode comportar qualquer tipo de coisa, e não pesa! Coloquei seis aljavas aqui dentro e não sinto nem a diferença.

– Legal, a minha também é assim Ártemis me deu ela. É você, Wrestle?

Ele sorriu, colocou a mão no bolso e puxou sua espada, ela cabia na palma da sua mão, mas logo foi crescendo, pegando forma e jeito de uma arma de verdade.

– Ares que me deu, pela primeira vez na vida fez algo bom por mim. Ele disse que pode diminuir até eu poder palitar os dentes com ela. Legal né?

Sorrio com sua animação, e agradeço a Ares e Apolo por dar à eles um motivo de gostar daquela loucura. Parecia que estamos indo para um hotel passar as férias ou coisa parecida e não uma corrida pela vida e por uma faca milenar que pode matar deuses.

Tentei fazer os cálculos, se eu acelerasse até o limite e não parasse por nada, poderíamos chegar lá amanhã pela tarde, por um milagre até mais cedo, me perguntei se seria suficiente. Marcus tagarelava com Lya sobre mitologia, deixando-a apaixonada pelo Olimpo. Bela lavagem cerebral. As dezenas de historias sobre o pai dela.

– Como assim Jacinto era homem? – a voz aguda de Lya me tirou de um transe causado pelas faixas na estrada.

Oh, assunto!

– Marcus, vai com calma com esses assuntos! – olhei pelo o retrovisor – Lya, seu pai não é gay, ser completamente hétero ou gay é contra as leis de Zeus, muito tempo atrás ele disse que nenhum ser vivo deve ser completamente homem ou completamente mulher, coisa que já foi esquecida. Muita gente se apaixonou por Jacinto, ele era bonitão, e seu pai foi um deles, largou tudo para andar atrás dele, faria tudo pelo rapaz. Mas, como eu disse, ele não era o único, tinha também Zéfiro, um dos ventos, o pobre jovem no meio dessa disputa, como sempre, foi o que mais perdeu. Papai Sol lançou um disco com seus poderes de deus para encantar o outro, deve ter sido lindo mesmo, com todo que Apolo faz, o poder dele serve para encantar. Zéfiro soprou, com ciúmes e raiva, talvez para estragar a exibição, só que deu errado, e o disco bateu na testa do rapaz, matando-o. Apolo ficou desolado e o transformou em flor, para que pudesse ser belo para sempre, semelhante ao lírio, mas púrpura, da dor de seu pai. Aquela flor marcada pela dor, de acordo com Milton

O carro ficou em silencio por um tempo, olhando pelo retrovisor vi que Lya estava de cabeça baixa, como se arrependida de ter pensado mal de seu pai. Não que pensar que ele fosse gay fosse ruim, ou, pelo menos, não acho que seja ruim.

Deixei o silencio se prolongar, era bom, mas não durou mais que um segundo.

– Eu não gosto dessa história – enterrei o pé no freio, sendo lançado para cima do volante, da próxima uso o cinto de segurança, e me virei para encarar Apolo em toda a sua gloria, ele estava esparramado no banco de trás e me olhava, serio. Marcus (que tinha sido jogado para frente com o freio repentino) deixou o queixo cair. Lya se afastara o máximo dele e estava com as bochechas da cor do jacinto.

– E ai, princesa? – ele ajeitou se cabelos e acariciou seu rosto com devoção, seus olhos brilhavam de amor e cuidado – Você já está tão crescida, coisa fofa... – Isso foi esquisito – Tão linda... Esses cavalos estão cuidando bem de você?

Ela assentiu, a cor saindo de seu rosto.

– Cavalo? – perguntou, indignado, Marcus. 

– Apolo! – aquilo não ia acabar bem – Isso é ilegal sabia? Seu pai vai acabar com você!

Ele bufou, rindo um pouco, ainda com os olhos na filha.

– Quando Zeus diz que vai fazer vista grossa, ele faz vista grossa, apesar de tudo, é um cara de palavra, ao extremo do termo, só para você sentir o drama, a TV Hefesto está transmitindo, em tempo real – Putz! Privacidade que é bom nada, né? –, mas ele nem deixa a gente ligar a TV perto dele. Eu vi que vocês estavam falando bem de mim – Estávamos? Sério... –, então e resolvi dar ma ajudinha. Passa para trás, Jackie!

– Não me chama de chama de Jackie, Apolo – neguei com a cabeça.

– Quer minha ajuda, ou não, Jackie? Minha irmã vai ficar muito chateada se você morrer. Não só ela, Ares tem uma ligação quase sentimental com o pirralho ali – Marcus ficou surpreso demais para retrucar – E se levar minha filha para morte, por mais que eu te adore, eu te jogo no Tártaro. Sem minha ajuda vocês não chegam ao Texas tão cedo, quiçá em Los Angeles!

Bom argumento.

– Por que precisaríamos chegar a Los Angeles, só precisamos ir até o Texas.

A luz diminuiu completamente, parecia que estávamos de noite, Nix não estava gostado. Apolo logo seria tirado dali por falar demais e eu perderia a chance. Eu tava com o tempo curto, então quem era eu para reclamar? Saltei para o banco de trás, sentando entre ele e Lya, então o deus do sol passou para o banco do motorista. Ele deu uma batidinha no volante e o carro tremeu inteiro. Apertei meu cinto e o de Lya, já prevendo o que ele ia fazer, Marcus se agarrou no banco e prendeu bem a mochila entre as pernas, com os olhos apertados e murmurando uma oração a todos os deuses.

– Vamos lá, próxima parada, O Recanto do Mecânico, ferro-velho mais bem ocupado do oeste! – gargalhou – Irá!

Então o carro arrancou de uma vez e disparou como uma bala, nos lançando sobre os bancos. Os pneus cantaram em protesto soltando um cheiro desagradável de borracha queimada e as paisagens da janela viraram um borrão, Lya agarrou meu braço e enterrou suas unhas na minha pele, gritando em plenos pulmões.

O motor começou a soltar fumaça com o superaquecimento, o pára-brisa explodiu com a resistência do ar, mas Apolo fez o vidro virar pó com um movimento de mão, seu rosto estava tenso de concentração e suas mãos brancas segurando o volante. O ar começou a empurrar minha pele para trás em meu rosto então abaixei o queixo, deixando meu cabelo ser varrido. Ouvi quando o capô se soltou da lataria e começou a voar pelo céu do velho oeste.

– Apolo! – gritei, por cima do vento erguendo o rosto para olhá-lo – Se chegar a velocidade da luz desaceleramos, o tempo a nossa volta pode se dobrar e sabe-se lá mais o que!

– Não quero chegar à velocidade dá luz – gritou de volta, girando o volante que estava bem apertado em seus dedos –, a resistência do ar mataria vocês, isso se a falta de oxigênio não matar primeiro!

– Que legal! Uma ótima noticia! – gritou Marcus com os olhos bem apertados.

– Pai! – Lya gritou agudo – A que velocidade estamos?

– Do som! – Putz! Oh, diabo! – Graças a Zeus vocês estão vivos! Estou controlando os ventos, querida, esta tudo bem, o papai já cuidou de tudo! 

Foi quando ele pisou no freio, apertando com força para controlar o volante, e começamos a derrapar para parar, por um segundo assustador senti a parte traseira do carro se erguer com a parada brusca, mas o deus do sol foi mais rápido e virou o volante, colocando o carro em quinta, e as quatro rodas no chão com um cavalo de pau, giramos três vezes antes de parar em um solavanco.

– Isso ai! Quem manda nesse setor sou eu, Senhor Deus Do Fogo, ó noiado das ideia! – É corintiano! – Correr sempre foi com o papai aqui, e sou mais rápido que a luz, não importa o quanto eu destrua a maldita maquina. HÁ!

As gargalhadas psicóticas do deus me fizeram abrir os olhos e voltar a respirar, mas meus olhos arderam e em comecei a tossir. A nuvem amarela de areia que aquela proeza insana levantou não tá escrito! Quebrei o cinto de Lya e o meu para conseguirmos cair para fora. Marcus caiu do meu lado, enchendo a boca de terra.

Ergui os olhos para a placa de metal na frente de um monte de tendas enormes “Recanto Do Mecânico: Ferro-Velho Dos Deuses” e embaixo, escrito a mão de vermelho estava “Montaria No Touro De Creta: Seis Dracmas De Ouro”.

Um punhado de adolescentes havia saído das tentas e estava nos encarando, boquiabertos. Apolo bateu a porta do carro e minha Ferrari arriou completamente no chão, as quatro portas desabaram, os pneus haviam derretido, a tinta começara a desbotar, os vidros estavam rachados, e o motor pegava fogo, soltando uma fumaça negra. Deixei meus ombros caírem junto com minha cabeça, mas logo comecei a rir, a gargalhar. Por estar vivo, por ter chegado ali tão rápido, por poder contar com Apolo, por ele ter destruído meu carro dos sonhos, por aquela, por ter menos de uma semana para não ser morto, por tudo.

– O que vocês estão fazendo caídos ai? – perguntou Apolo, colocando os óculos escuros e mandando um sorriso “safado e sensual” para a câmera de segurança minúscula e bem camuflada sobre a placa, eu nem teria visto se não estivesse procurando algo.

Então o carro explodiu atrás dele, duvidei muito que houvesse gasolina o bastante no tanque para isso, mas não pensei muito nisso, se eu ponderasse muito ia tentar matar o deus do sol por ter destruído completamente meu caro por uma pose de machão. Todos estouraram em vivas escandalosas, urros e logo eu tinha sido levantado no chão, tinha tido as mãos apertadas e eles começaram a me arrastas para dentro das tendas, gritei um “Obrigado, tio!”, para Apolo que acenou com a cabeça e fez meu carro desaparecer, junto com a fumaça e o fogo.

Carregaram-nos até a tenda central, que estava completamente abarrotada de ouro, eu nunca tinha visto tanto dracma de ouro na minha vida, doía só de olhar, as montanhas e montanhas de dinheiro divino. Tinha um cara no meio de todo aquele ouro, sentado em um trono provavelmente feito do ouro derretido, ele era gordo e careca, seus olhos eram cor lama, seus dentes amarelos e lábios anormalmente vermelhos, e suas roupas eram de seda vermelha, parecia a Drag queen mais feia do mundo, só faltava a peruca.

– Olá. Meu nome é Guillermo, sou filho de Hedesto. – a voz dele era falsamente meiga e nojenta – Quem são vocês?

Dei um passo a frente.

– Meu nome é Jack, sou filho... De Ares, esse é meu irmão Marcus e Lya, filha de Apolo, foi ele que nos trouxe aqui, quer que eu entregue a ele o que tem nos chifres do touro, o que tenho que fazer para poder subir nele – menti, ele não tinha cara de alguém que entenderia minha posição.

Sua risada encheu o local, me arrepiando até o ultimo fio de cabelo.

– Saiam todos – os semideuses que se acumulavam na entrada simplesmente recuaram e sumiram, como se trabalhassem para ele – Tudo o que tem que fazer é esperar na fila por sua vez, depois de me pagar o preço estipulado. Talvez em um ano ou dois consiga.

– Não tenho um ano ou dois – respondi avançando um passo, mostrando o quanto era pequeno e fraco – Tenho apenas dois dias, preciso pegar aquilo.

Ele se levantou, não era mais alto que Dionísio, não tinha seu talento de parecer mais ameaçador do que é.

– E o que te garante que vai conseguir? Pessoas já morreram tentando fazer isso. Por que um frangote como você conseguiria o que nenhum dos semideuses mais bravos da era conseguiu? O que te faz tão especial? – ele parou na minha frente olhando para cima tentando alcançar meus olhos.

– Se surpreenderia. Quanto tenho que pagar para ser o primeiro a subir no Touro amanhã?

Ele sorriu.

– Um milhão de dracmas de ouro. São oito horas. Se me pagar até amanhã as cinco da madrugada eu te dou a chance de ser morto às sete.

Umedeci os lábios.

– Aceitaria cartão – mostrei-lhe o Cartão do Banco do Olimpo. Seus olhos se arregalaram e faiscaram em me rosto, como se tentasse adivinhar quem e realmente era, ma sombra de reconhecimento cruzou sua expressão, mas não falou nada.

– Só os deuses podem usar esses cartões. Roubou isso de quem?

– Foi um deus que me deu ele. Poseidon me deu para que gastasse o quanto quisesse, é só passar – Seus dentes rangeram e seus olhos se encheram de ódio.

– É realmente uma pena que eu não tenha conta em banco algum, por isso não há como passar seu cartão, tem até amanhã de manhã para me arrumar em dinheiro vivo. Seus amigos podem ficar em minha tenda enquanto resolve isso.

Pensei um pouco, só um deus teria tantos dracmas com sigo, mas eu não poderia voltar ao Olimpo sem a faca, Zeus iria achar que eu desisti e iria me matar. Talvez.., aquilo era o ferro-velho dos deuses, não?

– Guillermo – corri atrás deles – Tem algum deus aqui por perto? Qualquer um!

Seu rosto pareceu se iluminar, vendo no que estava pensando.

– Tem umas minas abandonadas aqui perto, papai fica lá de vez em quando, brincando um pouco com seus monstrinhos de metal, se der sorte talvez o encontre, mas duvido muito que abra mão de seu dinheiro por um filho de Ares.

– Talvez, veremos. Onde é e como chego lá?

Outros filhos de Ares que estavam por lá me deram uma moto velha e indicaram para onde devia ir. 

  Já havia anoitecido, eu estava cansado e sem tempo, minhas roupas estavam completamente sujas de poeira e eu podia não encontrar o deus do fogo ali. Não havia como prosseguir sem aquela pista, eu precisava dar um jeito de conseguir aquele dinheiro, precisava de um plano B, talvez minha mãe, ou até mesmo Hades.

Quando cheguei à mina, tentei imaginar algo mais sinistro e não consegui pensar em nada. Era escura, profunda e fazia barulhos estranhos. Bem, pelo menos isso queria dizer que tinha alguém ali. Eu sinceramente esperava que fosse o deus que e estava procurando.

Acendi meu isqueiro, comecei a usar minha mão como tocha e, com a outra mão empurrei a moto para dentro. Depois de vários metros, meu corpo começou a quase ceder de cansaço e eu me deparei com uma porta de metal, só podia ser ali. Encostei a moto e esmurrei a porta, ouvindo Hefesto trabalhar em seu interior.

– Hefesto! Abra, por favor! Hefesto, é o Jack, abra.

A porta tremeu e abriu, nunca fiquei tão feliz em ver a cara feia e sorridente de Hefesto na minha frente. Ele me examinou de cima a baixo.

– Você está horrível.

– Eu imagino, Apolo é um motorista único.

Ele me levou para dentro, o local era todo cheio de maquinas e projetos, tinha robôs por toda a parte, eu ficaria ali minha vida inteira, se não fosse morrer em alguns dias. Ele me sentou em um banco e me mandou explicar tudo enquanto consertava a moto. Expliquei-lhe toda a história, tentei deixar bem claro que, se não me ajudasse, eu morreria.

– Eu ajudo – sorri, aliviado – Mas precisa me fazer um favor.

– Senhor, não tenho tempo...

– Eu sei, vou lhe dar material, modos de me fazer esse favor, será fácil, não vai atrasar muito e se morrer não vai precisar fazer nada. – não custava nada, assenti – Certo, ótimo, só preciso que sobreviva – é o que eu pretendia –, preciso que dome o Touro, como está em sua dica, convença-o a fazer o que manda e coloque a carroça que eu vou te dar nele.

– E o que eu faço com a carroça?

– Dê um jeito de distrair todos, coloque a carroça dentro da tenda do meu filho, ela puxará todo o ouro para si, então você só vai precisar trazer para mim. Depois usa a carroça para chegar bem rápido à sua próxima pista... E todos terminam felizes. Aquele moleque está precisando de uma lição faz tempo e creio que essa será a melhor, ele faz dinheiro em minhas terras porque quer.  

– Só tem um problema: como domo o monstro?

Ele riu, simplesmente gargalhou na minha cara, assim como quando eu disse que era seu fã, eu estava exausto, com os dias contados e o deus do fogo tava tirando uma com minha cara. É mole?

– Garoto, não posso ajudar com suas missões para a deusa da noite, nem a resolver as pistas que ela lhe dá, até mesmo o fogo pode ter um pouco de medo da noite, ela é escura, fria e cheia de horrores por baixo do manto...

– Certo, valeu a pena tentar. Então, é melhor eu... – as palavras ficaram presas em minha boca quando vi no que ele tinha transformado a moto em um triciclo enorme, moderno e incrível – Oh, senhor, isso é incrível! É pra mim?

– É para você levar a carroça. Diga que foi para suportar o dinheiro que vou lhe dar. Ah, e... Se você sobreviver... Eu estou dando um jeito no seu brinquedinho que Ares deu. Está bem acabado, mas ficará feliz em saber que é possível salvar.

– Valeu, pai! – lhe dei um abraço de alívio e agradecimento, primeiro ele travou, sem saber o que fazer, mas logo senti suas mãos passarem por minhas costas. Sua expressão estava curiosa com minha reação. Me perguntei quem fora a ultima pessoa que o abraçara assim.


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Notas finais do capítulo

proxi. tem o resto da missão e a próxima pista



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