O Filho Do Olimpo E A Faca Da Noite escrita por Castebulos Snape


Capítulo 23
Uma Deusa Primordial Me Manda Um Bilhetinho


Notas iniciais do capítulo

comentem, por favor, tenho cinco leitores e só tres pessoas comentaram.



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Coloquei minha cabeça para dentro do dormitório à direita, se alguma coisa se mexesse, eu saia correndo. O interior era idêntico aos outros do prédio, as era estranhamente cru e sem vida, com as paredes cor chumbo sem nenhum enfeite, os beliches sem colchões, apenas o metal enferrujado e feio à mostra, eu percebi que os semideuses que deixavam tudo tão vivo e belo.

Senti mais frio quando entrei, me sentindo um intruso, mas não era, afinal eu também era filho de Zeus, será que se alguém que não é filho dele entrasse, levava um raio na cabeça? Ainda bem que eu era uma aberração!

Certo, agora onde é que...? Falando no diabo, pensei.

O Rei dos Deuses me encarava do outro lado do dormitório, mortalmente serio, pensei em uma serie de xingamentos, implorei um pouco para as Parcas e me prostrei de joelhos na sua frente. Senti meus olhos mudarem de cor e eu tinha até um palpite de que cor estava, mas aquilo não importava. O que é que eu tinha feito para merecer a tão ilustre visita? (reparou no sarcasmo?)

– Meu senhor!

Ele mexeu um pouco no meu cabelo, fazendo um cafuné desajeitado (se bem que foi até bom, cafuné é sempre bom!), catando as mechas brancas, observando atentamente os fios cor cobre idênticos aos de Ártemis, depois pegou minha mão e afagou suavemente minha estranhas tatuagens, me olhando com carinho extremo e um pesar sinistro, isso era muito estranho. Era como se eu fosse morrer ali mesmo, como se fosse um grande desperdício, como se eu fosse fazer falta para ele.

– Algum problema, meu senhor? – tomei coragem. Diga que não, diga que não!

– Ah, sim! – pensei nos piores xingamentos do mundo – Muitos, mas só um relacionado a você, rapaz – ele bateu na ponta do meu nariz com o indicador, coloco a mão na minha bochecha e eu ergui uma sobrancelha. Que carinho todo é esse? Será que ele ta me estranhando? – É impressionante o quanto todos nós nos apegamos a você... Você é uma criança extremamente cativante, Jack Leal – Isso é bom? – Todos sem exceção iriam sentir muito sua falta... Um desperdício terrível! Você se tornou o assunto principal do Olimpo sabia? O que acontecerá quando você for embora?

Ele se levantou e me deixou lá, de joelhos para uma cadeira de metal, morrendo de curiosidade e tremendo de medo. Levantei-me e o observei. Estava mexendo na barba, enrolando a ponta no indicador, isso queria dizer que estava nervoso? O que seria serio o bastante para deixar o Senhor do Olimpo nervoso? Andou de um lado para outro, como se sem saber o que dizer, o que fazer. Ele estava inseguro, o maior conquistador de todos os tempos, inseguro, essa era nova!

– O que sabe sobre os deuses primordiais?

Uma dezena de informações veio à minha cabeça.

– Foram os primeiros seres a surgirem, eram quatro: Caos que gerou Nix, Tártaros e Erebus – senti um arrepio cruzar minha espinha, mas não entendi por que –, eram extremamente poderosos, Caos foi o primeiro ser que surgiu, Nix é a deusa da noite, Erebus o deus da escuridão e Tártaros o do profundo abismo... Nix e Erebus se casaram, tem vários filhos... Atualmente ele deve estar preso em algum lugar por que tentou ajudar os titãs...  Mas eu não entendo para que isso!

– Sente-se.

Ele se sentou em um dos beliches e eu sentei em sua frente. Seus olhos estavam cinza tempestuosos, seus rosto estava mais pálido do que a última vez que eu vira e sua barba parecia descuidada em comparação com a que eu conheci.

– Nix, ela não é só a deusa da noite. Ela é uma das deusas mais poderosas que estão acordadas. Ela poderia destruir o Olimpo em uma única noite, sem se esforçar muito, ela domina nossa imortalidade, nós, deuses, seriamos presas fáceis para ela. Quando Cronos matou Urano, foi com a ajuda dela, quando e mesmo matei Cronos, tinha seu apoio, sem ela não estaria mos nem tendo essa conversa. É estritamente proibido procurar deuses primordiais, seria desastroso se alguém acordasse algum deles... Mas eu recebi isso noite passada.

Ele me entregou um papelzinho:

     O Senhor Da Faca da Noite, a quem chamam de Filho Do Olimpo, deverá se mostrar competente para possuir algo tão poderoso.

Três obstáculos se colocarão em seu caminho até o fim.

Três provas mortais, três degraus, três pistas, uma que leva a outra, que leva ao fim e esse ao objetivo da jornada.

O predestinado terá que ir onde o fogo da liberdade queima sobre a estrela.

Lutar sobre a capital do mundo e conseguir a próxima pista.

Eu simplesmente não sabia o que falar. Aquilo não parecia nem um pouquinho bom.

– Deixa eu adivinhar: eu não poderei ir. É proibido procurar deuses primordiais, afinal o que é essa Faca da Noite?

Ele sorriu, mas não havia a menor alegria em seu olhar, eles estavam gelados o bastante.

– Você vai. O fato de você não ir iria irritá-la, mas, como disse, é contra as regras, eu não poderei ser conivente com isso – será que isso era confuso? É, era sim! – Vou me fazer de desentendido. Você irá atrás dessa arma, mas só poderei fazer vista grossa por uma semana, depois disso, matarei a você e a quem o acompanhará – E ele vai direto ao ponto – Serão dois dias para cada missão e um para retornar. É mais do que suficiente se você for rápido. A Faca da Noite é simplesmente a coisa que coloca medo em qualquer imortal. Aquela faca com que você matou Píton, é a Faca dos Imortais, a Arma da Imortalidade, o Poder de Caos... É a mais poderosa arma de todos os tempos.

Um arrepio subiu por minha coluna, aquilo era exatamente o que o Maquiavélico tinha me dito no meu primeiro pesadelo. Então era disso que ele estava falando, desse momento. Quem seria ele? Tártaros? Erebus? O próprio Caos?

– Está me entendendo?

– Sim, senhor – minha voz estava baixa – Eu vou, mas não levarei ninguém além de Falcon e Loki comigo. Nos vemos em uma semana, senhor.

Ele sorriu, parecia orgulhoso, talvez achasse que eu fosse implorar para não ter que ir, ou coisa parecida. Valia à pena morrer por minha família, será que ele entendia isso?

– Boa sorte, Filho do Olimpo – e desapareceu com um trovão. Dramático? Não, nem um pouco! Assustador? Não, nem posso morrer. Sinistro? Sim, sem duvida nenhuma, o que é que a Deusa da Noite quer comigo?

– Como assim sozinho? – Lya não estava tão satisfeita quanto Zeus com minhas decisões. Ela, Quíron, Mac e Argos me olhavam como se eu fosse louco, eu era... Eu sou. Eu estava calmo com tudo aqui, por incrível que pareça mais que o normal, minha mente estava estranhamente limpa. Minha mochila estava pronta, Loki estava lá fora me esperando e Falcon devia estar perto. As únicas coisas que eu tinha que fazer era: avisar Quíron... Feito. Avisar meus pais. Peguei a carta que tinha escrito naquela manhã.

PS: sinto muito gente, mas terei que sair em missão, talvez não sobreviva, mas quero que saibam que eu amo vocês, que não devem ficar preocupados e que eu farei de tudo para voltar para casa. Eu amo muito, demais, vocês.

– Eu vou sozinho para a pista e vou terminar, ou não, essa missão, sozinho, não quero discussões, Zeus disse que me mataria em uma semana, e quem estivesse comigo. Não vou matar ninguém, vocês não vêm de jeito nenhum.

– Mas você vai morrer sem a gente! – Mac ficou na minha frente, era tão pequeno que eu me sentia mal em deixá-lo para trás, era como um filhote nervoso e agoniado, ele precisava mais de mim do que eu dele – Você precisa de nós.

– Não preciso de ninguém! Sou o semideus mais perigoso desse prédio, acho que dou conta de três desafios – ele não se deixou abalar – Mac, você é meu irmão e você sabe que eu te amo, mas se não sair da minha frente e ficar aqui, eu vou te jogar no Olimpo!

– Vai ter jogar nós dois! – Lya ficou ao lado de Mac, eu estava me sentindo um gigante – Nós vamos! Diz para ele que vamos, Quíron!

O centauro me observava com uma tristeza profunda. Seu olhar me lembrou o de Zeus, ele também não queria me perder. Ficamos ali, senti o peso de todos os olhos em mim, mas os olhos castanhos milenares de Quíron me prendiam de um jeito tão poderoso que eu achei que nunca mais iria conseguir desviar daqueles olhos, imaginei quantas coisa ele vira, quantas injustiças, prodígios, maravilhas divinas incomparáveis, quantos heróis ele não vira morrer? Será que ele sabia que eu provavelmente não voltaria?  

– Tem certeza? – sua voz estava frágil, mas confiante, ao mesmo tempo. Ele também estava orgulhoso de mim, e isso me era suficiente.

– Sim, mais do que nunca.

– Então não vejo o que posso fazer. Boa sorte, Jack Tenório Leal! – e apertou minha mão, senti meu rosto ficar quente e meus olhos arderem, se eu morresse naquela semana, morreria como eu mesmo, morreria feliz.

Argos avançou alguns passos, achei que apertaria minha mão, exatamente do jeito que tinha feito quando nos conhecemos, mas, para a minha surpresa e de todos, me abraçou apertado (fazendo eu me sentir mínimo) e me deu um beijo prolongado na testa, talvez mantivera os costumes italianos, não sei, mas foi até conveniente. Seus olhos azuis (os principais e mais assustadores e profundos) me encararam como se desejassem boa sorte.

– Valeu, Argos! Foi ótimo encher sua paciência, meu velho! – ele riu, mostrando os dentes branquíssimos e perfeitos. Então eu me virei para meus irmãos.

O chão parecia ter sumido sob seus pés, eu era tão importante assim? Abracei os dois, sentindo o vazio da perda me preencher de novo. Será que algum dia eu os veria de novo? Era estranho, eu tinha acabado de achar um novo lar, uma nova família, novos amigos e teria que ir embora de novo, o problema era que eu poderia não voltar, não teria mais treinos, risos, brigas, natais... Afastei as lagrimas e olhei bem aqueles dois.

– Vocês fizeram minha vida valer à pena aqui – Lya soluçou e Mac fungou, tentando reter as lágrimas, tentando parecer forte – Não vão atrás de mim, por favor, eu não posso tolerar a idéia de que vocês podem morrer comigo, não posso ser responsável por isso. Adeus.

– Você... – Lya soluçava desesperada – ao menos... sabe... sabe onde fica essa... chama sobre a estrela? Sabe... onde começar?

– Onde é a capital do mundo?

– New York – responderam em uníssono.

– Onde em New York queima a chama da liberdade? – eles se entreolharam, pálidos – Eu estou indo para a Estatua da Liberdade. Onde a chama brilha sobre a estrela.


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Notas finais do capítulo

comentem, por favor! proximo tem luta na estatua da liberdade!



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