Elijah

Penso em seguir Katerina até sua casa, mas o percurso é curto, ela não se meteria em confusão. Então subo as escadas e vou até o quarto em que Klaus passou o baile todo.

- Você dá o baile, e só desce lá uma única vez? – pergunto ao entrar.

Ele levanta a cabeça e diz:

- Sabe que tinha assuntos mais importantes a tratar.

- Como torturar um cachorro? – pergunto levantando a sobrancelha – conseguiu? Descobriu onde eles colocaram a selenita?

- Não! – grita se levantando, ele vai até a janela e olha o horizonte – ele se recusou a contar. Está lá ainda.

- Quer que eu tente?

- Depois, vou “falar” com ele mais uma vez, depois eu mato.

Balanço a cabeça em afirmativa e ele sai do quarto.

Não concordo com os métodos de conseguir informações de Klaus, mas não há mais o que ser feito em relação a isso, os lobisomens conseguiram pegar a selenita, teremos ela de volta por bem ou mal, e levando em conta o que está acontecendo no porão agora com o lobo, acho que vai ser por mal.

Vou até a janela e me encosto-me ao parapeito, pensando. Perco-me em pensamentos, até que vejo um movimento na floresta, que os olhos de um ser humano comum não conseguiriam perceber. Duas pessoas entraram lá, um homem e uma mulher. Chego mais perto e reconheço os rostos.

Theo e Katerina.

O que eles fazem lá juntos? Ele não se alimentaria dela, certo? O vampiro sabe que ela é a cópia, ou se não sabe, deve ter em mente que não deve mata-la, pois estava comigo no baile.

Mas não há como confiar em Theo, ele fazia o que lhe era mais conveniente. Quando estou saindo de casa Rebekah entra na minha frente e sou obrigado a parar.

- Aonde vai, Elijah? – Diz franzindo o cenho.

- Rebekah saia da frente, por favor, é importante e preciso sair rápido.

- Vocês me deixaram sozinha para me despedir de todos os convidados, eu... – começa a dizer, mas eu passo por ela e corro para a floresta.

Quando chego, me dou de cara com o que eu previ. Theo está com os dentes cravados no fino pescoço de Katerina.

Ela luta, grita e tenta arranha-lo sem entender o que acontece, mas perde as forças rápido. E então sua cabeça, que se mexia desesperadamente tentando afastar as presas do pescoço pende para o lado e sei que ela desistiu, as forças estão acabando e daqui a pouco ela vai desmaiar e depois morrer. E com ela irá à chance de Klaus despertar o lado lobo.

Então ataco.

Corro até eles e puxo o vampiro de seu delicado pescoço. Theo é lançado contra uma árvore e Katerina cai flácida no chão, com sangue jorrando do machucado no pescoço.

Theo tenta ataca-la novamente, mas o seguro e jogo novamente contra a árvore.

- O que estava fazendo, amigo? – pergunto com raiva, precisava acabar logo com isso ou Katerina morreria.

- Eu estava com fome, Elijah!

- Se alimentando da garota que estava comigo no baile? Isso não te diz nada?

Ele arregala os olhos e franze o cenho enquanto vou a sua direção, ele está sentado e encostado no tronco.

- Vai me matar? Achei que éramos amigos!

- Devia pensar mais antes de fazer as coisas Theo – digo, e logo depois enfio a mão dentro de seu peito e puxo seu coração para fora antes de ele poder dizer mais alguma coisa.

Corro para Katerina, que está jogada no chão perdendo sangue rápido demais, e agora está à beira da morte.

Com uma mão, pego suavemente sua cabeça e a coloco em meu colo. Levo a outra a minha boca e mordo com força, fazendo sangue escorrer. Coloco o pulso sangrento em seus lábios azulados e ela bebe.

Sua respiração, que falhava, volta ao normal e ela engasga um pouco com o sangue. Pego seu leve e ensanguentado corpo nos braços e a levo para a mansão Mikaelson.

***

Abro os olhos pesados de sono e olho ao redor, explorando o lugar. Não é minha casa ou a dos meus pais. Estou em um quarto grande, amplo, bem mobiliado e chique. A cama na qual me encontro é de casal, muito espaçosa.

Minha cabeça dói, mas nada com o que me preocupar.

Ouço vozes no corredor e viro o rosto.

- Mas é mais fácil ela saber agora – fala Elijah – do que hipnotizarmos ela, se fizermos isso depois ela ficará apavorada, se for agora ela compreenderá.

Mas do que eles estariam falando? E como assim hipnotizar alguém?

- Está bem, mas vocês fazem isso – diz Klaus.

- Você ou eu? – pergunta a voz de Trevor.

- Pode ir – responde Elijah.

Sento-me com a cabeça girando e tento clarear o pensamento para lembrar como vim parar aqui.

Lembro-me vagamente de estar indo para a floresta com um amigo de Elijah, mas depois seu rosto começou a se contorcer e o homem me agarrou pela cintura e me mordeu... Espera... Mordeu? Não, não deve ter sido isso, ninguém morde ninguém aqui, nem em lugar nenhum. Eu estou ficando louca.

Mas quando eu penso nisso, me lembro de sua boca se abrindo e ele cravando seus dentes em meu pescoço. Eu tentei correr ou gritar, mas só doía mais, então desisti e me deixei levar. Até que seus dentes saíram bruscamente do meu pescoço e eu caí. Vi apenas dois vultos e desmaiei. Só. Não me lembro de mais nada.

Começo a me levantar quando a porta é aberta e Trevor entra.

- Katerina? – pergunta um pouco surpreso – devia estar descansando, ou melhor, dormindo. O que faz sentada?

- Onde eu estou?

- Na mansão Mikaelson, a casa de Klaus e Elijah.

Ah, então eu estava aqui de novo. Sabia que conhecia esse tipo de decoração.

Trevor se senta ao meu lado na cama e me encara, já esperando a pergunta que estava por vir.

- Por que estou aqui?

- Você sofreu um pequeno acidente... Mas já está bem – diz de modo um pouco sombrio.

- O que aconteceu, Trevor? – pergunto alarmada, o jeito como ele está dizendo isso está me assustando. Começo a imaginar coisas absurdas para terem acontecido.

- Você já ouviu falar de vampiros, Katerina?