POV Ally

      Acordei em minha cama lentamente... Acordei em minha cama? Mas eu estava no sofá ontem, eu me lembro. Sou sonâmbula? Meu Deus, será que eu corri pela casa de calcinha e sutiã e depois o Austin me via desse jeito... Não, não posso ter feito isso!
      Vi a Trish deitada na cama que instalamos e corri para acordá-la.
      - Trish! – Ela se mexeu um pouquinho e perguntou:
      - Ally? Que horas são?
      - Hora de acordar. – Ela tirou seu protetor de olhos, olhou para o relógio e depois começou a resmungar.
      - Ally, ainda são 09h30mim de Sábado. Ainda está tão cedo! – Tentei ignora-la e perguntei?
      - Alguém me trouxe para cá ontem a noite não foi?
      - Hoje de madrugada você quis dizer.
      - Como assim?
      - O filme acabou de madrugada. Perto de uma da manhã... Foi bom, e foi engraçado ver o Dez chorando e o Austin também...
      - Enfim, quem me trouxe para cá?
      - O seu grande herói Austin. – Um sorriso brotou de meu rosto e eu perguntei novamente:
      - Ah é?
      - Sim, agora me deixa dormir por favor. – Ela botou novamente seus protetores e se virou, me deixando sorrindo ao seu lado.
      Saí de sua cama, peguei minha toalha e uma roupa e fui em direção ao banheiro, tomar um banho. Deixei a água morna escorrer pela minha cabeça e descansei um pouco ali, pensando em tudo que aconteceu no dia anterior. Quando saí, meus dedos pareciam ameixas secas de tão enrugados que se encontravam, acho que fiquei tempo demais no banho... Enfim, peguei a roupa e coloquei. Ela era bem confortável, e dava para sair de casa e ir ao mercado que nem eu pretendia.
      Quando saí, encontrei o Austin deitado na parede do outro lado do corredor. Ele parecia estar dormindo e estava só de... Cueca. Corei um pouco, mas não me importei nem um pouco. Aproximei-me e balancei-o um pouco, fazendo-o acordar.
      - Austin, você está bem?
      - Oi. – Ele se sentou, bocejou, começou a coçar um pouco os olhos e continuou falando. – Eu ia tomar um banho. – Falou levantando uma toalha e uma muda de roupas. – Mas acho que acabei cochilando um pouco aqui.
      - Desculpa, eu demorei muito.
      - Sem problemas.
      - Mas tem um banheiro lá em baixo, por que não foi lá?
      - Sério? Acho que eu me esqueci... – Ele sorriu e depois passou por mim indo em direção ao banheiro. – Mas esse daqui já está bom.
      - Tem sabonete no armário se precisar e shampoo também.
      - Nem se preocupa, e obrigada. – Ele ia fechando a porta e eu falei.
      - Obrigada você. - Ele me olhou confuso e perguntou:
      - Obrigada pelo que?
      - Por estar sendo um grande amigo e por ter me trazido aqui para cima. Acho que você poderia ter só me deixado lá e...
      - Eu não ia te deixar lá no sofá. Com certeza você iria acordar com dores nas costas... Já passei por isso. – Ele riu um pouco e eu falei.
      - Então lhe devo um super obrigado, por que além de pesada que eu devo ser, você conseguiu me trazer aqui para cima. – Eu me virei e ele falou:
      - Se quer saber mesmo, você é leve, parece uma flor de tão delicada. – Eu sorri e virei minha atenção para ele, que estava todo corado. – Vi isso em um filme. – Ele falou sorrindo também.
      - Bobo. – Sorri, deixando-o tomar seu banho e fui em direção ao andar de baixo. Fui à cozinha e comecei a preparar panquecas, já que era eu acho, um café que todos gostavam. Preparei toda a massa e comecei a fazer. Logo em seguida ouvi uns passos atrás de mim e o Austin estava já vestido vindo em minha direção.
      - Não me diga que você está preparando o que eu acho que estou pensando.
      - Panquecas?
      - Isso! – Ele começou a sorrir todo satisfeito e continuou. – Eu amo panquecas! Se você quiser alguma ajuda. – Pensei um pouco e mandei-o pegar uns pratos.
      - Pega uns pratos e uns copos, tem suco de laranja na geladeira se quiser. Arruma ali na mesa pra gente.
      - Claro. – Eu acabei de preparar e ele arrumou tudo direitinho na mesa. Nos sentamos e comemos algumas delas, eu tomando cuidado para deixar algumas para a Trish e o Dez, mas parecia que o Austin não queria deixar nenhuma. Ri um pouco e falei:
      - Você poderia deixar um pouco para a Trish e o Dez não acha?
      - Hã? – Ele engoliu o pedaço que estava em sua boca e largou o outro que já estava em seu garfo, ficando um pouco sem graça. – Desculpa, é que estavam muito boas, e como eu disse amo panquecas.
      - Tudo bem. – Sorri e antes que eu me esquecesse, perguntei. – Austin, será que você poderia me levar ao mercado? Queria comprar umas coisas para deixarmos aqui em casa.
      - Claro. Será que podemos comprar um café pra eles também? Não estou aguentado e acho que se eu comer mais um pedaço da panqueca vou acabar devorando-a por completo. – Ri um pouco mais com seu comentário e apenas acenei em concordância.
      Acabamos de comer e eu deixei as coisas na pia para lavar depois e peguei minha carteira. Fomos em direção à porta e antes de sairmos, eu fiquei meio apreensiva e disse:
      - Alerta de problema.
      - Qual?
      - Trish e Dez sozinhos em uma casa. Eles não costumam brigar muito?
      - Mais ou menos. Mas isso é o que menos me preocupa. – Ele sorriu calorosamente e eu perguntei:
      - Como assim? Não é perigo a Trish acabar matando o Dez?
      - Dá pra ver que os dois se gostam. Obviamente a Trish usa o “ódio” como forma de amor... Eu espero, por que senão... Você tem o número da polícia na discagem rápida?
      - Bobo. – O cutuquei um pouco fazendo nos dois rirmos e falei. – Bem que eu notei quando a Trish disse que quando ela tinha um namorado o Dez que descobriu toda a farsa dele.
      - Ele gostava dela e achou estranho o garoto se aproximar dela tão rápido no auge da minha carreira. Ele fez questão de segui-lo um dia saindo com os amigos dele. O Dez acabou descobrindo tudo e acabou... Apanhando muito.
      - Eu não sabia desta parte da história.
      - E a Trish não te falou de outra.
      - Qual?
      - Ela acabou bem... Bem... – Ele ficou um pouco vermelho e acho que constrangido, mas continuou. – Ela perdeu a virgindade com ele.
      - Mas ela queria?
      - Sim, claro. Ela disse que queria ser com alguém que gostasse dela de verdade e tudo mais e acabou não sendo. O Dez ficou muito “p” da vida quando descobriu que ela perdeu com ele, por isso fez o que fez, e acabou apanhando. O ex-namorado dela disse que achou muito fácil pegar ela, principalmente que ele podia ter ela a qualquer momento. Hoje em dia, o garoto está sem dente.
      - Como assim?
      - A Trish chegou bem na hora e socou a cara dele. Foi engraçado por que eu estava lá e pude ver de camarote. – Começamos a rir e eu perguntei novamente.
      - Então tudo bem deixarmos os dois sozinhos?
      - Se um deles não acabar morrendo, ou com marcas sérias pela pele, eles vão estar ai no sofá quando chegarmos, no maior agarramento. – Trocamos olhares com sorrisos no rosto e eu reafirmei.
      - Acho mais legal a segunda opção. – Seguimos ao mercado rindo. Mas sério, seria fofo a Trish e o Dez namorando... E estranho ao mesmo tempo.


POV Austin

      Eu e a Ally fomos ao mercado e compramos algumas coisas, como alimentos rápidos para podermos fazer de café, almoço e janta. Ela queria pagar por tudo, mas eu queria ajuda-la e antes de irmos ao caixa, ela insistiu.
      - Austin, deixa que eu pago. Como eu disse vocês são meus convidados e eu pago pela comida.
      - Quem insistiu em ficar na sua casa? Ah é, fui eu, então eu pago, nem que seja a metade.
      - Não Austin.
      - Como é que você vai pagar sem a carteira? – Peguei a carteira de sua mão e ela tentou alcançar, só que eu estiquei meu braço, a fazendo dar pulinhos inúteis tentando alcançar.
      - Austin, isso é injustiça. Eu sou baixinha, você é alto, óbvio que eu não vou alcançar a minha carteira.
      - Justiça será feita se eu pagar tudo. Aceita?
      - Se você tivesse uma carteira para pagar.
      - Mas como, a minha está... – Parei de falar vendo ela pegando a carteira no meu bolso da frente, bem perto do meu... Enfim, eu olhei-a boquiaberto e com a minha carteira em sua mão, mexendo nela.
      - Cartão de crédito em, Austin. – Ela levantou uma sobrancelha para mim com um sorriso bobo em seu rosto. Comecei a fazer o mesmo que ela estava fazendo, mexendo em sua carteira e achei sua carteira de identidade.
      - Adorei sua fotinho Ally, seria uma pena se alguém com sua carteira guardasse-a para si.
      - Bobão. – Ela me olhou séria desta vez e depois falou: - Vamos fazer um acordo então. Cada um paga metade e fim de papo.
      - Foi ótimo fazer acordo com você Ally Dawson. – Entreguei sua carteira e ela fez o mesmo.
      - De nada Austin Moon. – Ela pegou o carrinho e foi ao caixa e eu lhe ajudei. Já estava acostumado a fazer compras a mim já que meus pais viajavam e desta vez não foi diferente, descarreguei todo o carrinho enquanto ela ficava sorrindo e conferindo o preço direitinho.
      Um casal de idosos que estava ali por perto olhou para gente e sorriram satisfeitos. A senhorinha falou ao seu marido. “Lembra quando erámos assim?” ”Claro meu bem, foi uma época maravilhosa!” “São um casal agradável, simpatizei-me com a mocinha.” “E o garoto tem tanto cabelo quanto eu tinha na minha época.”.
      Os dois sorriram e eu apenas pensei em como seria se fossemos mesmo um casal. Sorri com a ideia.