A situação era toda critica. Dimitri e Yuri tentavam de todo o jeito libertar Rose, deixando apenas para Abe a notícia da morte forjada de sua filha, assim estaria feita a vingança completa de quem queria isto realmente desde o inicio. Mas infelizmente não estava sendo possível, Nathan, Robert e Avery realmente não queriam discutir mais sobre isso. O plano estava feito. Fariam mais algumas coisas com Rose e deixar Abe saber e então dariam-na para Nathan, o cara que estava louco para ficar um tempo a sós com a garota. 

-Nem ouse tocar nela desgraçado. -rugiu Dimitri se aproximando de Nathan, o mesmo apenas sorria e não fazia questão de ficar com medo de suas acusações. 

-Não vou toca-la Belikov. -ele pausou e começou a caminhar em direção da saída do local onde estavam, mas antes que atravessasse a porta ele olhou por cima dos ombros e avisou. -Ainda. 

Dimitri tentou ir para cima dele, porém foi impedido por Yuri. Ele sentia que os dois deviam ter ficados próximos durante sua ausência, e de certa forma não o culpava por isso. Rose era uma mulher incrível, passou por poucas e boa e conseguia sempre sorrir, não um sorriso falso para se fingir de forte e ser a vítima, isso não tinha nada haver com Rosemarie Hathaway. Ela era realmente forte, nunca precisou fingir, não tinha como nenhum homem que passasse um bom tempo com ela, não tivesse como acabar imune a pelo menos sentir carinho por ela. 

Ele mesmo a adorava como sendo uma irmã ou algo do tipo, mas infelizmente quando ela soubesse o que ele fez, duvidaria que ela pudesse perdoa-lo, muito menos Abe, apesar de tudo, Abe nunca desconfiou dele ou se quer insinuou algo. Não era sua intenção, tinha que fazer aquilo, ou o pior poderia acontecer. Ele nunca desejou matar Janine, na verdade ele nem foi quem planejou tudo, e acho que a  pior parte era essa. A pessoa que realmente planejou tudo em relação a morte da Janine Hathaway Mazur. 

-É melhor que saiam daqui ou podem acabar sendo suspeitos por demorarem tanto. -ordenou Avery. A garota apesar de tudo era muito petulante, não importa qual fosse seu verdadeiro papel nisso tudo, os dois a achavam uma completa tola, ela apenas era um peão, assim como eles, só que no seu caso, ela fazia por conta própria. 

-Vamos cara, não há mais nada que fazer aqui. Eles não iram solta-la. -Yuri tentou convencer Dimitri, o mesmo fechou  o olhos pois não conseguia acreditar que isto estava realmente acontecendo, apesar de tudo ele a amava com sua vida, mas se tentasse salva-la, outra pessoa iria morrer, duas agora. 

-O que faram com ela? -perguntou Dimitri para Robert. 

Ele o olhou desconfiado e então falou cautelosamente morrendo de medo de levar um murro de Belikov. 

-Iremos dar um jeito de deixar Ibrahin com muita dor por saber que sua filha está sofrendo... -ele pausou e suspirou cansado- E as ordens são que matemos ela na frente dele. 

Dimitri sentiu seu corpo gelar, os olhos arregalados, ele tentou não  demonstrar o tanto de dor que aquilo lhe causava. Ele não podia permitir tal coisa, não poderia conviver com ele mesmo, ou se quer se olhar no espelho sabendo que Roza, a única mulher que já amou havia morrido no meio de uma vingança estúpida como tal. 

Ele olhou de soslaio para Yuri, o mesmo assentiu, assentiu algo que nem se quer precisaram comentar em voz alta. Dimitri iria salva-la, não deixaria que morresse. Havia tomado sua decisão, não importa quem estivesse em perigo, ele não podia deixar isto acontecer. Foi então que percebeu o que Yuri realmente quis dizer com aquele olhar. Tudo ficaria bem na Russia, mas no momento Rose era a única pessoa a qual não tinha absolutamente nada haver com o problema. Elas ficariam bem, precisava salvar sua Roza. E iria, nem que isso custasse sua vida. 

-Deixem eu me despedir dela primeiro. Por favor. -pediu Dimitri, diretamente para Avery, Robert era mais um capanga do que a pessoa segunda a comandar que no caso era aquela garota insuportável, nem o próprio Dimitri ou Yuri sabiam quem estava comandando tudo. 

Avery o observou minuciosamente e decidiu. -Cinco minutos Belikov. Robert irá com vocês. 

Chegando na cela de Rose, Dimitri respirou fundo e pediu a Robert que pudesse ter privacidade. Dimitri não sabia como e nem quando, mas iria liberta-la. Ao entrar dentro daquela sala tão escura e fria, sentiu seu coração apertar mais ainda ao ver uma Rose amuada no canto com o as mãos jogadas para frente e rosto baixo. Notou o jeito como estava, parecia que havia desistido de tudo, não era sua Roza que ele via agora, ela estava tão diferente, isso o matou por dentro. Mas algo lhe dizia que o motivo de seu jeito agora não era apenas por estar trancada aqui, ele temia o pior. E temia mais ainda estar certo. 

Rose levantou a cabeça ao perceber a presença de alguém, ela estava tão inerte em seu lugar que nem percebeu quando a porta se abriu, mas sabia quando Dimitri estava por perto, foi ele quem a tirou de seus devaneios patéticos de que tudo o que ouviu e descobriu mais cedo foi apenas um sonho. 

Os olhos dela estavam sem brilho e sem foco, ela o viu se aproximar e ajoelhar-se diante dela para que pudessem ficar de igual para igual. A expressão de Rose era completamente indiferente a quem estava ali no momento e Dimitri sentiu isso. 

-Roza. -ele a chamou, mas ela não respondeu, continuou o encarando, era como se quisesse que ele sofresse com a culpa, e sim, era exatamente isso que ela queria. Ele tinha que sofrer, se é que em algum momento estava arrependido, até por que, ela acreditava que ele nunca a amou como sempre dizia. 

Dimitri então percebeu. Ela sabe de tudo. Isso o fez desviar os olhos dos dela, toda a culpa que sentia agora estampada em sua face, o pior era que Rose parecia anestesiada de tudo aquilo. 

-Me perdoei Roza. -implorou Dimitri mesmo sabendo que nada adiantaria. Ela ficou totalmente muda, não mudou a expressão em momento algum, nem quando ele abaixou a cabeça. Por dentro ela sentia estar morta, por dentro sentia que tudo o que passou foi a maior mentira. Nunca, jamais, nenhuma dor física que pudesse sentir era forte o suficiente como a dor de saber de uma traição. Ela não tinha como comparar. 

-Eu prometo que tirarei você daqui Rose. -falou ele um pouco mais sério, ouviu Yuri o chamar dizendo sobre o tempo, mas ele insistiu por mais alguns minutos. -Voltará a ficar com seu pai e então nunca mais vai me ver. 

Rose viu quando uma lágrima escapou dos olhos de Dimitri e rolou por seu rosto, não importava nada, ela o amava demais, queria poder esticar a mão e secar aquela gota, mas não tinha forças para mais nada naquele momento, só queria saber de uma coisa. 

-Por que Dimitri?

Ele amava ouvir seu nome saindo da boca dela, mas não daquele jeito, não da forma como ela murmurou. 

-É complicado. -ele disse antes de voltar a olhar para outro ponto atrás dela, mas quando ela falou de novo ele não pode deixar de encara-la. 

-Chega disso! Não minta mais para mim. Fale logo. Por que fez isso? Se você algum dia me amou ou sentiu qualquer coisa por mim, olhe nos meus olhos e me diga o motivo. -ela estava séria e sua boca em uma linha fina de raiva, não tinha mais medo da resposta. Ou pelo menos achava que não. 

Dimitri sentiu como se houvesse levado um tiro no peito ao ouvir Rose duvidar de  que algum dia ele podê ter sentido algo verdadeiro por ela. Ele não a culpava, as vezes duvidava também. Mas hoje não mais, e queria que ela soubesse disso. Mesmo que depois que explicasse o motivo disto tudo, ele não tinha esperanças de que ela continuasse com ele. Ele mesmo não podia direito conviver consigo próprio. 

-Eu te amo Roza, nunca menti sobre isso. -ele falou para ver se ela respondia algo, mas não, nem sua expressão de indignação mudara se quer. Assim continuou- Viktoria minha irmã mais nova e minha mãe Olena foram pegas pela mesma pessoa que quer vingança de seu pai, assim eu teria que fazer tudo o que me mandassem ou então eles a matariam e iriam atrás das outras pessoas de minha família.

Rose sentiu todo o ar sair de seus pulmões. Afinal de contar ele tinha realmente um motivo para ter feito tudo o que fez. Dimitri começou a derramar mais lágrimas, tinha alguma coisa a mais. -Dimitri. O que mais você fez que te mandaram? 

Ele engoliu em seco e então falou uma coisa a qual pouquíssimas pessoas sabiam. Sabia que depois desta confissão. Tudo estaria acabado para ele, mas ainda sim, iria libertar sua amada Roza. Ou então preferia morrer ao seu lado. 

-Planejar a morte de sua mãe.