Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 18
Humilhação




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O Yorozuya se levantou, ainda sentindo a dor do corte que sofrera. Virou-se e viu o autor do golpe que recebera: um humanoide azul e de cabelo alaranjado, vestido elegantemente com um uniforme militar branco e empunhando uma katana.

- Quem é você? – Gintoki perguntou.

- Eu sou Kasler, o novo governante de Edo. Causa-me espanto você não saber disso.

- É que eu ultimamente não ando vendo muita TV. O que quer comigo? Eu posso muito bem te denunciar por abuso de autoridade à polícia.

- Não perca seu tempo indo ao Shinsengumi, Shiroyasha. Eles estão sob meu comando.

- Não foi isso que eu ouvi dizer, azulão. Parece que eles não foram com a sua cara.

- Isso não vem ao caso. Como líder do novo Governo Central – desembainhou a katana novamente. – é meu dever limpar Edo de todo e qualquer terrorista que circular pela cidade.

- Você tá cometendo um erro! – Gintoki protestou enquanto pegava sua bokutou e assumia uma posição defensiva. – Eu não sou terrorista coisa nenhuma!

- Pare de dizer mentiras, Shiroyasha! – Kasler ordenou. – Nós sabemos tudo sobre seu passado no Joui, não adianta tentar esconder nada!

Nisso, Kasler partiu ao ataque com uma velocidade assombrosa, restando a Gintoki apenas uma posição defensiva sólida, sem possibilidade de contra-ataque. Não só a velocidade de ataque era surpreendente, como a força empregada no golpe, que fez com que suas mãos doessem enquanto segurava a espada de madeira que fazia sua defesa.

Ginmaru assistia a tudo completamente perplexo e, ao mesmo tempo, admirado. Nunca tinha visto seu pai em ação antes. Bom, não pra valer, em uma luta tão séria como aquela. Percebia que o tal do Kasler era realmente muito forte. Seu pai vencia facilmente qualquer trombadinha ou arruaceiro com apenas um golpe, e nos treinamentos tinha que pegar leve em sua grande força para não feri-lo como acontecera antes.

Sabia que seu pai tinha uma técnica mais agressiva de combate, que conseguia quebrar muitas defesas, mas via que Kasler era um adversário à altura.

Gintoki tentou ir ao ataque, mas Kasler conseguiu bloquear a bokutou do Yorozuya de forma que o enjiliano pôde emendar um contra-ataque poderoso, sendo capaz de mandar o albino para o chão. Assim que suas costas feridas entraram em contato com o gelo que havia no chão, Gintoki sentiu um grande ardor.

O corte em suas costas fora mais profundo do que pensava. Mas não se deixava abater com isso, pois já lutara com ferimentos piores e saíra vivo. Porém, percebia que Kasler era muito forte e bastante veloz. Precisava ler seus movimentos primeiro, pra depois encontrar uma brecha e fazer um contra-ataque mais eficiente.

Enquanto isso, a única estratégia era manter uma forte defesa, não só para “estudar” seu adversário, como também para salvar a própria pele.

Tinha que encontrar uma abertura no ataque de Kasler. Não era possível que não houvesse uma brecha para contra-atacar. Com os olhos vermelhos bem atentos, Gintoki observou a forma de lutar de Kasler, mesmo com dificuldades na defesa. Precisava disso para poder conseguir um espaço para dar um contra-ataque eficiente.

Esse espaço apareceu e Gintoki procurou aproveitá-lo com um poderoso contra-ataque. No entanto, o golpe foi bloqueado pelo enjiliano. O Yorozuya não se deixou abater, deu um contragolpe potente, conseguindo acertar de raspão o rosto do adversário, que ficou bastante surpreso.

Isso não distraiu Gintoki, que prosseguiu atacando com tudo, procurando novamente um buraco na defesa de seu adversário. Não tardou muito a conseguir acertar um poderoso golpe no ombro esquerdo do enjiliano, que instantaneamente revidou com muita força, acertando a perna direita de Gintoki com um corte profundo.

“Droga...!”, Gintoki pensou. “Ele é muito bom...!”

- Surpreendente, Sakata-san. – Kasler o elogiou. – É a primeira vez que eu sou atingido por um humano. E admito que eu o subestimei e que vou ter que parar de brincar.

Kasler estava brincando com ele? Isso só poderia ser sacanagem! Se brincando ele lhe dava tanto trabalho, imagina lutando a sério!

Ginmaru assistia a todo o desenrolar do combate entre seu pai e o sujeito azul. Seria ele mais forte do que seu pai?

Gintoki tirou seu pesado casaco de frio – que apresentava um grande corte atrás – e o cachecol, a fim de deixar os movimentos mais livres. Além disso, soltou a manga direita de seu quimono branco para seus movimentos com a espada serem mais bem feitos. Estava tão acostumado a lutar com seu quimono branco vestido pela metade, que se sentia mais livre assim.

Partiu ao ataque mais uma vez, mas sua espada de madeira se colidiu com a lâmina da katana de Kasler em mais um perfeito bloqueio. As duas espadas permaneceram cruzadas assim por um bom tempo, não cedendo nem pra um lado, nem pra outro.

O Yorozuya colocava toda a sua força em sua espada para fazer com que Kasler cedesse logo, mas parecia que o enjiliano não fazia tanto esforço para evitar que o albino conseguisse seu intento. Parecia que ele tinha a força parecida com a de um Yato, e ele sabia perfeitamente como era conviver e lutar com seres dessa raça.

Com um movimento rápido, Kasler desvencilhou-se da defensiva de Gintoki e o atingiu na perna esquerda, causando-lhe ainda mais dor do que o corte anterior. Ginmaru já sentia vontade de entrar no combate, mas sabia que seu pai não iria permitir qualquer interferência. Qualquer pessoa em meio a um combate jamais permitiria isso – ele aprendeu.

Suas pernas agora doíam bastante, piorando pelo frio intenso. Mesmo não sentindo tanto o frio, pelo calor da batalha, Gintoki sentia aqueles ferimentos arderem, assim como aquele ferimento nas costas.

Viu Kasler vir mais uma vez ao seu encontro e assumiu novamente uma posição defensiva, a fim de parar mais uma investida do adversário. O Yorozuya bloqueou com toda a sua força, porém o golpe fora tão potente, que fora mandado longe por uma lufada de vento e se colidiu contra uma rocha a alguns passos do local onde estavam.

- PAI!!

Ginmaru saiu correndo, a fim de acudir. Porém, acabou se detendo no caminho, pois viu seu pai se levantar com dificuldade.

- Ginmaru... – Gintoki disse enquanto começava a escorrer um filete de sangue por sua face, produto de um corte na testa. – Não venha me ajudar... Não é luta pra um moleque entrar!

- Mas, pai...!

- ME OBEDECE, GINMARU!

O garoto não questionou mais e se afastou dali, enquanto Gintoki o seguia com os olhos, até certificar-se de que seu filho estaria numa zona segura. Porém, ele não era o único a seguir o menino com o olhar.

Se Gintoki achava que Ginmaru estava realmente seguro, enganou-se!

Kasler, com sua katana empunhada, avançou na direção do menino a toda velocidade. Deu tempo apenas de Ginmaru sacar sua espada de madeira – que usara treinando kendo no dojo Shimura – e rezar para conseguir se defender.

Porém, o ataque não chegara a ele, que abrira os olhos, os quais fechara por instinto. Seu pai conseguira se colocar à sua frente e bloquear aquela investida.

Ou, pelo menos, pensara ter bloqueado. Seu braço esquerdo recebera um generoso corte, que sangrava a ponto de manchar a manga de seu quimono branco. Logo que sentiu esse novo corte, os outros também começaram a doer em demasia, fazendo com que seu rosto se contraísse com a grande dor que sentia, acompanhada pelo ardor devido à baixa temperatura.

O Yorozuya ofegava, tentando suportar a dor que sentia pelo corpo. Não só pelos cortes que recebera, como pela força dos golpes que bloqueara. Estava realmente esgotado.

No entanto, a sua força de vontade e seu instinto de sobrevivência eram maiores e não o deixavam se entregar. E foi isso que o impulsionou a ir novamente ao ataque. Mas não adiantou muita coisa.

Com um único e potente golpe com sua katana, Kasler contra-atacou, tirando da mão de Gintoki a sua bokutou, que caiu a alguns passos de distância. Em seguida, feriu mais uma vez o albino no lado direito, na altura das costelas, fazendo-o cair de bruços no chão.

- PAI!! – Ginmaru saiu correndo, agora iria entrar no meio de qualquer jeito.

Gintoki alcançou sua espada de madeira em meio ao chão gelado, os dedos estavam duros por conta do frio. Seu corpo estava pesado e dolorido. Todos os seus ferimentos continuavam a arder. Kasler apenas olhava seu adversário rastejando em sua derrota.

- Formidável! – disse com um sorriso no rosto. – É impressionante essa força que você tem, Shiroyasha! Tanto a força física como a força de vontade são enormes!

- Cala a boca, bastardo! – o albino conseguiu se levantar com muito esforço. – Eu não preciso de elogios vindos de você!

Nisso, Ginmaru se aproximou, mas logo uma espada foi apontada para ele.

- Nada disso. – o dono da espada disse. – Seu papaizinho arruaceiro ainda não terminou de receber o castigo que merece.

- Cala essa boca, seu idiota! – o garoto respondeu empunhando outra espada de madeira. – Deixa meu pai em paz!

- GINMARU, NÃO SE META COM ESSE CARA!!

O alien azul se virou e acertou mais um golpe com a katana, causando um corte profundo no peito de Gintoki, que caiu para trás.

- Você fala demais, arruaceiro. Na próxima cobrança, não serei bonzinho a ponto de poupar novamente a sua vida, Sakata Gintoki. Nem a sua, e nem a do seu filho. Continuem rebeldes assim, e a família Sakata será erradicada de Edo. A punição será exemplar!

O albino, com o restinho de força que tinha, tentou se levantar novamente, apoiado em sua espada e, com a outra mão, levava a mão ao peito ferido. Seu adversário lhe dava as costas como se nada tivesse acontecido, o que o deixava se sentir ainda mais humilhado diante de seu filho de oito anos.

Mas não devia se deixar abater. Seu sangue de samurai não o permitia fazer isso.

- Você se engana se pensa que vai acabar com a gente, seu azulão idiota...! Isso ainda vai ter volta!

- Veremos, arruaceiro.

- Eu... EU EXIJO UMA REVANCHE, KASLER!! ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM...! VAI PAGAR POR ME HUMILHAR, SEU PASPALHO!


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