Far Away... So Close escrita por K2 Phoenix


Capítulo 1
O destino de Rachel


Notas iniciais do capítulo

Sim, fic nova! Sim, fic de época (a minha primeira)! Sim, eu a fiz para uma menina muito querida e especial, porque foi um pedido dela que acalentei muito até a inspiração certa surgir: é pra você, Carolina, "Cadiniz"! Espero que esta fic tenha o mesmo caminho que as outras que faço e sempre são recebidas tão bem. Ela é livremente inspirada no livro "Papai Pernilongo", de Jean Webster. Divirtam-se!!!



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18 de dezembro de 1910

Querido diário,

Hoje faço dezoito anos de idade. Mas, apesar de ser meu aniversário, não estou contente. Como poderia estar, se hoje sei que tenho que sair o quanto antes do Ray of Hope? Sou maior de idade, e não mais uma criança. Não tenho mais razão para viver aqui, nem se Mrs. Conrad quiser. O pior, é que não tenho para onde ir, a não ser viver com meu primo Noah, em um lugar obscuro que nem consigo imaginar (sei que não deve ser bom por ele nunca descrever seu lar com palavras lisonjeiras, muito menos a vizinhança).

-RACHEL!

A voz de uma mulher soou nas escadas, e Rachel se sobressaltou, guardando o velho caderno com capa de couro ao qual chamava de diário e descendo o mais depressa que podia.

-Sim, Mrs. Conrad.

- Precisamos conversar. À propósito, parabéns.

-Obrigada, Mrs. Conrad. – a garota disse, mas com um aperto na garganta. Sabia do que a conversa se tratava: sua saída do orfanato.

-Agora que você é uma adulta, Rachel, vejo-me em uma posição delicada em relação a você... – a mulher iniciou, sem encarar bem os olhos dela. – Com certeza, seu primo cuidará de você, e você deverá se preservar e...

-Mrs. Conrad!- um dos órfãos, Kevin, adentrou correndo o salão do orfanato. – Mr. H está aí!

Rapidamente, a expressão da mulher mudou. Assaltada por um alvoroço, ela pôs-se a bater nas bochechas para ganharem uma cor a mais, a mexer no coque e ajeitar o volumoso busto para receber a única visita ilustre que o orfanato recebia, a do seu benfeitor, Mr. H.

-Depois conversamos, leve Kevin para brincar. – ela despachou Rachel, que saiu com o garoto pela porta dos fundos.

As regras quanto às visitas do tal “Mr. H” eram claras: quando ele chegasse, os órfãos deveriam manter-se à distância, para não lhe verem. Ninguém, exceto Mrs. Conrad, o conhecia, o que gerava grande curiosidade em todos.

Rachel, porém, podia pelo menos contar a vantagem de já tê-lo visto à distância, duas vezes.

Ele era muito alto, e ela gostava de imaginá-lo como um “papai pernilongo”, por ser um homem de pernas enormes e que praticamente sustentava o orfanato onde ela vivia.

Ela nunca tinha sentido nada por homem algum, mas, desde a primeira vez que o vira ao longe, seu coração parecia ter saltado um pouco mais rápido. E era assim toda vez que o nome dele era mencionado, ou melhor, o apelido de Mr.H: seu coração encontrava um compasso diferente, como uma doçura inesperada.

“Bobagem”, ela balançou a cabeça. Mas, mesmo assim, não se furtou a lançar os olhos ao largo da sala onde agora ele e Mrs. Conrad estavam reunidos.

-Mr. H, que prazer em revê-lo.

- Olá, Mrs.Conrad. Vim trazer-lhe o cheque deste mês. – então, ele pegou um pedaço de papel de dentro do casaco alinhado e o pôs sobre a mesa.

- Oh, senhor, muito obrigada. – Mrs. Conrad não queria parecer ansiosa, mas pegou quase com avidez o cheque.

-Alguma novidade? – ele perguntou, distraído, olhando os flocos de neve caírem calmamente lá fora.

- Ah, não muitas... hoje é aniversário de Rachel Berry, nossa órfã mais velha...

Ele arqueou uma sobrancelha e indagou:

-A menina que gosta de escrever? E que tem uma voz belíssima?

Mrs. Conrad sorriu, e continuou:

-Sim ela mesma. Faz dezoito anos hoje. Infelizmente, terá que nos deixar, pois não pode mais permanecer aqui.

-Ela... ela tem algum parente? Onde ficar?

-Bem, ela tem um primo, chamado Noah Puckermann, alguns anos mais velho que ela. É um peixeiro, coitado, não possui meios nem para se sustentar, mas...

O homem adquiriu uma feição contemplativa, e levantou-se para encostar-se ao vidro da janela do escritório.

Lá fora, estava ela, brincando com as outras crianças, como se ainda fosse uma delas.

Bonita, morena, os cabelos castanhos e ondulados, formando grossos cachos nas pontas; o sorriso fácil, espontâneo, o corpo belo e leve saltando e correndo.

-Vou pagar os estudos dela. – ele disse, de repente, virando-se para a diretora do orfanato.

- O senhor o quê?! – Mrs. Conrad espantou-se.

-Eu posso pagar os estudos dela. Assim, Rachel terá educação, um lugar para morar, e, depois, possibilidade suficiente de se estabelecer melhor na vida.

- Senhor, isto soa um tanto quanto... enfim, nem sei o que lhe dizer. Soa maravilhosamente absurdo.

Ele sorriu, e até Mrs. Conrad, uma mulher velha e cheia de problemas para resolver, ficava aquecida por dentro com o sorriso levemente enviesado do homem alto e belo à sua frente.

- Estamos de acordo, então?

- Peço-lhe que me dê até o Natal como prazo para resolver tudo. Irei matriculá-la e cuidar para que tenha tudo.

Mrs.Conrad nem sabia direito como agradecer:

- Muito obrigada, Senhor.

- Diga a ela as boas novas. – ele simplesmente disse, antes de inclinar-se, beijar a mão de Mrs. Conrad e sair.

Rachel se virou a tempo de ainda alcançá-lo com o olhar. Quando veria a face daquele homem misterioso? Ele entrou em seu carro, onde um motorista já o esperava, e, ela não sabia ao certo, poderia até estar delirando, mas, ele lhe lançara também um olhar?

Ela não teve tempo para refletir, porque a diretora lhe chamava a plenos pulmões:

- Sim, Mrs. Conrad?

- Sente-se, querida, porque tal novidade alvissareira só pode ser ouvida estando sentada.

- O que houve? – Rachel perguntou, confusa.

- Você, menina, você terá seus estudos pagos por Mr. H! Não é fabuloso?

Rachel sentia-se tonta. Estupefata. Tanta coisa corria pela sua mente que ela até segurou os braços da cadeira com força:

- Co-como disse? Eu não compreendo... como assim?

- Ele pareceu interessado em sua história e se prontificou a lhe dar estudos, para que você tenha um futuro melhor. Vai matricular-lhe, dar-lhe estudos, transformá-la em uma dama.

-Eu não tenho palavras para dizer o que penso ou sinto em relação a isso.

Mrs. Conrad sorriu, rodeando a mesa do escritório e apertando carinhosamente os ombros da menina:

- Ora, ora, algo, enfim, retirou-lhe as palavras. Simplesmente aproveite, Rachel. Encare isto como um milagre de Deus.

Rachel não cabia em si de contentamento. Não sabia que era possível alguém ser tão feliz quanto ela naquele momento, em que as portas da bem-aventurança abriam-se-lhe de forma tão maravilhosa. E ela devia tudo ao misterioso, bondoso e incrível Mr. H.


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Notas finais do capítulo

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