Save Me escrita por Effy


Capítulo 21
Painfull


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas! Mil perdões pela demora pelo capítulo, mas é que eu comecei a ler uma série, Instrumentos Mortais, e acabei me apaixonando mais do que deveria, kkk. Mas não se preocupem, não esqueci de vocês, muito menos da história! Obrigada pelos comentários, gostaria de que eles fossem em maior número.... mesmo assim obrigada. Boa leitura! Comentem meus amores ♥



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POV Megan

Acordei com uma dor de cabeça que teria quase certeza de que a mesma iria explodir, lançando fuligem ruiva pela casa.

Desci as escadas tentando fazer o mínimo de barulho possível, minha cabeça doía como se tivessem agulhas fincadas nela. Caminhei vagarosamente até a cozinha pra tomar algum remédio e água. Olhei pro relógio que marcavam nove da manhã, o povo já tinha ido pra escola. Eu parei de ir faz um tempo, quem sabe eu volte.

Enchi o copo com água e joguei o comprimido efervescente fazer seu devido efeito. Sentei na cadeira e apoiei o copo na mesa de madeira. Meus pensamentos estavam longe, porém limitados, pela dor de cabeça que fazer a dor do parto parecer um beliscão.

Tomei o líquido quando o comprimido se desfizera. O gosto dançava irregularmente em minha boca, lembrei-me que eu não havia comido nada além do almoço do dia anterior. E o péssimo gosto do remédio, reabriu minha fome de uma maneira desagradável. Levantei sentindo uma leve tontura, ignorei e segui meu caminho até a geladeira, onde abri pegando uma maçã. Voltei pra cadeira comendo a maçã, esperava que o gosto doce da fruta fosse fazer meu estomago esquecer de que eu ainda preciso de comida.

Terminei a maçã e joguei o resto no lixo ao lado da pia. Escorei-me na pia pensando no que iria fazer em seguida. Resolvi ir pro bar, gosto tanto de ficar lá, mas ultimamente tenho o freqüentado muito pouco. Saí da cozinha e comecei a subir as escadas em direção ao meu quarto, onde a minha cama ainda estava desarrumada.

Tomei um banho rápido, em seguida secando meus cabelos no secador, o que deu um leve tom de ondulação, estava sem paciência pra fazer bem feito. Troquei de roupa e de bolsa, saí do meu quarto com ela em mãos. Achei meu celular na mesinha da sala, joguei-o dentro da minha bolsa, esperava encontrá-lo mais tarde, peguei a chave do carro e saí de casa trancando a porta da sala.

Dirigi pacientemente até o bar, tentando me relembrar dos acontecidos da noite passada. Lembro que conheci um cara, Super-Homem, que me levou até em casa devido ao meu estado alcoolizado. Estacionei o carro e saí dele com minha bolsa vermelha na mão esquerda, na direita tranquei o carro com o alarme da chave, jogando a mesma dentro da bolsa sem o menor cuidado. Entrei no bar e já tinha um pequeno movimento.

Coloquei minha bolsa no balcão, respirei fundo e fingi não estar caindo aos pedaços. Não podia me dar ao luxo, se não a Megan com medo e perdida assumiria novamente, não posso, pensei com meus botões, não novamente. Levantei a parte móvel do balcão, passei pra detrás dele, peguei minha bolsa e caminhei pro escritório. Deixei minha bolsa vermelha na minha mesa, e olhei pra ver se tinha que fazer alguma ligação. Nada pra hoje. Tudo muito monótono.

Deixei a bolsa dentro do escritório, desliguei meu celular. Fui pro balcão novamente, quando Claude começa a falar comigo

– Ô Dona Megan – ele começou, ri fraco, pelo fato de que Claude é um senhor de aproximadamente sessenta anos que me chama de “Dona Megan” – Tem um pedaço ali no chão de madeira – ele disse apontando com o dedo magro – que tá ruim, cuidado pra não enganchar o salto, já mandei o moço vir concertar, mais tarde ele deve ta chegando

– Tudo bem – falei sorrindo cansada – Tomarei cuidado – falei prendendo o cabelo em um rabo de cavalo frouxo. Claude voltou para o caixa, olhei o barman, Dave, fazendo drinks e servindo chope. Tudo muito calmo. Apoiei-me no balcão, até sentir a necessidade formigante de caminhar.

Levantei o balcão e saí detrás dele, indo pra área das mesas, perto da mesa de boliche que ficava no ângulo perfeito com a televisão, que estava desligada. Caminhei calmamente até lá, com a intenção de ligar a televisão, não suporto o silencio. É obvio que tinha gente conversando, mas entre as conversas, dava pra sentir o silencio.

Procurei pelo controle do aparelho que ficava em um suporte grudado na parede logo abaixo da TV, não tava lá.

– Claude, cadê o controle? –perguntei com calma

– Cabo a pilha, mandei o Pete ir comprar mais pilha, as que tinham aqui eram grandes demais. – ele disse limpando o balcão, e em seguida, colocando o pano sob o ombro esquerdo. Claude era a melhor pessoa do mundo, no meu ponto de vista.

– Ah sim – falei meio baixo, acho que ele não ouviu. Tentei alcançar o botão para ligar no manual, mas mesmo com salto alto, eu não alcançava. Senti uma mão esguia apertando o botão, senti o corpo atrás do meu, fazendo meu pobre e gélido pequeno corpo parecer menor ainda.

– Pronto – ouvi a voz do homem, em algum lugar do meu cérebro eu já tinha ouvido essa voz. Me virei quase que abruptamente e por um pouco não bati de frente com o cara.

Meu cérebro me disse que eu já o tinha visto, mas meus olhos não o reconheciam. Porém meus lábios foram mais rápidos

– Super-Homem – falei fraco, ele sorriu. Um cacho rebelde e castanho, deslizou sob seus olhos excessivamente verdes, ele afastou o cacho com o dedo indicador

– Mocinha em perigo – ele disse sorrindo. – Sempre em apuros – sua voz era cômica, ri fraco. Demorei pra notar que nossos corpos estavam quase que encostados demais.

– Acho que ruivas pequenas não foram feitas pra alcançar o botão da televisão, mesmo de salto – falei olhando pro mesmo como se estivesse algo errado. Ele riu

– Achei que seu senso de humor da noite passada fosse por causa do álcool, mas agora vejo que é natural – ele sorriu, sorri em seguida – Só hoje pela manhã – ele prosseguiu – que eu percebi que ontem eu não perguntei seu nome, acordei meio vazio – ele disse passando a mão esquerda no cabelo bagunçado.

– Megan – falei pensando em esticar minha mão, mas devido a nossa proximidade, não foi necessário

– Harry – seus lábios se moviam de maneira graciosa, um arrepio passeou por minha nuca

– Harry é um nome legal, mas ainda gosto de Super-Homem – falei sorrindo, dei um passo pra trás, logo em seguida senti o equilíbrio abandonar meu corpo, tentei olhar pro chão, meu salto direito se fincou exatamente no lugar onde Claude me dissera pra ter cuidado ao pisar. Como se fosse de costume, Harry movimentou seus ágeis braços por minhas costas, me dando equilíbrio. – Maldito salto – praguejei, ele riu. – Ficou preso – falei enquanto tentava retirar o salto do buraco fincado no chão.

– Pera, te ajudo – ele disse, ainda sem largar minha cintura, olhou analisando – Vai ser mais fácil se você tirar o salto. Vem, se apóie em meu ombro – ele disse, e eu o fiz. Apoiei minha mão esquerda em seu ombro largo, com a direita puxei o zíper do meu salto, retirando meu pé pálido demais dentro dele, o salto permaneceu fincado no chão, e eu bamba – Segure-se – ele disse como se fossemos voar, mas eu obedeci. Ele retirou seu braço da minha cintura e se inclinou atrás de mim, com seu corpo ainda colado de frente pro meu, com um gracioso gesto, arrancou meu salto do chão – Sente aqui – ele disse carinhoso, virando uma cadeira ao seu lado, perto da mesa, para eu sentar. Sentei. Ele me entregou o salto, o calcei novamente

– Obrigada – falei enquanto puxava pra cima o zíper do salto

– Acho que deveríamos alertar ao dono sobre o chão ruim, para que não aconteça novamente – ele disse enquanto puxava de volta ao ombro a jaqueta que caía de um jeito desajeitado pelo braço.

– Pode deixar, já mandei Claude concertar – falei enquanto me levantava, com uma leve tontura

– Você é a dona do bar? – ele perguntou incrédulo

– Sim – falei calmamente, enquanto desfazia meu rabo de cavalo, deixando meus cabelos ruivos e desajeitados caírem até a base da minha coluna. – Porque o espanto? – falei me sentando novamente na mesa, e apontando a cadeira da frente pra ele sentar

– Sei lá – ele disse sentando – você não parece a dona de um bar – disse colocando os óculos de sol, que outrora estavam pendurados na gola da camisa, em cima da mesa. Sorri fraco

– Minha mãe fundou o bar, mas se afastou pra criar eu irmão mais novo, daí eu assumi. Afinal de contas, praticamente, já terminei o ensino médio – falei analisando a irregularidade da minha unha, fazia um certo tempo que eu não as pintava. Ele sorriu

– Jurava que você já estava na faculdade – ele disse enquanto mexia no óculos na mesa

– Quase – falei rindo- Na verdade, vim pra Seattle pra fazer faculdade, mas agora já não sei o que eu faço, e você, o que faz Harry? – perguntei tentando me focar em seus olhos verdes

– Tô no segundo semestre de arquitetura, transferi lá da Califórnia – ele disse encarando meus olhos azuis, desviei o olhar.

– Porque diabos você sairia da Califórnia, já morei lá e garanto que é muito melhor do que aqui – falei quase rindo

– Cansei de morar com meu pai, e um amigo dele abriu um escritório de arquitetura aqui, e precisa de um estagiário, me voluntariei – ele disse sorrindo. – Mas a cidade em si, não é tão ruim assim

– Com o tempo acostuma – falei passando a mão direita no cabelo, jogando um pouco da franja pra trás.

– Gosto de frio – ele disse – As pessoas ficam mais bonitas no frio – ele disse sorrindo

– Aqui é muito frio, mas é bom. – falei tentando parar de olhar excessivamente para os olhos de Harry - Você não deveria estar na faculdade ou algo do tipo? – falei cortando o assunto anterior, na falsa esperança de entreter meus olhos com outra coisa

– Dever, eu deveria, mas como fui transferido da Califórnia pra cá, eu já vi algumas matérias que tão passando aqui, daí posso me dar ao luxo de perder algumas aulas. E no escritório só vou mais tarde. Daí tava passando de moto pela avenida e vi o bar, achei interessante. Conheço o The Peach lá da Califórnia, pensei em entrar pra ver se é tão bom quanto o de lá – ele disse bagunçando mais ainda os cabelos bagunçados.

– Ah, sim – falei fraco e baixo – Quer beber alguma coisa? – falei me levantando, sem ouvir a resposta dele, fui até o balcão, quando me virei, Harry já estava pra sentar na banqueta.

– Só uma cerveja – disse colocando o óculos apoiado no balcão. Levantei a bancada e abri a porta de vidro de onde ficavam as cervejas, peguei uma garrafa de vidro com o líquido, abri na borda do balcão, como estou acostumada a fazer desde meus oito anos. Coloquei a garrafa na frente de Harry, que me olhava espantado

– O que é?! Uma garota não pode abrir uma garrafa de cerveja na borda do balcão? – falei em tom sarcástico, ele sorriu

– É que eu nunca imaginaria um ser tão delicado fazer algo tão – ele parecia escolher a palavra com delicadeza e precisão – diferente – ele disse sorrindo – Normalmente, vejo garotas abrindo garrafas com o abridor, na barra da blusa ou pedindo pra um homem abrir. Você é independente – ele disse me analisando

– Cresci dentro de bar, aprendi que abrir a garrafa na borda do balcão é mais prático – falei pegando a tampinha amassada e a jogando no lixo atrás de mim – Demorou um pouco pra eu aprender, mas depois com o tempo e costume, virou involuntário. – falei me escorando no balcão, ficando de frente pra ele.

– Tenho essa sensação de que você vai sempre me surpreender – ele disse me olhando, fitando meus olhos sem temer em disfarçar.

– Então eu acho que você deva se acostumar – falei normal – Surpreender é quase que natural pra mim – falei encarando meus dedos finos

– Gosto de surpresas – ele disse sorrindo, quase me forçando a olhar pra ele. Eu tava pra falar alguma coisa, quando Claude me chama

– Dona Megan, - ele começou, estava no caixa – o moço que repõe o estoque chegou, a senhora quer que eu assine a papelada ou a senhora faz? – ele perguntou feliz como sempre

– Se você o fizesse, ficaria extremamente agradecida – Falei sorrindo – Ah, e liga de novo pro cara que vai concertar o chão, manda ele vir logo, porque eu quase caí ali. – falei sorrindo desajeitada.

– Pode deixar, Dona Megan – Claude disse sorrindo – Ah, ô Dona Megan, a Dona Ellen ligou mais cedo, pediu pra você retornar a ligação. – ele disse saindo do caixa e indo pra parte detrás do bar.

– Dona Ellen? – Harry perguntou, me despertando da viajem que minha mente fazia

– Minha mãe – falei rouca – Ela mora em Tacoma com meu irmão – completei a sentença. Harry fez que sim com a cabeça

– E seu pai? Mora por aqui também? – ele perguntou curioso

– Sim, mudou-se pra cá recentemente. Abriu um negócio aqui, não sei exatamente o que é ao certo, sei que é um escritório. – Falei me escorando novamente na bancada.

– Ah sim, então cê mora com ele?

– Não. – falei rouca – Moro numa casa com uns amigos. – falei meio vaga, ainda pensando no que diabos Ellen poderia querer comigo. – Você mora sozinho? – perguntei agora olhando pra ele

– Sim, comprei um apartamento a uns cinco quarteirões daqui – ele disse como se lembrar da onde morava fosse complicado. Fiquei pensativa. Não sossegaria enquanto não descobrisse o que Ellen quer comigo.

– Licença, preciso ligar pra Ellen. Vai que alguma coisa aconteceu com meu irmão – falei entrando rapidamente no escritório. Harry pareceu não se importar.

Tive que vasculhar algumas vezes o conteúdo da minha bolsa até achar meu celular. Liguei e vi que tinha algumas chamadas perdidas de Ellen. Retornei a ligação, mas caiu na caixa.

Tentei novamente, e novamente, ela não tava me atendendo. Saí do escritório com o celular na mão, como se ficasse lá dentro fosse perturbador demais pra mim. Me escorei no balcão com Harry me analisando, sentia os olhos dele em mim.

Disquei novamente pra Ellen, chamou, chamou, mas ninguém atendeu. Franzi o cenho em sinal de preocupação. Tava discando novamente quando a porta do bar foi aberta. Olhei em relance para a silhueta magra que estava escorada na porta do meu bar.

Ellen estava mais magra, mais loira, mais pálida. Como se a tarefa de criar devidamente uma pessoa fosse árdua demais pra ela. O que realmente deveria ser.

Ela não dirigia o olhar pra mim, como se olhar pra mim doesse mais do que ela poderia suportar. Imagino que realmente seria doloroso.

**

Harry



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Notas finais do capítulo

Comentem meus amoreeeees! ♥ XX