Asas Negras escrita por Carolina Amann


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Oláá povos e "povas", anjinhos da minha vida! Não me matem okay? Sei que a espera foi longa e o capítulo pequeno como sempre, mas espero que aproveitem. Como sempre, estou tentando postar com mais frequência, mas...
Enfim, aproveitem este capítulo, criem teorias, ships, escolham seu lado e divirtam-se!



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Ele se afastou devagar, deixando a sensação de seus lábios nos meus, e sentou-se no assento que estava em minha frente.

– Vai me ouvir agora? – indagou ele com uma voz profunda o suficiente para fazer tremer meus ossos. Minhas células também, talvez. Eu estava corada e ofegante, não seria exagero dizer que minha vista estava um pouco nublada, a única coisa que eu conseguia enxergar direito era seu rosto. Diabos! Ele havia me drogado ou o que?

Balancei a cabeça para cima e para baixo, enquanto acenava despreocupadamente com a mão.

– Diga logo. – respondi, tentando fingir que não em importava. Obviamente não estava funcionando, pois ele soltou um risinho baixo. Adeus Hollywood...

– Bom, aquele nariz empinado do Mitsrael, deve ter te falado algumas asneiras ao meu respeito. Deve ter falado que sou um demônio, o mal encarnado, a besta vinda do inferno pra t...

– Ele não disse nada disso – cortei impaciente.

– Ah não? – ele pareceu levemente surpreso.

– Não. Por quê? Deveria? – perguntei, erguendo a sobrancelha. Ele deu um sorriso torto, exibindo os dentes brilhantes.

– De forma alguma. – ele inspirou fundo, provavelmente tentando mudar o discurso. – Apenas não é típico dos “baba-ovos do Todo Poderoso”, elogiarem a mim... Ou a qualquer um de meus irmãos.

– Ele não te elogiou também. Não falamos muito sobre você, tínhamos assuntos mais urgentes. – disse eu, virando o rosto em direção a porta. Calculei mentalmente quanto tempo levaria para abri-la e sair correndo, mas então me lembrei de que ele provavelmente podia voar também. Foi quando algo me ocorreu. – Hey, você disse que apenas eu e Ethan aparecemos nas filmagens, mas ele também não é humano! Quero dizer, vocês não são a mesma... “Coisa”? Só com escolhas diferentes?

Ele sorriu e ergueu as sobrancelhas. Esse autocontrole dele já estava me dando nos nervos.

– Ai! “Coisa”? Palavras machucam, sabia doçura? Somos anjos. – seus olhos brilhavam de divertimento – Ou por um acaso você sai beijando qualquer “coisa” por aí? Em? – corei de leve.

– Que seja. Responda minha pergunta. – encarei a janela, as árvores passavam por nós como um borrão.

– Quando você diz que alguém é “desumano” ou que “fulano não tem humanidade”, o que quer dizer?

– Que ele é mau. – respondi com um arrepio.

– Bem doçura, do lugar de onde eu venho qualquer um que se recuse a puxar o saco dos arcanjos e deseje ter um pouquinho de liberdade é considerado desumano o suficiente para tornar-se um Caído. Parece justo pra você? Bom, não parece para mim. É verdade que tem lá suas vantagens, mas... Bem, esse não é o ponto. O fato é que o “Glorioso Arcanjo Miguel” – ele pronunciou o título com escárnio – decidiu que os humanos deveriam conseguir identificar os Caídos, para que não caíssem nas “garras do mau” e aquela baboseira toda. Por isso algumas “providências” foram toadas, uma delas define que um caído não reflete luz. Só somos vistos pelos humanos que desejamos, como uma assombração, mas não aparecemos em câmeras, espelhos, etc. Geralmente permitimos que todos nos vejam, apenas para zombar deles, mas a verdade é que isso de só aparecer quando quiser é mais útil do que eles poderiam imaginar.

Meu peito subia e descia desritmado, eu podia imaginar como seria útil para Daniel não ser visto, podia sentir seus olhos me encarando, me despindo. Tremi.

– Imagino – respondi baixinho, esperando que ele não ouvisse o medo em minha voz. O demônio soltou um suspiro sentido e tocou-me levemente na face.

– Não precisa ter medo de mim, Aurora, já te disse, não sou mau. Apenas escolhi ser um pouquinho livre, poder dizer o que eu penso e fazer o que gosto ao invés de servir alguém que nunca vi e que nunca me trouxe nada de bom. É tão errado assim? – uma lágrima escorreu de seus olhos claros. Suspirei, minhas defesas haviam desaparecido.

– Não, Daniel, não parece errado. Mas...

– Era tudo o que eu precisava ouvir. – ele me interrompeu com um beijo. Céus, ele era quente. Anjos não deveriam beijar tão bem assim, para falar a verdade, anjos nem deveriam beijar. Sua língua movia-se exigente contra a minha, cobrando mais, exigindo que eu me entregasse a ele e, Deus que me perdoe, eu estava correspondendo. Meus dedos enroscavam-se em seu cabelo e o puxavam para mais perto enquanto a outra mão puxava sua camisa, mas ele era tão forte que nem fazia diferença eu puxar ou empurrar. Ele ergueu-me no ar e encaixou-me em sua cintura, seus lábios desciam lentamente pelo meu pescoço e eu me esfregava nele como uma vadia. Era errado, eu sabia. Era injusto com Punk, com Ethan e talvez com o resto do mundo, mas eu não estava nem aí. Ele colocou a mão por dentro da calça de meu uniforme e apertou minha bunda, eu estava prestes a desabotoar a calça dele quando uma batida na porta me fez pular. Desvencilhei-me dele e sentei-me novamente no lugar onde estava há alguns minutos atrás com um pulo. Ele soltou um risinho baixo e abriu a porta. Uma funcionária da rede de trens nos ofereceu um lanche que ambos recusamos. Quando ela se foi, Daniel fechou a porta, mas eu já havia me recuperado o suficiente e não ia cair mais na dele. Pelo menos era o que eu achava.

– Então... Era só isso o que você queria me dizer. Se sim, pode ir embora.

– Quanta frieza, doçura – disse ele fazendo biquinho – Você parecia tão empolgada há alguns segundos atrás, talvez eu possa recuperar este sentimento – completou, estendendo a mão para acariciar minha bochecha. Eu afastei sua mão com um tapa e o encarei com firmeza.

– Vá embora, Daniel.

– Não, Aurora, não vou. – respondeu ele, retribuindo meu olhar. Eu podia ver o fogo queimando em seus olhos – Eu caí por você, porque te amo desde o dia em que você nasceu e não suportaria ser seu anjo da guarda para sempre. Caí porque percebi que não era justo cuidar de você durante a sua vida inteira, para vê-la se casar com alguém que não te trataria da forma como você merece, da forma como eu posso te fazer feliz. Caí porque percebi que anjos podiam sim ter sentimentos e que não havia porque reprimi-los. Caí porque não posso deixar que mintam para quem eu amo durante toda a sua vida, apenas para que ela seja usada por um Deus que nunca mostra sua face. Eu te amo, Aurora, te amo e não vou te deixar. Eu caí por você e vou te seguir pelo resto da vida, vou te encontrar a cada reencarnação e vou fazer você se apaixonar por mim em cada uma delas – continuou ele enquanto se levantava e caminhava em direção a porta – Vou garantir sua felicidade ao meu lado, porque eu sou seu e como diz o ditado “tudo tem preço”. – ele sorriu – Não espere roubar meu coração sem ter que me dar nada em troca, agora você me pertence.

Arquejei. Ele virou-se e abriu a porta.

– Até mais, doçura, nos veremos em breve. – saiu e fechou a porta atrás de si.

– Espere! Daniel! – chamei. Abri a porta e encarei um corredor vazio. Uma pena negra descia delicadamente até o chão. Fechei a porta com violência e afundei na poltrona macia do vagão. – Merda! – sussurrei, as lágrimas brotando involuntariamente de meus olhos. Soquei o vidro da janela – Parem de brincar comigo, cretinos! Me deixem em paz!
Eu sou Aurora do Prado Watter, a Sétima Trombeta do Apocalipse, e naquele momento queria mandar todos os malditos anjos que pudessem existir para o raio que os parta.

***

Dois anjos se materializaram em polos opostos do mundo espiritual. Um já havia caído há muito tempo e outro continuava obediente aos arcanjos. Ambos foram interrogados da mesma exata maneira.

– Como está sendo com a Trombeta? – disseram seus superiores.

Ambos responderam em uníssono, como se houvessem preparado um discurso conjunto.

– Estive com ela hoje. Tenho certeza de que o outro também, mas não se preocupe. Conversamos bastante e sinto que ela está inclinada para o nosso lado, é apenas uma questão de tempo para que se alie a nós. Esta batalha já está ganha. – os olhos de ambos brilhavam com a expectativa de um novo futuro.

– Ótimo – responderam seus chefes. – Continue trabalhando duro, conquistá-la é imprescindível. Consiga sua confiança. Já sabe o que fazer, agora vá.

– Sim, mestre. – eles viraram as costas àqueles a quem reportaram o ocorrido e, em seguida, retornaram ao mundo mortal.

A trégua acabaria em breve e eles pretendiam garantir sua vitória. Cada um tinha um objetivo, mas ambos precisavam dela. Na mente de ambos, apenas um nome: Aurora.


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Notas finais do capítulo

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